31 de out. de 2013

Avaliação: Honda XRE 300, agora flex, encara Yamaha Ténéré 250

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Assim como os SUVs tomaram conta das cidades brasileiras, quem já usou uma moto trail no nosso (esburacado) cotidiano dificilmente troca de categoria. Tanto é que a maioria dos jornalistas do setor duas rodas que conheço (incluindo este que vos escreve) possuem motos do tipo.
Entre elas, uma das mais famosas e vendidas é a Honda XRE 300, que estreou em 2009 com a dupla missão de substituir a XR 250 e a Falcon 400 ao mesmo tempo. A novidade agora fica por conta da injeção FlexOne da Honda, que permite ao modelo ser abastecido com etanol ou gasolina em qualquer proporção. Tabelada a R$ 13.550 iniciais, a XRE é a única da categoria a oferecer feios combinados com sistema anti-travamento (C-ABS), chegando a R$ 15.250.
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Na falta de uma 300 em sua linha, a Yamaha escala duas rivais para a XRE: a Lander (R$ 12.440) e a Ténéré (R$ 13.490), ambas derivadas do mesmo chassi e que compartilham o motor 250. A primeira tem aptidão mais trilheira, enquanto a segunda, mais recente, não dispensa a suspensão de longo curso, porém com pegada mais estradeira. Nenhuma das duas traz injeção flex, recurso que a marca dos diapasões oferece na street Fazer 250 Blueflex (que usa o mesmo propulsor), mas ainda não entrega em suas trails.
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Ténéré e Lander, somadas, não chegam à metade das vendas da XRE em 2013 (até setembro). Mas será somente por conta da maior rede da Honda? Pelo motor maior? Melhor pilotagem? Para tirar a prova, reunimos a XRE flex e a Ténéré numa pequena viagem até Itú, interior de São Paulo, por caminhos alternativos e estradinhas de terra, bem na linha de utilização destas motos. Monte no seu sofá favorito e acompanhe a gente nesse “rolê”.
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Antes de cair na estrada, uma volta pela cidade antecipa o jeitão de cada moto. Ambas agradam pela ótima superação de obstáculos, com pouco repasse das imperfeições ao piloto, e também pela posição elevada do guidão e manetes, que permite passar fácil por cima dos retrovisores dos carros – atenção com os SUVs! A XRE, com seu motor de quatro válvulas, exige mais reduções de marcha para manter o propulsor acordado. É basicamente aliviar a mão do acelerador e já chamar uma marcha para baixo, sob pena de o motor pipocar na retomada. Já a Teneré, com propulsor de duas válvulas, é mais esperta em baixas rotações, tornando a condução urbana menos cansativa apesar do menor torque oferecido – 2,1 kgfm contra 2,8 kgfm. Em compensação, o câmbio da Honda é mais macio e certeiro, enquanto o da Yamaha é um pouco duro e impreciso em algumas condições, especialmente na hora de engatar o neutro.
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Colocando as jaquetas para a viagem, vemos que a Ténéré se baseou no estilo das big-tails, com painel mais elevado, proteção aerodinâmica oferecida pelo para-brisa e tanque de combustível maior. O quadro de instrumentos da Yamaha é muito mais bonito e melhor de ler que o da rival, com velocímetro digital e conta-giros analógico bem destacado. Na Honda tudo é digital, com visor pequeno e um conta-giros por barrinhas ruim de visualizar. O acabamento das duas é equivalente, mas na XRE a borracha das manetes marca as mãos (mesmo de luva) e incomoda, enquanto a Ténéré traz faróis mais potentes e o útil lampejador do farol alto – falta sentida na Honda. Por outro lado, somente a XRE vem com aros de alumínio, que não oxidam como os de ferro da Ténéré, e cobertura emborrachada das pedaleiras. Buzina, seta e demais comandos são fáceis de acessar nos dois casos.
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Com relação ao visual, estamos diante de um contraste. A Yamaha vai bem na dianteira e decepciona na traseira, enquanto a Honda tem a rabeta muito mais bem elaborada, mas a frente divide opiniões, pelo para-lama de formato um tanto bicudo. Uma modificação simples (e barata) na Ténéré é a troca dos piscas laranjas pelos brancos, lembrando que é preciso também comprar lâmpadas laranjas nesse caso – como a unidade fotografada, que pertence ao novo consultor técnico do CARPLACE, o engenheiro mecânico Eduardo Silveira. Ficaria melhor ainda caso a Yamaha adotasse a lanterna da LEDs da extinta Lander X, bem mais bonita que esta lanterna quadradinha que lembra as motos da década de 90. Na Honda, desaponta o antigo bocal do tanque, que exige ser retirado. Na Ténéré a tampa estilo aviação é muito mais bonita e prática.
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Nosso roteiro inclui muitos quebra-molas fora de padrão, e logo as pequenas trails mostram sua versatilidade. As suspensões parrudas e de bom curso, além da roda dianteira aro 21″, permitem que a gente ultrapasse esses obstáculos com facilidade. Para se ter ideia, o curso das suspensões da XRE é de 245 mm na dianteira e 225 mm na traseira, enquanto uma CB 300R (street da Honda que compartilha diversos componentes com a XRE) fica nos 130 mm na frente e 105 mm atrás. A Ténéré não tem tanto curso (220 mm na dianteira e 200 mm na traseira) e nem a mesma maciez da Honda, se revelando um pouco mais durinha nos buracos.
