4 de abr. de 2011

Tanque cheio: Omega Fittipaldi

Nova seção avalia novidades até o ponteiro do marcador de combustível chegar na reserva

Hairton Ponciano Voz
Chevrolet
Chevrolet Omega Fittipaldi: edição limitada em apenas 600 unidades equipadas com motor V6 de 292 cavalos e injeção direta de gasolina
A série especial Omega Fittipaldi estreia uma nova seção no site de Autoesporte. Jornalistas da redação irão avaliar carros durante o período suficiente para gastar um tanque de combustível. Isso significa que esportivos provavelmente terão uma passagem fugaz por aqui, enquanto modelos econômicos tendem a ficar mais entre nós.

 Na linha 2011, o Omega autraliano está disponível apenas na série Fittipaldi e custa R$ 128.600. Tudo o que está no carro é de série, o que inclui controle de estabilidade, som com teclas no volante, tela touch screen com comandos de som, ar-condicionado, bancos de couro com ajustes elétricos, etc.
Peguei o sedã da Chevrolet em um final de quinta-feira, com o computador de bordo apontando 65 litros de gasolina no tanque (de um total de 73 l). Zerei o computador, para poder monitorar o consumo, e fui embora. Ainda sobre equipamentos, achei que os quatro airbags (dois frontais e dois laterais) são pouco para essa categoria de carros. Só para citar um exemplo, o Renault Fluence (que pertence a um segmento inferior) está chegando com seis air bags de série.

Chevrolet
Estilo sobrio está à espera da nova geração do modelo e não condiz com o desempenho empolgante
Estilo sobrio está à espera da nova geração do modelo e não condiz com o desempenho empolgante
O motor 3.6 V6 ganhou injeção direta e 38 cavalos. Com isso, a potência saltou para 292 cv, e faz a alegria de quem assume o volante. As respostas são muito ágeis, e o motor praticamente ignora os 1.735 kg do sedã de 4,9 metros. O torque também subiu, embora menos: foi de 35,7 para 36,7 kgfm. O câmbio automático, que agora tem seis marchas (tinha cinco) contribui para o ânimo do sedã: as passagens de marcha são suaves e rápidas. O motorista pode optar entre o modo automático, esportivo (movendo a alavanca para a direita) e manual (para frente e para trás).
Concordo com o redator-chefe, Glauco Lucena, que disse que na maioria das situações o modo esportivo nem é necessário. Mas, se eu fosse bicampeão do mundo, como Fittipaldi, o mínimo que eu pediria se quisessem pôr meu nome em um carro seriam alavancas no volante, para troca de marchas no estilo “Fórmula 1”.
Chevrolet
A marca Fittipaldi remete a esportividade, certo?
Aproveito para entrar em outra questão: a marca Fittipaldi remete a esportividade, certo? Então, por que escolher o Omega, um carro muito ligado a executivos, e que na maioria das vezes ocupam o banco de trás? Mais uma vez, se eu fosse o Emerson, sugeriria que colocassem meu nome no Omega 6.0 V8, disponível na Austrália, que rende 367 cv e faz 0 a 100 km/h em 6 segundos. A GM poderia dizer que nunca trouxe essa versão, e que não o faria agora, quando essa geração está perto do fim (a empresa não confirma, mas um novo Omega deverá ser lançado em meados do ano que vem). Ao que eu – sempre na pele do Emerson – retrucaria: “Então ponham meu nome no Camaro ou no Corvette, pô. Eu sou o mais rápido da família Fittipaldi, portanto mereço o mais rápido da família Chevrolet.” Mas haveria o risco de a GM sair com esta: “Não se esqueça que o Piquet aceitou associar seu nome ao Corsa [nos anos 90], e não era o filho.”
Bom, como eu não sou o Emerson, vamos voltar ao Omega. O fato é que, mesmo não sendo o mais rápido da linha, o modelo 3.6 ganhou uma bela injeção de ânimo com a injeção direta e o câmbio de seis marchas. Na pista, fez 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Cruzou os primeiros 1.000 metros a 194 km/h e também foi ágil nas retomadas. Nada mau para um carro de executivo, com visual já meio cansado (o modelo atual é de 2006). O estilo está tão ligado ao mundo masculino, digamos, “de mais idade”, que a repórter Carina Mazarotto se sentiu uma estranha no ninho: “Parecia que as pessoas estavam se perguntando: ‘o que essazinha está fazendo nesse carro?’”

