Se você gosta de muscle cars, deve estar nesse exato momento com o queixo encostado no teclado diante do espetacular primeiro protótipo do Dodge Charger. A obra-prima de 1964 foi totalmente restaurada anos atrás, e deve mudar de dono no próximo dia 20.
Esse precioso pedaço da história automotiva é contemporâneo de outro marco inicial do gênero, o Pontiac GTO. A missão dos engenheiros e designers da Chrysler na verdade era criar uma embalagem bem bonita e futurística para um motor V8 superpotente que se tornaria um de seus emblemas: o HEMI. A partir da base de um Dodge Polara (o americano, nada a ver com o carro vendido no Brasil), uma nova máquina foi feita inteiramente à mão.
No lugar dos para-choques, quatro apoios revestidos de borracha, e duas ligeiras barbatanas que começam sobre os faróis e seguem até a traseira – e que dão um ar meio diabólico ao carro. Há um scoop aberto no capô para saciar o apetite do V8. Na traseira, o desavisado poderia encarar a ausência de ponteiras de escape como uma prova de que esse é apenas um show-car. Nada disso: os escapes foram deslocados para as laterais, logo atrás das portas, para urrar ainda mais alto.
Visualmente, o que mais chama a atenção sem dúvida é o arco de santantônio estilizado, uma peça única com dois apoios de cabeça que parece saída dos Jetsons. Repare que o habitáculo de motorista e passageiro são separados por uma extensão da carroceria, e que o perfil geral ficou extremamente baixo. O para-brisa, por exemplo, é pequeno o suficiente para proteger do vento, como num carro de corrida.
Vários comandos foram instalados na lateral que surgiu com a adaptação. Um conta-giros Stewart-Warner foi adicionado, e é um dos poucos sinais do objetivo inicial desse projeto: criar um carro que fosse chamativo e futurista, e que tivesse ao mesmo tempo uma performance digna das pistas de corrida.
Como dissemos, este carro foi feito para receber a maior novidade da Chrysler na época, o motor V8 de 426 polegadas cúbicas (7 litros) com câmaras hemisféricas, feito artesanalmente para competições. O problema é que, enquanto o protótipo era finalizado, a divisão Mopar precisou urgentemente de mais um desses motores para equipar seus bólidos – apenas quinze V8 426 seriam fabricados nessa série. A solução foi pegar de volta o propulsor do Charger Concept.
Quando foi apresentado ao público na década de 60, havia dentro do capô um V8 bem mais manso e comportado, mantido longe dos flashes. O carro seria adquirido por um revendedor Dodge da época, e passou quase 35 anos guardado até que em 1999 um colecionador resolveu adquiri-lo e custear a restauração total. Os especialistas contratados chegaram ao cúmulo de encontrar o 13º dos quinze V8 HEMI originalmente fabricados, e o reformaram com peças zeradas. Potência atual: acima dos 600 cavalos!
O nome Charger foi exibido aqui pela primeira vez. No ano seguinte, ele batizaria outro protótipo da Dodge, com uma carroceria fastback bem mais parecida com a primeira geração do Charger – veja uma foto dele aqui. O modelo definitivo entraria em produção em 1966, e o resto é história.
Em 2007, o exemplar foi vendido por 1,1 milhão de dólares. Com o falecimento do atual dono, ele deve estrelar um novo leilão da RM Auctions marcado para o dia 20 de janeiro.
Fonte:jalopnik
Disponível em:http://www.jalopnik.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário