10 de mar. de 2011

Cadillac CTS-V

Com 698 cv prontos para disparar, o modelo mostra a força da superpotência

Por Paulo Campo Grande | Fotos: Marco de Bari
Cadillac CTS-V
Mostrado como carro-conceito no Salão de Detroit de 2008, o Cadillac CTS Coupé chegou ao mercado americano somente em agosto deste ano, já como linha 2011. Apesar da espera, ele não decepcionou: ele é virtualmente o mesmo carro que surpreendeu a todos na avant-première. O design do CTS segue um novo conceito visual da marca, batizado de “Art and Science” (arte e ciência), que rejeita soluções retrô, adotadas por algumas linhas dentro da própria General Motors, da qual a Cadillac faz parte, em favor de um estilo inédito, “mais apropriado para o século 21”, segundo a fábrica. O CTS tem linhas predominantemente retas, com vincos em corte e detalhes que fogem do senso comum, como os faróis verticais, as lanternas traseiras que integram os contornos da carroceria e o grande brake-light em V. O CTS não tem maçanetas. As portas possuem fechaduras elétricas. Para abrir a porta, por fora, há um botão acessível por um recorte na carroceria. Por dentro, esse comando fica na lateral da porta, no lugar onde tradicionalmente se encontra o puxador. Caso o sistema precise ser desligado por alguma razão, há uma maçaneta disfarçada na lateral da cabine sob o painel.

Apesar de ser um cupê do tipo 2+2 (com dois lugares na frente e dois simulacros de assento atrás), o CTS é um carro grande. Ele mede 4,79 metros de comprimento, por 1,88 de largura e 1,42 de altura. A aparência de carro médio se deve à inclinação do para-brisa e do vidro traseiro, reforçada pela ausência da coluna central.

Internamente, o painel tem visual mais previsível, mas os ângulos agudos encontrados na carroceria também estão presentes, no V que divide o painel de duas partes e nos elementos do console central. O acabamento é luxuoso demais para um esportivo, com muitos frisos cromados e o console laqueado (piano black). Se os frisos fossem escuros e o console, de fibra de carbono, o interior teria um visual mais nervoso. Mas não é o caso de reclamar. Afinal, estamos a bordo de um Cadillac, um carro de luxo.

O nome CTS veio do sedã que cedeu a plataforma para o esportivo, embora este seja um cupê e CTS sejam as iniciais de Class Touring Sedan (Sedã Classe Turismo). O carro mostrado aqui, até onde se sabe, foi o primeiro a chegar ao Brasil. Trazido pela loja Dubai Motors, de Ribeirão Preto (SP), é uma versão CTS-V, que é a mais brava da linha. O “V” identifica os carros que estiveram sob os cuidados da divisão de preparação da GM. Este CTS-V é equipado originalmente com o motor V8 Supercharged (o mesmo do Chevrolet Corvette ZR1), com 556 cv. No caso específico desta unidade, a potência foi aumentada e chegou a 698 cv, tirando proveito de várias alterações na receita original (veja ao lado).

De 0 a 100 km/h em 3,4 segundos Se 556 cv já são uma força considerável, os 698 cv são uma impressionante demonstração de poder. Na prática, basta encostar o pé no acelerador para sentir a explosão da tropa. Um leve toque é suficiente para desequilibrar o corpo do motorista, jogando-o contra o encosto do banco. Para pisar fundo, é melhor se segurar. Nessa condição, a saída é violenta. O Cadillac só não gira sobre o eixo vertical (a tração é traseira) porque os controles eletrônicos impedem essa reação. Para andar devagar no trânsito da cidade, o motorista precisa se policiar, porque o habitat natural do CTS-V são os grandes espaços livres das estradas americanas, de preferência durante o horário de almoço do xerife local. Mas ele fica mesmo à vontade numa pista apropriada para altas velocidades. Segundo o importador, o CTS-V de 698 cv pode acelerar de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e atingir 315 km/h de velocidade máxima.

A preparação esportiva de fábrica garante o equilíbrio, mesmo com o motor anabolizado. A suspensão mantém bem o carro em contato com a via. As estruturas são do tipo duplo A na frente e multilink atrás, e contam com amortecedores cuja rigidez é controlada eletronicamente. E os pneus 255/40 R19 na dianteira e 285/35 R19 atrás fazem sua parte com competência. A direção hidráulica progressiva diminui a assistência à medida que a velocidade aumenta. Na cidade, o volante é leve como o de um sedã de luxo. Na estrada, a 120 km/h, passa a responder como um esportivo. Os freios usam discos ventilados e foram desenvolvidos pela Brembo em parceria com a Michelin, que fornece os pneus.

Comparando com outros carros da linha Chevrolet, o comportamento do CTS-V está mais para o Corvette que para o Camaro. A posição de dirigir é esportiva: os bancos, apesar de confortáveis, são envolventes e garantem o apoio necessário nas curvas. O volante merece uma descrição à parte: revestido de camurça, ele conta com os comandos do câmbio para as trocas de marcha no modo manual (seis marchas) e o botão liga/desliga do controle de tração ao alcance do polegar esquerdo – recurso fundamental para os que se divertem fazendo drifting.

No que diz respeito aos equipamentos, o CTS-V traz tudo o que é obrigatório em um carro de luxo: airbags de duplo estágio, controle de estabilidade, piloto automático, sensores de pressão nos pneus, faróis direcionais, câmera auxiliar para manobras, GPS, sistema de som Bose 5.1 Cabin Surround e bancos de couro com ajustes elétricos. A Dubai Motors traz o CTS-V por 360 000 reais, na configuração original de fábrica, e por 395 000 reais, com a preparação igual à da versão mostrada aqui.


GRIFE
A Cadillac tem uma história de glória. Fundada em 1902, ela foi a primeira a ter especifi cações para seus componentes, tornando-os intercambiáveis, entre diferentes unidades. É seu também o primeiro V8 produzido em série e o primeiro motor de 16 cilindros. Ela foi pioneira, ainda, ao criar o câmbio sincronizado e o sistema elétrico (partida, ignição e faróis), entre outras melhorias.





TUNING
Para que a potência subisse de 556 cv para 698 cv (a 6 500 rpm), o compressor ganhou uma válvula de alívio maior e nova polia para aumentar sua velocidade. O escapamento foi redimensionado e termicamente tratado. E a injeção foi reprogramada. Como o objetivo era ganhar potência, o torque ficou em segundo plano, caindo de 76,2 para 63,8 mkgf (a 4 200 rpm).




VEREDICTO
O CTS-V é um belo cartão de visitas de uma marca que tem prestígio e história. Bonito e divertido, é uma boa alternativa como segundo ou terceiro carro, principalmente para quem já tem um esportivo alemão na garagem.


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Fonte: quatrorodas
Disponível no(a):http://quatrorodas.abril.com.br

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