Telemetria-O Mclaren MP4-26

Ubiratan Bizarro Costa

Lewis Hamilton, com o modelo McLaren MP4-26, durante o GP da Austrália de 2011, em Mlebourne (Foto: McLaren)

Um F1 que chamou a atenção quando foi lançado, em 2011, foi o Mclaren MP4-26. Este modelo apresentava algumas inovações de “design aerodinâmico” até então não vistas em nenhum outro carro do grid daquele ano.

Sketch em marcador Prismacolor, caneta bic, mesa digitalizadora (Imagem: Ubiratan Bizarro Costa)

Sob o bico tinha uma aleta horizontal somada a algo que parecia mais uma pequena proa de barco. Este dispositivo tinha como objetivo captar mais ar sob o carro, dividindo-o e jogando acelerado para baixo, para a base dos sidepods e do assoalho do F1, indo desembocar diretamente no difusor traseiro.
Atrás da abertura de entrada de ar do motor, acima da cabeça do piloto, foi acrescentada mais outra pequena abertura para a refrigeração de componentes do motor. Mas o que mais chamava a atenção neste F1, eram as estranhas entradas de ar laterais dos sidepods. Estas agora vinham no formato de “L”. Na época, quando vi esse modelo, levei um grande susto, não acreditei no que vi….
Em 17 de Setembro de 2009, escrevi uma matéria sobre alguns “estudos de melhorias aerodinâmicas em monopostos F1″. Eram estudos descompromissados, apenas exercícios de criatividade de possíveis conceitos aerodinâmicos (baseados em conceitos físicos, hidrodinâmicos e aerodinâmicos reais), que poderiam surgir, quem sabe anos luz à frente, no design de carros da F1. Eram tão estranhos que quem iria ser louco o bastante para criar algo daquele tipo?
E para minha grande surpresa, tais princípios aerodinâmicos (ou algo parecido) demoraram menos de dois anos para serem usados. Justamente no MP4-26, com sidepods mais ou menos no mesmo estilo, e mais recentemente no princípio do bico da Lotus de 2012. Então, percebi que quando se trata de criar “design aerodinâmico” dos F1, os designers e engenheiros de lá não brincam. Nada é estranho, se funcionar e der algum ganho, toca o barco.
Basta ver o mirabolante duplo DRS criado pela Mercedes no início de 2012, que da asa traseira mantinha dutos de ar, passando de ponta a ponta do carro, que alimentavam a asa dianteira e por ai vai. Algo bem complexo para se criar e construir, e mesmo assim construíram. Mas ai já é uma outra história.
Então, para que usar sidepods em formato de “L”?
A ideia neste modelo era fazer com que o máximo de ar que passasse sobre o F1, além de criar uma melhor pressão aerodinâmica no centro do carro, também entrasse nas grandes canaletas laterais e fosse desembocar diretamente sobre a traseira e o difusor. Isso para obter o máximo de fluxo de ar e downforce na traseira, já que os antigos difusores duplos haviam sido banidos. Sendo assim, o novo modelo de difusor passou a ser “simplificado”, de acordo com o regulamento. E isso diminuiu em muito a pressão aerodinâmica nos difusores e na traseira dos F1 de 2011. Assim, foi necessário apelar para tudo que pudesse manter algum ganho dessa pressão na traseira, ou seja, a teoria dos sidepods em “L”.
O motor era o Mercedes-Benz V8, e sua suspensão traseira, era do tipo pullrod (baseada na da Red Bull).
Foi um carro de F1 muito interessante e ousado em seu design, mas infelizmente não o bastante para bater as criações de Adrian Newey na Red Bull, e sua dupla de pilotos, ao longo do campeonato de 2011.

Ubiratan Bizarro Costa (Bira) é designer industrial automobilístico. Criador, projetista e construtor de alguns estranhos veículos “experimentais”, protótipos, produtos, etc. Blogueiro pesquisador da aerodinâmica e tecnologia da F1 desde sempre. Criou dispositivos de segurança para a F1 como o projeto do PCP (na época do acidente de Massa), comentado por jornalistas em sites europeus. Mantém o blog Designer Bira. No Tazio, Bira escreve às sextas-feiras analisando as novidades técnicas da F1. No Twitter, @biradesigner2
Fonte: designerbira
Disponível no(a): http://www.designerbira.blogspot.com.br/
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