6 de fev. de 2012

GM - Teste: Cobalt é o elemento surpresa da GM



Teste: Cobalt é o elemento surpresa da GM  
Cobalt já aparece entre os dez carros mais vendidos do país e põe a Chevrolet na liderança de vendas

por Rodrigo Machado
Auto Press


A Chevrolet está de volta ao primeiro lugar no mercado brasileiro de automóveis. E é na lista de modelos mais vendidos de janeiro que se encontra uma explicação mais detalhada para a virada de jogo da marca norte-americana – que não liderava as vendas no Brasil desde 2004, quando completou seus 80 anos de Brasil e também venceu o acumulado do ano. O Cobalt chegou em novembro com a missão de ampliar a necessária renovação de portifólio da Chevrolet no Brasil. No lançamento, a expectativa era boa – vender 3,5 mil carros por mês. E o começo foi até meio tímido, com apenas 2.156 unidades vendidas em dezembro. Mas já em janeiro, o segundo mês completo do Cobalt, mais de 5.900 exemplares foram emplacados. Nem o mais otimista dos executivos da General Motors do Brasil arriscaria tal prognóstico. 
Além de impulsionar a marca à liderança, deixando Fiat e Volkswagen para trás, as vendas do Cobalt também conseguiram incluí-lo no “top 10” de automóveis de passeio mais vendidos no Brasil. Na nona colocação, ele superou modelos já consagrados, como o Renault Sandero e Fiat Siena. Se incluídos também os utilitários, perde a nona posição para a picape Fiat Strada e fica em décimo. A título de comparação, os concorrentes diretos do segmento de sedãs compactos superiores – com motores acima de 1.0, mais espaço e mais equipamentos que os sedãs “de entrada” – tiveram desempenho muito mais tímido. O que chegou mais perto foi o Nissan Versa – pouco acima dos 1,5 mil exemplares. Carros mais antigos no mercado, como Honda City e Kia Cerato, foram muito mal, com cerca de 760 e 320 unidades cada, respectivamente.
 

Parte do mérito da GM está exatamente na concepção do produto. Como foi diversas vezes explicitado no lançamento do modelo, o público-alvo é a chamada “nova classe média brasileira” – o que não chega a ser uma ambição das mais originais. Aquele consumidor que melhorou de vida e não quer mais um “pé-de-boi” – carro com motor 1.0 e com poucos equipamentos de conforto e segurança – também está na alça de mira do concorrente Versa. Para sensibilizar essas pessoas, a proposta da GM foi por apostar no conforto embarcado em seu sedã. E isso fica bem óbvio já nas dimensões. São 2,62 metros de distância entre-eixos. Como comparação, o Cruze, sedã médio da Chevrolet, tem 2,68 metros – apenas 6 cm a mais. É praticamente um espaço de sedã médio em um compacto. O tamanho do porta-malas também impressiona. São 563 litros de bagagem.

Se foi até ousada de um lado, do outro, a GM resolveu não inventar. Mecanicamente, o Cobalt é pouco inovador. Traz o 1.4 Econo.Flex VHC, que estreou no Prisma em 2006 e está bem difundido no resto da linha da marca – Agile, Meriva e Montana. Novidades mesmo só no meio do ano, quando o sedã irá receber um renovado motor 1.8 e opção de câmbio automático de seis velocidades. Por enquanto, o Cobalt conta com um motor de 102 cv a 6.200 rpm e 13 kgfm a 3.200 rotações, quando abastecido com etanol, e uma transmissão manual de cinco marchas.
 

Além das características do produto, o sucesso do Cobalt também passa pelo seu posicionamento de mercado. Ele sai de R$ 39.980 na versão de entrada LS e já vem com ar-condicionado e direção hidráulica. Na intermediária, LT, a conta sobe para R$ 43.780 e o carro incorpora vidros elétricos, airbag duplo e ABS. A testada e mais requintada LTZ custa R$ 45.980. E adiciona ao que vem na LT alguns itens cromados na carroceria e no interior, rádio com entradas auxiliares, retrovisores elétricos e rodas de liga leve de 15 polegadas. São preços que, ao que parece, serviram para incomodar bastante a concorrência. Mas, historicamente, o mercado brasileiro mostra que a capacidade da GM em comercializar sedãs sempre foi das melhores. 

E é exatamente com a força dos novatos sedãs Cobalt e Cruze que a marca da gravata dourada voltou a liderar o mercado nacional nesse início de 2012. Que promete intensas disputas a cada mês. Para se ter uma ideia de como a disputa pela liderança está emparelhada, a GM liderou janeiro com 20,95% das vendas, seguida pela Fiat com 20,59% e pela Volkswagen com 20,24%. 
 

