30 de dez. de 2011

Os melhores carros na disputa pelo Dakar 2012


A debandada das equipes de fábrica nos últimos anos pode criar uma situação interessante no Dakar. Dessa vez, pintam entre os favoritos alguns projetos bem ao estilo Jalop, como o Hummer à moda Baja, a picape Toyota V8, um Volvo tubular e até um SUV chinês.

Com início tradicionalmente no primeiro dia do ano, o Dakar 2012 parte de Mar del Plata, na Argentina, e percorre 8,300 quilômetros de pampas, florestas, lama, dunas, areia, a travessia da cordilheira dos Andes e do deserto do Atacama até a chegada em Lima, no Peru.
Atual tricampeã, a Vokswagen pulou fora para concentrar esforços no WRC. É uma pena muito grande os fabulosos Race Touareg não serem aproveitados por equipes independentes. No lugar deles, o favorito passa a ser um carro que nem completou a edição anterior.

Mini All4 Racing

O mais próximo que podemos chamar de equipe de fábrica é a alemã X-Raid, parceira da BMW. Ela vai alinhar cinco Mini All4 Racing e três BMW X3CC. Assim como o Mini WRC, o All4 Racing foi baseado esteticamente no Countryman. O carro estreou no Dakar de 2011, meros 90 dias após o início do projeto, e abandonou na metade da prova.

A base mecânica foi o X3CC, que compete desde 2007, mas com diversos melhoramentos. O motor 3.0 de seis cilindros em linha turbodiesel, apesar de compartilhar números de potência e torque, recebeu alterações que ajudaram a reduzir o peso do veículo em mais de 30 quilos. São 319 cavalos e brutais 71,3 kgfm a 1.900 rpm, direcionados às quatro rodas por uma transmissão Sadev sequencial de seis marchas.

O centro de gravidade foi deslocado para baixo graças às mudanças na localização do radiador e do tanque de combustível – este último com a incrível capacidade de 420 litros, e olha que não é dos maiores. O ângulo de ataque aumentou, a geometria dos amortecedores duplos também é nova em relação à edição passada, e os freios AP Racing possuem discos de medida 320mm x 32mm ventilados a ar na frente e a água atrás.

Na ausência dos Touareg, os Mini All4 Racing são os favoritos, tanto pela sofisticação do projeto quanto pela estrutura envolvida. Ao volante do bólido principal vai estar Stéphane Peterhansel, a lenda dos nove títulos conquistados nas motor e nos carros. Um de seus companheiros será Nani Roma, outro veterano dos bons tempos da Mitsubishi.

Hummer H3

Robby Gordon é um cara legal. Além de resolver estampar como bólido o Hummer, uma das coisas mais condenáveis e extintas hoje em dia, o cara ainda aposta na tração traseira em meio a um mar de concorrência com tração integral.

Seus jipes anabolizados são projetos all-american de chassi tubular. Eles competiram nos últimos anos com motores Chevrolet V8 da série LS, com sistemas de alimentação e gerenciamento eletrônico bastante modificados. Não conseguimos as especificações atuais , mas um LS2 de 6,0 litros rende 407 cavalos e 55 kgfm na configuração básica – e este não deve ser o caso.

Os freios da Kartek Manufacturing possuem um controle interno que permite bloquear um dos lados, para permitir ao piloto fazer curvas mais rápidas na areia, e os robustos conjuntos de suspensão garantem um curso vertical de quase meio metro.


Flash Gordon já conquistou um terceiro lugar na classificação geral em 2009 – e o voo mais impressionante na clássica etapa de Iquique – além de bons resultados no Baja 1000. Dessa vez, terá a companhia do atual campeão do Dakar, Nasser Al-Attyah, órfão depois da saída da VW.

Mitsubishi Lancer Racing

Esta será a terceira vez que a dupla brasileira Guilherme Spinelli e Youseff Haddad corre com o último protótipo da linhagem de vencedores que a equipe Ralliart desenvolveu junto com a Mitsubishi, remanescente dos tempos áureos dos doze títulos entre 1995 e 2007.

O Lancer Racing continua sendo o melhor carro de rali do Brasil, dominante nos Sertões, mas o próprio Guiga tem dito em entrevistas recentes que não espera chegar na frente dos BMW/Mini movidos a diesel por causa do regulamento favorável a esse combustível, conforme nos explicou no ano passado.

Aparentemente sem maiores modificações em relação aos anos anteriores, o motor V6 de 24 válvulas com controle de variação de tempo MIVEC é baseado na série 6G7, mas com potência e torque bem acima da série: 300 cavalos e 43 kgfm.

Imperial Toyota

Sob a liderança dos ídolos locais Giniel de Villiers (campeão do Dakar em 2009) e Duncan Voss, esta equipe sul-africana vinculada a uma rede de concessionárias Toyota vai empregar duas Hilux cabine dupla de chassi tubular equipadas com o V8 a gasolina da série 1UR-FSE, feito originalmente para os Lexus LS e GS 460.

Este V8 tem 4,6 litros, 304 cavalos e 53 kgfm, e ganhou reforços para aguentar os 8,300 quilômetros percorridos em alturas que variam do nível do mar aos dois mil metros das passagens pelos Andes. Há um novo sistema de gerenciamento eletrônico Pectel SQ6 da Cosworth, e a refrigeração da direção, da transmissão e do sistema 4×4 é feita por um sistema de coolers montados no teto do carro, o que explica sua altura elevada.

Os protótipos foram exaustivamente ensaiados na África – o que não deixa de ser irônico em se tratando de Dakar – e seus pilotos, acostumados às vitórias, prometem brigar lá na frente.

Team Dessoude

Este tradicional time de franceses desembarca na América do Sul com nada menos que quatro tipos diferentes de bólidos. O mais ambicioso é o Dessoude Proto N011, basicamente um Racing Lancer da extinta equipe oficial da Mitsubishi, com nova motorização.

O V6 agora vem da Nissan, com 3,7 litros e 24 válvulas. Produz 324 cavalos e 41 kgfm, levemente superiores ao original. Outro veterano do Dakar 2011 será o Proto N05, um protótipo 4×4 fechado com motor V6 da série VQ40 de 4,0 litros, preparado para produzir 309 cavalos e 47,5 kgfm.

O terceiro bólido é o Proto Atacama, uma picape de tração integral parecida com as Mitsubishi Triton SR de chassi tubular que competem no Brasil. O motor V6 de 3,5 litros também parece o mesmo, mas levemente fortificado para produzir 260 cavalos e 41 kgfm de torque.

E para completar a escalação da Dessoude, talvez o mais interessante: dois bugues Onyx de alta performance que apostam na leveza e na simplicidade da tração traseira para surpreender. Seus conjuntos de suspensão oferecerem quase o dobro do curso de ação dos Proto Atacama e N05.

Um deles, movido a diesel, está equipado com um BMW de quatro cilindros e 2,0 litros twinturbo, certamente o N47D20 modificado para produzir 263 cavalos e impressionantes 56 kgfm. O outro Onyx 4×2 porta o V6 VQ35 a gasolina da Nissan, com 294 cavalos mas apenas 38 kgfm. Apesar da potência maior, o torque em provas de rali é quem decide. Deve ficar um pouco atrás do irmão.

Great Wall Haval

Pois é, os chineses já chegaram ao Dakar. E com planos bem sérios. A equipe Team Great Wall é encabeçada pelo pessoal da SMG, renomados construtores de bugues com motores V8 que disputam o Dakar há quase uma década, com bons resultados.

O piloto principal será o experiente português Carlos Sousa, com passagens pela Mitsubishi, Volkswagen e BMW, escudado pelo chinês Zhou Young no outro carro.
Não foram divulgados maiores detalhes deste veículo com carroceria baseada no SUV Haval. Segundo o site oficial do Dakar, seu motor turbodiesel possui 3,2 litros e cerca de 200 cavalos. Nâo encontramos motorização parecida no catálogo da Great Wall, o que leva a crer que se trata de algo com outra marca, devidamente emprestado.

McRae Enduro 4×4

Irmão do saudoso Colin McRae, Alister McRae apareceu aqui no Jalop meses atrás contando seu projeto de participar do Dakar com um buggy elétrico. A empreitada foi adiada, pois Alister está confirmado para largar de Mar del Plata a bordo de seu carro mais tradicional, o McRae Enduro 4×4.

O carro de estrutura tubular utiliza um motor BMW de 3,0 litros turbodiesel com 253 cavalos e 56 kgfm, diferencial LSD da Ricardo e suspensão Reiger. Trata-se de um protótipo mais acessível que a média do Dakar, tanto que outros três semelhantes serão conduzidos por pilotos privados.

Nissan Frontier Overdrive

A equipe dos pioneiros irmãos André e Jean Azevedo finalmente aposentou o Pajero Full 3.8 V6 da Ralliart que vinha disputando o Dakar desde 2005, ainda com Klever Kolberg ao volante. O novo carro é uma picape Nissan Frontier 4×4 desenvolvida pela preparadora belga Overdrive (a mesma da Toyota Hilux V8 aí em cima), com conjuntos de suspensão reforçados – double wishbone na frente e 4-link atrás, sempre com dois amortecedores Reiger por roda.

O motor V6 de 4,0 litros da série VQ40 com comando variável e injeção direta ganhou nova ECU Pectel. Continua bebendo gasolina, mas agora produz 300 cavalos e 40 kgfm. A tripulação será formada por Jean Azevedo, duas vezes top ten entre as motos, e o navegador Emerson Cavassin. André Azevedo continua na categoria caminhões a bordo de um Tatra, e deve brigar com os poderosos Kamaz e Iveco.

Pewano XC60 RR

Representante do orgulho sueco, a equipe Pewano criou um XC60 de cross country conforme a receita consagrada: chassi tubular de aço de alta resistência e uma bolha de fibra de carbono o mais leve possível.

Todo o projeto estrutural e das suspensões foi feito pela G-Rex Sweden, também responsável pelos C30 Polestar de competição. Pouco restou do XC60 original – a largura, por exemplo, é 18 centímetros maior que o do SUV civil.

O motor é um Volvo D5 de cinco cilindros em linha turbodiesel, semelhante aos usados nos carros da marca, mas com toda a preparação necessária para pular dos 175 cavalos e 42,8 kgfm originais para 271 cavalos e 71,3 kgfm – o que demonstra que os carros movidos a diesel realmente exibem números de torque muito mais altos que seus concorrentes a gasolina. Este motor está acoplado a uma transmissão sequencial de seis marchas Sadev, com tração integral e diferenciais X-trac.

O carro deveria ser conduzido por Pelle Wallentheim, piloto e fundador da escudaria, mas Pelle faleceu subitamente em junho. O escolhido para substitui-lo foi o francês Alfie Cox, que formará dupla com o navegador alemão Jürgen Schröder. Invocado e cheio de entradas e saídas de ar, o XC60 RR parece ter potencial para disputar o título, mas como se trata de sua primeira competição, a equipe diz se contentar em terminar a prova no top ten.


Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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