15 de mar. de 2013

Teste: JAC J2 – No caminho da evolução

JAC J2 (4)
É uma questão de tempo para que as marcas chinesas cheguem ao padrão de qualidade das coreanas, e até das japonesas. Basta ver que o iPhone é “Made in China”, embora o projeto e o design sejam norte-americanos.
Na China há fábricas de alto nível de construção, como as alemãs Audi, BMW e Volkswagen, entre outras. E com isso os chineses vão ganhando “know how” para melhorar seus produtos. É o caso da JAC e seu mais novo rebento, o pequeno J2.
Das marcas chinesas que atuam no Brasil, a JAC é a mais preocupada em vender um carro adaptado às nossas condições. Uma equipe de engenheiros do grupo importador SHC trabalha em itens como suspensão, direção, motor e acabamento no projeto do carro para o Brasil. Já andei num J3 original chinês e garanto que a diferença para o J3 “brasileiro” é nítida em termos de dirigibilidade e qualidade. Pensar no J2 como um modelo mais moderno e, portanto, mais evoluído que o J3 me fez nutrir boas esperanças quanto ao carrinho.
JAC J2 (3)
Começando pelo design, o J2 é o JAC mais atraente. Faróis em forma de gota, carroceria redondinha, linha de cintura ascendente e lanternas traseiras que dominam boa parte das colunas fazem dele um hatch agradável aos olhos. Na ruas, houve até quem o achasse mais bonito que o Kia Picanto, o rival mais direto em termos de tamanho. Mas o J2 não resiste a um olhar mais crítico: o carro testado tinha gaps de carroceria na porta do passageiro e na junção do para-choque traseiro. E a pintura também revelava algumas falhas no capô.
Por dentro, o acabamento plástico que imita fibra de carbono faz boa figura, enquanto o tecido dos bancos revela mais cuidado do que a maioria dos chineses. Interessante notar que o quadro de instrumentos acompanha a coluna de direção, ajustando em altura junto com o volante. O conta-giros é minúsculo, mas tem seu charme (parece aqueles reloginhos de carro preparado), ao passo que a iluminação azulada com ponteiros vermelhos dos instrumentos é um pouco exagerada à noite. O acabamento não exibe grandes deslizes, apenas uma rebarba aqui, outra ali, sendo mais apresentável do que outros compactos que também falam mandarim. Senti falta apenas de um porta-luvas com tampa.
JAC J2 (12)
Ponto negativo para a localização dos comandos dos vidros elétricos, no centro do painel e em posição baixa, que tira a atenção do motorista ao manejá-los. Mas pior é falta de saídas de ar centrais (há apenas uma no meio do painel, virada para cima, em direção ao para-brisa). No calor de verão do Rio de Janeiro, para onde viajamos com o J2, a cabine demorava para esfriar. Para complicar, as saídas laterais não param no lugar, e acabam virando para baixo com fluxo de ar, exigindo que o motorista encontre outra posição para deixá-las – que obviamente não joga o ar gelado onde você quer. O rádio tem recepção razoável e CD player, mas uma falha: quem usa entrada mini-USB? Outra economia foi feita nos limpadores: na frente só tem um, como no Toyota Etios, e atrás simplesmente não existe – e não venha me dizer que o “spoiler” na traseira evita sujar o vidro, porque ele ficou imundo rapidinho e prejudicou a visibilidade sob tempo chuvoso.
O J2 usa o mesmo motor 1.4 16V a gasolina do J3, e isso é bom. Pesando apenas 915 kg, o subcompacto fica esperto com os 108 cv e 14,1 kgfm disponíveis. Só que na teoria ele é melhor do que na prática: há clara falta de força abaixo de 2 mil rpm, o que exige trabalhar o propulsor em giros elevados para se obter boas respostas – o motor só ganha mais fôlego ao passar das 4 mil rpm. Na estrada, as retomadas são feitas a contento e o J2 não perde o pique nas subidas, mantendo os 120 km/h permitidos sem necessidade de reduções. Ainda assim, confesso que esperava mais em termos de desempenho: nosso teste registrou aceleração de 0 a 100 km\h em apenas razoáveis 12,6 s, enquanto fábrica divulga otimistas 9,8 s.
JAC J2 (8)
Performance à parte, o que mais me incomodou no J2 foram os pedais sem progressividade. Os três têm curso curto, do tipo “liga-desliga”. Empreste esse JAC ao manobrista e repare que ele vai deixar o carro morrer na primeira saída. Os freios também são sensíveis, embora tenham atuado bem nas paradas de emergência simuladas em nosso teste (80 km\h a 0 em 27,0 metros). A direção elétrica é leve nas manobras e não chega a ser boba na estrada, mas não espere sensibilidade nas curvas. Já as suspensões foram, para mim, o maior ponto positivo do carro. Aguentam bem a buraqueira e, apesar de deixar a carroceria inclinar em desvios rápidos, mostraram boa estabilidade nas curvas da Via Dutra e nos “cotovelos” da Serra das Araras. Comparado ao irmão J3 (com quem divide o conjunto independente nas quatro rodas), o J2 é bem mais acertadinho e firme em velocidades de viagem.
O ruído interno é um pouco elevado na estrada, mas não por causa do motor. O que incomoda é o barulho de rodagem dos pneus e do vento contra a carroceria, que entra pela vedação (ineficiente) das portas. A viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro também me fez não gostar do banco do motorista, muito raso (deixa o corpo jogar nas curvas) e sem ajuste de altura – certamente uma falta para os mais baixinhos e mulheres. Chegando à Cidade Maravilhosa, a luz da reserva acendeu, me obrigando a parar no primeiro posto que achei – com a gasolina a “módicos” R$ 3,178 o litro. O consumo ficou em bons 14,2 km\l, lembrando que o ar veio ligado a viagem toda e mantive cerca de 120 km\h na maior parte do trajeto. O problema da baixa autonomia se deve ao tanque limitado, de apenas 35 litros. Se o J2 virar flex no futuro, isso terá de ser revisto, sob pena de uma autonomia ainda mais restrita com etanol.
JAC J2 (4)
É uma questão de tempo para que as marcas chinesas cheguem ao padrão de qualidade das coreanas, e até das japonesas. Basta ver que o iPhone é “Made in China”, embora o projeto e o design sejam norte-americanos. Na China há fábricas de alto nível de construção, como as alemãs Audi, BMW e Volkswagen, entre outras. E com isso os chineses vão ganhando “know how” para melhorar seus produtos. É o caso da JAC e seu mais novo rebento, o pequeno J2.
Das marcas chinesas que atuam no Brasil, a JAC é a mais preocupada em vender um carro adaptado às nossas condições. Uma equipe de engenheiros do grupo importador SHC trabalha em itens como suspensão, direção, motor e acabamento no projeto do carro para o Brasil. Já andei num J3 original chinês e garanto que a diferença para o J3 “brasileiro” é nítida em termos de dirigibilidade e qualidade. Pensar no J2 como um modelo mais moderno e, portanto, mais evoluído que o J3 me fez nutrir boas esperanças quanto ao carrinho.
JAC J2 (3)
Começando pelo design, o J2 é o JAC mais atraente. Faróis em forma de gota, carroceria redondinha, linha de cintura ascendente e lanternas traseiras que dominam boa parte das colunas fazem dele um hatch agradável aos olhos. Na ruas, houve até quem o achasse mais bonito que o Kia Picanto, o rival mais direto em termos de tamanho. Mas o J2 não resiste a um olhar mais crítico: o carro testado tinha gaps de carroceria na porta do passageiro e na junção do para-choque traseiro. E a pintura também revelava algumas falhas no capô.
Por dentro, o acabamento plástico que imita fibra de carbono faz boa figura, enquanto o tecido dos bancos revela mais cuidado do que a maioria dos chineses. Interessante notar que o quadro de instrumentos acompanha a coluna de direção, ajustando em altura junto com o volante. O conta-giros é minúsculo, mas tem seu charme (parece aqueles reloginhos de carro preparado), ao passo que a iluminação azulada com ponteiros vermelhos dos instrumentos é um pouco exagerada à noite. O acabamento não exibe grandes deslizes, apenas uma rebarba aqui, outra ali, sendo mais apresentável do que outros compactos que também falam mandarim. Senti falta apenas de um porta-luvas com tampa.
JAC J2 (12)
Ponto negativo para a localização dos comandos dos vidros elétricos, no centro do painel e em posição baixa, que tira a atenção do motorista ao manejá-los. Mas pior é falta de saídas de ar centrais (há apenas uma no meio do painel, virada para cima, em direção ao para-brisa). No calor de verão do Rio de Janeiro, para onde viajamos com o J2, a cabine demorava para esfriar. Para complicar, as saídas laterais não param no lugar, e acabam virando para baixo com fluxo de ar, exigindo que o motorista encontre outra posição para deixá-las – que obviamente não joga o ar gelado onde você quer. O rádio tem recepção razoável e CD player, mas uma falha: quem usa entrada mini-USB? Outra economia foi feita nos limpadores: na frente só tem um, como no Toyota Etios, e atrás simplesmente não existe – e não venha me dizer que o “spoiler” na traseira evita sujar o vidro, porque ele ficou imundo rapidinho e prejudicou a visibilidade sob tempo chuvoso.
O J2 usa o mesmo motor 1.4 16V a gasolina do J3, e isso é bom. Pesando apenas 915 kg, o subcompacto fica esperto com os 108 cv e 14,1 kgfm disponíveis. Só que na teoria ele é melhor do que na prática: há clara falta de força abaixo de 2 mil rpm, o que exige trabalhar o propulsor em giros elevados para se obter boas respostas – o motor só ganha mais fôlego ao passar das 4 mil rpm. Na estrada, as retomadas são feitas a contento e o J2 não perde o pique nas subidas, mantendo os 120 km/h permitidos sem necessidade de reduções. Ainda assim, confesso que esperava mais em termos de desempenho: nosso teste registrou aceleração de 0 a 100 km\h em apenas razoáveis 12,6 s, enquanto fábrica divulga otimistas 9,8 s.
JAC J2 (8)
Performance à parte, o que mais me incomodou no J2 foram os pedais sem progressividade. Os três têm curso curto, do tipo “liga-desliga”. Empreste esse JAC ao manobrista e repare que ele vai deixar o carro morrer na primeira saída. Os freios também são sensíveis, embora tenham atuado bem nas paradas de emergência simuladas em nosso teste (80 km\h a 0 em 27,0 metros). A direção elétrica é leve nas manobras e não chega a ser boba na estrada, mas não espere sensibilidade nas curvas. Já as suspensões foram, para mim, o maior ponto positivo do carro. Aguentam bem a buraqueira e, apesar de deixar a carroceria inclinar em desvios rápidos, mostraram boa estabilidade nas curvas da Via Dutra e nos “cotovelos” da Serra das Araras. Comparado ao irmão J3 (com quem divide o conjunto independente nas quatro rodas), o J2 é bem mais acertadinho e firme em velocidades de viagem.
O ruído interno é um pouco elevado na estrada, mas não por causa do motor. O que incomoda é o barulho de rodagem dos pneus e do vento contra a carroceria, que entra pela vedação (ineficiente) das portas. A viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro também me fez não gostar do banco do motorista, muito raso (deixa o corpo jogar nas curvas) e sem ajuste de altura – certamente uma falta para os mais baixinhos e mulheres. Chegando à Cidade Maravilhosa, a luz da reserva acendeu, me obrigando a parar no primeiro posto que achei – com a gasolina a “módicos” R$ 3,178 o litro. O consumo ficou em bons 14,2 km\l, lembrando que o ar veio ligado a viagem toda e mantive cerca de 120 km\h na maior parte do trajeto. O problema da baixa autonomia se deve ao tanque limitado, de apenas 35 litros. Se o J2 virar flex no futuro, isso terá de ser revisto, sob pena de uma autonomia ainda mais restrita com etanol.
JAC J2 (6)
Uma vez na cidade, o J2 se sente em casa. O tamanho diminuto (3,53 m de comprimento por 1,64 m de largura) o faz caber em qualquer “buraco” no trânsito e em qualquer vaga na hora de estacionar. A direção leve ajuda nas manobras, mas apresentou problemas. Algumas vezes, quando virávamos o volante até o fim de curso, o sistema elétrico simplesmente deixava de funcionar e a direção perdia a assistência – era preciso desligar o carro e ligá-lo novamente para o sistema voltar a atuar. Ainda falando em comportamento urbano, a média de consumo nessa condição ficou em 10 km\l.
De volta à estrada para o retorno a São Paulo, dessa vez viemos com uma passageira no banco de trás. Com três a bordo em uma viagem, claro que o porta-malas de somente 121 litros não deu conta das bagagens – mas aí é o preço a se pagar pela proposta urbanóide do carrinho. A boa surpresa ficou para o espaço interno até que suficiente no banco traseiro, dado o tamanho diminuto do hatch. Dois adultos viajam ali sem grandes apertos, contanto que os ocupantes da frente não sejam muito altos a ponto de recuarem demais o banco.
JAC J2 (25)
Entre virtudes e defeitos, o J2 não decepcionou durante os mais de 1.000 km de estrada. Mas, por enquanto, o maior atrativo do modelo ainda é o pacotão de itens de série e o motor 1.4 a preço de rival 1.0 menos equipado: por R$ 31.990, o J2 vem com ar, trio elétrico, direção elétrica, duplo airbag, freios ABS, rodas de liga, CD player e até sensor de estacionamento. A convivência como o novo JAC, porém, deixou claro que o caminho da evolução ainda está sendo percorrido pelas marcas chinesas.
JAC J2 (7)
Por Daniel Messeder
Fotos Rafael Munhoz 
Ficha técnica – JAC J2
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, comando duplo variável, 1.332 cm3, gasolina; Potência: 108 cv a 6.000 rpm; Torque: 14,1 kgfm a 4.500 rpm; Transmissão: câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e dual link na traseira; Freios: discos vantilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Peso: 915 kg; Capacidades: porta-malas 121 litros, tanque 35 litros; Dimensões: comprimento 3,535 mm, largura 1,640 mm, altura 1,475 mm, entreeixos 2,390 mm
Medições CARPLACE – valores entre parênteses se referem ao teste com ar-condicionado ligado
Aceleração
0 a 60 km/h: 5,3 s (5,5 s)
0 a 80 km/h: 8,1 s (8,6 s)
0 a 100 km/h: 12,6 s (13,4 s)
Retomada
40 a 100 km/h em 3a marcha: 13,1 s (13,6 s)
80 a 120 km/h em 5a marcha: N/A
Frenagem
100 km/h a 0: 42,5 m
80 km/h a 0: 27,0 m
60 km/h a 0: 15,1 m
Consumo
Ciclo cidade: 10,0 km/l
Ciclo estrada: 14,2 km/l
Números do fabricante
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,8 s
Consumo cidade: N/D
Consumo estrada: N/D
Velocidade máxima: 180 km/h
Disponivel: carplace.virgila.com.br 

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