Mercedes-Benz aproveita reestilização da Classe C para recolocar o modelo no caminho do luxo
por Eduardo Rocha
Auto Press
A Mercedes pôs a mão na consciência e mudou o tratamento que vinha dispensando à Classe C. Desde a chegada da terceira geração do modelo médio, em 2007, a montadora traçou um plano para "aproximá-lo" conceitualmente dos modelos de entrada da marca, os Classes A e B. O problema é que essa aproximação se deu pela perda de glamour da linha de médios, principalmente na estética e na qualidade dos materiais empregado no acabamento, como a falta de detalhes e o uso de plásticos rígidos. O resultado foi desastroso. A média história de vendas da Classe C, desde sua primeira geração em 1993, era de aproximadamente 400 mil unidades por ano. Já a atual geração manteve uma média de apenas 250 mil unidades por ano em quatro anos de vida. A perda de quase 40% das vendas do Classe C mundo afora comoveu a Mercedes. Tanto que decidiu promover "o mais profundo face-lift da história da marca" – forma marqueteira de valorizar a correção de um grave erro de avaliação.
No Brasil a história é bem diferente. O C teve sucesso, principalmente por causa do reposicionamento do modelo, com versões com preço inicial abaixo de R$ 120 mil. A linha de médios responde por 60% das vendas da marca, que este ano deve alcançar as 10 mil unidades – o dobro de dois anos atrás. Situação que o Classe C pode ajudar a melhorar, já que os benefícios dessa renovação chegam por aqui da mesma forma. Como o objetivo era injetar luxo e glamour, foi no interior que ocorreram as mudanças mais impressionantes. Os três modelos que inicialmente chegam ao mercado brasileiro – C180 Classic, C200 Avantgard e C250 Sport – são os de entrada da linha. Mesmo assim já transmitem muito claramente a ideia de luxo.
No revestimento, todas as superfícies plásticas são soft-touch com aplicações em laca ou alumínio escovado, dependendo da versão. Detalhes são em cromado e em metal galvanizado – semelhante a alumínio –, dando contornos ao painel frontal, às entradas de ar e aplicados a botões, alavanca de câmbio e comandos. O desenho dos instrumentos, do volante multifuncional e dos bancos cria uma identificação com modelos superiores, como o CLS e o Classe E. Até mesmo o display interno aumentou – de 3 para 5 polegadas na C180 e para 7 polegadas na C250, que dispõe de navegação por GPS.
O desenho exterior buscou ampliar a percepção de esportividade do modelo. As principais mudanças foram na parte frontal. Ali, o para-choque apresenta volumes maiores nas extremidades que valorizam a robustez do desenho. Os conjuntos óticos ganharam contornos sinuosos na parte superior, o que quebra uma pouco a imagem sisuda que o modelo ostentava. Nas extremidades inferiores do para-choque, uma linha de leds compõe o day-light – equipamento que será obrigatório na Europa para veículos novos a partir de 2012. Na traseira, o para-choque ganhou uma forte proeminência que passa a funcionar como um aerofólio. Com as mudanças, o coeficiente de penetração aerodinâmica melhorou: era de 0,29 Cx e passou para 0,26.
A glamourização do Classe C foi certamente uma forma de tentar recuperar o terreno perdido. Mas como a marca queria valorizar a esportividade, a parte mecânica teve uma certa atenção. As três versões contam com o mesmo propulsor turbo 1.8 litro CGI, que já estava disponível no modelo vendido no Brasil. Agora, porém, ele deixa para trás o câmbio automático de cinco marchas e passa a ser gerenciado pelo 7G-tronic, de sete marchas e modo manual sequencial. A chamada suspensão agility control também foi mantida. O sistema consiste em amortecedores que abrem e fecham válvulas internas, de forma mecânica, de acordo com as solicitações do suspensão. Como também já acontecia, cada uma das versões apresenta um nível de potência diferente, em função de acertos da ignição, do comando variável, do turbo e da injeção direta. O C180 tem 156 cv, enquanto o C200 dispõe de 184 e o C250, 204 cv.
