Supercarros conversíveis evoluíram muito desde que a Lamborghini arrancou o teto do Diablo. Naquela época, versões conversíveis eram só um jeito de conseguir mais dinheiro, um apelo àqueles que têm dinheiro para comprar um supercarro como motor V12 mas dificilmente o levarão ao limite.
Mas as coisas mudaram: supercarros sem-teto agora são máquinas sérias com tecnologia até o âmago. Mas será que o topo de linha da Lamborghini está entre os melhores superconversíveis? Fomos descobrir.
CABUM. O Aventador dispara com a intensidade da primeira bola de fogo que deu origem a um planeta que teria um carro que acelera com a mesma intensidade da primeira bola de fogo que deu origem àquele planeta que deu origem ao próprio carro. Toma essa, Clarkson!
Esta é a autoconfiança que o piloto de um Aventador Roadster deveria ter, não necessariamente acelerando em um autódromo (vamos chegar nisso mais tarde), mas definitivamente quando estiver se arrastando por algum balneário milionário. Com os painéis do teto removidos e totalmente envolvido pelo brilho de um supercarro italiano, você não é só mais um babaca com um corte de cabelo horroroso e uma camisa de grife. Você é um semideus que desceu de sua plataforma celeste para expor sua figura para os meros mortais do litoral.
“Entre”, o semideus parece dizer à donzela bronzeada em pé na passarela ao lado da praia. “E tire o biquíni.”
Ah, certo. O carro. É fácil esquecer o que se precisa fazer quando a Lamborghini te manda para a Miami com algo tão atrasente. Mas a gente também se preocupa com a potência absurda e o comportamento dinâmico complexo. Não esqueçamos que esta coisa é larga como um SUV, tem um Haldex entre as rodas dianteiras e produz torque o bastante para empurrar placas tectônicas como se fossem bandejas do McDonald’s. É muita coisa para controlar, mesmo com uma direção tão boa.

Hoje em dia, fabricantes de supercarros como McLaren e Lamborghini estão levando seus esportivos a sério, construindo monocoques em fibra de carbono que proporcionam boa rigidez torcional mesmo com a capota abaixada. Antes disto, os conversíveis – que não tinham teto para ajudá-los na estabilidade – costumavam torcer para lados opostos, o que na melhor das hipóteses comprometia um pouco a estabilidade, e na pior delas fazia o carro se comportar como um guardanapo molhado.
A Lamborghini começou com uma estrutura em compósito forjado e adicionou reforços adicionais (em fibra de carbono, claro) nos painéis laterais, o que adicionou quase 50 kg. Além disso, diferentemente de alguns targas, os tetos removíveis fornecem alguma rigidez. Sem dúvida, a estrutura do Aventador é anos-luz mais rígida do que a do Diablo, e praticamente idêntica à do Aventador cupê.
O lado ruim destes painéis em fibra de carbono é que, embora pesem apenas 5 kg cada, eles são só um pouco menos chatos de colocar e tirar do que os paineis do Camaro 1978 Targa. Eles usam um sistema de pinos que une os dois sem um suporte central, e um sistema de presilhas no compartimento de carga dianteira que torna o ato de guardá-los relativamente livre de chateação.
E, mesmo assim, Ferrari e McLaren oferecem capotas automáticas, que são boas para a plebe que dirige estes populares. Todo mundo sabe que quem tem um Aventador e paga meio milhão para ter um Roadster, não precisa cuidar da capota sozinho: eles têm empregados que fazem isto por eles. E para que espaço para a bagagem? É só despachar suas coisas antes!
Mesmo assim, não há nada no mundo como ouvir o som daquele gigantesco V12 italiano ao ar livre, dando o seu melhor para derreter sua alma com seu ronco suculento. Talvez seja esta a sensação de fazer kite-surf em um furacão, pegando fogo e comendo um hambúrger duplo.
E mesmo assim, no meio de toda opulência e resplandecência, o Roadster não esquece do meio ambiente: um novo sistema de desativação dos cilindros diminui pela metade a capacidade do motor em velocidade de cruzeiro. Ele tembém tem sistema “stop-start” que desliga o motor nos semáforos, e o religa instantaneamente usando supercapacitores em vez de uma bateria.
Em suma, o Aventador Roadster não é a escolha perfeita caso você esteja procurando por um carro de pista mais radical, a não ser que você more perto de uma boate no litoral. Nesse caso, a aceleração explosiva e os 350 km/h vão tornar sua vida ainda mais perfeita.
A Lamborghini já entregou mais de 1.200 unidades do Aventador cupê desde o ano passado, e espera-se que o Roadster passe a responder pela maioria das vendas. Parece que semideuses são mesmo consumidores fiéis.
Por fora

