4 de jul. de 2013

GUIA: em Nurburgring, chega de pneus farofa


Felipe Massa com o pneu estourado, em Silverstone (AP Photo/Nigel Roddis)Felipe Massa com o pneu estourado, em Silverstone (AP Photo/Nigel Roddis)
 
A discussão dos pneus parece realmente não ter fim na F1. Primeiro, foi o intenso desgaste dos compostos de 2013, que promoveu corridas com até quatro pitstops, depois, os testes secretos da Mercedes com a Pirelli, e agora, as explosões que aconteceram durante o GP da Inglaterra da semana passada.

Neste clima, de reuniões e decisões de última hora para tentar resolver a situação, a F1 parte para o GP da Alemanha, já no próximo final de semana. A fornecedora levará para Nurburgring, com autorização da FIA, unidades traseiras com cinta interna de kevlar, que foram testadas nos treinos livres em Montreal e Silverstone e já deveriam ter estreado na Inglaterra, não fosse o veto de Ferrari, Lotus e Force India. De qualquer maneira, a pista alemã tem um traçado bem menos exigente em relação aos pneus do que a inglesa. Por isso, a preocupação é bem menor mesmo.
Diante disso tudo, segue a briga pelo campeonato. A quebra de Sebastian Vettel durante o GP da Inglaterra deu um alento especialmente a Fernando Alonso, rival mais próximo do alemão no campeonato, a 21 pontos. Mesmo assim, a vantagem do dele ainda é bastante confortável. Além disso, o tricampeão terá uma motivação extra para o final de semana: conquistar sua primeira vitória em casa.
A Mercedes tem uma tendência de andar bem no circuito. Como os pneus não são um grande problema, Red Bull também deve estar forte, com Ferrari e Lotus um pouco mais atrás, em posições parecidas com as que ocuparam em Silverstone. Um fator que sempre precisa ser levado em conta em provas nesta região é o tempo. Espera-se chuva na sexta-feira e sol no domingo. Mas o clima pode ser instável.
Nurburgring reveza desde 2009 com Hockenheim como sede do GP da Alemanha. Só que o lendário autódromo passa por fortes dificuldades financeiras e está, inclusive, sendo leiloado. Para salvar a prova, Bernie Ecclestone abriu mão das taxas da corrida. Mas o futuro do circuito é incerto.

PONTOS CRÍTICOS

O atual circuito de Nurburgring não é considerado um dos mais desafiadores. Longe disso. E também não lembra em nada o famoso traçado norte, utilizado na F1 até 1976, quando Niki Lauda sofreu um grave acidente na pista. A atual configuração do traçado tem 15 curvas, entre baixa e média velocidade. Dois pontos chamam mais a atenção:
Curva 1: é sempre complicada, especialmente na largada. Acidentes e toques não são raros. É uma forte freada ao final da principal reta e com certeza o melhor ponto de ultrapassagem do circuito.
Curva 13: a chicane no último setor da pista é outro lugar onde as ultrapassagens são possíveis. Ela encerra um trecho grande de aceleração com uma freada forte. O bom contorno dela também é importante para descer bem a reta. Por isso, muitas vezes, em caso de não existir uma chance muito clara, o perseguidor opta por manter a linha e tentar manter-se próximo ao carro da frente para um ataque na reta dos boxes.Nurburgring

PNEUS

Ah, os pneus… O grande assunto da temporada. Nurburgring tinha tudo para ser uma das poucas pistas em que não iríamos ouvir falar muito deles, já que o traçado não é tão exigente para eles. Só que o vexame dos estouros durante o GP da Inglaterra vai fazer com que todo mundo acabe ficando de olho neles.
A Pirelli está levando para a prova a combinação de seus compostos médios e macios, que só foi utilizada em 2013 no GP da China, segunda etapa do Mundial. Mesmo assim, é difícil se ter uma referência pela mudança na construção dos pneus.
Com os problemas vivenciados em Silverstone, a empresa aumentou a pressão sobre as equipes para poder adotar seus novos produtos que levam uma cinta de kevlar substituindo a normal de aço na parte interna do composto. A fornecedora acredita que irá diminuir os problemas de degradação acentuada. Protótipos produzidos assim foram usados nos treinos livres do GP do Canadá, mas os times não conseguiram acumular uma boa quilometragem com eles por causa da chuva.
Uma reunião chegou a ser realizada na época para que os novos pneus fossem usados já no GP da Inglaterra, mas Ferrari, Lotus e Force India se posicionaram contra, já que seus carros tinham um bom desempenho em corrida com os compostos antigos. Agora, em um novo encontro esta semana, os três times aceitaram a inclusão.
Na opinião de Paul Hembery, diretor esportivo da Pirelli, este novo pneu deve ajudar a resolver o problema, apesar dele defender que as equipes não utilizaram corretamente os compostos em Silverstone, ao montar os pneus no sentindo contrário, utilizar pressão abaixo da recomendada e cambagem agressiva demais.
“Mesmo que a versão com a cinta de aço seja completamente segura quando utilizada corretamente, a versão de cinta de kevlar é mais fácil de administrar, já que não existe um sistema que nos permita garantir as especificações, como pressão do pneu e cambagem, das quais o uso incorreto contribuiu para as falhas em Silverstone. Por isso, preferimos trazer pneus menos sofisticados”, explicou.
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ASA MÓVEL

A FIA anunciou que serão duas zonas de utilização da asa móvel, obviamente nos dois principais pontos de ultrapassagem do circuito. A primeira é na reta dos boxes. O ponto de detecção é na entrada da curva 15, última do traçado. A ativação é 135 metros depois da curva e vai até a freada para a curva um.
Já a segunda fica no setor final da pista, com ponto de detecção da vantagem entre os carros 45 metros antes da curva 10. A ativação é na saída do “S”, 55 metros depois da 11, e vai até a freada da chicane, na curva 13.

PREVISÃO DO TEMPO

Sexta-feira: existe previsão de pancadas pela manhã com o tempo melhorando pela tarde. A possibilidade de chuva é de 30%. (máx. 21°C min. 11°C)
Sábado: parcialmente nublado, com 10% de chances de chuva. (máx. 23°C min. 11°C)
Domingo: sol, sem chances de chuva. (máx. 23°C e min. 11°C)

COMISSÁRIO CONVIDADO

Emanuele Pirro
Data de nascimento: 12 de janeiro de 1962 (51)
GPs na F1: 36
Equipes: Benetton (1989) e Scuderia Italia (90-91)

FIQUE DE OLHO

Independentemente dos motivos (muitos rivais acreditam que tenha sido os testes secretos com a Pirelli), a Mercedes vem mostrando uma forte evolução nas últimas etapas. O time começou o ano já com força nas classificações e tem cinco pole positions em seis etapas. Nas últimas três, parece também ter alcançado um equilíbrio melhor em ritmo de corrida, e já acumula dois triunfos. Sendo assim, é difícil não apontar Nico Rosberg e Lewis Hamilton como dois dos favoritos à prova, ainda mais em uma pista em que os pneus não têm tanta influência.
Red Bull também deve voltar a andar bem, apesar de a pista não ser historicamente um lugar de muitos triunfos do time. Mesmo assim, a regularidade de Sebastian Vettel tem sido impressionante em 2013, e o alemão não pode ser descartado da briga pela vitória em nenhum circuito. Além disso, ele espera conquistar seu primeiro triunfo correndo em casa. Sim, o tricampeão nunca venceu uma corrida de F1 na Alemanha. É uma motivação a mais para ele, com certeza.
Do outro lado, Ferrari e Lotus continuam correndo atrás. Claramente, os dois times ficaram um pouco para trás dos rivais nas últimas corridas e dificilmente deverão conseguir virar o jogo tão rapidamente para Nurburgring.
Histórico dos pilotos na Alemanha (desde 2000):