O nível de equipamentos é proporcional à potência de cada versão. Mas desde a "básica", C180 Classic, que custa R$ 116.900, o carro é bem completo. O revestimento é em couro sintético e os detalhes de acabamento são em laca preta. Ele chega com freios com ABS, BAS e controle de descida, seis airbags, attention assist – sistema que alerta para sinais de cansaço do motorista –, sensor de chuva e de luminosidade, apoios de cabeça dianteiros ativos, ar automático dual zone, controles eletrônicos de tração e de estabilidade, monitoramento de pneus. A C200 Avantgard custa R$ 150.900 e acrescenta apenas teto solar e acabamento interno em alumínio escovado e frisos externos.
A C250 Sport, que é a top de linha pelo menos até que a C350 chegue, sai a R$ 191.900. Ela recebe a mais que a C200 o acabamento em couro natural e sensores de obstáculos dianteiro e traseiro, o sistema parking guidance – uma espécie de "flanelinha eletrônico", que indica no painel qual movimento o motorista deve fazer para estacionar na vaga –, o comand on line, que monitora conexões sem fio, inclusive internet 3G, o sistema intelligent light, que controla potência e posicionamento dos faróis de acordo com a situação, faróis bixênon e pacote estético AMG – com teto preto, cáliper colorido e escapamento em aço inox –, traz recursos como discos perfurados, bancos esportivos, borboletas atrás do volante para mudanças de marcha, volante com a base reta e pedais em alumínio. Detalhes que certamente ajudam a construir a desejada imagem de requinte e esportividade
por Eduardo Rocha
Auto Press
A Mercedes pôs a mão na consciência e mudou o tratamento que vinha dispensando à Classe C. Desde a chegada da terceira geração do modelo médio, em 2007, a montadora traçou um plano para "aproximá-lo" conceitualmente dos modelos de entrada da marca, os Classes A e B. O problema é que essa aproximação se deu pela perda de glamour da linha de médios, principalmente na estética e na qualidade dos materiais empregado no acabamento, como a falta de detalhes e o uso de plásticos rígidos. O resultado foi desastroso. A média história de vendas da Classe C, desde sua primeira geração em 1993, era de aproximadamente 400 mil unidades por ano. Já a atual geração manteve uma média de apenas 250 mil unidades por ano em quatro anos de vida. A perda de quase 40% das vendas do Classe C mundo afora comoveu a Mercedes. Tanto que decidiu promover "o mais profundo face-lift da história da marca" – forma marqueteira de valorizar a correção de um grave erro de avaliação.
No Brasil a história é bem diferente. O C teve sucesso, principalmente por causa do reposicionamento do modelo, com versões com preço inicial abaixo de R$ 120 mil. A linha de médios responde por 60% das vendas da marca, que este ano deve alcançar as 10 mil unidades – o dobro de dois anos atrás. Situação que o Classe C pode ajudar a melhorar, já que os benefícios dessa renovação chegam por aqui da mesma forma. Como o objetivo era injetar luxo e glamour, foi no interior que ocorreram as mudanças mais impressionantes. Os três modelos que inicialmente chegam ao mercado brasileiro – C180 Classic, C200 Avantgard e C250 Sport – são os de entrada da linha. Mesmo assim já transmitem muito claramente a ideia de luxo.
No revestimento, todas as superfícies plásticas são soft-touch com aplicações em laca ou alumínio escovado, dependendo da versão. Detalhes são em cromado e em metal galvanizado – semelhante a alumínio –, dando contornos ao painel frontal, às entradas de ar e aplicados a botões, alavanca de câmbio e comandos. O desenho dos instrumentos, do volante multifuncional e dos bancos cria uma identificação com modelos superiores, como o CLS e o Classe E. Até mesmo o display interno aumentou – de 3 para 5 polegadas na C180 e para 7 polegadas na C250, que dispõe de navegação por GPS.
O desenho exterior buscou ampliar a percepção de esportividade do modelo. As principais mudanças foram na parte frontal. Ali, o para-choque apresenta volumes maiores nas extremidades que valorizam a robustez do desenho. Os conjuntos óticos ganharam contornos sinuosos na parte superior, o que quebra uma pouco a imagem sisuda que o modelo ostentava. Nas extremidades inferiores do para-choque, uma linha de leds compõe o day-light – equipamento que será obrigatório na Europa para veículos novos a partir de 2012. Na traseira, o para-choque ganhou uma forte proeminência que passa a funcionar como um aerofólio. Com as mudanças, o coeficiente de penetração aerodinâmica melhorou: era de 0,29 Cx e passou para 0,26.
