19 de jul. de 2012

O misterioso carro elétrico de Nikola Tesla não possuía baterias (e provavelmente nunca existiu)

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O nome Tesla hoje em dia está associado a carros elétricos, mas a verdade é que o  homem que deu fama a esse nome, o inventor croata Nikola Tesla, construiu também um carro elétrico – e ele o fez sem o uso de baterias, lá nos idos de 1931.
Como no começo do mês foi comemorado o seu 156º aniversário, e considerando que esse homem basicamente criou o mundo moderno como o conhecemos hoje, nós meio que devemos a ele sabermos mais sobre o carro que criou. O único problema é que a maioria das descrições do carro aparentemente vêm de websites que acham que máquinas de movimento perpétuo são uma ótima ideia que sofre sabotagem de um grupo de empresas de energia e judeus reptilianos do espaço.
Nossa investigação parece sugerir que o automóvel atribuído a Tesla provavelmente não existiu. Mas o que é excitante sobre tudo isso é que haviam os requisitos básicos para que o carro tivesse sido construído à época, usando tecnologias com as quais Tesla normalmente fazia experiências.
O carro elétrico mais comummente atribuído a Tesla era um Pierce-Arrow 1931 adaptado. Uma das descrições do carro de Tesla consta nas páginas do livro Secrets of Cold War Technology – Project HAARP and Beyond, by Gerry Vassilatos:
Levado até uma pequena garagem, o Doutor Tesla caminhou diretamente até o Pierce Arrow, abriu o capô e começou a fazer alguns ajustes. No lugar do propulsor havia um motor de corrente alternada.
Este media pouco mais de 92 centímetros de comprimento e aproximadamente 60 centímetros de diâmetro. Dele saíam dois cabos bem grossos que se conectavam com o painel. Além disso, havia uma bateria recarregável comum de 12 volts. O motor era classificado como tendo uma potência de 80 cavalos.
Sua rotação máxima estimada era de 30 giros por segundo, e uma antena de 1,83 metro ficava acoplada à parte traseira do veículo.
O Dr. Tesla entrou no banco do carona e começou a fazer mais ajustes, dessa vez num receiver de energia que foi construído diretamente no painel.
O receiver, não muito maior do que um radio de ondas curtas da época, usava 12 tubos especiais que Tesla trouxe consigo num recipiente parecido com uma caixa.
O Sr. Savo contou ao Sr. Ahler que o Dr. Tesla construiu o receiver em seu quarto de hotel: um aparato de 60 centímetros de comprimento, cerca de 30 centímetros de largura e 15 centímetros de altura. Assim que os tubos de construção curiosa haviam sido propriamente instalados em seus soquetes, Tesla apertou duas hastes de contato e informou a Peter que já havia eletricidade disponível para o carro rodar.
Vários medidores adicionais registravam valores, e Tesla os olhava sem explicá-los. O cientista ficou em absoluto silêncio. O Doutor Tesla entregou ao Sr. Savo a chave do automóvel e pediu a ele que desse a partida, o que foi prontamente atendido. Nenhum som. Mesmo sem ouvir nada, Savo pressionou o acelerador, e o carro se moveu de imediato. O sobrinho de Tesla continuou à bordo do veículo, e dirigiu-o sem combustível por um intervalo longo e indeterminado.
O Sr. Savo guiuo o Pierce-Arrow elétrico por uma distância de 80 quilômetros através da cidade e até o campo. O carro atingiu a velocidade de 144 quilômetros por hora, ainda que o velocímetro marcasse 192 km/h.
Esse mesmo relato aparece em muitos websites, alguns mais confiáveis do que outros, mas basicamente com o mesmo formato. A pessoa que teria dado uma volta com o carro é Peter Savo, o sobrinho de Tesla, e o lugar escolhido para o passeio é sempre Buffalo – ou cercanias -, cidade no estado de Nova York. A história teoricamente foi publicada em 1934 (no jornal New York Daily News de 2 de abril de 1934, sob o título de “O sonho da eletricidade sem fio de Tesla está próximo de se tornar realidade”), mas a partir de 1967 começou a se difundir mais amplamente. Aqui, um relato de 1981.
