2 de set. de 2011

Teste: Chevrolet Volt em alta tensão

Fotos: Autocosmos/Argentina
Teste: Chevrolet Volt em alta tensão
O modelo ecológico da Chevrolet sintetiza o que marca norte-americana quer desenvolver pelos próximos 100 anos

por Hernando Calaza, do AutoCosmos.com/Argentina

Ao alcançar 100 anos de existência, a Chevrolet decidiu lançar suas apostas para o século seguinte, criando um veículo ecológico que poderia realmente chegar às ruas ao longo do tempo. Assim nasceu o Volt, que criou o conceito de elétrico com autonomia estendida. O motor elétrico – o principal – conta com um motor adicional, a combustão, para ampliar a autonomia do veículo, apresentando uma solução efetiva a um dos pontos críticos dos híbridos e elétricos tradicionais.


Com vendas iniciadas nos Estados Unidos em novembro de 2010, o hatchback elétrico é vendido por US$ 43.000, cerca de R$ 69 mil reais, e conta com descontos de até US$ 7 mil, cerca de R$ 11 mil, oferecidos pelo governo norte-americano como incentivo. É um preço similar ao de um sedã premium Cadillac CTS naquele mercado. Ainda assim, o carro é um sucesso de crítica, e já ganhou o reconhecimento de Car of the Year 2011, da conceituada revista Motor Trend.

Há apenas uma unidade deste modelo na Argentina, e Autocosmos – parceiro editorial de MotorDream – testou o exemplar no Autódromo de La Plata, já que o veículo não está homologado para circular pelas ruas do país vizinho.

A unidade do Volt testada foi a mesma que chamou a atenção dos visitantes do último Salão de Buenos Aires, em junho. O carro tem dimensões médias, com linhas angulosas. O perfil aerodinâmico – o melhor da história da Chevrolet – é marcado pela janela traseira alongada, que obriga a presença de uma vigia na tampa do porta-malas, para garantir a visibilidade.

Em relação à mecânica, o Volt conta com dois propulsores elétricos – sendo que um funciona também como gerador de energia – e outro a gasolina, de 1.4 litro e 80 cv, que move o gerador. As baterias são de íons de lítio, medem 1,5 m e têm a forma de T. O conjunto pesa 172 kg e está alojado no túnel central, para garantir um centro de gravidade ideal. Os propulsores elétricos entregam 150 cv com torque de 37,11 kgfm – similar ao de um V6 de 3.5 litros –, transmitidos por uma câmbio CVT.

A cabine do Volt chama a atenção por seu desenho moderno. Há duas telas de sete polegadas, que informam o nível de bateria e a autonomia, assim como o grau de “eco-condução”, que indica se a aceleração e a frenagem estão em níveis econômicos. O Volt é capaz de recuperar energia em 94% das frenagens, e seus freios possuem ABS e controle de estabilidade.

Após escolher a posição adequada de condução, o motorista é tomado por uma incerteza. É difícil precisar se o Volt está ou não ligado, já que o carro não emite nenhum ruído. Mas basta escolher a opção Drive e soltar o freio para que o Volt começar a se movimentar – em absoluto silêncio.

O carro sai da inércia aos 100 km/h em 9 segundos, e pode alcançar a velocidade máxima de 160 km/h, limitada eletronicamente para manter o consumo de energia baixo. Quando colocado à prova em linha reta, o Volt oferece uma experiência peculiar de condução, por causa do grande torque disponibilizado imediatamente, característica típica dos propulsores elétricos. Desse modo, não há um crescimento e um pico de potência, como nos automóveis convencionais – o hatch simplesmente se mantém acelerando de maneira constante.

O Volt tem autonomia de 60 km em modo 100%, o que varia por causa de condições de direção, temperatura etc. O modo estendido soma mais 550 km com um tanque de apenas 35 litros. A recarga com o sistema portátil pode ser feita em qualquer tomada de no mínimo 10 ampères – o recomendado é que se opte pela de 15 –, com prazo de 10 a 12 horas. Com uma corrente de 20 ampères e tensão de 110 volts, a partir do sistema de recarga fixa, são necessárias apenas quatro horas para reaver a capacidade das baterias.

Por causa dos três motores e do pack de baterias, o Volt não é um carro leve. Pesa cerca de 1.900 kg. O volume ocupado pelas baterias deixa o modelo com apenas dois assentos traseiros, e o perfil aerodinâmico também reduz o espaço para as pessoas mais altas. Contudo, essas características não se tornam um empecilho na hora de dirigir. As curvas do autódromo foram cumpridas normalmente.

As baterias representam 25% do custo total do Volt e utilizam um sistema de refrigeração que mantém a temperatura constante entre os 20º e 25ºC. Temperaturas mais altas podem prejudicar a vida útil dos materiais. A GM gastou quase 4 milhões de horas com testes de desenvolvimento para o conjunto elétrico que move o hatch. As baterias têm garantia de oito anos, com um ciclo extra de mais quatro anos. Após isso, podem ser reaproveitadas em outros sistemas e máquinas para acumular energia.

A viabilidade de um veículo como esse em países como a Argentina e o Brasil, que não contam com uma rede de pontos de recarga nem com estrutura de manutenção e pós-venda, parece nula. A General Motors é categórica ao afirmar que a primeira geração do modelo não chegará à América Latina. A expectativa, então, é para a segunda, que deve aparecer em 2015 ou 2016 e pode – ou não – dar as caras por aqui.


Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

Nenhum comentário: