30 de jul. de 2011

Teste: Mercedes G55 AMG é arma de guerra para civis

Fotos: Rodrigo Machado/Carta Z Notícias
Teste: Mercedes G55 AMG é arma de guerra para civis

Sem mudanças estruturais desde 1979, jipão se vale da tecnologia e do passado militar

por Rodrigo Machado
Auto Press


O Mercedes-Benz Classe G é uma exceção no mundo automotivo. Atualmente, as montadoras investem alto em novas plataformas e projetos de design para renovar suas linhas e vender mais. Não é o caso do jipe alemão. Lançado em 1979, ele sofreu pouquíssimas mudanças nos seus mais de 30 anos de vida.
O chassis – em longarinas – é basicamente o mesmo e até as reestilizações foram pequenas. O que mudou foram os recursos eletrônicos e as atualizações de motores. Estas alterações sim, foram gigantescas. Daí esta aparente defasagem não impedir que a Mercedes cobre alto pelo seu utilitário. No Brasil, ele é vendido sob encomenda e apenas na configuração topo de linha, a G55 AMG. Por ela, a marca pede US$ 295 mil, algo em torno de R$ 450 mil (bem mais caro que nos Estados Unidos, onde custa US$ 124.500). Esse preço faz do G o quarto modelo mais caro da fabricante alemã à venda por aqui – atrás apenas de outros modelos preparados, como o sedã de luxo S 63 AMG e os superesportivos SLS AMG e SL 63 AMG.

Parte desse valor pode ser explicada pela herança do Classe G. Quando foi apresentado para a comercialização, já era veículo de uso militar. Isso significa que ele é dotado de enorme resistência e, principalmente, de grande capacidade fora-de-estrada. Atualmente, existem Forças de mais de 30 países que usam variações do Classe G para as suas operações – além do Vaticano, que utiliza uma versão do Classe G como “Papamóvel”.

O atual modelo mantém as características off-road como “carro-chefe”. Destaque para os três diferenciais – na dianteira, traseira e central – com sistemas individuais de bloqueio. O Classe G ainda conta com sistema eletrônico de tração que controla cada roda separadamente, chamado de 4ETS. A introdução desses equipamentos é para permitir que o Mercedes G55 AMG consiga se mover mesmo que apenas uma de suas rodas tenha aderência ao solo.

Por mais de R$ 450 mil, o Classe G também precisa ser um veículo de luxo. E já vem lotado de equipamentos. De série, conta com acabamento interno em madeira, airbags dianteiros de dois estágios, laterais e de cabeça, bancos dianteiros com ajustes elétricos, sensores de estacionamento, sistema de som com leitor de DVD/MP3/USB/Bluetooth, rodas de 19 polegadas, sensor de chuva e câmara de ré.

Além disso, as três letras que dão o “sobrenome” para a versão significam que sob o capô dorme um respeitável motor. No caso, é um V8 de 5.4 litros capaz de gerar 507 cv de potência a 6.100 rpm e absurdos 71,38 kgfm de torque entre 2.650 e 4 mil rotações – este mesmo motor na versão comum, a G 550, rende “apenas” 382 cv. O G55 AMG apresenta, portanto, credenciais suficientes para ser um utilitário esportivo na acepção da expressão. Ele chega aos 100 km/h em apenas 5,5 segundos e passaria fácil dos 210 km/h de velocidade máxima se não fosse bloqueado eletronicamente.

Os dados técnicos e a etiqueta de preço do G55 AMG só apontam um concorrente direto no mercado brasileiro: o Land Rover Range Rover Vogue Supercharged. O modelo inglês sai por R$ 416 mil e, nessa configuração, tem um V8 sobrealimentado com 510 cv de potência. Ainda há uma versão mais requintada, a Autobiography, que leva a conta final para R$ 446 mil. Uma briga que pode ser travada, literalmente, em qualquer terreno.