Chevrolet
Interior vem com tela do tipo "touch screen" , mas há falhas de ergonomia, como os botões dos vidros entre os bancos

A questão é que o Omega tem estilo bem conservador. A traseira é o melhor ângulo do carro, principalmente pelo aspecto esportivo, conferido pelas duas grandes saídas de escape. De lado, há poucos atrativos visuais: a inscrição “Fittipaldi” não ameniza o jeitão circunspecto de carro de diretoria. De frente, apesar da máscara negra dos faróis, também não há nada empolgante. E existe uma falha: a entrada de ar no para-choque não é protegida por grade (como no modelo anterior). Por isso, cheguei em casa e tive de tirar um saco plástico que havia se alojado na frente do radiador. Numa situação mais extrema, poderia ter causado superaquecimento.
Apesar de reclamar do visual “da década de 90”, Carina elogiou o motor (“divertido”), o câmbio de trocas rápidas e até a suspensão, que garante bom comportamento nas curvas. Mas reclamou um pouco da alavanca de freio de mão, de funcionamento pouco suave. Concordo com ela. Aliás, eta redação sintonizada! Eu achava que só eu havia percebido que o retrovisor é pequeno e desproporcional ao carro, mas tanto ela como o Glauco perceberam a mesma coisa: os espelhos poderiam ser um pouco mais altos, para melhorar a visibilidade e a harmonia do estilo.
   Divulgação
Câmera ajuda nas manobras de estacionamento
Os comandos de vidros elétricos, no console central, também conseguiram desagradar a mim e ao Glauco. Até entendo (mesmo não concordando) quando um fabricante não consegue descolar um lugarzinho para acomodar os botões na porta de um carro compacto. Mas no Omega? Num sedã desse tamanho não há desculpa, e ali é ruim de mexer.
Também concordo com o Glauco sobre os comandos do ar-condicionado: eles são pouco intuitivos. Por outro lado, os controles de som agradam. Além de poder mexer nos botões existentes no volante, há a tela touch screen, nesse caso bem intuitivos. A Carina elogiou a reprodução na tela da lista de músicas e artistas do iPod, além de também ter gostado da entrada USB dentro do console: “Assim o aparelho não fica à mostra.” O acabamento também é muito bom, e a tonalidade prata fosca deixa o interior elegante.

Na cidade, o carro apontou média de 5,8 km/l, número que saltou para 9,2 km/l no fim de semana, em uma esticada até Santos. Para um V6 potente como esse, até que não está tão mau. Mérito da injeção direta (e das seis marchas).
   Divulgação
Rodas tentam dar um ar de esportividade ao carro
Achei que meu filho, Guilherme, iria se esbaldar no banco de trás durante a viagem, mas ele reclamou da falta de porta-copos no banco traseiro. Está cada vez mais difícil contentar essa garotada de hoje! Mas o fato é que ele tem razão. Num carro dessa categoria, é falta grave.
A viagem pela rodovia dos Imigrantes e seus vários túneis revelou outra deficiência: os faróis automáticos demoram um pouco para acender quando você entra na escuridão, falha notada também pela Carina. Outro problema é que não há sensor de chuva (outra ausência que beira o inaceitável num veículo desse nível). Em um sistema bem calibrado, as luzes devem se acender assim que o veículo entra no túnel, ou em algum local mais escuro.
O acabamento de couro bege claro é impecável, embora o Glauco tenha feito a ressalva de que a sujeira tende a aparecer com mais facilidade. No total, a GM vai oferecer 600 unidades da versão Fittipaldi, a uma média estimada de 50 por mês. Dessa forma, o estoque deve ser suficiente para um ano de vendas. Depois, provavelmente virá um Omega novo. Cá entre nós, a série poderia se chamar tanto Fittipaldi como Final Edition – ou Collection.

Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/

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