29 de mar. de 2013

Primeiras impressões: Aston Martin Rapide S 2014

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É o sedã mais bonito que o dinheiro pode pagar. É o Aston Martin Rapide, e para 2014 ele ganhou uma nova letra — a letra S. E isto significa… o que significa, exatamente? Será que o Rapide S é um grand tourer de quatro portas ainda mais moderno e luxuoso ou é só o mesmo carro de sempre? Só tem um jeito de descobrir.

Todos temos nossos medos. Alguns tem medo de babacas que estacionam em duas vagas ao mesmo tempo. Outros têm uma desconfiança tão grande em corujas que se manifesta – em 10% da população — através de um ódio descarado de corujas. O meu medo é que faltem Aston Martin Rapide nas estradas. Isso e corujas. Corujas me dão arrepios.
A gente até poderia especular por que as vendas do Rapide não atingiram as expectativas da Aston — praticidade do interior comprometida ou concorrência forte e mais barata. Mas, na realidade, quem deveria querer que o Rapide desaparecesse são todos os outros fabricantes, porque seus veículos todos parecem malfeitos e exagerados perto dele.
Claro que o Rapide, o GT de quatro portas e quatro lugares da Aston Martin, deveria ter mais fãs. Ele é o carro de luxo de quatro portas de visual mais gracioso à venda atualmente, o ronco do seu motor parece o som das estrelas nascendo, e sua presença faz as criancinhas se reunirem à sua volta e se deliciarem com o som do V12.
Isto conta pontos para o Rapide S, e ajuda a formar jovens entusiastas — algo que preocupa quem gosta de se preocupar. É bom ver que um carro como o Rapide S pode empolgar os mais jovens e ao mesmo tempo atrair a atenção de quem pode comprá-lo.
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E então, aqui estamos para ver como o novo Rapide S se diferensia do Rapide-não-S que veio antes dele. O carro novo traz melhorias que dão a um carro que já é bom um comportamento dinâmico mais versátil na estrada, e também algumas coisas novas do lado de fora.
Primeiro: 80 cv e 2 mkgf a mais do que antes. Mais notável que a quantidade de torque a mais é onde ele aparece — a rotações mais baixas, dando a ele mais ataque do que o Rapide-não-S tinha. Segundo: como no novo Vanquish, os amortecedores adaptáveis da Bilstein agora têm um terceiro ajuste, mais firme. Ele se chama “track”, e é firme demais para a maioria das situações. Mas como o modo “normal” agora é mais macio, o conforto ao rodar aumentou substancialmente, e o modo “sport” agora é perfeito para uma direção mais esperta nas ruas.
As mudanças também são cosméticas, e a dianteira é onde as controvérsias são maiores. A grade monumental do Rapide S ficou muito mais marcante sem um para-choque a dividindo em dois, como era no Rapide anterior. Agora, se você vai achar a boca grande exagerada ou não, depende de há quanto tempo você está no meio dos outros carros.
Veja bem, o objetivo aqui foi cumprir as leis europeias que exigem que, ao bater em um pedestre em alta velocidade, o carro deverá fornecer a aterrissagem mais suave o possível. Para resolver este problema sem comprometer o impacto visual, a solução foi criar uma nova estrutura, onde a grade recue para absorver o impacto de um par de pernas humanas a 65 km/h. O próprio capô de alumínio fica 19mm mais longe do motor, o que o ajuda a ceder ao impacto com uma cabeça humana em vez de esmagá-la como se fosse um melão.
O resultado é que um pedestre ainda vai ter que suportar uma força destrutiva, mas os resultados serão um pouco menos desastrosos.
Para nós, no entanto, isso significa que jamais veremos uma dianteira igual à do Jaguar E-Type, que era estupenda mas provavelmente poderia cortar alguém ao meio, o que é um grande problema hoje em dia.
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Mas o argumento do Rapide S — até mesmo comparado a seus rivais bem mais em conta — é seu comportamento dinâmico e a sensação ao seu volante. Como a direção tem o peso e a sensibilidade corretos, como as curvas são feitas com precisão – apesar de seu tamanho –, como  ele parece 30 cm mais curto do que realmente é, mesmo nas estradas europeias feitas para o Fiat Topolino.
Tudo isso, mais o interior caprichadíssimo, feito à mão. Portanto, é um interior que praticamente exige que todo mundo esteja confortável, mesmo que atrás seja meio apertado. Claro, há carros na categoria do Rapide S que são mais baratos, têm uma ficha técnica mais atraente e oferecem mais coisas por menos dinheiro. Mas poucos destes rivais oferecem tanto atrás do volante do que o Rapide. Você só tem que decidir se vale a pena ou não.
Mas se a Aston Martin conseguir arrebanhar clientes o bastante para considerar o Rapide S um sucesso, nossas ruas e rodovias ficarão muito mais bonitas. Aí, tudo o que teremos que suportar, além dos carros feios, serão as malditas corujas.

Por fora

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O Rapide continua sendo o carro de quatro portas com visual mais clássico e empolgante do mundo, e provavelmente é o mais bem resolvido de todos os Aston Martin. Suas proporções são quase perfeitas — talvez ele até seja o mais perfeito e sem concessões de todos os carros modernos — e há centenas de ângulos e convergências para olhar com os olhos marejados.
A grade? Não é ruim, embora acabe minimizando o efeito de algumas das linhas mais sutis ao seu redor. Mas ela poderá, um dia, salvar sua vida, pela qual ele provavelmente mereça um prêmio por serviços prestados à comunidade. Além disso, o spoiler traseiro é mais pronunciado, o que ajuda o Rapide S a ficar mais estável a 305 km/h, sua nova velocidade máxima, e ele tem novas rodas opcionais de dez raios e um pacote aerodinâmico em fibra de carbono também opcional.

Por dentro

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Por mais que o Rapide S ofereça uma experiência incrível por dentro, com materiais suaves e belos botões em vidro, o espaço traseiro continua comprometido por um invasivo transeixo e pelo túnel central coberto por um console gigantesco. Isso significa que sentar atrás deve ser uma experiência parecida com viajar numa cápsula espacial de primeira classe, se uma coisa dessas existisse. Você está rodeado de couro e design de primeira, mas as acomodações são pequenas e certamente nada recomendáveis para os claustrofóbicos.
A situação é melhor para a bagagem, que se beneficia da tampa de hatchback do porta-malas e dos bancos rebatíveis, fazendo deste o Aston Martin mais prático de toda a linha.

Como anda

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A potência do tradicional V12 da Aston Martin — agora na versão “AM11″, compartilhada com o último Vanquish — aumentou para 558 cv, e o torque foi para 63,2 mkgf, respondendo aos críticos que disseram que o Rapide era fraco demais. Melhoras no coletor de admissão, bomba de combustível mais robusta, corpos de borboleta com mais capacidade, tempos de válvula variáveis, câmaras de combustão usinadas e comandos ocos foram as mudanças mais importantes.
O que salta logo de cara é o pico de torque que chega antes – 4 mkgf de torque a mais entre a lenta e 4.000 rpm, e 5,4 mkgf a mais em 2.500 rpm — dando ao Rapide S muito mais potência para acompanhar sua direção hidráulica precisa e suspensão firme.

Como freia

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Serei breve aqui. Pedais com boa sensibilidade e freios potentes o bastante para manter todos os 1.990 kg do Rapide S nos trilhos. Você leva o que paga.

Conforto

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No modo “normal”, o Rapide S é ainda mais macio do que o anterior, graças aos novos amortecedores, que agora podem ser ajustados em três modos em vez de dois. Os resultados falam por si em viagens longas — tudo na medida certa, sem folgas ou duro demais. Isto deixa espaço para que o modo “sport” seja melhor ajustado para direção mais agressiva em piso normal, enquanto o modo “track” fica reservado para trechos impecáveis — e pistas.

Comportamento

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Talvez a melhor parte do Rapide S, fora o visual, seja a dinâmica. Ele começa com direção hidráulica precisa e com bom feedback, e à medida que você acelera ele vai ficando mais e mais firme, fazendo o Rapide S parecer menor. Comprimento, largura e peso definitivamente não atrapalham, fazendo dele um carro grande que você quer acelerar e dirigir rápido simplesmente porque ele reage muito bem a isso. É um carro grande, ágil e divertido.

Câmbio

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A caixa ZF automática de seis marchas pode parecer datada em um carro de luxo, mas o software de controle consegue aproveitá-la ao máximo. O modo normal aproveita ao máximo o torque do V12, priorizando a suavidade, o modo sport explora as rotações um pouco mais (e torna a aceleração mais precisa, além de acionar a válvula hidráulica do sistema de escape). No modo manual as trocas são algumas das mais rápidas entre as caixas com conversor de torque.

Áudio

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A última versão do sistema Bang & Olufsen Beosound é excelente, embora uma interface mais intuitiva como a do iPhone fosse o ideal. Por sorte, o som do V12 pode ficar ainda mais alto por causa da válvula no modo sport. Um carro de luxo que não te proíbe de estourar os tímpanos dos vizinhos? Win.

Mimos

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O sistema de navegação Garmin ainda é infeior aos usados pelas fabricantes maiores — não vamos esquecer que a Aston é independente —, mas a disqueteira opcional para seis DVDs e as telas de LCD nos encostos de cabeça dos bancos dianteiros dão aos passageiros de trás alguma coisa para fazer enquanto o Dramin não faz efeito.

Bottom line

Nos EUA o Rapide S custa cerca de 200 mil dólares e exige que o comprador saiba apreciar seu visual e sua dinâmica para obter o máximo de satisfação com o ato de dirigir um GT com um V12 de aspiração natural. Por outro lado, existem ofertas de outras marcas que chegam dolorosamente perto do Rapide S por muito menos dinheiro — então, se você for desnecessariamente econômico, o Rapide S não é para você.
No entanto, quem compra um Aston Martin têm consciência de que os números não querem dizer muita coisa, e não deixam que eles atrapalhem sua compra. Em troca, eles podem se se sentir especiais em um carro especial, mesmo que a razão diga que há outras compras melhores.
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Ficha Técnica

Motor: V12 6.0
Potência: 558 cv a 6.750 rom
Torque: 63,2 mkgf
Transmissão: ZF, automática, 6 marchas
Zero a 100 km/h: 4,7 segundos
Velocidade máxima: 305 km/h
Tração: traseira
Peso: 1.990 kg
Lugares: 4
Preço: R$ 1.175.000
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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