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.4 de 102 cv com etanol até se esforça bastante, mas não faz milagres. O melhor comportamento do carro surge só quando o conta-giros supera a marca das 3 mil rotações. Antes disso, é preciso ter paciência na hora de ultrapassagens, retomadas ou em aclives acentuados. Ao menos, a necessidade de constantes trocas de marchas é amenizada pelo ótimo câmbio manual. Nota 6.
Estabilidade – A opção na sintonia da suspensão foi por privilegiar o conforto. Uma decisão coerente com o desempenho e proposta do modelo. Portanto, com um acerto mais macio, a carroceria do Cobalt acaba rolando um pouco nas curvas feitas em alta velocidade. É recomendável diminuir o ímpeto antes de entrar na curva para superar um trajeto sinuoso com mais serenidade. É algo que não chega a comprometer demais o comportamento dinâmico do carro, mas que certamente diminui o apelo esportivo. A versão com motor 1.8 terá outro acerto de suspensão, que favorecerá mais a esportividade. Nota 7.
Interatividade – A direção do Cobalt é bem leve, o que facilita as manobras. O volante é o mesmo do Cruze, mas perde os botões que controlam o rádio – que fazem alguma falta. O painel de instrumentos que imita o de motos tem visualização bem simples e bastante intuitiva. O rádio também tem funcionamento prático. O câmbio é bem projetado e oferece engates precisos, justos e macios. A visibilidade é ligeiramente prejudicada na traseira pela alta tampa do porta-malas. Nota 8.
Consumo – Apesar do nome “marqueteiro” dado ao motor – que desde o lançamento do Prisma é chamado de Econo.Flex –, o Chevrolet Cobalt não chega a ser particularmente econômico. Conseguiu a média de 7,5 km/l com etanol no tanque em um trajeto 2/3 cidade e 1/3 estrada. Nota 7.
Conforto – Para o segmento de mercado em que se encontra, é realmente impressionante o conforto a bordo do Cobalt. A suspensão é macia e muito bem acertada para as esburacadas ruas brasileiras. O isolamento acústico é muito bom. Dá para chegar às 5 mil rotações sem ouvir ruídos do motor invadindo a cabine. O espaço interno é excelente para um compacto. Os 2,62 metros de distância entre-eixos deixam qualquer ocupante com bom espaço para pernas, ombros e cabeça. Nota 9.

 

Tecnologia – Apesar do Cobalt ser visualmente semelhante ao Agile, sua plataforma é a mesma usada pelo Sonic, modelo lançado em 2011. Portanto, é bem moderna. A lista de equipamentos nesta versão LTZ é razoavelmente completa para um sedã compacto. O que merecia renovação é o motor 1.4 Econo.Flex, que já está em uso na linha da Chevrolet desde o Prisma, de 2006. Nota 8. 
Habitalidade – Há uma boa difusão de porta-objetos na cabine do sedã da Chevrolet. Não é difícil achar espaços para guardar objetos pessoais de uso imediato, como celular ou carteira. As portas são grandes e isso permite bons vãos de acesso ao interior do carro. O porta-malas é um dos destaques com 563 litros de capacidade. Mas os braços que invadem a área da bagagem infelizmente limitam um pouco seu aproveitamento. Nota 8.
Acabamento –
 Como é normal em carros dessa categoria, não chega a impressionar. Mesmo assim, é bastante correto. Os plásticos rígidos aparentam ser bem encaixados e o design interior agrada. Alguns detalhes prateados no volante e no console central ajudam a transmitir até alguma sensação de requinte. Nota 7.
Design – A grade frontal bipartida está menor do que no Agile, que é enorme. Mas ainda parece ser um tanto maior do que deveria. Os imensos faróis com uma divisão na parte inferior também soam exagerados em relação ao resto do carro. Mas inegavelmente o modelo é a cara dos Chevrolet contemporâneos e, pelas vendas desse mês, está agradando muita gente. Elogios para a linha de cintura alta, que ajuda a “crescer” o carro, e à traseira, esteticamente muito mais inspirada que a parte frontal. Nota 6.
Custo/benefício – No segmento de sedãs compactos superiores, o grande concorrente do Cobalt é o Nissan Versa. Ambos trazem ótimo espaço interno como principal argumento de vendas. No preço, o modelo da Chevrolet fica um pouco acima. A versão topo do Cobalt, a LTZ custa R$ 46.480. São significativos R$ 3,5 mil a mais que o Versa mais equipado. Mas a diferença não parece estar inibindo os compradores do sedã da Chevrolet. Os outros concorrentes custam ainda mais caro, como Honda City e Kia Cerato. Nota 7.
Total – O Chevrolet Cobalt 1.4 LTZ somou 73 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir
Conforto em alta


Já na primeira olhada do lado de fora, o Cobalt se diferencia em relação à concorrência. Suas dimensões são grandes demais para um sedã compacto. E até quando a comparação é com um sedã médio, como o Cruze, o mais novo integrante da linha Chevrolet não faz feio. Fato é que os 2,62 metros de distância entre-eixos são mais do que suficientes para levar cinco ocupantes sem que ninguém fique reclamando de falta de espaço. Até quem vai atrás fica sem aperto na área das pernas, ombros e cabeça. Na dianteira, a situação também é boa. Ficaria ainda melhor se os bancos dessem melhor suporte. A espuma parece ser demasiadamente mole em algumas ocasiões.

O conforto a bordo é perceptível também em movimento. A suspensão é bem calibrada e absorve de maneira competente as imperfeições do piso. Entretanto, o destaque fica com o isolamento acústico. É impressionante a falta de ruído na cabine do Cobalt. O silêncio pode até enganar alguns motoristas mais experientes que costumam fazer as trocas de marcha “de ouvido”. Afinal, é comum o conta-giros superar às 5 mil rotações sem grandes alvoroços no interior. Ou seja, é necessário olhar muitas vezes para o incomum painel de instrumentos. Ao menos, com disposição semelhante a de motos de corrida, ele tem boa visualização e oferece uma leitura rápida. Outro ponto que aumenta a “boa vida” do motorista no carro é a transmissão. A embreagem tem o peso certo e agrada bastante. Além disso, as trocas são excelentes, com engates macios e precisos.
 

O desempenho, no entanto, não acompanha a boa surpresa em termos de conforto. O motor 1.4 de 102 cv com etanol oferece torque e potência limitados demais para o sedã – nem tão – compacto da Chevrolet. Apenas acima das 3,5 mil rpm ele responde com mais ânimo. Abaixo dessa marca, o comportamento é bem pouco animador. Com isso, as retomadas acabam não passando muitas emoções. No final, se mostra mais sensato manter o Cobalt em uma tocada mais pacata, já que as pisadas mais fortes no acelerador não se refletem em um desempenho muito melhor. E ainda fazem o consumo de combustível se elevar bastante. 

Em termos de estabilidade, a ideia também não é estimular a esportividade. O acerto mais mole da suspensão não instiga grandes ousadias na direção. A carroceria aderna um pouco em mudanças bruscas de direção. Ao menos, em frenagens e acelerações o carro não embica nem tende a afundar. Nas retas, só existe sensação de flutuação a partir dos 140 km/h, quando são necessárias algumas correções ao volante.

Já em termos de equipamentos, a versão LTZ é bem completa para um carro dessa categoria e apresenta boa dose de funcionalidade. Todos os comandos estão onde deveriam estar, sem grandes invenções. Algo importante para um carro que pretende conquistar um tipo de cliente que procura algo acima dos populares, mas que ainda não pode pagar pelos modelos mais requintados. 
 

Ficha técnica

Chevrolet Cobalt LTZ

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.389 cm³, com quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima:
 102 cv e 97 cv 6.200 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,5 segundos e 11,9 s com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 170 km/h.
Torque máximo: 13,0 kgfm e 12,8 kgfm a 3.200 rpm.
Diâmetro e curso:
 77,6 mm X 73,4 mm. Taxa de compressão: 12,4:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com braço de controle ligado a haste tensora, com molas helicoidais, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, com eixo de torção, barra estabilizadora soldada no eixo, molas helicoidais e amortecedores pressurizados.
Pneus:
 165/65 R15.
Freios: Dianteiros a disco ventilados e traseiros a tambor. 
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,47 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,51 m de altura e 2,62 m de entre-eixos. Airbags frontais como opcional.
Peso: 1.072 kg.
Capacidade do porta-malas: 563 litros.
Tanque de combustível: 54 litros.
Produção: São Caetano do Sul, São Paulo.
Lançamento:
 2011.
Itens de série:  Ar-condicionado, direção hidráulica, chave canivete, trio elétrica, banco do motorista, encostos de cabeça reguláveis em altura, airbag duplo frontal, ABS com EBD, grade dianteira cromada, coluna de direção com regulagem de altura, alarme e revestimento interno em dois tons, rodas de liga leve, faróis de neblina, barra cromada na traseira, rádio/CD/MP3/Bluetooth e computador de bordo.
Preço:
 45.980.





Postado por: Ícaro Nunes
Fonte: Motor Dream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br/
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