Preço de R$ 145.450 ajuda a explicar as tímidas vendas da imponente Chevrolet Trailblazer LTZ 3.6 V6
por Rodrigo Machado
Auto Press
Os utilitários esportivos são a “bola da vez”. De uns tempos para cá, a quantidade de propostas diferentes no universo dos SUVs aumentou de maneira vertiginosa. Desde modelos que oferecem grande capacidade fora-de-estrada, até outros extremamente potentes e que são feitos para ficar no asfalto o tempo todo.
Na hora de renovar o seu maior
utilitário, a Chevrolet resolveu utilizar o chassi da nova picape S10
para criar um SUV que junta diversas características em um carro só.
Lançada inicialmente apenas na versão “top” LTZ, a Trailblazer traz, de
fato, um pacote recheado de equipamentos, com grande espaço interno,
bons atributos off-road, motor forte e um desenho imponente. Mas a
Chevrolet parece ter esquecido de um detalhe importante: um preço
competitivo.por Rodrigo Machado
Auto Press
Os utilitários esportivos são a “bola da vez”. De uns tempos para cá, a quantidade de propostas diferentes no universo dos SUVs aumentou de maneira vertiginosa. Desde modelos que oferecem grande capacidade fora-de-estrada, até outros extremamente potentes e que são feitos para ficar no asfalto o tempo todo.
A Trailblazer LTZ custa R$ 175.450 na versão 2.8 Turbodiesel e R$ 145.450 na variante 3.6 V6 a gasolina. Esses valores a credenciam como primeiro e terceiro carros “made in Brazil” mais caros à venda – o segundo é a Mitsubishi Pajero Dakar 3.2 diesel. O preço provavelmente é o principal motivo pelo qual as vendas do utilitário não estarem tão boas quanto a Chevrolet imaginava. Nos últimos tempos, a marca norte-americana optou por divulgar previsões pessimistas sobre o desempenho de vendas de seus carros. O Cobalt, por exemplo, teve expectativa anunciada de 3,5 mil emplacamentos mensais, mas atingiu média de 5,5 mil em 2012. Por isso, quando a Chevrolet avisou que pretendia comercializar entre 350 e 400 Trailblazer LTZ por mês, a expectativa é que esse número pudesse até ser superado. Entretanto, depois de dois meses de vendas fechados, o utilitário teve média mensal de 158 unidades emplacadas. É verdade que a fábrica de São José dos Campos ainda está no começo de sua produção, mas não foi constatada lista de espera em nenhuma das revendas consultadas em dez capitais brasileiras.
A esperança de “virada do jogo” nas vendas da Trailblazer é a chegada das configurações LT e LS, as mais baratas do utilitário – o que deve acontecer ainda esse ano. A oferta de variantes com preços mais baixos deve aumentar a competitividade do modelo, principalmente nas vendas diretas a frotistas. Unidades em teste já até foram flagradas, mostrando um conjunto mais “humilde” e configurações de motores menos portentes.
Problemas da etiqueta de preços a parte,
a Trailblazer LTZ é dos SUVs mais competentes do mercado nacional.
Feito na plataforma da nova S10, é um dos únicos do mercado – ao lado da
Toyota SW4 – a ser montado em longarinas ao invés de monobloco. O
robusto chassi, aliado às generosas dimensões do carro, permitem
enfrentar obstáculos fora-de-estrada sem grandes complicações.
A oferta de motores também é boa. O 2.8 turbodiesel é o mesmo da S10 e desenvolve 180 cv e 47,9 kgfm de torque. A versão testada era movida por um V6 de 3.6 litros a gasolina com 239 cv e 33,5 kgfm a 3.200 rpm. Nos dois casos, a transmissão é automática de seis velocidades e há tração integral com opção de reduzida acionada por botão. De acordo com a Chevrolet, o propulsor V6 consegue levar o pesado utilitário de 2.087 kg a 100 km/h em 9,1 segundos e a velocidade máxima de 180 km/h. Uma boa marca, considerando o alto peso do modelo.
Para tentar justificar o fato de ser o carro mais caro do país, a Trailblazer LTZ também vem bem equipada. Tanto é que não existem opcionais para o utilitário. Estão lá quatro airbags, ABS, controle de estabilidade e tração, rodas de alumínio de 18 polegadas, revestimento interno em couro, sensor de estacionamento traseiro, rádio/CD/MP3/Bluetooth/AUX/USB e os sete lugares. Itens como câmara de ré e GPS existem, mas apenas como acessórios de concessionárias.
A ideia de reunir em um mesmo carro diferentes propostas faz com que a concorrência da Trailblazer LTZ seja extremamente variada. Entram na lista os rivais de sete lugares, como o Fiat Freemont Precision e o Citroën Grand C4 Picasso, e os utilitários com boa capacidade off-road, caso da Toyota SW4 Flex – neste caso, até existe configuração com a terceira fileira de bancos, mas apenas com o motor diesel –, além dos dos SUVs urbanos, como o Dodge Journey. Para enfrentá-los, a Chevrolet aposta na força da marca como um “plus” para embalar a Trailblazer LTZ.
Ponto a ponto
Desempenho – Apesar da alta massa que tem de carregar consigo, o motor V6 de 239 cv até fornece um desempenho interessante para a Trailblazer. Não é capaz de oferecer um comportamento “avassalador”, mas é respeitável para um carro de 2.087 kg. Segundo a Chevrolet, o zero a 100 km/h é feito em pouco mais de nove segundos. A transmissão até que é eficiente nas trocas, mas o fato de o torque máximo só aparecer em giros médios não permite que os 33,5 kgfm sejam devidamente explorados nas ultrapassagens. Nota 8.
Estabilidade – A
Trailblazer é grande, larga, alta e pesada, características que
normalmente não se juntam muito bem quando o assunto é dirigibilidade.
Nas curvas, as dimensões hipertrofiadas se fazem notar. Nas retas, tudo
fica mais “calmo”. O grande peso ajuda a colar as rodas no chão e a
Trailblazer segue em uma tocada tranquila, sem sustos, mesmo em
velocidades elevadas. Em situações fora-de-estrada, pontos como peso e
altura elevado do solo contam a favor e tranformam o utilitário da
Chevrolet em um jipe compentente. Nota 7.
Interatividade – A
visibilidade externa da Trailblazer é das melhores. Dirigir o utilitário
traz a sensação de estar acima do resto do trânsito. O lado negativo é
que ele é muito largo e fica um tanto espremido nas apertadas ruas
brasileiras. Para estacionar, a câmara de ré ajuda. Assim como na S10, o
quadro de instrumentos é inspirado no do Camaro e tem visualização
simples e clara. Os comandos do ar-condicionado são vistosos, mas
confusos no primeiro momento. O sistema de entretenimento é completo e
fácil de usar. A ausência de sensor de luminosidade e vidros elétricos
com função um-toque para todos os ocupantes não deixa de ser
surpreendente para um carro de mais de R$ 140 mil. Nota 8.
Consumo – O InMetro
ainda não fez medições do SUV da Chevrolet. O computador de bordo marcou
uma média de 6,2 km/l em trajeto misto. Levando-se em conta a
motorização, o tamanho e o peso do carro, o resultado não chega a ser
desastroso. Nota 6.
Conforto – O espaço
interno da Trailblazer impressiona. Os dois ocupantes da frente tem área
de sobra, assim como os três do banco central. Há tanto espaço que
mesmo lá atrás, nos dois assentos do porta-malas, cabem dois adultos.
Claro que neste caso, é recomendável que seja só para um trajeto rápido.
Na cidade, a Trailblazer se mostrou um carro confortável. A estrutura
em longarinas até faz o utilitário quicar quando passa sobre
imperfeições, mas não chega a atrapalhar drasticamente a vida à bordo. O
isolamento acústico é eficiente, mesmo quando o motor está “gritando”.
Nota 9.
Tecnologia – A
Trailblazer é feita na plataforma da nova S10, bem recente no mercado
nacional. O motor V6 de 3.6 litros se mostrou competente para mover o
jipão, mas com consumo apenas razoável. A transmissão automática de seis
marchas cumpre sua função de forma digna. A lista de equipamentos é
bastante completa, mas deixa de fora alguns itens de série comuns até em
modelos bem mais baratos, como o sensor de luminosidade para
acionamento automático dos faróis. Nota 8.
Habitabilidade – O
utilitário tem 1,84 metro de altura e para alcançar a cabine é
necessário usar o estribo lateral como degrau. Uma vez lá dentro, a vida
fica mais tranquila. O painel da Trailblazer é rigorosamente idêntico
ao da S10 e tem boas soluções como o porta-luvas duplo que guarda
bastante coisa. A área para bagagens varia de acordo com a quantidade de
assentos levantados. Com os sete em uso, o porta-malas fica em mirrados
235 litros. Mas a modularidade do interior impressiona. Os bancos podem
ser rebatidos de diversas maneiras e o processo todo é simples. No
total, dá para carregar 1.830 litros. Nota 8.
Acabamento – Assim
como na S10, o painel é mais bonito do que propriamente requintado. O
desenho é inspirado e moderno, mas o revestimento é quase todo em
plástico duro, sem inserções de algo emborrachado. Ao menos os encaixes
são precisos e não há rebarbas aparentes. Nota 7.
Design – A
Trailblazer é um carro massivo, com dimensões avantajadas. E a Chevrolet
se aproveitou disso. A frente tem elementos exagerados, como a grade e
os faróis que só funcionam em um carro dessas proporções. Outro
artifício interessante é a terceira coluna que “desce” no meio do vidro.
Ela ajuda a passar a sensação de que o utilitário é menor do que os
4,80 metros poderiam denunciar. Nota 8.
Custo/benefício – Por
R$ 145.450, trata-se simplesmente o carro a gasolina mais caro do país.
É claro que para ter esse “título” a Trailblazer LTZ até vem
decentemente equipada, traz um motor competente e muito espaço interno. O
problema é que existem muitos rivais que trazem combinação semelhante
por preços mais baixos, caso de Toyota SW4 flex – feita também em
longarinas – e do Fiat Freemont – com opção de sete lugares. Nota 4.
Total – O Chevrolet Trailblazer LTZ 3.6 V6 somou 73 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Sensação de poder
A Trailblazer evoca uma imediata e inegável sensação de grandeza. Mesmo que a Chevrolet tenha tentado “diminuir” o carro com algumas soluções de design, como a terceira coluna no meio do vidro, o carro é grande de qualquer lado que se olhe. É realmente difícil passar “anônimo” dentro do utilitário – até pelo fato de ele ainda ser novidade nas ruas e seu preço não permitir que ele se torne “figurinha fácil” em qualquer garagem.
A Trailblazer evoca uma imediata e inegável sensação de grandeza. Mesmo que a Chevrolet tenha tentado “diminuir” o carro com algumas soluções de design, como a terceira coluna no meio do vidro, o carro é grande de qualquer lado que se olhe. É realmente difícil passar “anônimo” dentro do utilitário – até pelo fato de ele ainda ser novidade nas ruas e seu preço não permitir que ele se torne “figurinha fácil” em qualquer garagem.
Na direção, a ideia de que está
guiando algo “massivo” se mantém. Acelerar a Trailblazer é uma
experiência diferente. O motor V6 empurra com vontade e até dá alguma
agilidade ao imenso jipão. Mas a maneira com que ele ganha velocidade é
progressiva, sem grandes trancos nos ocupantes. É diferente de um Audi
Q3, por exemplo, que se beneficia de suas dimensões relativamente
compactas e de um conjunto mecânico mais preciso. Mas isso não chega a
ser uma falha. Afinal, a competência do V6 realmente é notável – o zero a
100 km/h em 9,1 segundos em um carro de mais de duas toneladas é um bom
exemplo. A transmissão do Chevrolet é competente e traz trocas rápidas
que agradam tanto na cidade como em rodovias.
Nas frenagens, a grande massa do carro
se mostra de novo presente. É preciso se adaptar ao pedal do freio nas
primeiras vezes ao volante. Depois de algum tempo, os discos nas quatro
rodas se mostram suficientes para a ingrata tarefa de parar 2.087 kg.