A glamourização do Classe C foi certamente uma forma de tentar recuperar o terreno perdido. Mas como a marca queria valorizar a esportividade, a parte mecânica teve uma certa atenção. As três versões contam com o mesmo propulsor turbo 1.8 litro CGI, que já estava disponível no modelo vendido no Brasil. Agora, porém, ele deixa para trás o câmbio automático de cinco marchas e passa a ser gerenciado pelo 7G-tronic, de sete marchas e modo manual sequencial. A chamada suspensão agility control também foi mantida. O sistema consiste em amortecedores que abrem e fecham válvulas internas, de forma mecânica, de acordo com as solicitações do suspensão. Como também já acontecia, cada uma das versões apresenta um nível de potência diferente, em função de acertos da ignição, do comando variável, do turbo e da injeção direta. O C180 tem 156 cv, enquanto o C200 dispõe de 184 e o C250, 204 cv.
O nível de equipamentos é proporcional à potência de cada versão. Mas desde a "básica", C180 Classic, que custa R$ 116.900, o carro é bem completo. O revestimento é em couro sintético e os detalhes de acabamento são em laca preta. Ele chega com freios com ABS, BAS e controle de descida, seis airbags, attention assist – sistema que alerta para sinais de cansaço do motorista –, sensor de chuva e de luminosidade, apoios de cabeça dianteiros ativos, ar automático dual zone, controles eletrônicos de tração e de estabilidade, monitoramento de pneus. A C200 Avantgard custa R$ 150.900 e acrescenta apenas teto solar e acabamento interno em alumínio escovado e frisos externos.
A C250 Sport, que é a top de linha pelo menos até que a C350 chegue, sai a R$ 191.900. Ela recebe a mais que a C200 o acabamento em couro natural e sensores de obstáculos dianteiro e traseiro, o sistema parking guidance – uma espécie de "flanelinha eletrônico", que indica no painel qual movimento o motorista deve fazer para estacionar na vaga –, o comand on line, que monitora conexões sem fio, inclusive internet 3G, o sistema intelligent light, que controla potência e posicionamento dos faróis de acordo com a situação, faróis bixênon e pacote estético AMG – com teto preto, cáliper colorido e escapamento em aço inox –, traz recursos como discos perfurados, bancos esportivos, borboletas atrás do volante para mudanças de marcha, volante com a base reta e pedais em alumínio. Detalhes que certamente ajudam a construir a desejada imagem de requinte e esportividade
Ponto a ponto
Desempenho – A princípio, os números que o C180 apresenta não impressionam ninguém. Afinal, 156 cv de potência para um modelo com uma tonelada e meia de peso não cria uma equação muito favorável. Mas acontece que o motor 1.8 CGI turbo mantém o excelente torque de 25,5 kgfm entre 1.600 e 4.200 giros. Embora não transforme o sedã médio em bólido, faz com que o Classe C, a qualquer momento que seja solicitado, responda prontamente. Em situações de trânsito, urbano ou rodoviário, em que se é forçado a variar muito a velocidade, o Classe C mostra uma enorme agilidade. Segundo a fábrica, o zero a 100 km/h é cumprido em 8,9 segundos e a velocidade máxima é de 223 km/h. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão multilink nos quatro cantos, o sistema agility control, com amortecedores de rigidez variável, e as rodas de aro 17 com pneus de perfil baixo – 225/45 na frente e 245/40 atrás – dão um comportamento absolutamente neutro ao Classe C. O longo entre-eixos, de 2,76 metros, também ajuda a assentar ainda mais o modelo na pista, principalmente em curva longas. Nas curvas mais fechadas, ele é menos ágil. Mas mesmo aí não apresenta sinais de rolagem lateral. Em retas é preciso vigiar bem o velocímetro, pois o modelo ganha velocidade rapidamente e não dá para perceber só observando a paisagem. Nota 8.
Interatividade – A C180 ganhou Bluetooth, visor de LCD maior e um painel mais moderno, atraente e informativo – inclusive com attention assist. Mas alguns pecados de ergonomia poderiam ser evitados. Como os controles dos bancos "semi-elétricos", que regulam apenas a altura do assento e reclinagem do encosto, e que ficam espremido entre a porta e a lateral do assento. O volante multifuncional tem botões em excesso e é preciso desviar os olhos da estrada para poder acertar o comando desejado. As duas hastes do lado esquerdo, com o pisca e o controle de cruzeiro, são malposicionadas. Em um movimento natural, a mão cai sempre sobre o comando do controle de cruzeiro, muito menos utilizado que as luzes de direção. A falta de sensores de obstáculos e a má visibilidade traseira tornam as manobras uma atividade quase divinatória. Nota 6.