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Leves, tanto a Honda quanto a Yamaha são bastante amigáveis na pilotagem, mesmo para inciantes. No trajeto sinuoso que enfrentamos, o destaque ficou para a boa estabilidade das duas motos, ainda que equipadas com pneus finos na dianteira. Ambas são boas de tocada, mas a XRE leva vantagem no comportamento dinâmico. Ela consegue absorver melhor os impactos e se mantém mais estável nas curvas, enquanto a Ténéré apresenta um pouco mais de tendência à saída de frente. Já em termos de freios, a Honda dá um banho na concorrente: além de o sistema ter uma pagada mais imediata e eficiente, somente a XRE oferece ABS opcional com freios combinados – em que o freio dianteiro é sempre acionado (em menor intensidade) ao usarmos o traseiro. Na mudança de uma moto para outra, a falta de poder de frenagem da Ténéré é a diferença mais gritante, sendo que o sistema da Yamaha é um tanto “borrachudo” e exige mais força no acionamento.
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No trajeto misto de pista dupla, mais travado, XRE e Ténéré andaram basicamente na mesma toada. São motos essencialmente urbanas, mas que pegam estrada numa boa. Em ambas, fica evidente a falta da sexta marcha, tanto que inúmeras vezes nos pegamos tentando engatar uma sexta, devido ao alto giro dos motores em velocidades de viagem. Na Yamaha são 7.500 rpm a 120 km/h em quinta, 500 rpm a mais que na Honda. Pelo menos os dois motores apresentam funcionamento bastante suave, sendo que as vibrações não são um problema mesmo depois de horas ao guidão. Quanto ao ruído, incomoda apenas o “vuuuu” dos pneus de uso misto da XRE no asfalto – um preço a se pagar pela melhor desenvoltura na terra. Na Yamaha temos o característico barulho de “máquina de costura” no cabeçote do motor, mas os pneus de asfalto são mais adequados à proposta deste tipo de moto, que prevê utilização urbana acima de tudo.
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Quando o asfalto acaba, porém, a Honda volta a pular na frente. Além da já comentada suspensão mais suave em pisos ruins, na terra os pneus mistos contribuem para dar maior confiança ao piloto, por serem mais aderentes. Fora isso, o banco mais estreito e macio da XRE faz com que os pés cheguem ao solo mais facilmente, no caso dos pilotos de menor estatura. Na Yamaha os pneus “lisos” escorregam mais, pedindo atenção principalmente em caso de chuva ou lama. Apesarem de não serem legítimas motos de trilha, ambas enveredam com tranquilidade por trilhas leves, chegando com conforto e segurança aonde uma street poderia ter problemas.
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De volta à estrada, dessa vez aberta, o motor da XRE falou mais alto. Se até aqui elas pareciam parelhas em desempenho, “enrolando o cabo” a coisa muda de figura e a Honda mostra seus 5 cv extras (26,3 cv contra 21 cv), deixando a Ténéré para trás sem muita cerimônia. Nas saídas de semáforo também é possível notar o maior fôlego da XRE se você arrancar exigindo mais do motor. A Yamaha, porém, dá o troco no posto: ela alcançou a ótima média de 36,7 km/l durante nossa avaliação, ao passo que a Honda cavou 29 km/l usando etanol – mas mesmo com gasolina ela não iguala o consumo da concorrente. Além de beber menos, a Ténéré tem autonomia maior por conta do tanque de 16 litros, contra 13,6 l da XRE nesta versão com ABS.
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Com diferença de apenas R$ 60 (considerando a XRE Standard), a Honda oferece um produto um pouco superior em comportamento, performance e pilotagem na terra, enquanto a Yamaha é mais preparada para viagens, com uma posição de pilotagem mais confortável, proteção do para-brisa e maior autonomia, sem falar no painel melhor. No fim, a disputa acaba ficando equilibrada, sendo a decisão final uma questão de gosto ou de perfil de uso da motocicleta. Não esqueça de considerar, também, o custo do seguro na sua conta: nas grandes cidades, nenhuma delas tem a apólice barata, mas a da XRE tende a ser ainda mais cara.
Por Daniel Messeder
Fotos Rafael Munhoz
Ficha técnica – Honda XRE 300 Flex
Motor: monocilíndrico, 4 válvulas, 291 cm3, injeção eletrônica, flex, refrigeração a ar;Potência: 26,1/26,3 cv a 7.500 rpm; Torque: 2,81/2,85 kgfm a 6.500 rpm; Transmissão:câmbio de cinco marchas, transmissão por corrente; Quadro: berço semiduplo de aço;Suspensão: garfo telescópico na dianteira (245 mm de curso) e pro-link (255 mm de curso) na traseira; Freios: disco simples na dianteira (256 mm) e na traseira (220 mm); Pneus: 90/90 aro 21 na dianteira e 120/80 aro 18 na traseira; Peso: 151 kg; Capacidades: tanque 13,4 litros (13,6 litos com ABS); Dimensões: comprimento 2.171 mm, largura 830 mm, altura 1.181 mm, altura do assento 860 mm, entreeixos 1.417 mm
Ficha técnica – Yamaha XTZ 250 Ténéré
Motor: monocilíndrico, 2 válvulas, 249 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração a ar;Potência: 21 cv a 8.000 rpm; Torque: 2,1 kgfm a 6.500 rpm; Transmissão: câmbio de cinco marchas, transmissão por corrente; Quadro: berço duplo de aço; Suspensão: garfo telescópico na dianteira (220 mm de curso) e monoamortecida com link (200 mm de curso) na traseira; Freios: disco simples na dianteira (245 mm) e na traseira (203 mm); Pneus: 80/90 aro 21 na dianteira e 120/80 aro 18 na traseira; Peso: 137 kg; Capacidades: tanque 16 litros;Dimensões: comprimento 2.120 mm, largura 830 mm, altura 1.370 mm, altura do assento 865 mm, entreeixos 1.385 mm







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