Algo parecido acontece em curvas. O “ânimo” precisa ser controlado, já
que a carroceria rola e o carro não segue trajetórias muito ousadas. Até
porque isso passa longe da proposta inicial do SUV.
As dimensões avantajadas se mostram
algo a favor da Trailblazer na hora de pegar uma estrada de terra, por
exemplo. O utilitário tem bons ângulos de ataque e saída, além de uma
elevada altura do solo e pneus de perfil alto. A tração integral ainda
tem opção de reduzida – com acionamento por botão no painel – que fazem
qualquer pequeno obstáculo ser superado sem grandes dificuldades. Há uma
ligeiríssima falta de força em rotações baixas – problema que a versão
diesel certamente resolve –, mas nada grave.
Quando se passa volta para a rodovia e
para uma tocada pacata, com tranquilidade, fica óbvio o extremo
conforto embarcado. Dá para enfrentar viagens longas sem sacrifício. A
cabine é extremamente espaçosa e confortável. Os bancos tem revestimento
bem acabado e têm apoios laterais e para pernas. Mas o destaque mesmo é
o tamanho do interior. Cinco adultos se posicionam sem problemas na
Trailblazer. Se ainda for necessário, dá para levar mais dois na
terceira fileira. É claro que os últimos bancos são mais indicados para
crianças, mas, em casos de necessidade e em trajetos curtos, dá para
“quebrar o galho”.
Outro ponto positivo é a facilidade
para levantar e abaixar os bancos. Basta apertar um botão para destravar
e empurrar o assento que ele rebate. Uma tarefa que não requer muito
esforço. Com isso, o espaço para bagagens varia de pequenos 235 litros
para vastos 1.830 litros. São atributos importantes que tentam, de
alguma maneira, justificar os generosos R$ 145.450 investidos por quem
compra a Trailblazer LTZ 3.6 V6. Além disso, as vendas restritas
geradas pelo preço elevado ainda adicionam ao carro um componente de
exclusividade – uma característica que costuma ser atraente para os
consumidores mais endinheirados.
Ficha técnica
Chevrolet Trailblazer LTZ 3.6 V6
Motor: A gasolina,
dianteiro, longitudinal, 3.564 cm³, seis cilindros em V, quatro válvulas
por cilindro, duplo comando e sistema de abertura variável de válvulas.
Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio
automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira,
integral com acionamento eletrônico, acoplamento elétrico e reduzida.
Oferece controle de tração.
Potência máxima: 239 cv a 6.600 rpm.
Torque máximo: 33,5 kgfm a 3.200 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,1 segundos.
Velocidade máxima: 180 km/h.
Diâmetro e curso: 94,0 mm X 85,6 mm. Taxa de compressão: 10,2:1.
Suspensão: Dianteira
independente com braços articulados, molas helicoidais, barra
estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados.
Traseira do tipo multilink, com molas helicoidais, barra estabilizadora e
amortecedores hidráulicos pressurizados. Oferece controle eletrônico de
estabilidade de série.
Pneus: 265/60 R18.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria:
Utilitário esportivo montado em longarinas, com quatro portas e sete
lugares. Com 4,88 metros de comprimento, 1,90 m de largura, 1,84 m de
altura e 2,85 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais e de cortina de
série.
Peso: 2.087 kg.
Altura mínima do solo: 23,2 cm.
Ângulo de ataque: 32º.
Ângulo de saída: 21º.
Capacidade do porta-malas: de 235 a 1.830 litros.
Tanque de combustível: 76 litros.
Produção: São Caetano do Sul, São Paulo.
Lançamento: 2012.
Itens de série: Airbags
dianteiros e de cortina, ar-condicinado automático com saída para a
parte traseira, assistente de partida em aclive, banco do motorista com
ajustes elétricos, chave canivete, computador de bordo, controle de
velocidade em declive, controle de estabilidade e tração, faróis de
neblina, ABS com EBD, revestimento em couro, lanternas em led, rodas de
alumínio de 18 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, trio
elétrico, rádio/CD/MP3/Bluetooth/AUX/USB e volante multifuncional.
Preço: R$ 145.450.
Fonte: Moltordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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