8 de fev. de 2013

Teste: Citroën C3 - Olhar superior

Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias
Teste: Citroën C3 - Olhar superior
C3 honra suas tradições e versão topo Exclusive reforça a imagem da Citroën no segmento dos compactos superiores

por Michael Figueredo
Auto Press

A primeira geração do Citroën C3, produzida no Brasil a partir de 2003, praticamente inaugurou o segmento dos hatches compactos superiores no mercado local. Na época, o único rival era o Volkswagen Polo, lançado no ano anterior.
A briga mais quente estava no “andar” de baixo, entre os compactos populares como Gol, Palio e Fiesta. No entanto, o aquecimento da economia nacional nos últimos anos fez com que muitos consumidores “subissem um degrau” em busca de um pouco mais sofisticação e qualidade. O que anda embalando as vendas de compactos equipados e com bom nível de acabamento. O velho Polo continua a venda, mas em uma versão antiga, que reduz sua atratividade. Novatos como Fiat Punto, Ford New Fiesta e Chevrolet Sonic assumiram boa parte dos consumidores do segmento. Diante da proliferação de concorrentes, o C3 precisou se renovar. E sua segunda geração, apresentada em agosto do ano passado, definitivamente devolveu o status ao modelo.

Na transformação estética, o inegável destaque é o para-brisa panorâmico Zenith, de série a partir da versão intermediária, que se estende até quase a metade do teto. Mas o preço do hatch também avançou. A configuração Exclusive, que corresponde a 20% do mix de vendas do C3, é a que mais exemplifica esse salto. No topo da linha, a versão não sai das concessionárias por menos de R$ 51.190 – a versão “top” da geração anterior, mesmo em seus melhores tempos, jamais chegou aos R$ 49 mil. Além dos valores, a renovação também influenciou nos resultados do C3 no mercado. Em 2011, já em “fim de carreira” e com preços mais baixos, a geração anterior fechou na frente do rival Fiat Punto. Já em 2012, nos oito primeiros meses com um modelo antigo já agendado para deixar de existir e depois com a nova geração e seus preços reajustados, o C3 ficou atrás do concorrente da marca italiana no acumulado. Foram 42.362 unidades emplacadas pelo hatch da Fiat contra 34.923 entregas do compacto da Citroën. Em janeiro desse ano, foram 4.886 unidades do Punto contra 3.212 unidades do C3.


O grande apelo do C3 está nas modernas linhas. Os vincos são bem distribuídos e formam um conjunto harmonioso, que mistura robustez e sofisticação. Alguns detalhes cromados, como os presentes na grade dianteira, no friso superior do para-brisa e na parte inferior da tampa do porta-malas ajudam a equilibrar a aparência do hatch. Na frente, luzes diurnas em led modernizam o carro e, na traseira, o novo formato das lanternas, que lembram bumerangues, ajuda a encorpar o compacto.

Por dentro, embora o acabamento seja bem feito, não há tanta novidade. O painel já é conhecido. É o mesmo usado na minivan C3 Picasso. No entanto, o volante e o cluster de instrumentos lembram os do compacto “premium” DS3. O ar-condicionado ganhou saídas redondas com contorno que simula um cromado. Todos os itens de conforto são de série, incluindo no pacote a direção com assistência elétrica, trio elétrico, além de freios ABS, airbags frontais e o para-brisa Zenith. Entre os opcionais, presentes na versão testada, estão os bancos de couro, detector de obstáculo traseiro e airbag lateral. Há disponível ainda um sistema de navegação com GPS, que adiciona R$ 2.400 ao preço final.

A versão Exclusive é equipada com o mesmo motor 1.6 litro da geração anterior. O propulsor, no entanto, foi atualizado e ganhou novos materiais nas partes internas. A modernização permite que a unidade de força gere 122 cv de potência e entregue torque de 15,5 kgfm. O conjunto é completado por uma transmissão manual de cinco velocidades. O Citroën C3 é produzido na fábrica da PSA Peugeot Citroën em Porto Real, Sul do Rio de Janeiro. O preço vai de R$ 51.190, quando nas cores branca ou preta e sem qualquer opcional. Com todos os equipamentos e pintura perolizada, a fatura ultrapassa os R$ 58 mil.


Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.6 litro gera 122 cv e mostra disposição para empurrar os 1.177 kg do C3. Tanto na cidade quanto na estrada, o carro não deixa a desejar, mesmo  quando se opta por uma tocada mais agressiva. Com 15,5 kgfm de torque, na faixa dos 3 mil giros, as saídas são convincentes e a relação do câmbio de cinco marchas com trocas manuais é a ideal para que o conjunto opere de forma linear, suave e “animada”. Nota 8.

Estabilidade – O C3 transmite uma sensação de segurança incomum entre os compactos, mesmo quando exigido em velocidades mais elevadas. Transmite a impressão de estar sempre grudado ao solo. Em áreas com muitas oscilações na pavimentação, ele até balança ligeiramente, mas nada que comprometa. Nota 8.

Interatividade – O hatch tem quase tudo onde deveria estar. Os comandos atrás do volante é que poderiam ser mais diretos. Ainda assim, nada que complique a utilização. A visibilidade do C3 merece um capítulo à parte. O para-brisa Zenith aumenta consideravelmente o campo de visão do motorista e sua interação visual com o meio ambiente, sem contar o “charme”. O sistema de entretenimento melhora a interação entre motorista e carro. A conexão do telefone ao sistema Bluetooth poderia ser mais simplificada. Porém, uma vez conectado, tudo fica simples e intuitivo. Nota 9.
Consumo – Segundo o InMetro, o C3 Exclusive 1.6 faz 10,6 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada com gasolina. O Programa Brasileiro de Etiquetagem classificou o hatch com a nota “C”. De acordo com o computador de bordo do carro, o consumo na cidade com etanol manteve-se em 7,5 km/l e, na estrada, perto do 9 km/l. Nota 6.
 
Tecnologia – Embora o interior do Citroën C3 não apresente nada inovador em termos de equipamento, a plataforma é moderna. A atual geração é de 2009 e a plataforma é a mesma de outros modelos recentes da PSA, como o DS3. O motor, embora antigo, foi atualizado recentemente, recebeu novos materiais e teve o rendimento melhorado. Embora conte com direção elétrica, não há controle de estabilidade. Nota 8.

Conforto
– Mesmo se tratando de um hatch, o C3 conta com bom espaço interno. Os bancos da frente, além de confortáveis, dão ao motorista e o passageiro boas opções de ajustes para encontrar a melhor posição. Na parte de trás, dois adultos não encontram problemas. O isolamento acústico é bem feito e a suspensão também “segura” bem as imperfeições do caminho. Nota 8.
 
 
Habitabilidade – É agradável estar a bordo do Citroën C3. Peca pela falta de porta-objetos, já que os que existem são pouco práticos. O porta-malas comporta 305 litros. Suficiente para o cotidiano, mas nada muito farto para levar bagagens em caso de viagens. Nota 7.
 
Acabamento – Seria exagero dizer que o C3 tem interior requintado. No entanto, de modo geral, não deixa a desejar. Os plásticos aparentam boa qualidade e os encaixes são justos, sem rebarbas. Nota 8.
 
Design – A Citroën acertou ao alterar o visual do C3. O modelo ficou mais “másculo” e os vincos trocam a aparência arredondada por um perfil mais robusto. As luzes diurnas de leds dão certa sofisticação ao carro. As lanternas, que se pronunciam em direção às laterais e à tampa do porta-malas, dão sensação de modernidade ao desenho do hatch. Nota 8.
 
Custo/benefício – Apesar da qualidade do Citroën C3, o Exclusive 1.6 parte de R$ 51.190 e pode chegar a onerosos R$ 57.980, dependendo da configuração escolhida. A versão testada sai por R$ 54.980. Um hatch compacto com preço similar ao de alguns sedãs médios disponíveis no mercado nacional. O consumo de combustível nivel C no InMetro também pesa na relação. Nota 5.
 
