
À primeira vista ele tem cara de poucos amigos. A grade que fecha a dianteira confere ao modelo um ar de mistério e inspira temor. O desenho é, talvez, um dos mais belos de toda sua época e marcou várias gerações. Ele é o muscle car definitivo.
O Charger foi lançado em 1966. O estilo trazia a grade fechada mas era menos amedrontador. Dois anos se passaram e o pessoal da Chrysler decidiu que era hora de pensar em algo novo. A versão Charger R/T, de Road and Track, chegou às lojas e caiu no gosto popular.

Nesse mesmo ano o filme Bullitt deu uma mãozinha para o marketing da empresa e alicerçou de vez a fama de mau do carro. As cenas de perseguição na cidade de São Francisco entraram para a história do cinema e o imaginário dos espectadores (revi as tomadas três vezes me preparando psicologicamente para essa reportagem).

Cheguei ao terceiro piso e vi a máquina diabólica me esperando, ainda debaixo da capa. Levamos o carro até o local das filmagens, com nuvens pesadas sobre nós. Ainda bem que São Pedro gosta de carros e segurou a água. A vantagem é que o ronco ficou ainda mais grave e foi abrindo passagem no trânsito. É incrível como ele é reconhecido.

Hora de guiar. Girei a chave. Silêncio absoluto na rua. Até os tradicionais pássaros se calaram por alguns segundos. Seria medo? Provavelmente, sim. O barulho do motor big block, com 440 pol³, 7,2 litros e 390 cv ganhou vida através das saídas duplas de escapamento. Algumas bombadas e a carroceria balançou.

Alavanca na posição D (Drive), freio de mão liberado, cinto de segurança abdominal afivelado e seguimos em frente. Botão do controle de tração? Que nada. Eles nem sabiam o que era isso na época. Rodando pude sentir que a massa de aço se movimenta com leveza. O torque brutal empurra tudo com facilidade.
A direção hidráulica é tão leve que pode ser girada – literalmente – com a ponta do dedo. Uma pisada no acelerador mostra a força do motor e toda a maldade é transmitida ao asfalto. Nas saídas, basta um pouco mais de animação para que as rodas traseiras comecem a girar em falso. É brutal.
E assim voltamos à garagem. O trânsito estava um pouco pesado, mas nenhum carro se atreveu a não dar passagem ao Dodge. Mais do que um clássico, ele entrou na galeria dos mitos automotivos. Uma verdadeira lenda urbana.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a)http://www.jalopnik.com.br/
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