21 de ago. de 2011
Como transformar um carro comum em um campeão das pistas: a vitória
A K-PAX Racing transformou um Volvo C30 de fábrica em um carro de corrida em 60 dias. O piloto Robb Holland conta o qual foi o resultado nas pistas. Desta vez do lugar mais alto no pódio.
Eu sou muito melhor reclamando que na hora da comemoração, afinal de contas no começo da temporada não tive problemas para escrever dramalhões épicos sobre as dificuldades que tivemos, mas agora que vencemos parece que tive um caso de bloqueio criativo de proporções bíblicas. Sim, você leu certo. Vencemos.
Cerca de oito meses depois de o projeto ser aprovado, vencemos. Certo, vencer talvez não seja a palavra correta. Nós DOMINAMOS a sétima e a oitava prova da Pirelli World Challenge Championship em Mid Ohio.
Vocês não têm ideia de como é bom falar isso. Até então nós havíamos mostrado lampejos de velocidade mas sempre foi algo passageiro e carregado da sensação de que era apenas uma breve calmaria antes de uma tormenta cabulosa. Entretanto, com uma pausa de dez semanas na temporada, o pessoal da K-PAX Racing sabia que esta era a sua chance de virar o jogo e colocar o C30 no caminho certo. E foi exatamente isso o que fizeram.
Acompanhe o raciocínio. Tivemos dez semanas para trabalhar no carro durante a pausa. Isso dá duas semanas a mais que o tempo usado para construí-lo no começo da brincadeira. Quem acompanhou a série desde o começo sabe exatamente o que o pessoal da K-PAX pode fazer neste período de tempo.
No começo da pausa tínhamos uma lista-tamanho-família de problemas que precisávamos resolver. No topo dela estava acertar a ECU. Aposto que vocês já lidaram com problemas de computadores travando, congelando ou tendo um piti no meio do nada (ou você usa um Mac [nota do tradutor: que também tem esses problemas...]). Você sabe o quanto isso te deixa doido? Bom feche os olhos e imagine que você está no Canadá no circuito de Mosport, um de seus traçados favoritos.
Você detém o recorde de volta. É um dia lindo, daqueles perfeitos para correr. Você está no meio do pré-grid se preparando para acelerar depois da melhor classificação na temporada, em quinto lugar. Você está apenas a 0,6 s do primeiro colocado e sabe que tem uma chance razoável de vitória. Imagine o chamado para que os carros componham o grid. Todos saem do lugar para se posicionar no grid ao lado de garotas canadenses gos… belíssimas.
Agora imagine que seu maldito carro não pega e você precisa largar dos boxes, de onde recebe a luz verde após todos os carros largarem!
Você tem boa uma ideia do porque a programação da ECU estava no topo da lista. Além dos problemas de partida, tivemos alguns problemas com o carro entrando em um modo anestesiado em algumas situações de aceleração máxima. Com tudo isso em mente, a equipe partiu para a pista de testes, High Plains Raceway (HPR), onde passamos dois dias inteiros trabalhando. No primeiro dia tentamos reproduzir os problemas para que pudéssemos gravá-los com o computador que instalamos no carro.
Uma vez que os engenheiros pudessem encontrar os problemas nos dados, eles poderiam entrar no código da ECU e ver onde estava o problema. O objetivo era remover o máximo possível de linhas de código da programação que fossem vitais para um carro de rua, mas totalmente desnecessárias para um carro de corrida, e que pudessem causar problemas. Depois de cumprir esta etapa, a equipe voltou ao HPR, onde o segundo dia de testes aconteceria (durante oito horas sob um calor de 37 graus), dando voltas com um de nossos engenheiros no banco do passageiro para que pudesse encontrar qualquer outro problema e corrigi-lo em tempo real.
Não tenho ideia de como ele conseguiu fixar os olhos na tela do computador e programar sem espalhar o almoço pelo carro enquanto eu atropelava zebras a 160 km/h. Não sei como, mas ele conseguiu.
Enfim, no final das contas conseguimos acertar a ECU além de algumas outras coisas, empacotamos tudo e partimos para Mid Ohio. Por mais que a equipe estivesse confiante de que o trabalho feito foi um passo enorme adiante, você não tem muita noção do nível em que está até dividir a primeira curva com os adversários. Para aumentar a pressão durante o evento, o vice-presidente de marketing da Volvo John Maloney e o diretor financeiro Tim Fissinger resolveram nos honrar com as suas presenças, junto com integrantes de clubes de proprietários Volvo e do C30. Resolvemos não desapontar.