Consumo – A Mercedes promete, em um ciclo misto, uma média de 14 km/l. É claro que dificilmente a qualidade da gasolina nacional permitiria se chegar a esse índice. Mas não precisava ficar tão distante como no test drive, quase todo feito em auto-estrada. O computador de bordo acusou a média de consumo de 8,5 km/l. Nota 7.
Tecnologia – Todos os recursos tecnológicos importantes e mais alguns estão no C180. Além dos óbvios, para esse segmento, ABS, meia dúzia de airbags, controles de tração e de estabilidade, tem ainda suspensão adaptativa agility control, sistema de alerta de cansaço do motorista, apoios de cabeça ativos, ar com duas zonas de temperatura (no C250 são três zonas, duas na frente e uma atrás), sensores de chuva e de luminosidade, entre outros. Só é inexplicável a ausência de sensores de obstáculos. Nota 8.
Conforto – Tradicionalmente, o que caracteriza um Mercedes é a vocação para o conforto. E lá dentro estão vários recursos destinados a ampliar o bem-estar, como bancos anatomicamente irretocáveis e climatização e sonorização próximas da perfeição – mesmo sendo um modelo de entrada. Mas, de uns anos para cá, valores como esportividade e arrojo estético ganharam peso na equação da marca. Por isso, a suspensão até soca um pouco mais do que seria de se esperar, principalmente ao enfrentar rodovias cheias de remendos. Mas como tem amortecedores adaptativos, em uma condução mais suave, a maciez reaparece. Nota 9.
Habitabilidade – Os 2,76 metros de entre-eixos são muito bem ocupados no Classe C. Como mantém a altura total de um sedã tradicional – 1,44 metro –, foi preciso encompridar o modelo para ampliar a área de habitáculo. Não há apertos para pernas, ombros ou cabeça, tanto na frente quanto atrás. Os acessos são razoavelmente facilitados pelo bom ângulo de abertura e pelo contorno bem desenhado das portas – que não ameaçam a cabeça de quem entra ou sai. Dentro, ficam muito bem acomodados quatro passageiros – o quinto fica como um penetra, que ainda tem de sofrer com o túnel no assoalho. O espaço do porta-malas é bem generosos – 475 litros – e a abertura é ampla o suficiente para aceitar objetos bem volumosos. Nota 8.
Acabamento – É claro que no sedã mais barato da linha mais barata da Mercedes, não se poderia esperar um acabamento com materiais de alto nível. Só que o face-lift do Classe C foi concebido para recuperar o prestígio da linha. Antes dessa remodelação, o Classe C perdia feio para os rivais. Agora, os materias e os conteúdos estão além do que se encontra na categoria, o que deve criar um novo padrão para modelos médios de luxo. Materias agradáveis aos olhos e ao toque, com fechamentos e encaixes de ótimo padrão. De tudo isso, destoa apenas a utilização de couro sintético. Nota 8.
Design – A Mercedes não costuma arriscar. Ainda mais em um modelo que tem como primeira função não desagradar, como acontece com qualquer modelo de alto volume de vendas. Mas os designers da marca conseguiram tirar parte do ranço de carro sério, principalmente com a mudança do conjunto ótico e do pára-choque dianteiro. O face-lift não tornou o Classe C moderno ou ousado, mas deu um toque de esportividade muito bem-vindo. Nota 8.
Custo/Benefício – Na ponta do lápis, é difícil considerar que um modelo de R$ 116.900 possa ter um bom custo/benefício. Mas o novo C180 escapa a essa lógica. É uma versão pensada e montada para atrair novos consumidores para a marca. Por isso é bem completo e tem preço estrategicamente próximo ao de modelos de luxo das marcas generalistas. Nota 6.
Total – O Mercedes-Benz Classe C somou 77 em 100 pontos possíveis.
