Teste: Maserati Quattroporte GTS - Coisa de milionário

Fotos: Márcio Maio/CZN e Divulgação

Com apenas 11 unidades vendidas no Brasil por R$ 1 milhão cada, Maserati Quattroporte esbanja luxo e potência
por Márcio Maio
Auto Press

Falar em exclusividade no setor automotivo, que inventou a produção industrial em série, pode soar como contradição. Mas a proposta da Maserati para o seu sedã Quattroporte no Brasil parece ser justamente essa.

A fabricante de automóveis de luxo traz apenas a versão de topo do modelo para o país – e pelo redondo e imodesto valor de R$ 1 milhão. Mas o consumidor pode, por encomenda, personalizar o automóvel de tal forma que é bem possível que seu carro se torne realmente único no país. Mesmo porque a sexta geração do Quattroporte, lançada em janeiro do ano passado na Europa e em maio por aqui, teve apenas 11 unidades vendidas no território nacional. Desde quatro modelos de rodas entre 19 e 21 polegadas, oito tons de carroceria, cinco cores de pinças de freio e cinco tipos de madeiras para o interior, muitas são as combinações possíveis para quem decide – e pode – levar um Quattroporte para a garagem.

Para tirar os 1.900 kg do Quattroporte da inércia, a Maserati instalou o novo motor V8 biturbo de 3.8 litros a gasolina, o mais moderno propulsor já utilizado em um carro da marca. Capaz de entregar impressionantes 530 cv de potência a 6.800 rpm e 72,4 kgfm de torque a 2250 giros, a unidade de força faz o carro chegar aos 100 km/h em apenas 4,7 segundos e atingir uma velocidade máxima de 307 km/h. O conjunto é gerenciado pelo câmbio automático de oito marchas da alemã ZF, que despeja a potência nas rodas traseiras e possui cinco modos de operação: Auto Normal, Auto Sport, Manual Normal, Manual Sport e I.C.E,. que melhora a eficiência do consumo de combustível.

No exterior, a tradicional grade oval da Maserati, com o tridente da marca cravado em seu centro, cria uma identificação quase instantânea com a fabricante. O visual, aliás, é um atrativo à parte no carro. O sedã premium tem silhueta que lembra a de um cupê – embora esbanje espaço interno para os ocupantes traseiros – e detalhes que reforçam seus traços esportivos. Como os dois pares de ponteiras de escape em aço escovado e as três tomadas de ar instaladas atrás das rodas dianteiras, que iniciam as linhas laterais do Quattroporte.

Pelo preço de R$ 1 milhão, o sedã ostenta dispositivos tecnológicos que até impressionam, mas não parecem justificar esse inusitado valor. O carro traz sistema de navegação equipado com tela “touch screen” de 8,4 polegadas, câmera de ré e é capaz até de reconhecer redes de internet sem fio. Os passageiros de trás contam com duas telas de 10,2 polegadas de LCD instaladas nos encostos dianteiros e a versão completa, que é a disponível no Brasil, conta também com equipamento de som com 15 alto-falantes espalhados pelo carro. Na questão da segurança, o Quattroporte GTS sai com seis airbags – dois frontais, dois laterais e dois de cortina.

Primeiras impressões
Abuso do poder econômico

Rio de Janeiro/RJ – Tudo em torno da Maserati exala riqueza. Inclusive o local escolhido pela marca para a realização de seu “test drive”, para poucos veículos imprensa especializada e possíveis compradores do seu topo de linha, o sedã Quattroporte. Foi escolhido para o evento o imponente Iate Clube do Rio de Janeiro, que fica no tradicional bairro carioca da Urca. De lá, cercado de “humildes” embarcações da alta burguesia, partiu o teste. Com direito a escolta de dois seguranças que, sem a mesma sorte, fizeram o percurso a bordo de um despojadíssimo Fiat Mille.

A configuração é a única disponível no Brasil, a GTS, que traz um potente propulsor V8 3.8 litros biturbinado. O motor impressiona não apenas pelo desempenho, mas principalmente pelo ronco que emite desde a partida. A ignição é feita ao lado esquerdo, a partir de um botão, e a transmissão automática de oito marchas explora bem a unidade de força, com trocas suaves e no “timing” certo. Para quem prefere uma direção mais esportiva, o Quattroporte permite a troca de marchas a partir de generosas borboletas localizadas no volante.

O V8 induz a acelerações mais incisivas no pedal, talvez uma tentativa de “libertar” os 530 cv de potência que o propulsor ostenta. Pena que o trajeto proposto para a avaliação, todo em perímetro urbano, não tenha permitido a experiência de uma direção mais esportiva. Pelo menos, foi possível constatar que a suspensão atua de maneira impecável, aliviando os ocupantes dos impactos das buraqueiras das ruas brasileiras. De dentro do carro, a impressão que se tem na maior parte do tempo é de que se transita em uma superfície absolutamente lisa.

O veículo alia a esportividade de um motor biturbo ao luxo e conforto de um sedã que vai além da categoria premium. Como se pode esperar de um Maserati que não sai da concessionária por menos de R$ 1 milhão, a cabine tem acabamento de altíssimo nível. Painel e o console central esbanjam vários detalhes em madeira e o ar-condicionado do veículo é quadrizone, permitindo ajustes individuais de temperatura. O sistema multimídia traz uma tela de 8,4 polegadas sensível ao toque emoldurada em alumínio escovado e de fácil utilização. Um charme extra – e que também reforça o requinte e o luxo do automóvel – fica por conta do tradicional relógio de ponteiros no centro do painel, uma marca da fabricante italiana.

Ficha técnica
Maserati Quattroporte GTS

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 3.798 cm³, oito cilindros em “V”, com quatro válvulas por cilindro, dois turbocompressores e duplo comando do cabeçote. Injeção direta e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de oito marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 530 cv a 6.800 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 4,7 segundos.
Velocidade máxima: 307 km/h.
Torque máximo: 72,4 kgfm a 2.250 rpm.
Diâmetro e curso: 86,5 mm x 80,8 mm. Taxa de compressão: 9,5:1.
Suspensão: Dianteira tipo Double-wishbone com braços de alumínio e traseira tipo Double-wishbone com cinco braços multilink.
Pneus: 245/40 R20 na frente e 285/35 R20 atrás.
Freios: Discos ventilados nas quatro rodas com ABS e EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares, com 5,26 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,48 de altura e 3,17 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.900 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 530 litros.
Tanque de combustível: 80 litros.
Produção: Turim, Itália.
Lançamento mundial: 2013.
Itens de série: Ar-condicionado digital quadrizone, trio elétrico, direção com assistência hidráulica, ABS, EBD, airbags frontais, laterais e de cortina, central multimídia com comandos no volante e tela sensível ao toque de 8,4 polegadas, rádio/CD/DVD/MP3/SD/USB/iPod/Bluetooth, leds de iluminação diurna, sensores de estacionamento, volante e bancos dianteiros aquecidos e duas telas de 10,2 polegadas de LCD nos encostos dianteiros.
Preço: R$ 1 milhão.

 

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