Na primeira sessão classificatória do final de semana meu colega de equipe levou a pole e eu larguei logo atrás na segunda fila, partindo do terceiro lugar. Sabendo que as largadas usadas na World Challenge são um dos meus pontos fortes, estava ansioso para começar a prova. Mas os deuses tinham outros planos.
Um acidente grave no começo da prova entre um Camaro e um Mitsubishi da GT provocou uma reviravolta nas posições da classe Touring Car (TC), prendendo meu colega de equipe e me forçando a tirar o pé para desviar da carnificina. O resultado foi que pude apenas manter o terceiro lugar, atrás do Honda de Aschenbach (que lidera o campeonato) e do VW de Ron Zitza.
Na relargada, depois da limpeza de pista, consegui deixar Zitza para trás e me aproximava rapidamente de Aschenbach. Duas voltas mais tarde consegui superá-lo em uma seção da pista conhecida como “Madness” (loucura). Infelizmente ao passar o ápice de uma subida, Aschenbach deu um toque em meu para-choque traseiro, perdi a aderência e ele conseguiu recuperar a posição.
Isso realmente mexeu comigo. Depois de uma segunda bandeira amarela, parti para cima dele e desta vez achei um espaço. Era o suficiente para me manter à frente dele, mas Aschenbach não venceu vários campeonatos profissionais à toa. Assim, passei as voltas restantes com um Honda colado em meu para-choque. No entanto, foi o mais perto que ele pode chegar de mim e uma última bandeira amarela fechou a conta.
O carro comum no lugar mais alto do pódio! Eu posso dizer que não existe cheiro melhor no mundo que suor e champagne (por outro lado não há cheiro pior que suor com champagne do dia anterior quando se esquece o macacão no motorhome. Mal aí pessoal). Para completar, meu colega de equipe, o ex-piloto da Indy Alex Figge, conseguiu a primeira vitória para o novo S60 na categoria GT. Dominação Volvo. A equipe estava nas alturas, os engravatados estavam mais do que satisfeitos e toda a galera dos fã-clubes foi à loucura. Foi um bom dia. Mas o final de semana não havia acabado.
A classificação para a segunda corrida foi um desastre. Uma chuva forte durante a noite se transformou em uma garoa pela manhã. Normalmente uma situação que eu gosto, mas os carros da categoria GST com tração traseira que dividem a sessão classificatória com a gente não pareciam compartilhar da minha opinião. Sem poder pisar fundo na saída das curvas, a maioria dos carros da GST era consideravelmente mais lenta que os carros de tração dianteira da Touring Car.
Até mesmo deixar grandes espaços para os carros da GST não adiantava, e todas as minhas voltas rápidas foram atrapalhadas pelo tráfego da GST. Minha última volta, que era rápida o suficiente para me colocar na primeira fila, talvez a pole, foi interrompida quando agitaram a bandeira vermelha por causa de um carro que capotou no final da reta oposta. Tudo isso me deixou na sexta colocação, o que não é o melhor dos lugares para se estar quando se quer vencer.
Mas aquele final de semana era nosso e na largada fiz o que sei de melhor, conquistando o segundo lugar, na cola de meu colega de equipe já na curva 5 da primeira volta (uma manobra que me rendeu o prêmio de melhor largada do final de semana). A partir daí foi uma dobradinha de Volvo C30 até o final da corrida. Consegui conter os ânimos do VW de Tristan Herbert e depois de meu rival Aschenbach, marcando um novo recorde de tempo em Mid Ohio no meio da história!
Quase foi o final de semana perfeito para a equipe. Porém, na última volta da corrida na categoria GT, o Alex foi ultrapassado por um dos Corvettes enquanto liderava, o que impediu que os S60s ocupassem o primeiro e o terceiro degrau no pódio da GT. Mesmo assim, Randy Pobst, no outro S60, conseguiu terminar em terceiro (o que resultou em quatro pódios para a Volvo durante o segundo dia). Nada mal para os engomadinhos.
Agora a coisa começa a esquentar. Temos ótimos carros e com as boas colocações durante o final de semana estamos agora a apenas 14 pontos de distância atrás da Honda no campeonato de construtores, restando quatro corridas na temporada. É hora de pegar o vácuo e ultrapassar.
Fiquem de olho e vejam o que acontece “Quando os Volvos atacam”.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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