
Qualidade e confiança eram os principais argumentos de vendas da
Toyota no mercado brasileiro. Faltava algo a mais, uma atração ao
primeiro contato, necessidade escancarada pela concorrência coreana.
Para começar a virar esse jogo, a Toyota lança o novo RAV4, utilitário
completamente reformulado que inaugura no Brasil a nova linguagem de
design “keen look” (visual arrojado) lançada pelo europeu Auris.
CARPLACE experimentou a novidade na versão top de linha e traz agora as impressões iniciais ao dirigir.
O que é?
Quarta-geração do utilitário esportivo da Toyota, o novo RAV4 passa a
ser um modelo global e chega ao Brasil nas versões 2.0 4×2 CVT, 2.0 4×4
CVT e 2.5 4×4 automática (seis marchas). As críticas em relação à falta
de tempero do modelo anterior foram atentamente ouvidas pela marca
japonesa, que agora passa a apostar suas fichas justamente no visual.
Segundo executivos da marca, a Toyota quer “conquistar” o consumidor ao
primeiro olhar. O novo RAV4 realmente consegue chamar atenção,
principalmente na dianteira pronunciada de desenho moderno. A grade traz
um friso cromado que “entra” nos faróis, os quais ganham desenho com
linhas irregulares semelhante as do Auris. Na parte inferior, a robustez
é destacada pelo desenho trapezoidal na entrada de ar inferior que
recebe ainda uma espécie de mini-spoiler.

A lateral tem para-lamas alargados e molduras em plásticos, inclusive
na caixa de rodas, que se integram com os para-choques dianteiros e
traseiros e contribuem para o estilo “off-road”. A linha de cintura
ascendente ganha “músculos” que cria uma espécie de ombro na traseira,
sendo finalizada pelas lanternas. Os retrovisores, apesar de pouco
perceptível, recebem defletores aerodinâmicos que fazem o fluxo de ar
seguir justamente pelos “ombros”, o que ajuda na estabilização da parte
traseira.

Na traseira, a grande novidade é a ausência do estepe pendurado, o
qual agora vai para dentro do porta-malas. Assim, a tampa do
porta-malas, que agora abre na vertical, fica “limpa” e destaca as novas
lanternas dispostas na horizontal. Segundo a Toyota, a decisão de
“guardar” o estepe visou a segurança ao ampliar a visibilidade, além de
contribuir com a aerodinâmica.

Na parte interna, as mudanças também foram positivas. O desenho do
painel segue o novo padrão de design horizontal, com linhas retas na
parte superior e uma divisão em três níveis. A versão de entrada, a 2.0
4×2, tem acabamento plástico no painel que imita detalhes de couro (como
textura e costuras) na região central, volante e painéis de porta
enquanto os bancos são de tecido. Na intermediária 2.0 4×4, as coisas
melhoram, pois as imitações dão lugar a revestimentos de couro no
painel, volante, portas e bancos, mantendo o mesmo padrão para top de
linha 2.5 4×4.
Como anda?

Quem torcia o nariz para a antiga caixa automática de quatro marchas,
não terá mais motivos para fazê-lo. A versão top de linha, a RAV4 2.5
4×4, é equipada com motor 2.5 16V VVTi que oferece potência de 179 cv a
6.000 e torque de 23,4 kgfm a 4.1000 rpm (somente a gasolina) e trabalha
em conjunto com o novo câmbio automático Shifttronic de seis marchas. A
versão de entrada dispõe de um 2.0 16 VVTi somente a gasolina, da mesma
família do Corolla, que gera 145 cv de potência e torque de 19.1 kgfm a
3.600 rpm que apresenta como grande novidade o câmbio automático do
tipo CVT (continuamente variável) com sete marchas virtuais.
Num percurso de cerca de 160 quilômetros, dirigimos a versão top de
linha por rodovias e trechos de cidades no interior de São Paulo. O
primeiro contato agrada, com os bancos recebendo de forma confortável e
com ajustes elétricos para o motorista. Nesta versão, o ar condicionado é
digital e dual zone e a ignição do motor feita por meio de botão.
De imediato nota-se o bom casamento entre motor e câmbio com boa
disposição logo em baixas rotações. Chama a atenção a suavidade das
trocas de marchas (estamos falando do automático) e do bom isolamento
acústico dentro da cabine, reflexo do casamento entre motor e câmbio,
que faz o motor girar a 2.000 rpm aos 120 km/h em sexta marcha. No
entanto, percebemos que essa transmissão demora um pouco para efetuar as
trocas quando se eleva o giro do motor, situação que pode ser
minimizada pela troca manual, feita somente pela alavanca (nenhuma
versão dispõe de borboletas no volante).

O comportamento dinâmico merece elogios. A suspensão é relativamente
seca, firme, mas mesmo forçando passagens em trechos esburacados ou de
valetas, cumpre bem sua função e não “bate” no fim de curso. Mesmo sem
controle eletrônico de estabilidade, pecado num carro que custa mais de
R$ 90 mil, o novo RAV4 se comportou muito bem em trechos sinuosos em
velocidades até 120 km/h. Também agradou positivamente a progressividade
da direção elétrica, a qual é leve para manobras e ganha peso em
velocidades mais altas. Na cidade, o RAV4 2.5 é ágil e oferece o mesmo
conforto de um carro “normal”.
Quanto custa?
Ao definir o preço do RAV4, a Toyota mirou no seu concorrente direto
mais caro, o Honda CR-V, que parte de R$ 98.900. Mas também há os
coreanos, Kia Sportage (R$ 88.900) e Hyundai ix35 (R$ 87.200), que
possuem como diferencial o motor 2.0 Flex de 178 cv.

Assim, após conquistar pelo visual, a Toyota espera que a “qualidade
percebida pela marca” motive o consumidor a pagar R$ 96.900 na versão de
entrada, a 2.0 4×2 CVT. A lista de itens de série não salta aos olhos,
tendo entre os equipamentos principais a direção elétrica,
ar-condicionado analógico, duplo airbag, rádio/CD/Bluetooth/USB e
auxiliar com comandos integrados ao volante, faróis auxiliares de
neblina, sensor de estacionamento e freios ABS com EBD e sistema de
assistência em frenagem de emergência (BAS).
A versão intermediária salta consideravelmente em preço e itens de
série. Por R$ 109.900, o RAV4 2.0 4×4 CVT adiciona a tração nas quatro
rodas, ar-condicionado digital dual zone, sistema de som com tela de 6,1
polegadas sensível ao toque, câmera de ré, revestimento em couro nos
bancos e parte do painel, controle de velocidade de cruzeiro (piloto
automático), airbags laterais e de cortina, keyless para abertura das
portas e ignição do motor e retrovisor interno eletrocrômico.
Para ter mais potência, a versão top de linha 2.5 4×4 automática
custa R$ 119.900. Ela mantém os mesmos itens da intermediária e adiciona
apenas teto solar elétrico. Nenhuma das versões, nem mesmo a mais cara,
traz navegador GPS integrado (apesar da tela touch) e sistemas de apoio
e segurança como controle de tração e estabilidade e, até mais simples,
como assistente de partida em rampa.
A intenção da marca é elevar em dez vezes o volume de vendas com a
nova geração, passando a emplacar cerca de 800 unidades por mês. Para se
ter ideia de quão ousada é esta tarefa, durante todo o ano de 2012
foram vendidas 822 unidades da geração anterior.
Ficha Técnica: Toyota RAV4 2.5 4×4
Motor: dianteiro, 2.494 cm3, quatro cilindros, 16 válvulas, duplo comando variável (Dual VVTi), gasolina;
Potência: 179 cv a 6.000 rpm;
Torque: 23,8 kgfm a 4.100 rpm;
Transmissão: câmbio automático de seis marchas, tração 4×4 com controle eletrônico inteligente;
Direção: elétrica;
Suspensão: independente McPherson na dianteira e independente, tipo double wishbone, com barras estabilizadoras na traseira;
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira com ABS, EBD e BAS;
Peso em ordem de marcha: 1.630 kg;
Capacidades: porta-malas 476 litros, tanque 60 litros;
Dimensões: comprimento 4.570 mm, largura 1.845 mm, altura 1.715 mm, entreeixos 2.660 mm
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