2 de jul. de 2012

GP2-Com bom desempenho, chegada à F1 será natural, diz Razia

Contudo, vice-líder da GP2 garante que seu foco está voltado às seis últimas rodadas do ano

Luiz Razia celebra vitória em Valência (LAT Photographic)

A temporada de 2012 de Luiz Razia tem sido a sua melhor desde que o piloto chegou à GP2. Após seis rodadas duplas disputadas, exatamente a metade do total, o brasileiro ocupa a vice-liderança da tabela de classificação, apenas um ponto atrás de Davide Valsecchi, o primeiro colocado, tendo vencido três vezes e subido ao pódio em outras três oportunidades.

Em entrevista exclusiva ao Tazio, Razia enalteceu seu foco para a conquista do título e destacou as mudanças realizadas em sua carreira no último ano – que incluem equipe e o treinamento físico. Na Arden, o piloto de 23 anos corre sob os olhares de seu chefe, Christian Horner, que também é o líder da equipe Red Bull na F1.
“Se eu conseguir manter o ritmo da temporada, o bom desempenho, as coisas vão acontecer naturalmente”, disse. “Muitos campeões da GP2 foram para a F1 por merecimento, então vou fazer a minha parte e esperar que o resto seja feito naturalmente.”
“Tem muita gente elogiando o meu trabalho, inclusive o Christian Horner, mas vamos esperar alguém se interessar”, considerou Razia.

