22 de mar. de 2013

Teste: Volkswagen Touareg R-Line - O concreto e o abstrato

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Teste: Volkswagen Touareg R-Line - O concreto e o abstrato
Volkswagen Touareg R-Line traz luxo e boa mecânica, mas esbarra nos rivais das marcas premium

Desde que cismou que também pode ser marca de luxo, a Volkswagen já teve duas investidas entre os veículos premium. Com o sedã Phaeton, o resultado não foi nada satisfatório. Com o utilitário esportivo Touareg, contudo, a história é bem mais feliz.
Não que ele seja um sucesso absoluto de vendas, mas foi suficiente bem para se tornar uma espécie de vitrine de tecnologia e sofisticação da Volks. Para valorizar ainda mais o seu produto, a fabricante alemã passou a oferecer no fim do ano passado o pacote de equipamentos R-Line para o Touareg, com motor V8 de 4.2 litros e 360 cv, que realça uma veia esportiva do utilitário. Entretanto, à medida que o visual fica mais atraente, a etiqueta de preços se torna menos entusiasmante. Vendido completo a quase R$ 360 mil, ele entra na faixa de preços dominada por Mercedes, BMW, Land Rover, Audi e Porsche. Briga complicada, com modelos já sedimentados no segmento de luxo.

O problema não chega a ser o recheio ou o que o modelo da Volks pode fazer. Em uma comparação direta, o Touareg chega a ser mais equipado e potente que alguns rivais premium de preço semelhante. O mais importante neste segmento, no entanto, é o requinte que o carro “exala”. Uma percepção de sofisticação que a marca Volkswagen sempre tentou imprimir em seus carros, mas nunca atingiu o nível dos compatriotas. Em resumo, pode ser difícil optar por ter um VW na garagem enquanto se pode escolher um BMW, Mercedes, Porsche ou Audi. Tipo de dilema que a versão V6 do Touareg não sofre tanto. Como seu preço é inferior aos SUVs das marcas premium de mesmo porte, o Touareg V6 não chega a ser um real rival para eles, já que não há uma efetiva competição entre os modelos.



O Touareg R-Line compartilha peças com dois de seus principais rivais. A plataforma é a PL71, mesma usada pelo Audi Q7 e pelo Porsche Cayenne, duas marcas que compõem o Grupo Volkswagen. O trem de força também vem dos “companheiros”. O motor V8 4.2 FSI foi desenvolvido pela Audi no meio da última década e chega a equipar até o superesportivo R8. No Touareg, ele desenvolve 360 cv a 6.800 rpm e 45,4 kgfm a 3.500 giros. Já a transmissão automática de 8 marchas, com dupla embreagem e opção de trocas sequenciais na manopla ou através de borboletas atrás do volante, é feita pela alemã ZF e usada em outros  modelos à venda atualmente – inclusive no Q7. O conjunto consegue levar o utilitário da Volkswagen da imobilidade até os 100 km/h em 6,5 segundos e à velocidade máxima de 245 km/h.

A lista de equipamentos também mostra que o utilitário da Volkswagen não fica devendo a ninguém. Os itens de série trazem apenas o obrigatório no segmento, como seis airbags, sistema de entretenimento com GPS, bancos com ajuste elétrico, ar-condicionado de quatro zonas, faróis de xenônio direcionais, acabamento interno com detalhes em alumínio, suspensão pneumática, entre outros. Com isso, o Touareg V8 custa R$ 308.190. Com o pacote R-Line, que adiciona para-choques maiores, rodas de 20 polegadas e detalhes estéticos mais esportivos, o preço sobe em R$ 13.785. Mas é nos opcionais que o SUV mais se destaca. Lá estão itens como o controle de cruzeiro adaptativo, teto solar panorâmico, sistema de som premium da Dynaudio e quatro câmaras auxiliares para manobras. Todo completo, o Touareg R-Line vai a R$ 358.240.

Tal valor pode ser difícil de justificar para quem vem atrás de um logo VW – normalmente associado a produtos automotivos populares e não a modelos sofisticados. E que ainda tem um visual muito semelhante a veículos que custam dez vezes menos – como o Gol ou o Fox, por exemplo. Detalhes que talvez ajudem a explicar desempenho comercial um tanto tímido do Touareg. As vendas neste segmento no Brasil, evidentemente, não alcançam altos volumes, pois o foco é o reforço da imagem de cada marca e a rentabilidade de cada unidade vendida. E o grande destaque é o Porsche Cayenne, que lidera com 96 unidades vendidas nos dois primeiros meses do ano. O Touareg, com 29 emplacamentos – quase uma unidade vendida por dia –, vem bem atrás. Mas ao menos supera os “compatriotas” BMW X5 e Audi Q7, que tem vendas bem mais restritas – 10 e 6 unidades, respectivamente.