Mas afinal, de onde surgiu essa história de carro elétrico, e porque ela é tão persistente? Eu suspeito que ela é tão resistente por várias razões, sendo que a primeira é que há uma aura mítica em torno na figura de Tesla, que o confere um status quase divino na cabeça de muitas pessoas (especialmente gente que, na melhor das hipóteses, é cabeça aberta e criativa e, na pior, loucos defensores da energia livre).
Há também uma pequena e perturbante chance de que esse relato seja verdade. De 1901 a 1917, Tesla construiu e fez experimentos na Torre Wardenclyffe, um local usado para – entre outras coisas – avaliar a transmissão de eletricidade na forma de ondas eletromagnéticas através do ar, parecido com o modo que transmitimos áudio pelo rádio. Tal sistema, se aperfeiçoado,  iria permitir que carros elétricos funcionassem sem necessitar de baterias. Teoricamente, permitiria que qualquer coisa fosse operada sem baterias, contanto que você estivesse dentro da zona de recepção de energia elétrica transmitida. Se isso tivesse funcionado, e a AT&T tivesse se envolvido com esse sistema, a julgar pelo modo que pega o sinal de celular deles, provavelmente eu agora estaria empurrando meu carro elétrico sem fio.
Então, se alguém ler uma descrição que fala de carros movidos a eletricidade transmitida, produzida por meios mais ou menos convencionais, e não um carro guiado por uma caixa preta mágica, então a história se torna muito mais interessante, porque é bem possível que Tesla pudesse ter instalado um receiver num carro elétrico (ou num carro modificado para ser elétrico) que funcionou de verdade. Não há qualquer tipo de evidência pura que ele fez isso, mas carros elétricos realmente existiram e ele já havia demonstrado sua habilidade em transmitir eletricidade, então as peças do quebra-cabeças certamente estavam lá.
Ao que tudo indica, Tesla tinha algumas ressalvas em relação ao uso de eletricidade sem fio em veículos, como visto nessa entrevista de novembro de 1922 no Radio News:
Pergunta: Com o tempo, a transmissão sem fio de energia não poderá ser usada para mover quaisquer tipos de veículos usando energia de estações centrais de eletricidade?
SR. TESLA: Não, eu não imagino que esse seja o caso, pois os sistemas de transporte atualmente usados apresentam certas vantagens práticas que simplesmente não podem ser desconsideradas.
Pergunta: Será que os automóveis, por exemplos, não poderiam ser operados meramente por interferência de energia elétrica sem fio fornecida por estações de energia?
SR. TESLA: Eu temo que não estaremos vivos para ver o dia em que o sistema de eletricidade sem fio será usado de maneira generalizada para este propósito. É muito difícil fazer mover um automóvel por meio do novo método, e as razões para isso são bem conhecidas pelos experts. É muito mais provável que essa tecnologia possa ser útil para as aeronaves.
Eu imagino que quando ele afirma que “as razões para isso são bem conhecidas pelos experts” Tesla esteja se referindo a “túneis”.
Enfim, parece que a popular história do Teslamóvel que não precisava de baterias era, mais do que provavelmente, uma lorota.
Mas, se tomarmos que as baterias são o componente mais pesado e problemático dos veículos elétricos atuais, as pesquisas e ideias de Tesla certamente merecem uma reconsideração. A tecnologia de transmissão de energia sem fio está – de certa forma – voltando à pauta recentemente, e é de se imaginar que as montadoras de carros elétricos amariam a ideia.
Afinal, além de economizar grandes quantidades de peso e solucionar a questão do alcance, elas estariam em posição de lhe cobrar por uma “assinatura de fornecimento de energia” para o seu carro. Um contrato sem fio para o seu carro – isso deve deixá-los empolgados com a ideia.

Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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