14 de jul. de 2013

Ter um carro antigo é mais fácil quando você conhece as pessoas certas


classicos em budapeste jalopnik (1)

Comprei meu Autobianchi A112 1985 em abril, e desde então tento dirigi-lo sempre que posso. Não é fácil como parece em uma cidade europeia como Budapeste, onde estacionar é impossível e muitas vezes o transporte público é mais eficiente, então a diversão acaba ficando mesmo para o fim de semana.

Mas a boa notícia é que, depois de alguns problemas elétricos, o A112 chegou a 80 km/h berrando na terceira marcha em um circuito oval para motocicletas, com outros carros antigos atrás dele. Foi demais.
Em junho, quando todas as outras estradas estavam fechadas, atravessamos as montanhas para cobrir as enchentes em Esztergorm, uma cidade à margem do Danúbio, famosa — entre outras coisas — pela fábrica da Suzuki. Era um dia bonito, o sol brilhava e os morangos exalavam seu aroma enquanto dirigíamos ao lado dos campos, cheios de pessoas procurando pelos mais maduros. E, fora o forro do teto quase se desintegrando, o carro estava indo muito bem.
No caminho de volta, contudo, ele começou a engasgar. “Reiniciei a máquina” e o problema parecia ter sumido. Ao chegar de volta a Budapeste, ele começou a fazer gracinhas de novo, no meio da Ponte Elizabeth, no meio do trânsito pesado. Péssimo lugar para quebrar. Pisei fundo, mantive as rotações lá em cima e, por algum milagre, consegui chegar ao próximo semáforo. Aí, como mágica, o problema sumiu de novo. No dia seguinte, levei o carro para o Alex, na Alfarium, e desejei boa sorte com o fantasma no cofre do motor. Ele é bom em achar problemas, e achou alguns. Acabei uns R$ 240 mais pobre, mas com um carburador Weber recondicionado lá na frente. Tudo certo.
classicos em budapeste jalopnik (2)
No começo do mês eu tive que mudar de apartamento. Não é um lance muito fácil com um compacto, mas o A112 é mais prático do que parece. Os bancos traseiros rebatem, você tira o tampão, e cabem caixas, um violão e aquele monte de mochilas velhas cheias das suas porcarias.
Na última terça, depois do trabalho, parti para mais uma bateria. Tudo parecia bem. Estacionei o Bianchi na frente do prédio velho, subi as escadas para pegar mais coisas, voltei, saltei para dentro e videi a chave. Só ouvi um clique, e mais nada. Tentei de novo, clique de novo. Abri o capô para checar os fios, mas estava tudo escuro, eu estava cansado, e tudo parecia no lugar. Bateria vazia? Alternador? Fios ruins escondidos lá no fundo? Liguei para o Alex, contei o que estava acontecendo, e dei a partida no tranco com a ajuda do motorista atrás de mim.
Os 6 ou 7 km que se seguiram não foram bons. Nunca dirigi um carro que não tinha energia nem para ligar a seta, mas foi exatamente isto que aconteceu às 11 da noite. Eu tive que dar a partida no tranco mais três vezes nos piores lugares imagináveis, com os faróis apagados, antes de finalmente chegar ao meu destino. Até o trabalho de estacionar foi feito por meus músculos. O A112 não é pesado, mas mesmo assim, não recomendo. Dois dias depois, aconteceu isto:
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O mais legal de Alex e Peti, da Alfarium, é que eles gostam de verdade dos carros velhos em que trabalham e dos malucos que os mantêm rodando. Então, quando eu liguei de novo, eles saíram de uma festa e chegaram em 20 minutos no Alfa Romeo 166 de Peti. Àquela altura eu já não estava ligando muito para o carro, mas tinha uma viagem para o Velodrom em menos de 48 horas e eu deveria ir com meu monstro vermelho. Alex sorria e me dizia que eu deveria continuar cuidando do carro, que estas coisas acontecem, e que eles dariam conta do resto. Então demos outro tranco com ele atrás do volante, e eles foram para a oficina do outro lado do rio. Já era quase meia noite.
No dia seguinte, recebi a notícia que meu alternador estava quebrado. Sem problemas, ele poderia ficar pronto até o fim do meu expediente. Acontece que o cara que costumava consertar os alternadores para eles não poderia arrumar o meu na segunda-feira. Mas ele nos recomendou outro mágico. O alternador que deveria ter sido consertado por este cara voltou para a oficina e não carregou minha bateria, mais uma vez.
Foi aí que aconteceu. Não sei o que se passou pelas cabeças deles, mas Alex começou a fuçar e, no fim, encontrou uma peça de Autobianchi junto de várias outras de Fiat 127. A diferença é que o Fiat não tem regulador de voltagem. Às 10 da noite a bateria do meu carro estava sendo recarregada. Quando perguntei o valor do trabalho, Alex quis me cobrar só duas horas. Então, sim, na próxima vez que for à oficina deles, vou levar cerveja.
Depois descobri que eles não ficaram até tarde na oficina só para consertar o meu carro. O Fiat 127 de corrida tinha um corte no pneu e eles estavam esperando por um jogo novo vindo do outro lado do país, porque o carro estava usando pneus de medidas desconhecidas pela maioria dos homens. O 127 também estaria na pista na manhã seguinte, e os Bridgestone de segunda mão chegaram ainda mais tarde naquela noite.


O Velodrom Millenáris é um encontro de clássicos que acontece em um centenário circuito oval de motociclismo no meio de Budapeste. As pessoas usam roupas de época e, se o seu carro tiver menos de 1000 kg você pode dirigir na pista. O limite de velocidade é de 70 km/h, mas eu cheguei até os 80 para comemorar o conserto do meu carro.
Será que algo vai dar errado no mês que vem? Claro que vai! É um carro de 28 anos. Mas enquanto houver uma comunidade incrível para me apoiar, eu aguento.
Mês que vem eu vou para a Croácia com meu A112. Lá eles conhecem os Zastava muito bem. Por isso, cabeça fria e pé na estrada!
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