Ponto a ponto

Desempenho – Sem nenhuma alteração mecânica em relação ao Touareg V8 tradicional, o R-Line é um SUV extremamente rápido. O V8 de 4.2 litros e 360 cv faz um excelente trabalho para catapultar as mais de duas toneladas do Touareg. Em baixos giros até falta um pouco de ânimo para o utilitário, mas basta atingir rotações médias que o torque de 45 kgfm surge em sua totalidade e faz o carro acelerar com determinação. A transmissão de oito marchas é outra que merece elogios pela suavidade e velocidade. O zero a 100 km/h é feito em 6,5 segundos, marca mais que respeitável para um veículo deste porte. Nota 9.

Estabilidade – O Touareg R-Line tem um surpreendente bom acerto considerando suas dimensões e peso. O carro ainda tem um sistema que deixa o conjunto mais esportivo, com ajustes mais rígidos da suspensão, mas que não chegam a fazer tanta diferença assim. Destaque também para os imensos pneus 275/45 R20 que são responsáveis por boa parte da tarefa de manter o SUV em trajetória. Nota 9.

Interatividade – Como qualquer carro topo de linha e cheio de equipamentos de conforto e entretenimento, o Touareg é lotado de botões. Porém, o funcionamento geral do carro é até bem simples. O sistema de som/GPS tem funcionamento intuitivo e projeta diversas informações também na tela posicionada entre os instrumentos. No console central ficam as teclas que mudam os parâmetros e altura da suspensão para trajetos off-road e modos mais esportivos, todos bem auto-explicativos. A visibilidade é boa, ainda mais com a ajuda das câmaras que mapeiam tudo que acontece ao redor do SUV e ajudam a estacionar o grande utilitário. Nota 10.

Consumo – O V8 do Touareg tem “sede”. O computador de bordo marcou média de 6,5 km/l de gasolina. O InMetro não realizou medições do SUV. Nota 5.

Tecnologia – A segunda geração da Touareg usa a mesma plataforma do primeiro modelo, de 2002, mas ainda mantém ótimos níveis de rigidez e espaço interno. O motor V8 foi desenvolvido primariamente pela Audi e é um dos destaques, assim como a transmissão da ZF. Por se tratar de uma versão topo de linha, o R-Line vem muito bem equipado de fábrica. Nota 9.

Conforto – As rodas grandes e de perfil fino não contribuem muito para o conforto ao rodar. A suspensão, por outro lado, tem calibragem correta e absorve boa parte dos solavancos. O interior é bem espaçoso, com bancos extremamente confortáveis e ergonômicos. O isolamento acústico é excelente e praticamente deixa o motorista alheio aos sons do mundo externo. Nota 9.



Habitabilidade – A Touareg é um carro alto, mas não há grandes mistérios para entrar e sair dele. Por dentro, é tudo bem localizado e há bastante espaço para guardar objetos pessoais, principalmente sob o apoio de braço. O porta-malas leva 520 litros e tem acesso simples. Nota 8.

Acabamento
– Apesar do desenho um tanto banal, o acabamento do Touareg R-Line é dos melhores. Há couro de boa qualidade espalhado pela cabine, além de alumínio e outros materiais agradáveis ao toque. Os bancos também têm belo acabamento e são muito confortáveis. Nota 9.

Design – A Touareg é imponente de se olhar. Isso é inegável. O problema é que tem aquele mesmo desenho difundido – e até “manjado” – em outros inúmeros carros da Volkswagen. E falta de exclusividade no estilo é algo que certamente depõe contra um carro de mais de R$ 300 mil. Nota 6.

Custo/beneficio – Numa análise meramente matemática, o Touareg V8 até se sai bem na comparação com os concorrentes. Na mesma faixa de preço, Audi Q7, Porsche Cayenne, BMW X5 e Mercedes-Benz ML têm motores de seis cilindros, contra o V8 da Volkswagen. O Touareg também é muito bem equipado e não deixa a desejar em relação aos rivais. O problema é que nesta faixa de preços geralmente também se procura exclusividade e status, atributos que a marca Volkswagen tem dificuldades para oferecer. Outro lado negativo da versão é o preço dos apliques estéticos que diferenciam a versão R-Line. Só os apliques de para-choque, rodas maiores e bancos mais esportivos adicionam quase R$ 14 mil à conta final. Nota 4.

