3 de mai. de 2013

Teste: BMW 650i - Esporte fino

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Teste: BMW 650i - Esporte fino
BMW enaltece a esportividade entre os cupês com o Série 6


Existem segmentos que fogem do padrão comum da indústria automotiva. No de cupês 2+2, por exemplo, a concorrência raramente é direta. Ou seja, cada marca tem uma proposta – e preço – diferente para um conceito geral bastante semelhante.
As norte-americanas atacam com “muscle cars” – Ford Mustang, Chevrolet Camaro, Dodge Challenger –, enquanto as alemãs de luxo apontam para uma junção de esportividade com requinte através de modelos GT, como Mercedes-Benz Classe E Coupé e Audi A5. E nenhuma delas explicita mais a agressividade destes carros que a BMW. A Série 6, representante bávaro na disputa, traz os indispensáveis elementos de sofisticação, aliados a motores potentes, ótimo comportamento dinâmico e um design grandioso. Mesmo que não seja um superesportivo, é uma das maneiras mais arrojadas de encarar uma estrada com alto nível de conforto.

A primeira geração da Série 6 foi bastante longa: durou de 1976 até 1989. Outros 14 anos se passaram até que a BMW decidisse ressuscitar a linhagem. Em 2003 surgiu a segunda fase do cupê, com o desenho polêmico de Chris Bangle. A atual geração apareceu em 2011 e trouxe de volta o apelo estético do carro. Manteve as premissas básicas do modelo original, como o capô grande, e ampliou o requinte e o luxo. A proposta deu tão certo que em 2012 a BMW expandiu a linha com a Série 6 Gran Coupé, um cupê de quatro portas.



Atualmente, a BMW só vende a versão top da Série 6 no Brasil. É a 650i, que em seis meses teve uma redução absurda de preço. Em outubro ela estava tabelada em R$ 577.200. Mas aí veio o Inovar-Auto e – talvez até mais importante – a chegada da versão Gran Coupe, maior e mais espaçosa. Agora, o cupê sai por R$ 386.950, uma queda de R$ 190 mil, ou 32%. Não chega a ser uma pechincha, mas certamente é um desconto impressionante.

O preço “mais em conta” só serve para valorizar ainda mais o recheio da 650i. Começando pela parte mecânica. O motor é um V8 4.4 biturbo de 413 cv entre 5.500 e 6.400 rpm e excelentes 61,2 kgfm de torque disponíveis entre 1.750 e 4.500 giros. A transmissão é automática com oito marchas e feita pela também alemã ZF. O conjunto leva o cupê de insuspeitos 1.845 kg a 100 km/h em 4,9 segundos e atinge 250 km/h na velocidade máxima limitada eletronicamente.



O desenho é mais um destaque. Esta atual fase procura valorizar a elegância no design. As linhas, agora assinadas pelo iraniano Nader Faghihzadeh, são mais retas e suaves. E parecem apenas explicitar as grandes dimensões do cupê. Com 4,89 metros, o Série 6 é mais comprido que os utilitários X5 e X6, mas tem só 1,39 m de altura. Distância de entre-eixos de 2,85 m e largura de 1,85 completam as medidas básicas.

Como é de se esperar, o recheio é completo. A 650i é um dos carros mais modernos que a BMW produz atualmente. Seis airbags, ABS e controles de estabilidade e tração nem chegam a impressionar. Itens exclusivos como câmara de visão noturna, três câmaras de estacionamento, suspensão adaptativa, sistema de entretenimento com tela de 10,2 polegadas e som feito pela Bang & Olufsen, head-up display e teto solar panorâmico, por outro lado, equiparam o cupê até ao sedã Série 7, modelo mais luxuoso da marca. Algo que expressa bem a personalidade do Série 6.



Ponto a ponto

Desempenho – O V8 4.4 biturbo da BMW é avassalador. A força é tanta que motor parece nem sentir que está levando 1.845 kg “nas costas”. O torque máximo aparece em praticamente todas as faixas de rotação. Na prática, isso significa que basta relar no pedal da direita para o cupê acelerar sem qualquer preguiça. O ponteiro do velocímetro sobe com extrema facilidade e se reter aos limites legais de velocidade se torna uma tarefa ingrata. Tudo acompanhado de um entusiasmante som “borbulhante” do V8. Ainda há a excelente transmissão automática de oito velocidades, que consegue ser suave e esportiva conforme a necessidade. Nota 10.

Estabilidade – A Série 6 não foi desenhada para ser um carro esporte. É grande demais e muito pesada. Características que atrapalham em trajetos de curvas fechadas e espaço limitado. O comportamento dinâmico chega até ser um tanto contraditório. As rolagens de carroceria são nulas, graças ao excelente conjunto de suspensão e amortecedores ajustáveis. A a direção também é precisa. Entretanto, a traseira parece sempre querer fugir do controle do motorista – principalmente com o piso molhado – e não há a agilidade e o “feeling” de outros BMW de menor porte. É a essência de um carro GT. Nota 9.

Interatividade – Mesmo equipado com diversos itens tecnológicos, a Série 6 é surpreendemente simples de usar. A direção é precisa em qualquer um dos modos do Dynamic Drive e ganha “peso” conforme se escolhe um ajuste mais esportivo. O iDrive, sistema que comanda quase tudo no interior, é intuitivo. Claro que há muitas funções, mas com o tempo a tendêcia é se acostumar com a interface. A visibilidade não é das melhores por causa da altura e, principalmente, da imensa coluna traseira. Ao menos, na hora de estacionar o portentoso cupê, a tecnologia “dá uma mão”. São três câmaras espalhadas pela carroceria que simulam até uma visão superior do carro, no maior estilo video-game. Nota 10.

Consumo – A BMW declara um consumo misto de 9,5 km/h para a 650i. Contudo, os dados do computador de bordo foram bem menos animadores. Marcou apenas 5,8 km/l. É verdade que é um carro que incita a pisadas profundas no acelerador. Mesmo assim, um automóvel tão cheio de modernidades devia um melhor consumo. Nota 5.

Conforto – Em asfalto liso, a vida a bordo da 650i é absolutamente tranquila. O isolamento acústico beira a perfeição e o rodar é extremamente confortável – exceção feita aos modos “Sport” e “Sport +” que deixam a suspensão dura sob qualquer parâmetro. A cabine é pensada para dois adultos. Eles viajam cheios de “mimos”, como ajustes elétricos dos bancos em todas as dimensões. Atrás, a vida é mais difícil. Adultos ali, só em caronas de 10 minutos. E se tiver mais de 1,80 metro, nem pensar. O espaço é indicado para duas crianças, ou apenas para levar pequenas bagagens. Nota 8.



Tecnologia – É difícil apontar algum item da 650i que não tenha alta tecnologia embarcada. A atual geração é de 2011 e conta com plataforma moderna, com direito a suspensão adaptativa e elementos em alumínio. O motor é uma usina de força – mas poderia fornecer melhor consumo. A transmissão, feita pela alemã ZF, é eficiente e traz trocas quase imperceptíveis. Para fechar a conta, aparece a lista de equipamentos recheada, com itens como câmara de visão noturna, sistema de som Bang & Olufsen de altíssima fidelidade. Um dos pontos negativos é a ausência de airbags para joelhos. Nota 10.

Habitalidade – A Série 6 é um cupê bem baixo – tem apenas 1,37 m de altura. Logo, para entrar e sair é preciso alguma “ginga”. Lá dentro, tudo é mais fácil. A oferta de porta-objetos é apenas razoável, fruto da escolha de valorizar o acabamento caprichado. O porta-malas é espaçoso: carrega 460 litros: bem suficiente. Nota 8.

Acabamento – Talvez seja a BMW atual com o acabamento mais caprichado. Além de couro, madeira e alumínio – materiais mais que esperados em um carro deste porte –, a Série 6 adiciona uma certa dose de charme no design. Algo que geralmente é deixado de lado nos modelos bávaros. A vistosa curva que divide a área de couro de madeira dá um “que” de ousadia a tradicional sobriedade alemã. Nota 10.

Design – A BMW caprichou na atual geração da Série 6. A carroceria é longa e baixa, com o capô bem comprido. As proporções sugerem até uma referência aos muscle cars americanos, mas com requinte e elegância. É, definitivamente, um carro marcante. Nota 10.

Custo/benefício – Ter uma máquina da estirpe da 650i não é nada barato. Mas ficou mais em conta nos últimos meses. A chegada do Série 6 Gran Coupé e o Inovar-Auto baixaram o preço do 650i em quase R$ 200 mil. Redução importante quando se leva em conta que os principais rivais da Série 6 focam menos na esportividade – logo, tem motores menores e são mais baratos. A Mercedes-Benz tem o E Coupe apenas com motor de 204 cv e preço de R$ 248.500. A Audi traz o S5 com 333 cv a R$ 360.900. O 650i custa R$ 386.950. Está longe de ser uma barganha. Mas bastam dez minutos ao volante para entender quem compra um. Nota 6.

Total – O BMW 650i somou 86 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Puro músculo

A sensação inicial com a Série 6 é de uma certa imponência. É daqueles tipos de carro que impressiona tanto pelo porte “exagerado” quando pelo belo design. Desenho esse que, principalmente pelas proporções, lembra bastante os “muscle car” americanos. O 650i é grande, largo e tem um capô imenso. Lembrança que só se confirma ao rodar com o imenso cupê.