Confira a entrevista exclusiva com Luiz Razia:
A corrida de Valência marcou exatamente o fim da primeira metade da temporada da GP2 e você está a um ponto do líder. Analisando a sua atual situação, corresponde às expectativas que você traçou no início do ano?
É sempre difícil traçar metas e atingir exatamente o que a gente quer. Minha meta no ano passado era disputar o campeonato, assim como em 2010, quando era companheiro de equipe do Pastor [Maldonado]. A meta no começo deste ano era fazer o melhor durante a temporada, e, felizmente, muita coisa mudou para o bem da minha carreira. Por isso, chegamos à metade do campeonato com muita chance de lutar pelo título.
Mas o que mudou, comparando seu trabalho na Arden em relação ao que você fazia nos anos anteriores?
Mudou bastante coisa. Primeiramente, a equipe – a minha equipe de 2010, a Rapax, era muito boa. O Pastor foi campeão naquela equipe, e, infelizmente, na metade daquela temporada, ele ganhou uma corrida em Valência e eu tive problema no meu carro. A distância entre nós dois ficou muito grande e a equipe começou a dar preferência a ele até o final. Eu perdi o bonde naquele ano. Em 2011, estava em uma equipe iniciante que errou bastante. Não foi o que a gente esperava, apesar de termos conquistado pódios e pole. Mas, realmente, foi um ano bastante difícil.
Meu engenheiro que trabalhava comigo no ano passado, de quem eu gosto muito, veio para a Arden. Ainda em 2011 comecei a trabalhar com um pessoal que lida com a parte mental, psicológica. E, desde janeiro deste ano, trabalho com a parte física da Red Bull e com o simulador. Além de todo esse processo, o dono da Arden é o Christian Horner, que é uma pessoa acostumada a ganhar, seja na F1, F3000, ou na própria GP2, quando disputou o título, com o Heikki Kovalainen [2005]. Juntando estas pessoas, também há muito, muito trabalho da minha parte.
Desde janeiro, não faltei nenhuma vez na academia, mesmo quando eu voltei de voos longos, como da Malásia. Eu chegava com jetlag, mas ia do mesmo jeito. Desde 1º de janeiro, não ingeri nenhum líquido além de água. A concentração é total, 100% das minhas forças somente em corridas e na equipe. E acho que é por isso que as coisas estão assim.
Como é este trabalho com a Red Bull? Com que frequência você trabalha com eles e no que isso afeta diretamente a sua pilotagem?
Eles têm dois tipos de simulador: a versão 1 e a versão 2. Eu estou trabalhando na versão 2, e, basicamente funciona também como ferramenta para os engenheiros. É um simulador bastante realista, que pode proporcionar aos engenheiros bons dados sobre altura do carro, aerodinâmica e acerto. A gente tem chegado nas pistas com o carro mais ou menos acertado.
Neste ano, meu treinos classificatórios têm sido bem melhores do que no ano passado. Fiquei fora dos dez primeiros só em Barcelona e Valência, porque encontramos um problema no freio, que depois foi ajustado.
Seu principal concorrente ao título até o momento é o Davide Valsecchi, que foi seu companheiro de equipe no ano passado. O fato de você ter trabalhado próximo dele te ajuda na disputa?
De certa forma, ajuda. Sei que o Valsecchi é uma pessoa muito emocional, mas ele tem os pontos fortes, que é a classificação – ele é um piloto muito rápido. Quando ele está bem em um fim de semana, consegue aproveitar ao máximo. O fato de conhecê-lo é muito bom para mim, porque sei onde jogar as cartas.
Mas não acho que somente o Valsecchi será o concorrente. Acho que todos que já marcaram ao menos 87 pontos, como é o caso do Gutiérrez, ainda têm chances no campeonato. Como vocês viram, o Valsecchi tinha 31 pontos de vantagem para mim, e, em um final de semana, acabou tudo. O sistema de pontuação premia regularidade do que aquele que tenta ganhar todas as corridas – ninguém vai conseguir ganhar todas as corridas, então o importante é marcar bastantes pontos durante a temporada.
Acho que tem alguns pilotos que têm um nível muito alto: o Valsecchi, eu, o Giedo [van der Garde], o James Calado, o Max Chilton, o Gutiérrez, e até o Fabio Leimer. Acho que estes estarão disputando.
Neste ano, há três nomes que disputaram a GP2 recentemente e estão dando trabalho na F1: o Pastor Maldonado, o Sergio Pérez e o Romain Grosjean. Hoje, você olha o grid da GP2 e vê alguém que pode incomodar na F1 no futuro?
Acho que eu! [risos] Mas acho que aqueles que eu citei, que estão na disputa do campeonato, são de um nível muito alto. Se eu ganhar no fim do ano, é porque conseguimos trabalhar melhor, então talvez seja a gente que vá para a F1.
Que comparação você faz entre o atual grid da GP2 com o dos últimos anos?
Acho que cada ano é diferente. Não posso dizer que o deste ano é mais forte do que do ano passado, ou que nos anos anteriores. Assim como a F1, a GP2 é um processo muito dinâmico – mudou o carro, mudaram os pneus, mudaram as regras... Você vê que a cara da GP2 mudou. Antigamente, com o pneu Bridgestone, a segunda bateria era bastante monótona, e agora é possível começar em oitavo, como foi meu caso em Valência logo depois da largada, e ganhar a corrida. Então, não vou comparar a atual GP2 com a dos anos anteriores. Os concorrentes sempre serão fortes, porque, além de serem pilotos campeões em categorias menores, eles estão em nível para substituir qualquer um na F1.
Você está em sua quarta temporada na GP2, com bastante bagagem acumulada. Você acredita que esta pode ser o seu campeonato definitivo na categoria?
Isso é muito “se”. “Se acontecer”, “se for”... Eu parei de pensar desse jeito. É preciso pensar no momento, onde devo treinar, me preparar para Silverstone. Se eu for começar a pensar se vai ser a minha última temporada, não vou chegar em lugar nenhum.
Hoje em dia, o que te separa da F1?
A resposta serão os acontecimentos daqui para frente. Se eu conseguir manter o ritmo da temporada, o bom desempenho, as coisas vão acontecer naturalmente. Muitos campeões da GP2 foram para a F1 por merecimento, então vou fazer a minha parte e esperar que o resto seja feito naturalmente.
Mas já houve alguma conversa com alguma equipe, mesmo que tenha sido somente algo preliminar?
Não, não. Não temos conversado com ninguém. As equipes ainda não se decidiram para o ano que vem, sendo que algumas estão abertas e outras, fechadas. Mas estamos esperando. Tem muita gente elogiando o meu trabalho, inclusive o Christian Horner, mas vamos esperar alguém se interessar.
O que dá para traçar para as próximas corridas?
O que dá para esperar de mim é o meu melhor. Vou trabalhar o máximo para fazer o melhor nos fins de semana, para aproveitar todas as oportunidades de pontuar, sem me por em risco em qualquer acidente ou parando o carro por culpa minha. Quero levar o carro na zona de pontos da maneira mais consistente possível.

Fonte: tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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