VICTOR MARTINS [@vitonez]
de São Paulo
O negócio é assim na F1 atual: choveu, deu Jenson Button. A capacidade que o piloto mais sublime e consciente da categoria tem em correr na pista molhada voltou a ficar latente neste domingo (31) na Hungria, e mesmo não sendo o mais rápido, aproveitou-se das condições e dos erros alheios — inclusive da McLaren em cima de Lewis Hamilton — para chegar à segunda vitória na temporada, justamente no fim de semana em que celebra 200 corridas.
Hamilton, que tendia caminhar para um segundo triunfo consecutivo assim que assumiu a liderança na volta 5, ao se livrar de Sebastian Vettel, viu-se traído justamente pela chuva que tornou ao circuito de Hungaroring. Foi uma rodada que passou em sua vida e resultou num bate-cabeça da equipe e num drive-through que o alijou da disputa. Restou-lhe um ocre quarto lugar.
Sem nunca lutar pelo primeiro, Vettel fez aquela corrida de quem pensa no campeonato. Foi segundo. Fernando Alonso foi novamente ao pódio, mas teve uma atuação deveras oscilante, com escapadas e rodadas.
Com uma F1 de três equipes grandes e seis pilotos na frente, portanto, Felipe Massa terminou em último desta patota. O brasileiro foi outro que sofreu com o asfalto úmido, também rodou e se viu obrigado a lidar com a tarefa de fazer corrida de recuperação. Rubens Barrichello acabou em 13º e nada mais.
Saiba como foi o GP da Hungria de F1, em Hungaroring
A largada na faixa suja ficou ainda pior com a pista úmida, sobretudo para Massa e Webber, que perderam posições para quem estava do outro lado e para as Mercedes. Rosberg, aliás, saltou para quarto e Schumacher conseguiu por instantes ser quinto. Alonso recuperou uma posição na abertura da segunda volta e o brasileiro, na quarta. O espanhol empolgou-se, também passou Rosberg, mas se perdeu na curva 3 e viu-se novamente atrás de Nico.
Na frente, era nítido e notório que Hamilton vinha com mais ação que Vettel, e a ultrapassagem acabou vindo justamente na curva 3, na volta 5. Foi só passar que o inglês deu tchau para o resto.
Mais atrás, eram as Ferrari quem chamavam atenção. Alonso escapava aqui e ali, mas ainda se mostrava eficiente. Chegou até a perder posição para Massa, mas é piada pensar que permaneceria atrás do companheiro. O espanhol voltou a acossar Rosberg, enquanto que Massa, ao tentar acompanhar, perdeu-se na referida curva, rodou e destruiu parte da peça traseira. Na volta 8, então, Felipe despencava.
O risco de partir para os slicks veio incrivelmente de quem estava lá pelas primeiras posições. Foi Webber e o próprio Massa quem mostraram que a pista já estava apta a tal. A aposta valeu a pena, e Webber, até então relegado ao oitavo posto, subiu para quinto depois das paradas e foi brigar, com sucesso, pelo quarto com Alonso. Button passou Vettel para pôr as McLaren em primeiro e segundo. A vida no seco deu uma apaziguada na turma, e as posições se mantiveram intactas, com Hamilton abrindo distância.
De interessante, mesmo, a corrida voltou a mostrar algo só na volta 25, quando Heidfeld — num sombrio 18º lugar — parou nos pits pela segunda vez e viu seu carro já sair dos boxes pegando fogo. O alemão parou o carro ali do lado da faixa de saída e deu um salto para sair que faria inveja aos twists carpados de Daiane dos Santos. Mais interessante, ainda, foi a direção de prova acompanhar os comissários tentando apagar as chamas e o reboque tirando a Lotus Renault mais preta do que de costume sem acionar o safety-car.
Aí o negócio foi ver a estratégia das três grandes. As Red Bull e Button pararam pela terceira vez e colocaram os pneus macios pensando em ir até o fim sem precisar ir de novo aos pits. Hamilton e Alonso iam de supermacios, com vida curta. Mesmo assim, Button começou a tirar diferença e se aproximar. E aí a chuva voltou à cena, de leve. Na volta 47, Lewis rodou ao beliscar a chicane e perdeu a liderança — e na tentativa de evitar a perda da posição, no meio da pista, simplesmente esqueceu que havia uma corrida rolando e voltou perigosamente a ponto de jogar Paul di Resta para a grama.
Mesmo com a pista molhada, os pilotos mantiveram os slicks e Hamilton foi lá buscar a liderança de novo. No giro 50, Button escapou na curva 3, e Lewis tornava ao primeiro lugar. Na reta principal, Button devolveu. Logo depois, Lewis reultrapassou. Grande momento da corrida, e a disputa entre os dois infelizmente encerrava ali porque a McLaren chamou Hamilton para que colocasse os intermediários.
Péssima tática. Quatro voltas depois, lá ia o inglês para sua quinta parada, voltando aos pneus de pista seca. E na passagem seguinte, Hamilton passou pela sexta vez nos boxes. Era o drive-through aplicado pela direção de prova por aquela manobra. Button agradeceu à beça.
O máximo que Hamilton alcançou foi Webber. Uma quarta colocação que certamente trouxe um gosto bem diferente ao que sentiu durante a prova toda.
Vettel e Alonso fizeram uma parte final de corrida mais sossegada, apesar de o espanhol ter lidado com um contratempo final, uma rodada. No fim das contas, segundo e terceiro lugares ficaram de ótimo tamanho a eles, e o bonde da F1 seguiu seu rumo nos mesmos trilhos de antes, com o alemão longe dos outros na classificação geral.
Massa só pôde lutar pelo que podia, mesmo. Muito mais rápido que Mercedes e demais equipes, não tardou muito em ultrapassar todos para chegar em sexto. Para se ter uma ideia da diferença, o brasileiro deu uma volta no sétimo, o ótimo Paul di Resta da evoluída Force India.
Digna de aplausos foi a aparição de Sébastien Buemi. Penúltimo no grid por conta da punição decorrente do acidente com Nick Heidfeld na Alemanha, o suíço já era 12º depois de cinco voltas. Foi oitavo na bandeirada. Rosberg acabou num pífio nono posto, à frente do companheiro de Buemi, Jaime Alguersuari — que tem tomado gosto por esta coisa de pontuar. Todos ogo à frente de Kamui Kobayashi, que se arrastou no fim porque a Sauber partiu para mais uma daquelas estratégias loucas, com apenas duas paradas.
Aí a gente faz um rápido levantamento das vezes que Button venceu na McLaren. Foram quatro, contando com Austrália e China no ano passado e a do Canadá neste ano. Choveu em todas. Abençoado pelos céus, literalmente, este Jenson.
F1, GP da Hungria, Hungaroring, final:
Paradas | |||||||
1 | Jenson BUTTON McLaren Mercedes | ING | 1:43:42.337 | 70 voltas | 3 | ||
2 | Sebastian VETTEL Red Bull Renault | ALE | +3.588 | 3 | |||
3 | Fernando ALONSO Ferrari | ESP | +18.819 | 4 | |||
4 | Lewis HAMILTON McLaren Mercedes | ING | +48.338 | 6 | |||
5 | Mark WEBBER Red Bull Renault | AUS | +49.742 | 5 | |||
6 | Felipe MASSA Ferrari | BRA | +1:17.176 | 4 | |||
7 | Paul DI RESTA Force India Mercedes | ESC | +1 volta | 3 | |||
8 | Sébastian BUEMI Toro Rosso Ferrari | SUI | +1 volta | 3 | |||
9 | Nico ROSBERG Mercedes | ALE | +1 volta | 4 | |||
10 | Jaime ALGUERSUARI Toro Rosso Ferrari | ESP | +1 volta | 3 | |||
11 | Kamui KOBAYASHI Sauber Ferrari | JAP | +1 volta | 3 | |||
12 | Vitaly PETROV Renault | RUS | +1 volta | 4 | |||
13 | Rubens BARRICHELLO Williams Cosworth | BRA | +2 voltas | 5 | |||
14 | Adrian SUTIL Force India Mercedes | ALE | +2 voltas | 4 | |||
15 | Sérgio PÉREZ Sauber Ferrari | MEX | +2 voltas | 4 | |||
16 | Pastor MALDONADO Williams Cosworth | VEN | +2 voltas | 5 | |||
17 | Timo GLOCK Marussia Virgin Cosworth | ALE | +4 voltas | 3 | |||
18 | Daniel RICCIARDO Hispania Cosworth | AUS | +4 voltas | 3 | |||
19 | Jérôme D'AMBROSIO Marussia Virgin Cosworth | BEL | +5 voltas | 4 | |||
20 | Vitantonio LIUZZI Hispania Cosworth | ITA | +5 voltas | 5 | |||
Não completaram, número de voltas:
Heikki KOVALAINEN Lotus Renault | FIN | 56 | 5 | ||||
Michael SCHUMACHER Mercedes | ALE | 27 | 2 | ||||
Nick HEIDFELD Renault | ALE | 24 | 2 | ||||
Jarno TRULLI Lotus Renault | ITA | 18 | 1 | ||||
Melhor volta | |||||||
Felipe MASSA Ferrari | BRA | 1:34.302 | volta 61 | ||||
Tempo | |||||||
NUBLADO ALTERNANDO COM CHUVA | ar: 18ºC | pista: 18-20ºC |
Fonte: grandepremio
Disponível no(a):http://grandepremio.ig.com.br/
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