RETROSPECTO BRASILEIRO

Se olharmos no geral, o Brasil tem um bom retrospecto no GP da Alemanha, com sete vitórias: três de Nelson Piquet, três de Ayrton Senna e uma de Rubens Barrichello. Porém, nas corridas em Nurburgring, o piloto da Ferrari foi o único a triunfar, e em uma prova que levava o nome de GP da Europa, em 2002.
A primeira de Piquet foi em 1981, ano de seu primeiro título, com o Brabham BT49C-Cosworth. Depois, ele e Senna conseguiram uma sequência de cinco vitórias brasileiras consecutivas na prova alemã . Todas com carros equipados com motores Honda. O carioca levou as provas de 86 e 87 com os modelos FW11 e 11B da Williams. Ao chegar na McLaren, o paulista passou a dominar completamente o GP, indo ao lugar mais alto do pódio de 88 a 90, sempre largando da pole.
Rubens Barrichello conseguiu seu primeiro triunfo na F1 no GP da Alemanha de 2000, com uma grande atuação em Hockenheim. Após largar da 18ª colocação e apostar em uma estratégia de uma parada a mais para reabastecimento para se recuperar, andando sempre com o carro mais leve, o piloto da Ferrari contou com uma dose de sorte quando um torcedor invadiu a pista e causou a entrada do safety car, o que o recolou em situação de igualdade em termos de tática em relação aos rivais.
Depois, ele usou de sua já conhecida habilidade com pista molhada e sensibilidade ao escolher ficar na pista quando a chuva começou para assumir a ponta e ficar com a vitória.
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A segunda vitória de Rubinho na categoria também foi na Alemanha, mas em uma prova que não levava o nome do país. Em 2002, ele conquistou o GP da Europa, em Nurburgring. Saindo da quarta posição do grid, ele já fechou a primeira volta na frente. Depois, ele controlou a prova, liderando todas as voltas, terminando logo à frente de seu companheiro, Michael Schumacher, que depois de chegar a rodar tentando pressionar antes da última parada, apenas comboiou o brasileiro no trecho final.
Para Felipe Massa, o GP da Alemanha não traz boas recordações. Em 2007, ele perdeu a vitória para Fernando Alonso, que na época estava na McLaren, em um dura briga nas últimas voltas. Os dois chegaram a se tocar, o que causou reclamações por parte do espanhol, respondidas imediatamente pelo brasileiro momentos antes do pódio, com a transmissão internacional mostrando o bate-boca.
Três anos depois, novamente o problema foi com Alonso, só que em Hockenheim. Massa teve que abrir mão da vitória e deixar o seu agora companheiro de Ferrari ultrapassá-lo a pedido da equipe, pois ele era o único que tinha ainda chances no campeonato. A frase “Felipe, Fernando is faster than you” (Felipe, Fernando está mais rápido que você), usada pelo time italiano para disfarçar a ordem, ficou famosa após o caso.

FICOU PARA A HISTÓRIA

Nurburgring é uma das pistas mais famosas do mundo, mas passou por mudanças bastante radicais durante a sua história para se tornar um circuito mais seguro. A principal, foi no começo da década de 80, especialmente depois do acidente que Niki Lauda sofreu em 1976.
Na época, o circuito tinha 22,8 quilômetros e 160 curvas. O austríaco, que rumava para o seu segundo título mundial, bateu na saída da curva Bergwerk e seu carro pegou fogo.
Com muitas queimaduras, o piloto foi levado para um hospital em Ludwigshafen. Ele chegou a receber a extrema-unção devido ao seu estado grave, mas conseguiu se recuperar. De forma quase que milagrosa, Lauda voltou a correr menos de um mês e meio depois, e disputou o título mundial com James Hunt até a última etapa, no Japão, mas perdeu a briga após desistir de correr diante da forte chuva que caiu em Fuji no dia da corrida.
VIdeo

PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira
5h – 6h30 – primeiro treino livre
9h – 10h30 – segundo treino livre
Sábado
6h – 7h – terceiro treino livre
9h – classificação
Domingo
9h – 60 voltas

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