É o topo de linha da Lamborghini. É ameaçador, inspirado pela ficção científica e algumas cores disponíveis poderiam fritar uma córnea nua a 500 metros de distância. A maior diferença entre o cupê e o conversível está na tampa do cofre do motor. Há uma estrutura dorsal curiosa, flanqueada dos dois lados por aberturas em formato de diamantes com pares de janelas hexagonais que parecem uma obra de iluminação avant-garde italiana dos anos 60. Ou algo vindo de Blade Runner. O propósito é resfriar, drenar a água da chuva e mostrar o motor.
E as rodas Dione – 20” na frente e 21” atrás – são incríveis.
Por dentro

O cluster do painel, com uma tela de TFT brilhante e cheia de promessas, me deixa atordoado de ansiedade. Os bancos são confortáveis, embora pudessem oferecer um pouco mais de apoio para a pista. Mas são perfeitos para um passeio à noite. E você se lembra como no Diablo seu traseiro e o volante pareciam estar em fusos-horários diferentes? Não é assim no Aventador.
Como anda, como corre

O modo como o Aventador explode na saída de uma curva, ou em qualquer reta – usando o controle de largada ou simplesmente sentandoa bota e esperando o que acontece – é uma experiência visceral, animal. Cinco trocas de marcha quase quebram seu crânio no modo “Corsa”, com o som do V12 naturalmente aspirado que faz o número do velocímetro ficar cada vez mais obscenamente maior – esta é a razão de todo o entretenimento do Aventador.
No modo “Corsa”, o mapeamento agressivo do torque faz o acelerador parecer um botão liga/desliga. O modo “Sport” oferece uma aceleração mais progressiva e manda 90% da potência para as rodas traseiras, portanto esta progressividade é bem vinda.
Como freia

Não vou dizer que o Aventador tem freios superdimensionados, mas quando você pisa no pedal – que é pesado, progressivo e com uma boa “mordida” – o avião pára no meio do voo.
Suspensão

Naturalmente, o Aventador Roadster usa a nesna suspensão pushrod com as mesmas molas Ohlins do cupê. O chefe de pesquisa e desenvolvimento da Lamborghini, Maurizio Reggiani, explicou que as molas foram retrabalhadas, ficando mais macias. Provavelmente para compensar a redução do peso atrás. É bom para o conforto ao rodar na cidade, não tão bom para a pista.
Comportamento dinâmico

Que carro impressionante de guiar! Ele é largo, pesado, superpotente e tem o pico de torque a 5.500 rpm (com uma curva relativamente plana até lá). Se você escolher o modo “Corsa”, que divide o torque entre as rodas em 30-70 (frente-trás), é bom tomar cuidado nas entradas de curvas, mas quando você roda (às vezes desestabilizando o carro e deixando o diferencial agir por você), a traseira se perde quase instantaneamente. No modo “Sport” dá para se divertir um pouco mais com as saídas de traseira e contraesterço, embora o ESP fique mais “esperto”, e a aceleração mais progressiva ajuda a controlar a injeção de combustível. Não é um carro fácil de dirigir, então sua diversão não vem de jogá-lo em uma curva, ver o que acontece e sair acelerando, e sim de se ajeitar, esperar e se atirar com violência no asfalto.
Câmbio
Sem dúvida o câmbio manual automatizado com atuação por varetas é uma maravilha da otimização de espaço. Mas mais do que isso, no modo “Corsa”, em uma pista, as trocas ascendentes feitas para serem violentas iniciam uma descarga de testosterona a cada clique das aletas.Áudio

Ah, esse carro tem um rádio? Caramba. Eu já falei que o V12 italiano é capaz de abrir mais um buraco na sua cabeça? O som é o mesmo dos Audi, deve ser bom.
Mimos
O Aventador recebe alguns componentes eletrônicos da Audi, que fornece o sistema de navegação e multimídia. Assim o Aventador não sofre da falta de mimos que os outros supercarros costumam trazer. E, graças à câmera de ré, não é tão desesperador fazer uma baliza com ele.Bottom line

É difícil julgar o valor de um carro de meio milhão de dólares (UM MILHÃO DE REAES! – com voz do Sílvio Santos) – o preço de dois McLaren MP4-12C, oito BMW M3 ou 20 Fiat 500 Abarth. Mas você está levando mais ou menos 60-70% do desempenho de um hipercarro artesanal como, digamos, um Koenigsegg Agera R ou um Pagani Zonda por aproximadamente 30% do preço. É um bom negócio.
Ficha Técnica
Motor: V12 de 6,5 litrosPotência: 700 cv at 8.250 rpm
Torque: 70,4 mkgf a 5.500 rpm
Transmissão: manual automatizado de sete velocidades
0 a 100 km/h: 2,8 segundos
Velocidade máxima: 349 km/h
Tração: integral
Peso: 1.860 kg
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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