27 de set. de 2013

NA PISTA COM O NISSAN GT-R

Com 553 cv, superesportivo é domável por mãos inexperientes, graças ao novo sistema de tração

por GIULIA LANZUOLO, DE NEWPORT BEACH (EUA)
Nissan GT-R Track Edition (Foto: Nissan)
A Nissan GT-R Track Edition é a mais nervosa das três versões do cupê. Com 1.722 kg, é também a mais leve da tríade. Mas no dia em que encostei nos pedais desse carro, certamente sentia um peso muito maior do que essa tonelada e meia nas costas.
Era a primeira vez que dirigia um superesportivo capaz de despejar 553 cv nas quatro rodas. Nos Estados Unidos, são apenas 150 unidades disponíveis do japonês. Tento apagar esses dados da cabeça, ouço as instruções técnicas, coloco o capacete e me esforço para assimilar as curvas da pista de 2,4 km, numa base militar desativada na Califórnia.

Na fila, espero minha vez enquanto ouço o barulho ensurdecedor dos motores e pneus cantantes do GT-R Nismo GT3 e Juke Nismo, modelos que compartilhavam a pista naquele dia. Entro no cockpit (não é exagero chamar assim) e tento me acomodar, mas a soma entre um capacete destrambelhado e um banco concha de couro com costuras aparentes não é nada oportuna. A Nissan insiste que o GT-R se adapta tanto ao uso diário quanto às situações de alta performance. Mas convenhamos... um carro que vai a 100 km/h em 2,7 segundos, cujas suspensões foram desenvolvidas no circuito de Nürburgring está mais para pilotar do que para dirigir.
Nissan GT-R Track Edition (Foto: Nissan)
Outra evidência desse DNA é que o GT-R Track Edition serviu de base para a elaboração do GT3, modelo de competição usado na FIA GT Series. Os dois têm quase a mesma potência, com uma diferença de 3 cv do amador para o profissional.

Confesso que estava com medo de pôr à prova essa potência, mas foi difícil resistir à empolgação do piloto que me acompanhava. A cada manobra, ele soltava um “go, go, gooo!” mais alto que o outro. Na pisada mais sutil, o carro arrancou e meu corpo foi pressionado para dentro do banco. Por um momento, achei que não fosse conseguir fazer as curvas. Mas fica difícil algo dar errado devido ao sistema de tração integral com transmissão da traseira independente, o primeiro do mundo a adotar essa configuração, segundo a montadora. Isso melhora a distribuição de peso, a capacidade de manejo e a aderência dos pneus.
Nissan GT-R Track Edition (Foto: Nissan)
Além da bem-vinda tecnologia, tive sorte de a pista ser tipicamente americana, ou seja, com poucos trechos de alta exigência técnica, priorizando intervalos extensos, para teste de alta velocidade. Assim, consegui me virar bem, ou melhor, sobreviver às três curvas fechadas e aos três zigue-zagues. Com pouquíssimos desníveis e formato quadrangular, o percurso virou o cenário ideal para tentar alcançar os 350 km/h de máxima. O quanto cheguei perto disso, não dá para saber. A adrenalina foi alta demais para prestar atenção no painel.
Refeita da emoção do teste-pilotagem, consegui enfim reparar na beleza escultural do esportivo. Muitos adorariam ter esse gostinho de experimentar o GT-R por pouco menos de três minutos, mas esqueça a possibilidade. A Nissan não planeja lançar o carro no Brasil, devido ao alto investimento que as revendas teriam de fazer para atender a poucas unidades. Uma pena, mas a filial brasileira ainda não curou o trauma das fracas vendas do cupê 350Z no fim da última década.

Viagem a convite da Nissan
Nissan GT-R Track Edition (Foto: Nissan)


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