Desempenho – A princípio, os números que o C180 apresenta não impressionam ninguém. Afinal, 156 cv de potência para um modelo com uma tonelada e meia de peso não cria uma equação muito favorável. Mas acontece que o motor 1.8 CGI turbo mantém o excelente torque de 25,5 kgfm entre 1.600 e 4.200 giros. Embora não transforme o sedã médio em bólido, faz com que o Classe C, a qualquer momento que seja solicitado, responda prontamente. Em situações de trânsito, urbano ou rodoviário, em que se é forçado a variar muito a velocidade, o Classe C mostra uma enorme agilidade. Segundo a fábrica, o zero a 100 km/h é cumprido em 8,9 segundos e a velocidade máxima é de 223 km/h. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão multilink nos quatro cantos, o sistema agility control, com amortecedores de rigidez variável, e as rodas de aro 17 com pneus de perfil baixo – 225/45 na frente e 245/40 atrás – dão um comportamento absolutamente neutro ao Classe C. O longo entre-eixos, de 2,76 metros, também ajuda a assentar ainda mais o modelo na pista, principalmente em curva longas. Nas curvas mais fechadas, ele é menos ágil. Mas mesmo aí não apresenta sinais de rolagem lateral. Em retas é preciso vigiar bem o velocímetro, pois o modelo ganha velocidade rapidamente e não dá para perceber só observando a paisagem. Nota 8.
Interatividade – A C180 ganhou Bluetooth, visor de LCD maior e um painel mais moderno, atraente e informativo – inclusive com attention assist. Mas alguns pecados de ergonomia poderiam ser evitados. Como os controles dos bancos "semi-elétricos", que regulam apenas a altura do assento e reclinagem do encosto, e que ficam espremido entre a porta e a lateral do assento. O volante multifuncional tem botões em excesso e é preciso desviar os olhos da estrada para poder acertar o comando desejado. As duas hastes do lado esquerdo, com o pisca e o controle de cruzeiro, são malposicionadas. Em um movimento natural, a mão cai sempre sobre o comando do controle de cruzeiro, muito menos utilizado que as luzes de direção. A falta de sensores de obstáculos e a má visibilidade traseira tornam as manobras uma atividade quase divinatória. Nota 6.
Consumo – A Mercedes promete, em um ciclo misto, uma média de 14 km/l. É claro que dificilmente a qualidade da gasolina nacional permitiria se chegar a esse índice. Mas não precisava ficar tão distante como no test drive, quase todo feito em auto-estrada. O computador de bordo acusou a média de consumo de 8,5 km/l. Nota 7.
Tecnologia – Todos os recursos tecnológicos importantes e mais alguns estão no C180. Além dos óbvios, para esse segmento, ABS, meia dúzia de airbags, controles de tração e de estabilidade, tem ainda suspensão adaptativa agility control, sistema de alerta de cansaço do motorista, apoios de cabeça ativos, ar com duas zonas de temperatura (no C250 são três zonas, duas na frente e uma atrás), sensores de chuva e de luminosidade, entre outros. Só é inexplicável a ausência de sensores de obstáculos. Nota 8.
Conforto – Tradicionalmente, o que caracteriza um Mercedes é a vocação para o conforto. E lá dentro estão vários recursos destinados a ampliar o bem-estar, como bancos anatomicamente irretocáveis e climatização e sonorização próximas da perfeição – mesmo sendo um modelo de entrada. Mas, de uns anos para cá, valores como esportividade e arrojo estético ganharam peso na equação da marca. Por isso, a suspensão até soca um pouco mais do que seria de se esperar, principalmente ao enfrentar rodovias cheias de remendos. Mas como tem amortecedores adaptativos, em uma condução mais suave, a maciez reaparece. Nota 9.
Habitabilidade – Os 2,76 metros de entre-eixos são muito bem ocupados no Classe C. Como mantém a altura total de um sedã tradicional – 1,44 metro –, foi preciso encompridar o modelo para ampliar a área de habitáculo. Não há apertos para pernas, ombros ou cabeça, tanto na frente quanto atrás. Os acessos são razoavelmente facilitados pelo bom ângulo de abertura e pelo contorno bem desenhado das portas – que não ameaçam a cabeça de quem entra ou sai. Dentro, ficam muito bem acomodados quatro passageiros – o quinto fica como um penetra, que ainda tem de sofrer com o túnel no assoalho. O espaço do porta-malas é bem generosos – 475 litros – e a abertura é ampla o suficiente para aceitar objetos bem volumosos. Nota 8.
