9 de mai. de 2013

A ironia no mais espetacular pódio da história da F1


Senna, Prost e Schumacher no pódio: cena única na história (Foto: Divulgação)Senna, Prost e Schumacher no pódio: cena única na história (Foto: Divulgação)
Como imaginar ou aplicar um significado histórico a mais um GP de F1, longe das explicações rotineiras presas ao desempenho de fulano ou sincrano?
Em seu momento, eles parecem apenas acontecer. Alguns podem ter marcas ou façanhas imediatamente notáveis, mas muitos permanecerão discretamente nos registros até que se perceba qual sua importância. É o caso do GP da Espanha de 1993, que completa 20 anos nesta quinta.
Naquela prova, Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher se posicionaram, nesta exata ordem, no pódio. Era apenas um pódio a mais após uma corrida marcada por uma enorme monotonia, na qual a única “notícia” no fim da prova havia sido a confirmação do domínio de Prost, que assumira a liderança do campeonato e o quinto lugar de Michael Andretti – que pela primeira vez terminara uma corrida na categoria. Mas foi a única vez que os três ícones dividiram um pódio.


Antes do páreo, apesar da liderança de Senna, o cenário era bastante favorável a Prost. O francês, após receber duras críticas sobre sua pilotagem em pista molhada, vencera um instável GP de San Marino, duas semanas antes, com tranquilos 32s4 de vantagem para Michael Schumacher.
Na Emília-Romanha, Senna vinha até bem, ocupando o segundo lugar, mas sofreu uma pane hidráulica a 19 voltas do fim e permitiu a aproximação do rival no Mundial de Pilotos. Até Donington Park, duas etapas antes, o piloto da Williams amargara um déficit de 12 pontos para o brasileiro.
Schumacher, por sua vez, vivia um ano claudicante. Mesmo inexperiente, subjugou com facilidade o veterano Riccardo Patrese e arrancou dois sólidos pódios em Interlagos e Imola. Por outro lado, também acumulou insucessos em Kyalami e Donington Park. Na África do Sul, por exemplo, derrapou após uma épica disputa com Senna, quando tentava colocar seu B192 por dentro do MP4/8.
Como esperado, porém, o treino classificatório, realizado em tempo ensolarado, teve amplo domínio da Williams. Na primeira sessão, Prost se dera o luxo de retirar carga aerodinâmica da traseira do FW15 e enfiar mais de meio segundo sobre Senna.
Na segunda, a diferença dilatou para quase dois segundos, em parte graças a um fator tão curioso quanto mambembe: um mecânico esquecera de conectar um sensor na suspensão dianteira direita do McLaren e prejudicara as voltas rápidas de Senna.
Desta forma, Prost partiu em primeiro, ao lado do companheiro Damon Hill, com Senna em terceiro. Atrapalhado por um cisco no olho direito – parece sacanagem, mas não é –, Schumacher bateu o colega Riccardo Patrese por sete décimos no primeiro treino e se garantiu em quarto, ao lado da McLaren. Karl Wendlinger, da Sauber, ocupou a sexta posição no grid.
Senna + Prost + Schumacher - 1993
A largada em Barcelona foi atribulada. Primeiro, Johnny Herbert, da Lotus, não conseguiu ligar seu 107-Ford na volta de apresentação e caiu para o fundo do pelotão. Na sequência, a fiação do semáforo sofreu uma pane e indicou a luz laranja – que significa largada abortada – em vez da verde, mas ainda assim, os 25 carros – Michele Alboreto, da Scuderia Italia, não se classificou – partiram sem problemas.
Hill tomou a dianteira, seguido de Prost, Senna, Schumacher e Patrese, e como de praxe, as Williams abriram folga em relação ao resto nas primeiras voltas.
No 11º giro, Prost superou o companheiro britânico e tomou a ponta, enquanto Senna se mantinha num calmo terceiro lugar, às vezes acuado pela aparição de retardatários como Érik Comas, da Larrousse.
Prost e Hill se mantiveram separados por cerca de 1s5 até uma falha no motor Renault V10 do britânico, na 41ª passagem.
Assim, a ordem com Prost, Senna e Schumacher, provocada por um fator externo, continuou até o fim do percurso. Para se ter uma ideia da monotonia, no momento da quebra de Hill, a distância entre Williams e McLaren era de quase 20 segundos.
E, ironicamente, para o que os três representam hoje, o fim da prova foi recebido com pouca cerimônia pela imprensa e por equipes, como no cenário descrito no início do texto. A prova de que nunca teremos muito cacife para entender a ironia do tempo.
Prost + Senna + Schumacher - Barcelona, 1993
GP da Espanha de 1993 – resultado final:


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