10 de jun. de 2013

No Trilho da F-1:Os passos de um novo Fittipaldi na Inglaterra


Pietro Fittipaldi, durante prova da F4 Britânica em SIlverstone (Divulgação/BRDC Formula 4)Pietro Fittipaldi, durante prova da F4 Britânica em SIlverstone (Divulgação/BRDC Formula 4)
 
Uma das coisas mais normais no mundo do automobilismo é filhos ou netos de pilotos seguirem o mesmo caminho das corridas. Existem vários clãs pelo mundo onde o ofício de pilotar carros de corridas vai passando por gerações.
Aqui no Brasil, temos um caso famoso com a família Fittipaldi. Wilson e Emerson começaram tudo na década de 60 e, na de 70, fizeram o mundo conhecer o país com as conquistas do irmão mais novo. Tempos depois, foi a vez de Christian, filho de Wilsinho, seguir o mesmo caminho. E agora, a história tem um novo capítulo com Pietro, neto de Emerson.
Criado nos Estados Unidos, Pietro foi “alfabetizado” na cultura dos circuitos ovais e começou a construir a carreira com foco na Nascar. Participou de categorias regionais, venceu corridas e conquistou um título. Morando em Charlotte, berço da Stock Car americana, tendo como tio Max Papis, piloto da categoria, e uma aproximação com Nelsinho Piquet, não era nenhum absurdo enxergar os próximos anos de Pietro nas categorias de acesso à Nascar (K&N Series, Truck Series e Nationwide Series).
No entanto, o piloto decidiu dar um giro de 180º na carreira. Com a influência do avô e com o apoio de Carlos Slim, empresário mexicano que levou tanto Sergio Pérez quanto Estebán Gutierrez para a F1, Pietro seguiu rumo à Europa, correr de monoposto. Pela frente, o desafio de se adaptar a um mundo completamente diferente ao que ele estava acostumado. Em vez de carros com mais de uma tonelada, bólidos leves. Em vez de ovais, curvas tanto para a esquerda quanto para a direita. Corridas em que o reflexo do piloto pesa mais para um bom resultado.
Com muita personalidade, o jovem Pietro deixou claro que não estava satisfazendo a vontade do avô apenas. Disse que, sim, houve a influência da família, que teve sucesso no Velho Mundo, mas que, se ele não tivesse gostado do que viu, teria voltado aos Estados Unidos. E ainda fez questão de ressaltar que, se não der certo, não terá o menor problema em completar a volta com mais 180º e retornar para o caminho dos ovais no país onde cresceu.
Para acelerar o aprendizado e a adaptação, Pietro está competindo em duas categorias neste ano. A F4 Championship e a Protyre F-Renault, ambas na Inglaterra. O discurso é aquele padrão nestas situações, de que o importante é aprender o máximo possível e que os resultados neste início não são o mais importante. Mas, obviamente, piloto nenhum corre para aprender apenas e a vontade de conquistar bons resultado é real. Mas o retrospecto de Pietro nas primeiras provas não foi dos melhores.
Uma das maiores dificuldades é relacionada com os traçados, pois Pietro desembarca em pistas onde nunca andou antes. Até pegar o jeito, o neto de Emerson já acaba comprometendo a qualificação e precisa sempre partir para corridas de recuperação. Os acidentes também estão sendo um problema. Assim como Pietro, a maioria dos outros pilotos também é muito jovem, sem muita experiência, e os toques acabam sendo inevitáveis nas provas.
“Definitivamente não foi meu melhor final de semana. Larguei em sétimo na última corrida e, assim como na anterior, fui acertado por um adversário que vinha atrás de mim e freou muito dentro da curva, me acertando”. O relato acima é sobre a prova da F4 em Brands Hatch. O brasileiro é apenas o 17º na tabela de classificação. Na F-Renault, ele deixou de completar uma prova em cada etapa e é apenas o 15º do campeonato.
As dificuldades são reais e normais para quem foi criado numa outra cultura de corridas. O importante é que Pietro siga absorvendo o máximo que puder das reações dos carros, das pista e também dos rivais, para tentar se antecipar aos acidentes e escapar deles. O piloto conta com uma tranquilidade financeira e tem que se preocupar apenas em se divertir. As possibilidades são grandes, mas a chance de não dar certo também é real. O que os brasileiros esperam é que estes primeiros degraus resultem em mais um piloto no trilho da F1. No entanto, Pietro, se não der, que seja então um vitorioso da Nascar, categoria igualmente digna para um vencedor.

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