Total – O Citroën C3 Exclusive 1.6 somou 75 pontos em 100 possíveis.
 
 
Impressões ao dirigir
 
Ponto de vista
 
É impossível chegar perto do C3 e não se admirar com o vasto para-brisa. O vidro panorâmico Zenith, sem dúvidas, foi um grande acerto da Citroën na nova geração do carro. Por dentro, a sensação é ainda melhor. Nada que permita chamar o hatch de luxuoso, mas, além do conforto, tudo está de acordo com o que se espera de um carro. Os assentos são confortáveis e o volante regulável em altura e profundidade contribui para que rapidamente seja encontrada a melhor posição de dirigir. Embora o design seja bastante convidativo, o hatch não se vale somente da aparência. É girar a chave e logo perceber que os 122 cv do motor cumprem com tranquilidade qualquer exigência.
 
Por se tratar de um hatch compacto, não falta destreza para serpentear entre os poucos espaços que restam nas congestionadas ruas de uma metrópole. A assistência elétrica da direção aumenta consideravelmente o conforto. A condução fica leve. Porém, é uma grata surpresa o desempenho do C3 na estrada. Em uma rodovia livre, que mescla retas, trechos sinuosos e subidas, o motor mostra valentia e não muda de comportamento. O bom escalonamento do câmbio dá necessária dose de agilidade nas primeiras marchas e tem as últimas relações bem prolongadas. A precisão dos engates facilita o trabalho. O hatch suporta uma velocidade de cruzeiro acima dos 130 km/h sem enviar qualquer ruído para dentro da cabine.
 
À noite, com os faróis altos invadindo a cabine por todos os lados, o retrovisor eletrocrômico mostra sua efetividade e filtra qualquer luminosidade. No entanto, a iluminação é o ponto fraco do interior do C3. Por conta do forro, que se move em direção à traseira para “descortinar” o para-brisa, as luzes internas ficam nas laterais, pouco acima dos ombros do motorista e do passageiro. Ou seja, o que o hatch ganha em visibilidade durante o dia, perde à noite. Ainda assim, é divertido dirigir o carro. Pelo menos até a hora de abastecer, quando o elevado consumo de combustível – principalmente quando se roda com etanol e em trânsito urbano – se mostra como o verdadeiro “telhado de vidro” do C3.  
 
      
 
Ficha técnica
 
Citroën C3 Exclusive 1.6
 
Motor: 1.6 a gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.587 cm³, quatro cilindros em linha, comando simples no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 115 cv e 122 cv com gasolina e etanol a 6 mil rpm.
Torque máximo: 15,5 kgfm e 16,4 kgfm com gasolina e etanol a 4 mil rpm.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. 
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Discos ventilados na frente, tambores atrás e ABS com EBD de série.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,94 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,52 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos. Airbags frontais de série. Airbags laterais opcionais. 
Peso: 1.100 kg. 
Capacidade do porta-malas: 300 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Porto Real, Rio de Janeiro.
Itens de série: Airbag duplo, ABS com EBD, travamento central das portas, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção elétrica, trio elétrico, volante com regulagem de altura e profundidade, faróis de neblina, lanternas diurnas, para-brisa panorâmico, rádio/CD/MP3/Bluetooth, maçanetas na cor da carroceria, faróis com acionamento automático, retrovisor eletrocrômico, ar-condicionado automático, cruise control, sensor de chuva, pedais com acabamento em alumínio, ponteira de escapamento cromada, volante em couro e rodas de liga leve de 16 polegadas.
Preço: R$ 51.190.
Opcionais: Pintura metálica, por R$ 1.090, pintura perolizada, por R$ 1.990, sistema de navegação MyWay com GPS, por R$ 2.400, pacote com banco de couro e detector de obstáculo traseiro por R$ 2.100 e airbag lateral, por R$ 600.
Preço da versão testada: R$ 54.980.
Preço completo: R$ 58.280.
 
 

Fonte: Motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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