Primeiras impressões

Antigo só por fora

Indaiatuba/São Paulo – A Mercedes Classe G inspira uma certa nostalgia. De um tempo em que os desenhos dos projetistas saíam de pranchetas, não de computadores com AutoCad. E as linhas da carroceria do jipe da Mercedes são realmente desse tempo. E estão praticamente inalteradas desde 1979, ano de lançamento do modelo. Mas esta sensação se esvai assim que se entra a bordo. Existe uma boa quantidade de equipamentos tecnológicos embarcados, como câmara de ré e sistema de entretenimento de primeira. Além disso, o acabamento é excelente – praticamente uma obrigação em um carro próximo dos US$ 300 mil.

A modernidade também fica clara ao virar a chave. O V8 de 5.4 litros logo acorda com um belo ronco. E basta uma leve pressão no acelerador para que o barulho do motor invada a cabine sem qualquer cerimônia – como é comum em veículos preparados pela AMG, a divisão esportiva da Mercedes. O propulsor de generosos 507 cv de potência impressiona positivamente na hora de mover as mais de 2,5 toneladas do SUV. Apesar de ser um “peso-pesado”, o modelo conta com acelerações e retomadas vitaminadas – o zero a 100 km/h é feito em 5,5 segundos.

A AMG também caprichou no acerto da suspensão. O carro é duro e, com isso, os sacolejos são enviados para dentro do habitáculo a todo o momento. Mas o fato de a suspensão ser mais rígida serve para dar ao Classe G um melhor comportamento nas curvas. O que, de fato, ajuda bastante, mas não elimina as limitações de um modelo com um centro de gravidade tão elevado. É comum que em curvas mais fechadas os sistemas eletrônicos entrem em ação cortando o giro do motor e freando rodas para não permitir que o carro saia da sua trajetória.

No espaço interno, o Classe G se vale da racionalidade de um desenho “quadradão” – em que as cabeças não são atacadas pelas curvaturas dos tetos. Com isso, cinco ocupantes conseguem se acomodar sem grandes problemas. Os passageiros dos bancos traseiros contam com bom espaço para pernas e cabeça. O porta-malas também é bom. Ele leva 480 litros de bagagem e tem uma ampla abertura oferecida pela porta, que se abre horizontalmente – embora seja um tanto pesada por causa do estepe pendurado do lado de fora.

No off-road, o G55 AMG se sente em casa. Com três diferenciais bloqueáveis e com uma reduzida que dobra a relação final para as rodas, o G parece capaz de transpor qualquer obstáculo. E a marca alemã montou um trajeto duro para que o SUV pudesse exibir suas habilidades. Quem também auxilia o jipão a superar os obstáculos off-road é o sistema de tração 4ETS. Em caso se uma roda ou mais perder a tração, ele enviar toda a força do motor para as outras. Se necessário, ainda é possível acionar os bloqueios de diferencial dianteiro, central e traseiro no G55 AMG para sair de atoleiros mais complicados. Nada como ter uma raiz militar como inspiração.

Ficha técnica

Mercedes-Benz G55 AMG

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 5.439 cm³, com oito cilindros em V, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Injeção direta de combustível, compressor mecânico e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração integral permanente e independente para cada roda com opção de bloqueio do diferencial dianteiro, central e traseiro. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 507 cv a 6.100 rpm.

Torque máximo: 71,3 kgfm entre 2.650 e 4 mil rpm

Diâmetro e curso: 97,0 mm X 92,0 mm. Taxa de compressão: 9,0:1.

Suspensão: Dianteira e traseira por eixo rígido com braços longitudinais e transversais, molas helicoidais e amortecedores pressurizados. Barra estabilizadora no eixo dianteiro. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Dianteiro e traseiros a discos ventilados e traseiro. Oferece ABS e EBD. Controle de freio em subida.

Pneus: Tipo All Seasons 275/55 R19.

Carroceria: SUV em longarina com quatro portas e cinco lugares. Medidas: 4,66 metros de comprimento, 2,00 m de largura, 1,93 m de altura e 2,85 m de distância entre-eixos. Airbags dianteiros de dois estágios, laterais e de cabeça.

Peso: 2.580 kg com 620 kg de carga útil.

Capacidade do porta-malas: 480 litros.

Tanque de combustível: 96 litros.

Lançamento na Europa: 1979.

Lançamento no Brasil: 1991.

Produção: Graz, Áustria.




Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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