10 de jun. de 2011
Controle de estabilidade, a muleta do bem - parte I
Cada vez mais, a automatização está tomando conta dos automóveis. Se antes, para fazer uma largada perfeita era preciso muito treino, algum conhecimento técnico e toques valiosos dos mais experientes; hoje, em alguns carros, tudo o que você vai precisar é apertar um botão e programar o controle de largada.
Frenagem então, nem se fala: antigamente, a freada no limite de aderência (threshold braking) combinada ao punta-tacco era uma arte para poucos. Agora, é só pisar com toda a força no freio e apertar as borboletas de redução – a eletrônica cuida de tudo.
Mas de todas estas muletas, contudo, uma é bastante útil – e não feriu a arte da pilotagem humana. Mais que isso, têm salvo muitas vidas, particularmente em condições de baixa aderência, como chuva e neve: o controle de estabilidade.
Na prática, o que ele faz é utilizar todos os mecanismos do carro, principalmente os freios e o motor (sempre que possível, combinados ao controle de tração e o ABS), para deixá-lo em uma condição que sobre um pouco de aderência – usada para o motorista manter a trajetória ou fazer desvios. O sistema faz isso quando os sensores detectam que os pneus estão próximos ou ultrapassando o limite de aderência (a tolerância varia de acordo com o carro).
Mas obviamente, ele não cria aderência do nada. Se você entrar bizarramente veloz numa curva, ele não fará milagre, e você dará uma bela de uma porrada. Agora, o que exatamente o controle de estabilidade faz, quando você não faz o que deveria ter feito?
Quando você entra mais forte do que deveria em uma curva, ou se há uma perda de aderência repentina (causada por um fio de água, por exemplo); sensores localizados nas rodas, freios e no sistema de direção, combinados com acelerômetros (detectam aceleração lateral), percebem a anomalia no comportamento dinâmico do carro e atuam para contê-la. O truque principal que o sistema fará para segurá-lo na trajetória, é a aplicação sutil e intermitente dos freios de maneira independente em cada roda.
Hã? Pra quê?
Bem, a imagem acima (produzida pela Ford) mostra duas situações: uma escapada de frente (1) e de traseira (2). A primeira é caracterizada pela falta de aderência no eixo dianteiro. Como é nele que estão as rodas que esterçam, quando falta grip, o carro tende a seguir reto. Para curar a escapada de frente e manter o veículo na trajetória; o controle de estabilidade ativará somente a pinça traseira esquerda – ou dependendo da gravidade, freará todas as rodas, mas com maior força na traseira esquerda.
Essa diferença gera um torque que tende a girar o automóvel para dentro da curva (você já passeou de bote? Seria como se a roda amarela estivesse remando para trás); e o resultado é a neutralização do sub-esterço. Como frear consome aderência (que você precisa para manter o bicho na trajetória), este acionamento automático dos freios é intermitente. Assim, o carro consegue reduzir a velocidade e fazer a curva ao mesmo tempo, sem desequilíbrios.
A situação 2 é basicamente o oposto: quando os sensores percebem que o carro irá perder a traseira, eles acionam o freio dianteiro direito com mais força que os demais. Isso cria um torque em direção oposta à da curva, e o resultado final é a neutralização da anomalia.
O controle de estabilidade também atua no motor: em um carro com tração dianteira, se você acelerar demais, a frente tende a escorregar; resultando na situação 1. Nos automóveis de tração traseira, a tendência é da situação 2. Em ambos os casos, dependendo da gravidade da derrapagem, o sistema diminui instantaneamente a força do motor, seja pelo corte de ignição ou pelo fechamento temporário do corpo de borboleta.
É muito difícil perder o controle de um carro equipado com o controle de estabilidade. Na real, eu acho impossível – já fiz de tudo em um skidpad molhado, simplesmente não dá pra perder a traseira ou a frente de maneira irrecuperável. Você precisa fazer uma manobra suicida, como entrar em uma curva numa velocidade na qual nem o Senna a contornaria.
Isso pode levar alguns de vocês a pensar que o controle de estabilidade faz você ir mais rápido nas curvas. Afinal, ele neutraliza as saídas de frente e traseira, não é mesmo? Felizmente, não é bem assim. Aguardem a próxima parte! E não, eu não esqueci das outras séries. ;)
Fonte: jalopnik.com.br
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário