9 de mar. de 2012

Novo regulamento visa atender interesses comerciais, afirmam pilotos

Em 2012, Stock terá corridas de menor duração e regras que pretendem aumentar competitividade

Largada da Stock Car em interlagos (Duda Bairros)

O novo regulamento desportivo da Stock Car, lançado nesta semana pela CBA, contém novos itens que chamam a atenção. Alguns já haviam sido divulgado previamente, como o fim dos playoffs e descartes, a adoção de um novo sistema de pontuação, que inclui distribuição de pontos em dobro na última etapa, e o fim do reabastecimento obrigatório.

Outros se tornaram conhecidos após a apresentação do documento oficial. É o caso da duração das corridas, que foram diminuídas de 50 minutos mais uma volta para 40 minutos mais uma volta.
A categoria também estabeleceu mudanças para os treinos classificatórios, apesar de o sistema de disputa continuar como em 2011: todos os participantes disputam uma vaga para a fase final em 20 minutos, classificando-se os dez primeiros. O grupo finalista realiza uma nova fase, de dez minutos, para definição do pole.
A novidade é que, a partir desta temporada, os dez classificados ficam proibidos de promoverem alterações na altura do carro e na cambagem dos pneus até o início da corrida. A regra é válida mesmo para casos de acidentes e quem desobedecê-la perderá dez colocações no grid de largada.
Em contrapartida, todos estarão liberados a usarem o push to pass [sistema que promove um aumento da potência do carro por alguns segundos nas retas, para facilitar as ultrapassagens] durante voltas lançadas, nas seguintes condições: se o piloto optar por ter o push to pass à disposição na classificação, poderá usá-lo algumas vezes em todo o treino, mas terá seu uso restringido para a corrida. Quem optar por não ter o dispositivo na definição do grid, terá direito a acioná-lo mais vezes durante a prova.
Na opinião de dois dois principais pilotos da categoria, a soma dessas alterações tem como objetivo forçar um panorama mais competitivo e garantir uma disputa equilibrada pelo título até a última etapa, já que, em 2012, a Stock terá todas suas provas transmitidas ao vivo e na íntegra pela Rede Globo.
Para o tetracampeão da categoria, Cacá Bueno, a diminuição do tempo total das corridas foi adotada com o objetivo principal de adaptá-las à grade da televisão. “É uma medida para se enquadrar à grade, garantir transmissões na íntegra e dar maior visibilidade, algo que eu apoio”, defendeu. “Isso proporciona um aumento de exposição enorme, que consequentemente chama patrocínios. E todos sabemos que não tem como manter a categoria sem patrocínios”, acrescentou.
Questionado pelo Tazio Autosport, o diretor geral da Vicar, promotora do evento, Maurício Slaviero, admitiu que a alteração foi motivada por um pedido da televisão. "Foi um pedido da Globo, mas as corridas tinham em média 44 minutos, os 50 do regulamento eram só o limite", esclareceu. "A prova ficou um pouco mais curta e, em compensação, tiramos os pitstops, que consumiam um certo tempo de pista dos pilotos", acrescentou. Segundo a Vicar, a decisão também teve cunho técnico, pois, com o fim do reabastecimento, os carros não teriam como completar uma prova de 50 minutos com a nova capacidade estipulada para o tanque de combustível, 100 litros.
Para Thiago Camilo, vencedor de três etapas da Stock na última temporada, as etapas serão mais dinâmicas com a redução. “Os pilotos vão procurar um ritmo mais forte”, opinou. O piloto salientou, porém, que o novo sistema de pontuação, que dará 22 pontos ao vencedor, 20 ao segundo colocado e 18 ao terceiro, decrescendo de um em um do quarto até o 20º, pode gerar uma postura mais conservadora entre os postulantes ao título nas pistas.
“Muitos vão se preocupar em marcar pontos constantemente para chegar à última etapa com chances. É uma tática para evitar que o campeão seja definido com antecedência”, argumentou o piloto, ao lembrar que a pontuação na prova derradeira será dobrada. “É o jogo comercial prevalecendo sobre o esportivo, mas isso faz parte. As categorias americanas, especialmente a Nascar, sabem usar muito bem isso e a Stock está tentando seguir o mesmo caminho”, justificou.
Cacá Bueno também disse entender os novos critérios, mas previu que as novas regras premiarão a regularidade em detrimento das lutas por vitória. “Vai ser benéfico por ter mais pilotos na disputa pelo título, mas não é tão bacana diminuir o peso da vitória. A vitória deveria ser mais premiada”, ressaltou.
Bueno também criticou as novas restrições impostas aos dez primeiros colocados dos treinos classificatórios e questionou se a CBA terá condições de fiscalizar adequadamente as equipes. "Não gosto dessa regra de lacrar os carros, porque são mudanças que dificultam a compreensão do público. Para 2012, eles tentaram facilitar muitas das regras que dificultavam o entendimento, mas criaram essa. Agora, quem não entende tanto de automobilismo vai ter que saber o que é cambagem. Além disso, como a CBA vai fiscalizar mais de 30 carros por corrida antes e depois do treino? Eles não têm pessoal para isso. Confiar só na boa vontade de pilotos e equipes não dá", enfatizou.
Camilo externou uma visão contrária à do colega. "É uma tentativa de 'punir' os líderes e criar uma dinâmica que eu acho válida. Isso cria uma nova chance aos times menores e aumenta a disputa. Entregar um bom espetáculo é bom para o público e para o telespectador, por isso eu apoio essa decisão", considerou.
Em 2012, a Stock Car terá 12 etapas, com a abertura marcada para o próximo dia 25, em Interlagos. O encerramento, com pontuação dobrada, será em 11 de novembro, no anel externo de Brasília.

Fonte:tazio
 Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br
 Comente está postagem.

Nenhum comentário: