28 de jan. de 2012

Fórmula 3-Em férias, quilometragem é palavra-chave para jovens pilotos

Competidores usam a pré-temporada para continuar competindo e adquirir experiência

F3 Open é alternativa para pilotos se manterem na ativa (Luca Bassani)

O período entre os meses de dezembro e fevereiro representam férias para grande parte dos pilotos do mundo. Com o auge do inverno no hemisfério Norte, as categorias de base europeias não realizam corridas e a preparação para a temporada, pelo menos dentro da pista, fica em modo de espera.
Contudo, tal fato não diminui o ritmo dos treinamentos.
A necessidade em adquirir quilometragem e experiência obriga os competidores a driblarem o frio e procurarem alternativas. Muitos optam por treinar de kart, mas, ano após ano, os chamados torneios de verão ganham cada vez mais importância.
Duas destas competições ficam mais em evidência com o passar dos anos. O Toyota Racing Series, disputado na Nova Zelândia, atrai pilotos como Nathanael Berthon (que disputou a Renault World Series), Lucas Foresti (F3 Inglesa) e Raffaele Marciello (F3 Italiana). No Brasil, um torneio relâmpago em ascensão é o F3 Brazil Open, disputado em Interlagos, que também conta com pilotos das principais categorias de base da Europa.
De acordo com o experiente chefe de equipe em categorias de base no Brasil, Augusto Cesário, esta é a melhor alternativa para afiar os pilotos para as competições da temporada. “É só praticando que é possível se desenvolver, então nada melhor ter um evento como esse para se manter ativo. Tudo o que essa molecada que sai do kart mais precisa é de quilometragem”, contou Cesário, dono de times na F3 Sul-Americana e na extinta F-Renault Brasileira.
“Andar, se aperfeiçoar, aprender todas as artimanhas e acertos de um carro de corrida. Isso faz com que o cara chegue na Europa muito mais experiente para conseguir causar uma boa impressão.”
Em 2012, o F3 Brazil Open, disputado em meados de janeiro, foi palco da preparação de 11 competidores, número superior a algumas rodadas da F3 Sul-Americana em 2011. A busca por quilometragem em pista é grande a ponto de justificar a frustração de pilotos como André Negrão, que se mostrava incomodado no paddock de Interlagos por ver a sua programação comprometida no torneio por problemas mecânicos.
“É sempre um treino – mesmo que seja um carro mais ‘tranquilo’ do que aquele que corro lá fora, ainda assim é um carro de corrida. Para treinar, é sempre bom, melhor do que andar de kart”, explicou Negrão, piloto da equipe Draco na Renault World Series.
“Com certeza, esta parte do ano é muito importante, porque tem carnaval, réveillon e muita gente dá uma amenizada na parte física. Mas é a hora em que tem que mais treinar – é o único momento em que você tem mais tempo para se dedicar a isso. Então, é essencial vir aqui dar uma treinada.”
Vencedor do Open nos últimos dois anos, Lucas Foresti sugere a expansão do calendário do torneio para permitir mais desenvolvimento e agregar importância à competição.
“Seria ideal se conseguissem fazer o F3 Brazil Open todo ano, talvez até ampliando para dois fins de semana – sendo uma corrida em Brasília, ou Curitiba, que é uma pista ótima. E seria bacana se trouxessem o pessoal da Europa – isso daria valor à competição.”
Filosofia se aplica a toda a temporada
A procura por alternativas para se manter em atividade não se limita somente às férias, já que grande parte dos campeonatos na Europa conta com regulamentos que limitam testes por questões financeiras.
“Hoje em dia é muito questão de treino. Quanto mais treino houver, mais o piloto consegue dominar o carro e mais milésimos vai ter de vantagem em relação ao outro. Quem tem mais treino acaba se saindo melhor”, simplificou Pipo Derani, 15º colocado na F3 Inglesa em 2011.
Contudo, Derani defende que, no Brasil, devido à escassez de categorias de monoposto, a busca por quilometragem se torna inviável para pilotos recém-saídos do kart. Assim, de acordo com o piloto, categorias de base como a F-Futuro ou a F3 Sul-Americana não cumprem o seu papel com total eficácia.
“Categoria de base tem que ter treino e a F-Futuro não tem treino. Isso é um problema. A F-Futuro é boa para o cara saber como é um fórmula, mas quem está começando também precisa saber o que é uma mola, uma barra. E isso faz diferença”, argumentou. “Quem vai para a Europa já precisa saber disso. Há pouco treino na F-Futuro e não é possível mexer muito no carro – e isso faz falta.”
“E, independente do equipamento, é preciso ter pilotos no grid. Assim, cria-se competitividade – um quer bater o outro e é isso o que faz o nível crescer. Um grid pequeno não prepara o piloto lá para fora. O maior aprendizado que um piloto pode levar do Brasil para a Europa é através de competidores de bom nível.”
Desta forma, Derani sugere que os pilotos busquem suas próprias alternativas para praticar. “Talvez o piloto precise pegar um carro particular no Brasil e treinar o máximo que puder antes de sair daqui. Sai mais barato e pode treinar o que quiser. Se eu tivesse tido alguém que me falasse isso, eu teria feito desta forma.”
“Acho, sinceramente, que correr no Brasil é caro, pelas pistas e por toda a estrutura. O campeonato é muito precário. E a F3 não é uma etapa barata na carreira de um piloto – é preciso muito desenvolvimento técnico, então isso faz com que fique mais caro ainda.”
Victor Franzoni, de 16 anos, é um dos pilotos que teve a carreira nos monopostos iniciada no Brasil que vai tentar a sorte na Europa. Quinto colocado na F-Futuro em 2011, o piloto irá ao Velho Continente para disputar a F-Renault 2.0, pela equipe Cram.
O piloto prevê que sua temporada de 2012 será de aprendizado, mas ressalta a importância de ter competido no Brasil antes da nova empreitada.
“Ao ir direto para a Europa, o custo é maior em um ano perdido, já que este será somente de aprendizado. O ano que fiz no Brasil me deu uma boa base para correr lá. Ainda falta muita coisa, mas isso é o normal”, afirmou.
De acordo com Franzoni, uma alternativa a ser considerada pelos jovens pilotos nos próximos anos é a Fórmula +, apresentada no início de 2012. A categoria apresenta uma nova proposta em ser uma transição do kart para os carros.
“Acho que será uma boa para eles, porque o maior salto é o carro, o fato de dirigir um fórmula, além da questão de acerto. Não é que nem um kart, que é só um parafusinho aqui e ali. Num fórmula tem muita coisa – suspensão, entre outras coisas. Acho que isso vai dar uma boa ajuda e ensinar os maiores desafios”, encerrou o piloto, que participou dos primeiros testes da nova categoria.

Fonte: tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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