21 de nov. de 2013

Teste : Bravo ainda busca lugar ao sol com versão Sporting

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O Bravo está cercado. Não bastasse chegar ao mercado brasileiro somente em 2010 (três anos anos depois da Europa), o hatch médio da Fiat agora se vê de cara com dois best-sellers europeus: Golf 7 e Focus 3 acabam de estrear por aqui e têm como meta monopolizar as atenções do segmento.
Para piorar, começaram a pipocar na internet alguns flagras do Viaggio hatch (veja aqui), que será o substituto do Bravo em diversos mercados – é cotado para produção na fábrica que a Fiat está construindo em Goiana (PE) a partir de 2016.
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Diante de tamanha maré contra, como fica o Bravo? Bem, pegá-lo pouco tempo depois de dirigir os novos Golf e Focus deixa claro que, se os três custassem a mesma coisa, o Fiat estaria em maus lençóis. Mas a marca mineira sabe disso e tem um posicionamento, digamos, mais realista para o modelo. Tome como exemplo esta versão Sporting testada por nós: tabelada a R$ 59.970, já vem com o desejado teto solar SkyDome (que cobre quase toda a capota), rodas aro 17″ e toda a caracterização esportiva – que inclui spoiler e minissaias laterais, grade dianteira preta com contorno vermelho, faixa decorativa na tampa do porta-malas e nas laterais, e a sigla Sporting na tampa traseira e soleiras das portas dianteiras. Mesmo sendo a versão intermediária do Bravo, ela custa menos do que um Focus S básico, de R$ 60.990, e fica bem abaixo do Golf TSI de entrada, que sai a R$ 67.990 na tabela, mas nas lojas é mosca branca.
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Se a primeira impressão é de que os novos rivais estão à frente do Bravo, depois de alguns dias com ele você percebe que também não há muitas queixas a fazer. Particularmente, acho que uma reestilização na dianteira poderia caria bem, pois a traseira é inegavelmente a parte mais feliz do estilo. Ao volante, ele é um Puntão – e isso é bom. Quem já teve o compacto “premium” da Fiat vai se sentir no irmão maior dele, com alguns ganhos significativos.
Uma sacada mantida do antecessor Stilo é a direção elétrica com o sistema Dual Drive, que deixa o volante ainda mais leve em manobras até 40 km/h – por meio de um botão no painel. É uma verdadeira “mão na roda” na hora de estacionar, com o perdão do trocadilho. Em velocidades de viagem, a direção enrijece e oferece um feedback razoável, ainda que não consiga disfarçar uma certa artificialidade no peso do volante. Mas é melhor que o Stilo, cuja direção era boba demais.
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Em oposição ao próprio Stilo (e à maioria dos Fiats), o Bravo não tem nada de macio. Aliás, no Bravo Essence o acerto de suspensão é o ponto fraco do carro – sem conseguir oferecer conforto decente, nem conter o balanço da carroceria em desvios rápidos. Nesta versão Sporting a coisa melhora: com molas mais baixas e amortecedores enrijecidos (um presente da versão T-Jet), o hatch não revela grande perda na qualidade de rodagem (fica um pouco mais sacolejante) e ficou mais “na mão” quando exigido. A rolagem da carroceria é sensivelmente menor e há menos transferência de peso nas curvas mais fechadas e frenagens fortes.
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O melhor comportamento e os adereços esportivos, porém, não fazem do Bravo Sporting um legítimo esportivo – missão que cabe ao T-Jet. Como nos demais modelos Sporting da Fiat (Uno, Palio e Punto), o lance aqui é mais visual do que mecânico. Isso não significa, no entanto, que o Bravo não seja capaz de nos divertir. O motor 1.8 16V E-TorQ tem um ronquinho legal, que atiça a dar umas esticadas de marcha, enquanto os 18,9 kgfm de torque empurram bem desde baixas rotações. Em alta, os 132 cv dão conta do recado.
