22 de mar. de 2013

Estas réplicas tortas são um projeto bizarro de arte automotiva

surreal 911

Acredite: estes carros tortos são um projeto do artista alemão Tobias Rehberger. A ideia é fazer réplicas de carros, mas não aquelas réplicas normais, bonitas, fiéis e bem feitas. Estas réplicas são os produtos imperfeitos da combinação de memória humana e falhas de comunicação e, por isso mesmo, fascinantes.

Rehberger começou este projeto em 1999, quando contratou uma oficina tailandesa para construir uma réplica do Porsche 911 e, no ano seguinte, uma do McLaren F1. Mas o que torna estas réplicas tão incríveis é que Rehberger só deu à oficina alguns rascunhos simples, feitos de cabeça, dos carros. Nada de dimensões exatas – os carros só deveriam ter o tamanho certo para alguém poder guiá-los sem problemas. Todo o resto foi deixado nas mãos dos profissionais tailandeses.
replicas tailandesas (1)
Será que eles já viram um 911 ao vivo? Será que eles procuraram fotos? Provavelmente, mas Rehberger não sabe ao certo. Em entrevista ao NY Times, ele disse o seguinte:
Os profissionais de lá são superfáceis de lidar… eles nunca discutem. Os alemães são especializados demais, ficam dando sugestões o tempo todo.
Os resultados são impressionantes. De longe, o 911 se parece basicamente com o icônico 911 que todo mundo conhece – uma versão muito, muito mais simples e rústica. Aqueles faróis são claramente faróis de Fusca, e o carro todo deve ter sido feito sobre um Fusca – faz sentido –, mas há um distinto ar artesanal nas bordas irregulares e mal acabadas e o modo como o formato do para-choque dianteiro foi transformado em uma superfície plana, sem curva. É como se aquela falta de comunicação e aqueles rabiscos improvisados ganhassem forma e, para mim, é tudo muito atraente. Eu adoraria dirigir esta comovente tentativa de fazer um carro.
replicas tailandesas (4)
O McLaren (que se chama Yam Koon Chien — todos os carros têm nomes tailandeses) e, em alguns aspectos, ainda mais estranho. Rehberger diz que é porque o F1 é menos conhecido, e acaba não sendo tão criticado quanto o 911. A qualidade de construção aqui é um pouco melhor, mais bem acabada, mas suas formas mais complexas levam a algumas distorções. Quer dizer, acho que o carro nem é totalmente simétrico! Olhar para ele é como olhar para o reflexo de um McLaren F1 em um daqueles espelhos de parque de diversões que a gente vê nos filmes, e eu aposto que vê-lo ao vivo deve dar vertigem.
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Rehberger também pediu um Mercedes SLR McLaren antes do lançamento do carro. Ele mandou alguns sketches e projeções para os caras na Tailândia e eles fizeram esta cópia esquisita com faróis azuis – talvez uma das projeções tivesse faróis azuis – antes de o carro de verdade ficar pronto. Mas o artista se superou quando pediu um Renault Alpine (nosso Willys Interlagos) deu à oficina apenas instruções verbais, por telefone. Nem fotos, nem nada.
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Ele também resolveu fuçar no passado obscuro da VW e pediu para a oficina construir um carro baseado no rascunho que o próprio Hitler fez para seu “carro do povo”. O resultado é semelhante aos protótipos da própria VW, mas ainda é diferente o bastante para sacarmos que este carro não é o mesmo que evoluiu para o Fusca (na verdade ele também deve ter sido construído a partir de um.
replicas tailandesas
Nosso cérebro faz essa coisa de traduzir rascunhos iniciais em objetos acabados o tempo todo – e é por isso que conseguimos imaginar como um carro ficaria baseado em um rascunho, e é este o trabalho dos designers –, e o que o artista está fazendo aqui é, basicamente, dar corpo a estes pensamentos, transformando-os em carros de verdade, de metal, e funcionais.
Hm…. descrever o carro por telefone para alguém no outro lado do planeta…
Isso me lembra alguma coisa.
Captura de Tela 2013-03-21 às 16.19.43
[New York TimesWe Make Money Not ArtMuseum fur Neue KunstLaboral]

Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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