Para começar, lá na frente está um motor V8. De concepção extremamente moderna, ele é simplesmente brilhante. Os dois turbos trabalham para fornecer força em giros baixos. Tanto é que logo aos 1.750 rpm o torque máximo aparece – e fica constante até os 4.500 giros. A transmissão ZF “entende” isso. Tanto é que no modo Comfort, troca as marchas entre 2 mil e 2.500 rpm sem qualquer perda de desempenho. Nos ajustes mais esportivos, o carro fica todo mais “animado”. O sistema segura as marchas, os ponteiros de velocímetro e conta-giros sobem de maneira brutal. A partir daí, o corpo cola nos bancos de uma maneira absolutamente prazerosa. Arrancar até os primeiros 100 km/h demora pouco menos de cinco segundos. Em uma tarefa que traz um inevitável sorriso para quem acelera.



A 650i tem uma suspensão refinada, com amortecedores ajustáveis, um chassi extremamente equilibrado e é calçada em largos pneus 245/45. Mas passa longe de ser o BMW mais divertido para encarar uma serra. A estabilidade é ótima e a direção precisa. Porém, mover os 1.845 kg de um lado para o outro não é uma tarefa tão simples. Falta uma certa agilidade para o cupê. O que é até esperado. O Série 6 é mais um GT – carro para viagens longas e confortáveis – do que um esportivo propriamente dito. Quando o piso está molhado, então, a situação fica ainda mais complicada. Em saídas de curva, basta pisar um pouco no acelerador que a traseira fica “alegre” e a luz do controle de estabilidade acesa logo avisa que, não fosse a eletrônica, o carro teria derrapado.

Qualquer ligação com os menos requintados “muscle cars” norte-americanos se esquece ao se olhar para o que a esta geração da Série 6 oferece por dentro. É das cabines mais inspiradas que a BMW faz atualmente. O acabamento é excelente. Uma mistura de alumínio, madeira e outros materiais nobres. E, diferentemente de outros tantos modelos da atual leva da marca bávara, com uma certa ousadia no desenho do painel.

A lista de equipamentos é outro destaque. O sistema de som é da dinamarquesa Bang & Olufsen e tem detalhes como a caixa de som na parte de cima do console que se recolhe quando o rádio está desligado. Todas as funções são geridas na imensa tela central pelo iDrive. Apesar de não ter a interface mais intuitiva do mundo, faz bem o seu trabalho de reunir tantos sistemas diferentes. A tecnologia, por sinal, facilita bastante usar a 650i no dia a dia. Estacionar, tarefa complicada para um carro de quase cinco metros de comprimento e visibilidade traseira precária, se torna extremamente simples com as três câmaras espalhadas na carroceria. Elas podem projetar imagens únicas ou até simular uma visão de cima do carro. A partir daí, botar o cupê na vaga é tão simples quanto jogar um video-game.



Ficha técnica

BMW 650i

Motor: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 4.395 cm³, dois turbos, oito cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial. Acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré, com opção de mudanças sequenciais na manopla do câmbio ou através de borboletas no volante. Tração traseira. Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 413 cv entre 5.500 e 6.400 rpm.
Torque máximo: 61,2 kgfm entre 1.750 e 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 88,3 mm X 89 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.
Aceleração 0-100 km/h: 4,9 segundos.
Velocidade máxima: 250 km/h limitada eletronicamente.
Suspensão: Dianteira com duplo braço de controle feitos de alumínio e amortecedores ajustáveis. Traseira com braços múltiplos de alumpinio e amortecedores ajustáveis. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 245/45 R18.
Freios: A discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de frenagem de emergência.
Carroceria: Cupê com duas portas e quatro lugares. Com 4,89 metros de comprimento, 1,89 m de largura, 1,37 m de altura e 2,85 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e do tipo cortina.
Peso: 1.845 kg.
Capacidade do porta-malas: 460 litros.
Tanque de combustível: 70 litros.
Produção: Dingolfing, Alemanha.
Itens de série: Dynamic Drive, sensor de chuva e de luminosidade, retrovisores eletrocrômicos, computador de bordo com display digital, iDrive, três câmaras de estacionamento, câmara de visão noturna, direção ativa, ar-condicinado digital e automático, revestimento interno em couro, tapetes em veludo, rádio/CD/MP3/Bluetooth e GPS com tela de 10,2 polegadas, seis airbags, ABS com EBD, controle de estabilidade e de tração, faróis bixenôn, bancos dianteiros e coluna de direção com ajuste elétrico, freio de estacionamento elétrico, teto solar panorâmico e rodas de liga leve de 18 polegadas.
Preço: R$ 386.950.

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Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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