
Dias atrás, uma declaração do mitológico Bob Lutz mexeu com a opinião alheia. Lutz – ex-piloto de caça, colecionador de clássicos, executivo com passagens por Chrysler, Ford, BMW e mais novo conselheiro da GM – disse o seguinte em entrevista à revista alemã Manager Magazin:
Tempos atrás, muitos especialistas pensavam que a corrida pelo topo da indústria automotiva seria disputada entre GM, Toyota e Honda. Isso mudou. As “três grandes” agora são GM, Volkswagen e Hyundai. A Toyota está em declínio. Os japoneses perderam sua imagem de qualidade à prova de bala. Seus carros não são especialmente atraentes, e sua dinâmica de condução está abaixo dos melhores automóveis europeus e americanos.Bob Lutz é conhecido pelo gosto por declarações fortes, e hoje novamente faz parte do board da GM (o que para muitos tira qualquer isenção de sua parte), mas um fato é indiscutível: além de ser um completo apaixonado por carros, ele entende muito do negócio. Camaro, Dodge Viper, Cadillac CTS-V e Pontiac Solstice estão aí para comprovar.
A GM, por outro lado, melhorou sua engenharia, e a folha de pagamento e os planos de saúde caíram bastante depois de quase falir. Quando se trata de compartilhar plataformas entre suas marcas, a GM sempre foi bastante competitiva. Confie em mim: a GM vai dar trabalho para a VW e a Hyundai.
Mas depois de quase ruir, será que a GM já está assim tão de volta ao páreo? Ela reconquistou a condição de maior fabricante de automóveis após ser ultrapassada pela Toyota em 2008, 2009 e 2010. Nos dois principais mercados mundiais, tem crescido bastante – 25% nos EUA e 10% na China. O Cruze, nova aposta entre os sedãs compactos, já é sucesso. Esqueça um pouco as trapalhadas que a General Motors do Brasil aplica por aqui e perceba que a outrora maior empresa do mundo ainda tem muita bala na agulha.
Por outro lado, a recuperação do posto de nº1 pela GM deve-se muito à série de problemas que a Toyota enfrenta nos últimos tempos. A crise dos recalls gerou péssima publicidade, e o terremoto no Japão foi um duro golpe na estrutura produtiva. Mas mesmo antes do desastre, a Toyota já dava sinais de queda séria. Apesar de continuarem eficientes, seus produtos estão claramente envelhecidos e sem novidades frente à concorrência. Mudar esse estado das coisas leva um certo tempo – e o problema é que, além de mudar, os japoneses precisam recuperar o que foi destruído.
A Volkswagen entra na briga como a maior fabricante européia, e com um claro – e divulgado – plano para se tornar a maior do mundo em 2016. A estratégia passa pelo compartilhamento de plataformas, padronização de design e popularização de seus modelos. Car lovers não costumam digerir bem essa mudança profunda em relação à sofisticação na qual a VW vinha apostando nos último tempos, mas no que interessa de verdade no final do ano – números, vendas, presença no mercado – não há muito o que discutir.
E sobre a Hyundai? Nesse caso, parece que ninguém mais duvida das capacidades e ambições dos coreanos. Vide a curiosa cena que Martin Winterkorn (CEO do grupo VW) protagonizou no último Salão de Frankfurt, ao analisar de perto o interior do novo i30 e demonstrar publicamente sua indignação pelo fato de o ajuste de altura do volante ser mais silencioso que os de seus carros.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/
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