Total – O Volkswagen Touareg R-Line somou 78 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir


Temperamento germânico


Não é preciso muito tempo ao volante para perceber que o Touareg é um Volkswagen diferente. Nem tanto no quesito estético, já que o visual – mais uma vez – parece apenas uma releitura das onipresentes linhas retas espalhadas pela fabricante em toda sua gama. Mas sim na parte dinâmica. O trem de força é realmente impecável. O motor V8 4.2 faz um excelente trabalho na inglória tarefa de tirar mais de duas toneladas da inércia. Em baixas há até alguma “preguiça”, mas quando se pisa fundo e os giros rapidamente superam os 3 mil rpm, o torque máximo aparece e cola os ocupantes nos confortáveis bancos de couro. É até surpreendente ver como o nada delicado SUV ganha velocidade tão rapidamente. Ponto também para a ótima transmissão de oito marchas feita pela ZF. As trocas são extremamente suaves e, na maioria das vezes, imperceptíveis.

Um utilitário alto, largo e pesado pode deixar a desejar na hora das curvas. Mas é exatamente o oposto do que se vê na prática. O Touareg faz jus aos apliques aerodinâmicos da carroceria que dão uma faceta mais invocada ao modelo. A suspensão tem molas pneumáticas que mudam de rigidez conforme a necessidade. No modo esportivo, é claro, elas ficam mais duras na tentativa de suavizar as inevitáveis rolagens de carroceria. Há até alguma diferença no jeito como o SUV se apoia nas mudanças de direção, porém nada marcante. O ajuste normal já é acima da média – muito por causa dos imensos pneus 275/45 que colam no asfalto.



O interior traz uma pitada do que se vê em quase toda a linha da Volks, mas elevada ao máximo. O volante, por exemplo, é espantosamente semelhante ao que está disponível até no Gol. O mesmo acontece com o painel de instrumentos, que exibe uma disposição bem simples. O resto, contudo, compensa. O modelo exibe um belíssimo acabamento, com couro, alumínio e materiais emborrachados. A oferta de equipamentos de conforto também é boa. O sistema de entretenimento com GPS é completo e simples de ser usado. Existem ainda botões para controlar a altura da suspensão e a sua rigidez, todos também bem intuitivos.

O Touareg é um carro grande, mas a tecnologia ajuda ao motorista se “virar” nas apertadas ruas das cidades. Como opcional, o utilitário pode vir com quatro câmaras espalhadas pela carroceria que projetam as suas imagens na tela central. Na hora de estacionar, elas simulam uma visão superior do carro e facilitam bastante ao saber onde estão os limites do SUV. Na hora de superar um cruzamento, é possível usar as imagens das câmaras laterais para melhorar a visualização. Ainda há sensores de ponto cego que ajudam nas conversões de faixa. Quando chego o momento de encarar uma estrada, o auxílio vem na forma do controle de cruzeiro adaptativo, que acelera e freia automaticamente o Touareg de acordo com o fluxo do trânsito. Pitadas estratégicas da “boa e velha” moderna tecnologia germânica
   
Ficha técnica

Volkswagen Touareg V8 R-Line

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 4.163 cc, oito cilindros em V, duplo comando de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de oito marchas com dupla embreagem, com opção de trocas sequenciais na manopla e através de borboletas atrás do volante. Tração integral. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 360 cv a 6.800 rpm.
Torque máximo: 45,4 kgfm a 3.500 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 6,5 segundos.
Velocidade máxima: 245 km/h.
Diâmetro e curso: 84,5 mm 92,8 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.
Suspensão: Dianteira independente, com braço duplo transversal, molas helicoidais e amortecedores pneumáticos. Traseira independente, com braço duplo transversal, molas helicoidais e amortecedores pneumáticos. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 275/45 R20.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EDB.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,79 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,70 m de altura com suspensão normal, ou 1,78 m de altura com suspensão elevada e 2,89 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 2.075 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 520 litros.
Tanque de combustível: 100 litros.
Produção: Bratislava, Eslováquia.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado de quatro zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecidos, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, display central colorido, retrovisor interno eletrocrômico, faróis de xenônio com acendimento automático, faróis de neblina com auxílio em curvas, controle de tração e estabilidade, controle de cruzeiro, airbags frontais, laterais e de cortina, monitor de pressão dos pneus, keyless, tração integral, revestimento interno em couro e rádio/CD/MP3/Aux/Bluetooth/GPS.
Preço: R$ 308.190.
Opcionais: Teto solar panorâmico, sistema de som Dynaudio, pacote estético R-Line, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de auxílio a ponto cego e conjunto com quatro câmaras auxiliares.
Preço completo: R$ 358.240.






Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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