Acabamento – É claro que no sedã mais barato da linha mais barata da Mercedes, não se poderia esperar um acabamento com materiais de alto nível. Só que o face-lift do Classe C foi concebido para recuperar o prestígio da linha. Antes dessa remodelação, o Classe C perdia feio para os rivais. Agora, os materias e os conteúdos estão além do que se encontra na categoria, o que deve criar um novo padrão para modelos médios de luxo. Materias agradáveis aos olhos e ao toque, com fechamentos e encaixes de ótimo padrão. De tudo isso, destoa apenas a utilização de couro sintético. Nota 8.
Design – A Mercedes não costuma arriscar. Ainda mais em um modelo que tem como primeira função não desagradar, como acontece com qualquer modelo de alto volume de vendas. Mas os designers da marca conseguiram tirar parte do ranço de carro sério, principalmente com a mudança do conjunto ótico e do pára-choque dianteiro. O face-lift não tornou o Classe C moderno ou ousado, mas deu um toque de esportividade muito bem-vindo. Nota 8.
Custo/Benefício – Na ponta do lápis, é difícil considerar que um modelo de R$ 116.900 possa ter um bom custo/benefício. Mas o novo C180 escapa a essa lógica. É uma versão pensada e montada para atrair novos consumidores para a marca. Por isso é bem completo e tem preço estrategicamente próximo ao de modelos de luxo das marcas generalistas. Nota 6.
Total – O Mercedes-Benz Classe C somou 77 em 100 pontos possíveis.
Ficha técnica
Mercedes-Benz C180 CGI
Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 1.796 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo variável de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com sete marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 156 cv a 5 mil rpm.
Torque máximo: 25,5 kgfm entre 1.600 e 4.200 rpm.
Diâmetro e curso: 82 mm X 85 mm. Taxa de compressão: 9,8:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo multilink, com molas helicoidais e amortecedores de rigidez variável. Traseira independente do tipo multilink com amortecedores de rigidez variável. Oferece controle eletrônico de estabilidade. Sistema de suspensão adaptativa agility control e controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Dianteiros a discos ventilados e traseiros a disco sólido. Oferece ABS e EBD. Controle de freio em subida.
Pneus: 225/45 R17 na frente e 245/40 R17 atrás em rodas de liga leve.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,58 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,44 m de altura e 2,76 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais dianteiros, do tipo cortina e apoio de cabeça ativo.
Peso: 1.495 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 475 litros.
Tanque de combustível: 59 litros.
Produção: Bremen, Alemanha.
Lançamento: 2007.
Face-lift: 2011.
Primeiras impressões
Sopro divino
Mesmo sendo um Mercedes, o C180 provoca alguma desconfiança. Para começar, o motor é 1.8 e são apenas 156 cv para uma tonelada e meia de peso. A relação peso/potência é de carros comportados, previsíveis. Mas o que define tudo é a presença do turbocompressor. É ele que mantém o torque de 25,5 kgfm constante entre 1.600 e 4.200 giros. Ou seja: é ele que faz com que o C180 extrapole a medida mais óbvia da potência e ganhe velocidade e agilidade em praticamente todas as situações. Ainda mais porque, juntamente com o amplo espectro de rotação útil, há um câmbio de sete marchas com um escalonamento bem fechado. As marchas são tão próximas que algumas trocas só podem ser percebidas pelo ponteiro do conta-giros.
Tudo começa com a tradicional e inteligente reação do motor de arranque ao acionamento da chave. Basta indicar a intenção de ligar o carro uma vez para que o arranque fique acionado até o motor entrar em funcionamento. Os ajustes do banco não são lá muito glamourosos. A regulagem de distância é através de uma alavanca, como em qualquer carro comum. O acerto da altura do assento e reclinação do encosto é feito através de botões "malocados" entre o assento e a porta.
As arrancadas não são fortes a ponto de colar as costas no encosto, mas têm firmeza. Nas curvas e nas retas em ambiente rodoviário, como foi o test-drive, a neutralidade é absoluta. A suspensão não lembra muito as das antigas Mercedes, que eram moles. Esta é firme, mas é capaz de absorver e filtrar bem as irregularidades. O silêncio interno é absoluto. O câmbio tem modo manual sequencial, mas não parece ter sido pensado para ser usado. A alavanca fica próxima demais do corpo e os movimentos laterais para a mudança de marchas não parecem ser os mais lógicos – para a frente e para trás seriam mais intuitivos. Mesmo assim, é possível até arrancar da C180 um desempenho mais arisco e esportivo. Embora tudo nela conduza a uma direção mais calma.
Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
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