20 de set. de 2012

Um Maverick GT V8 que é mais do que uma herança

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Volta e meia encontro um amigo com um projeto mais audacioso em mente. São carros interessantes, que estão sendo construidos, que demoram a ficar prontos e rendem bons papos, mas confesso que me perco em devaneios quando paro para ler ou escutar histórias de família que se rendem à paixões arrebatadoras por carros. Normalmente me transporto mentalmente para a pele daquele amigo, tentando imaginar suas reações e sentimentos enquanto a narração continua.


Quando comecei a conversar com Rafael Ferreira sobre seu projeto em construção, um Chevrolet Astra, rapidamente me identifiquei com algumas peculiaridades pessoais. Papo vai, papo vem e o infeliz nada falava sobre seu outro projeto: um impecável Ford Maverick GT V8. “Ah Rafa, não tem nada demais” – disse ele, coberto de razão.



Realmente não é o carro a estrela principal desta matéria, e sim a história que o envolve e o torna especial. Seu pai teve um GT’79, fabricado no ano de nascimento de Rafael, pelo qual era completamente apaixonado. O velho gosta de carros em geral, mas este era sua paixão. A vida dá voltas e o Maverick foi vendido, sem que pai e filho jamais encontrassem o exemplar. Vários anos depois, aparece na rua onde moravam um Dodge Charger R/T a venda, mas a decepção de ambos fica exposta quando ao chegarem no local o automóvel já havia sido vendido. O tempo passa e a empolgação diminui.

Um dia o pai pediu uma ajuda ao filho. “Desça que estou te esperando para que levarmos algumas coisas aí para cima!” Ao chegar na garagem do prédio, o pai aguarda Rafael apoiado em um Ford Maverick GT V8 1975 impecavelmente branco. A ajuda solicitada? Era para levar o ex-proprietário em casa e voltar com os carros. A felicidade não durou muito. Menos de um ano depois, Rafael teve que se mudar de Porto Alegre e deixar o carro apenas sob a batuta do pai, afinal, o carro era dele! Foram cerca de seis longos anos ralando em vários empregos, fazendo cursos e se aprimorando até conseguir sua efetivação como piloto de aeronaves. Uma realização pessoal que agradou toda a família e que rendeu à Rafael um presente: seu pai abriu mão de seu Maverick para que o filho cuidasse do carro em São Paulo.


Uma das poucas coisas que foram modificadas por pai e filho desde a aquisição foram as clássicas rodas Gaúchas, que trincaram em um pequeno acidente. As rodas utilizadas atualmente são as conhecidas Mangels Orion de medidas 7×15″ calçadas com pneus 195/65 na dianteira, enquanto a traseira calça gordos pneus 215/60 montados nas rodas de tala 8″.

Mecanicamente é um carro original que preza pela confiabilidade e manutenção para preservar toda a história já vivida ao longo desses mais de 11 anos que o clássico está com a família. Apenas um carburador Holley quadrijet de 450 cfm foi instalado sobre um coletor de admissão da Edelbrock Jr para abrir a porteira do haras que vinha escondido nos motores 302 V8 da década de setenta.

Como não se trata de um carro de uso rotineiro, a instalação de uma admissão menos restritiva, levou Rafael a instalar também um coletor de escape 8×2 com um abafador em cada lado que termina antes da metade do carro. Pode não ser o mais voraz devorador de pistas e muito menos tornou-se o mais econômico, mas o que os transeuntes comentam ao ver e ouvir este belo Maverick passar é algo impublicável e, por sorte, abafado pelo ronco do escape.
“A maior particularidade é o acordo de cavalheiros que tenho com meu pai de que esse carro só será vendido se for para colocar comida na mesa. Passo fome mas não vendo ele!” – diz Rafael. Tomara que não seja preciso chegar a este extremo, mas se precisar de grana, amigo, sou o primeiro da fila na hora da compra do Maverick!
Fonte:jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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