17 de set. de 2011

Um carro de Fórmula 1, nas palavras de Colin Chapman


Para ver o documento mais interessante do Salão de Frankfurt, você precisa pegar uma banqueta específica no estande da Lotus e não sentar nela. Sob uma camada de vidro está uma página do caderno de Colin Chapman do verão de 1975 que contém muitas de suas famosas frases sobre carros de Fórmula 1. Algumas são simples, outras são improvisadas e algumas, em vista do destino de alguns dos melhores pilotos da equipe, são assustadoramente insensíveis.

O documento, datado de 17 de julho de 1975, é intitulado “Future Spec for F1 Car” (especificações futuras para um carro de F1). Ele está incluído no livro de Karl Ludvigsen Colin Chapman: Inside the Innovator e é do ano entre o dominante Lotus 72 e os Lotus de efeito-solo que se seguiram ao documento de Chapman.
1. Um carro de corrida tem apenas UM objetivo: VENCER corridas. Se ele não cumpre com isso, não passa de um desperdício de tempo, dinheiro e trabalho.
Pode parecer óbvio, mas lembre-se que não importa o quão criativo, barato, fácil de manter ou mesmo seguro, se não vence consistentemente ele não é NADA!
“Ou mesmo seguro”. Em um documento escrito sete anos após a morte do campeão de Fórmula 1 Jim Clark em um de seus carros.
Chapman continua:
2. Tendo estabelecido isso, o que nós temos que fazer para vencer:
(i) Em termos simples, deve primeiramente ser capaz de completar uma volta em um circuito mais rápido que qualquer outro carro, com a menor habilidade possível do piloto, e fazê-lo por tempo suficiente para terminar a corrida.
(ii) Depois disso, e somente depois disso, e sem comprometer absolutamente o objetivo (2)(i) a pessoa deve considerar o quão caro é, quão simples, seguro & quão fácil é de manter, etc. NENHUM desses aspectos deve diminuir uma vírgula de (2)(i). “Bom o bastante” simplesmente NÃO é bom o bastante para vencer e continuar vencendo.
Seis anos antes de escrever isto, Chapman recebeu uma carta  de seu piloto Jochen Rindt após um problema na asa traseira fazer o Lotus 49 de Rindt bater forte em Barcelona:
Francamente, seus carros são tão rápidos que ainda seríamos competitivos com alguns quilos extras usados para deixar mais fortes as peças mais frágeis [...] Eu só consigo guiar um carro no qual tenho alguma confiança, e sinto que o ponto em que não confio mais está bem próximo.

Rindt continuou na equipe, algo que se transformou em um pacto faustiano. O carro que recebeu de Chapman para a temporada de 1970 não tinha nada da simplicidade, facilidade de manutenção ou segurança que o desviasse do objetivo (2)(i). Ele deu a Rindt um título mundial – e lhe tomou a vida.
O documento de Chapman resultaria dois anos mais tarde no Lotus 79, que deu à equipe seu último título mundial nas mãos de Mario Andretti.
Como um documento histórico para a Fórmula 1 foi parar em Frankfurt? Ele estava na parte de exposição da divisão Group Lotus da confusa bagunça malaia que substituiu nos dias de hoje o legado da Lotus, a empresa que fabrica os carros de rua e que está envolvida com os investidores de Luxemburgo que compraram a equipe Renault de Fórmula 1 e agora competem com o nome de Lotus Renault GP.
Toda a bagunça é colocada da forma mais humanamente possível (em inglês) no blog de Joe Saward sobre a F1, e de forma visual aqui e aqui.

Fonte: jalopnik.
Disponível no(a)http://www.jalopnik.com.br/

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