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Uma mexida da engenharia conseguiu deixar o Bravo com uma resposta tão, ou mais, esperta que a do Punto Sporting. É simples: para compensar o maior peso do Bravo (1.372 contra 1.222 kg), a Fiat encurtou a relação de diferencial de 3,733 do Punto para 4,067 – embora as relações de marcha sejam as mesmas. Acabou que o irmão maior acelerou quase tão rápido quanto o menor (0 a 100 km/h em 11,6 s contra 11,5 s) e ainda abriu distância nas duas provas de retomadas, sem contar que o câmbio do Bravo tem acionamento mais leve que o do Punto. Em compensação, a relação mais curta custou alguns pontos do ruído interno. A 120 km/h em quinta marcha, o Bravo viaja com uma leve (mas incômoda com o passar do tempo) intromissão do motor na cabine, com o conta-giros apontando medianas 3.200 rpm.
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Ainda na comparação com o Punto, o Bravo se mostrou um pouco mais sedento: fez a razoável média de 6,7 km/l de etanol na cidade e 9,9 km/l na estrada, diante de 7,4 km/l e 10,2 km/l. Mas o hatch médio faz valer o gasto extra no posto (e na compra) em diversos quesitos: é maior e mais espaçoso, tem interior mais refinado e um porta-malas generoso para a categoria, com 400 litros. Em termos de espaço, a diferença principal fica por conta da maior largura e da melhor acomodação no banco traseiro, sem contar a saída de ar exclusiva para os passageiros de trás.
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Quanto ao acabamento, o Bravo se destaca pela textura agradável das laterais de porta pelo toque macio da faixa imitando fibra de carbono que atravessa o painel, ficando bem posicionado no segmento. O quadro de instrumentos oferece boa leitura (iluminação laranja), mas o navegador por GPS do sistema Blue&Me (ambos opcionais ao lado do ar-digital) peca por não ter uma tela vistosa como no Bravo T-Jet – aqui as direções aparecem num visorzinho no próprio quadro de instrumentos. Estranhamente também, a versão Sporting não oferece os airbags laterais e de cortina na lista dos opcionais, ao contrário das demais configurações.
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Ao fim do teste, fica a impressão de que o Bravo merecia vender um pouco mais. Tudo bem que não faça frente ao novos Focus e Golf, mas ainda dava para entrar no bolo de Chevrolet Cruze e Peugeot 308 até a chegada do Viaggio hatch nos próximos anos. Uma possível solução seria a Fiat providenciar uma tabela de preços mais agressiva. Basta ver que a Peugeot está fazendo promoção no 308 de entrada a R$ 49.990. Que tal um Bravo Essence a R$ 50 mil também?
Por Daniel Messeder
Fotos Diogo Dias e autor

Ficha técnica – Fiat Bravo Sporting
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.747 cm3, comando simples, flex; Potência: 130/132 cv a 5.250 rpm; Torque: 18,4/18,9 kgfm a 4.500 rpm; Transmissão: câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: disco ventilados na dianteira, sólidos na traseira, com ABS; Peso: 1.372 kg; Capacidades: porta-malas 400 litros, tanque 58 litros; Dimensões: comprimento 4.336 mm, largura 1.792 mm, altura 1.488 mm, entreeixos 2.602 mm
Medições CARPLACE
Aceleração
0 a 60 km/h: 4,9 s
0 a 80 km/h: 7,9 s
0 a 100 km/h: 11,6 s
Retomada
40 a 100 km/h em 3a: 10,7 s
80 a 120 km/h em 4a: 10,5 s
Frenagem
100 km/h a 0: 41,7 m
80 km/h a 0: 26,3 m
60 km/h a 0: 14,5 m
Consumo
Ciclo cidade: 6,7 km/l
Ciclo estrada: 9,9 km/l
Números do fabricante
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,9 s
Consumo cidade: 7,9 km/l
Consumo estrada: 11,2 km/l
Velocidade máxima: 193 km/h

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