22 de jan. de 2012

TRINTA ANOS: LANCIA 037


Mais um carro que faz trinta anos agora em 2012, e entra para a lista dos legalmente importáveis para o Brasil.

Em 14 de dezembro de 1981 era anunciado o Lancia 037, um carro para ralis do grupo B, cuja homologação dependeria de ter um mínimo de duzentas unidades produzidas, como na história do Ford RS200. Para atingir esse número mínimo, Cesare Fiorio, diretor esportivo do grupo Fiat, informava que haveriam carros para as ruas. Os entusiastas salivaram.

Foi um trabalho para o qual a Lancia contratou Pininfarina e Abarth, resultando em um carro apresentado no Salão de Turim de 1982.


O motor da versão aqui mostrada, com toda a certificação para uso fora de competições e apropriadamente chamada de Stradale (estradeira), tinha motor de quatro cilindros 2-litros, montado em posição longitudinal, central-traseiro, respirando por 16 válvulas e desenvolvendo 206,7 cv a 7.000 rpm, devido a um compressor volumétrico  com taxa bastante baixa de 7,5:1. O cárter é seco, como convém a todo carro de competição ou que será constantemente sujeito a grandes acelerações laterais. A alimentação é proporcionada por dois carburadores Weber 40 DCN VH 15/250, com a gasolina vindo de dois tanques de 35 litros cada um.






Chegava a 225 km/h e acelerava aos 100 em 5,8 segundos. A versão de competição tinha basicamente maior taxa de compressão, com 81 cv a mais e 200 kg menos.

O desenvolvimento foi guiado pela simplicidade mecânica, pensando principalmente nos rápidos reparos nos ralis, fundamental nessa aplicação. Assim, a tração nas 4 rodas foi descartada, e adotou-se apenas tração traseira, observando a vantagem de ter o motor próximo dessas rodas.

As suspensões escolhidas foram as de braços em A, triangulares, com regulagens de carga de mola e amortecedores pressurizados Bilstein.


Parte traseira, carroceria abre totalmente

A dianteira, com tudo à mostra


Como se precisava iniciar a participação no mundial de ralis rapidamente, estudou-se utilizar carrocerias já prontas para servir de base (ou plataforma, como alguns preferem) e ganhar tempo.

Dos veículos analisados, o escolhido foi o Beta MonteCarlo, e o 037 acabou saindo muito semelhante a ele. Interessante notar que até mesmo nos Estados Unidos o Beta MonteCarlo foi vendido, porém com o nome Scorpion.

Lancia Scorpion, para mercado americano

O 037 pode ser considerado a versão de evolução do Beta, e não usa toda a sua estrutura. As alterações do projeto original desse belo esportivo foram extensas, porém mantendo o perfil parecido e as dimensões bastante contidas. O trabalho em túnel de vento realizado pela Pininfarina refinou a forma de carroceria do Beta MonteCarlo, buscando vantagens nos fluxos de ar para refrigeração do motor e estabilidade dinâmica.

A Abarth trabalhou com motor e chassis, com o objetivo de conseguir uma ótima robustez de componentes. Grande parte desse chassis é tubular, permitindo fácil acesso mecânico e troca de componentes em caso de acidente. As partes dianteira e posterior são ambas em tubos de aço de 25 ou 30 mm de diâmetro, dependendo do local, e também tubos de seção quadrada, tendo partes em chapa de alumínio apenas no habitáculo, que tem uma barra mais alta que a cabeça dos ocupantes, protegendo-os em caso de capotagem. Um carro com estrutura em três partes, todas substituíveis. Para quem gosta de kits de montar, um prato cheio.




A carroceria de compósito de  fibra de vidro tem reforços em Kevlar nos pontos submetidos às maiores cargas. Tudo isso somado chega a 1.169 kg, leve para os padrões atuais de carros gordinhos e rechonchudos.

O protótipo 1 do 037 andou pela primeira vez em dezembro de 1980, e a Lancia anunciava com orgulho que carro passava folgado nos requisitos de testes de impacto válidos à época, e que as portas se abriam facilmente após esses testes.

Sobre o motor, a Abarth trabalhou na unidade de 1.995 cm³, evolução do 1,8 litro do 124 Abarth, que se saiu muito bem anteriormente em provas de rali. O compressor é volumétrico acionado por correia, escolhido devido à melhor característica de reação rápida em relação ao turbocompressor. O transeixo é da marca ZF com 5 marchas, freios são obviamente os italianos Brembo, reputados como entre os maiores especialistas nesse assunto, montados por dentro de rodas de 16 polegadas de aro, com 8 pol. de tala na frente, e 9 pol. atrás.



Interior simples, para trabalho


As dimensões principais são:
Comprimento 3.915 mm
Entreeixos 2.445 mm
Largura 1.850 mm
Altura 1.245 mm
Bitola dianteira 1.508 mm
Bitola traseira 1.490 mm



Essa verão de rua teve 207 exemplares construídos, sendo que vários foram convertidos para versão de competição logo ao serem vendidos, devido à procura dos clientes.

Hoje, um modelo em bom estado ultrapassa os 200.000 euros em preço na Europa. Não é barato, mas uma peça rara de coleção, e uma chance de ter praticamente um carro de competição para usar na rua. Só para quem gosta de coisas exóticas.

É garantia de não encontrar outro no estacionamento do supermercado.


O 037 de competição em ação com Henri Toivonen, cujo desaparecimento mudou a história dos ralis.

Fonte: autoentusiastas
Disponível no(a): http://autoentusiastas.blogspot.com
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