28 de mar. de 2013

Teste: Citroën DS5 – Força de caráter

foto: Luiza Dantas
Teste: Citroën DS5 – Força de caráter
Citroën DS5 tem proposta e design ousados para enfrentar modelos de entrada de marcas premium
 
A Citroën foi extremamente inteligente na hora de criar uma estratégia para atacar o segmento de carros de luxo. A marca francesa percebeu que a missão de brigar com marcas tradicionais, como BMW e Mercedes, seria quase impossível. Por isso, resolveu criar modelos que, apesar de requintado, passem longe do conceito dos conservadores sedãs alemães. Foi assim que surgiu a linha DS, composta de automóveis com “carroceria alternativa” e muito requinte embarcado. E o que melhor exemplifica essa abordagem peculiar é o DS5. Com carroceria crossover extremamente inusitada, ele tem preço semelhante aos alemães de entrada, mas características e qualidades bem exclusivas.
 
O apelo principal e mais óbvio é do visual e da distinta proposta de configuração. O DS5 é um autêntico crossover. Ele tem porte de SUV e jeitão de sportback, numa composição de elementos que “funcionam” em outros tipos de veículo. Para deixar a mistura ainda mais interessante, a Citroën caprichou no desenho. O estilo é moderno e parece até um carro-conceito que escapoliu do estande em um salão internacional. Além de largo e comprido, ele tem diversos vincos e cromados espalhados na carroceria. O que mais se destaca é o que a marca chama de “sabre”. Uma imensa peça cromada de 1,20 metro que começa na ponta do farol e chega até a base das janelas dianteiras. Modernismo que continua na cabine com aspecto futurístico e inspiração na aviação – caso dos botões no teto, por exemplo.

 
Tanto a lista de equipamentos como a mecânica não chegam a contribuir muito para esta proposta de vanguarda. Não que sejam componentes antigos, mas são já conhecidos no segmento. Entre itens de conforto, o DS5 vem com cruise control, ar dual zone, bancos com ajustes elétricos – o do motorista ainda inclui um massageador para a região lombar – e central multimídia com Bluetooth e GPS. A parte de segurança é composta por seis airbags, controles de estabilidade e tração, faróis bixenon e luzes diurnas de led. Ou seja, nada fora do comum. 
 
O trem de força é até bem conhecido no Brasil. O motor é o 1.6 THP difundido na PSA Peugeot Citroën e na Mini. Com turbo e injeção direta de gasolina, ele gera 165 cv a 6 mil rpm e torque de 24,5 kgfm a 1.400 giros. A transmissão é a mesma automática de seis marchas que sempre acompanha este propulsor – exceto no DS3 que recebe câmbio manual. O conjunto leva o crossover a 100 km/h em 8,9 segundos e à 211 km/h.

 
O DS5 também se equipara aos concorrentes em preço. A própria Citroën apontou os compradores de BMW, Mercedes e Audi como seus principais alvos. As três contam com sedãs médios de entrada, bastante desequipados, que partem de cerca de R$ 120 mil. O modelo francês fica por aí: custa R$ 124.900. A pretensão da Citroën no final do ano passado era de vender 500 unidades do crossover por ano. Em quase três meses de 2013, já foram mais de 200 emplacamentos. Um volume parcial que aponta para a superação da meta. Mas ainda suficientemente pequeno para manter a exclusividade, desejável para um carro como o DS5.

Ponto a ponto
 
Desempenho – Os números oficiais até apontam para boas marcas de aceleração e retomada do DS5. Contudo, a realidade é que o carro tem desempenho apenas comportado. O motor 1.6 THP é competente, mas tem dificuldades para mover os 1.480 kg do crossover. A oferta de torque em rotações baixas até ajuda no cenário urbano, mas não transforma o DS5 em um veículo propriamente veloz. A impressão é que o DS5 é um carro para ser curtido a velocidades de cruzeiro, sem grandes emoções. Nota 7.
 
Estabilidade – O DS5 é baixo, largo, comprido e pesado. Ainda por cima, tem suspensão rígida. Todas são características que permitem uma grande competência dinâmica ao modelo da Citroën. Mesmo com tração dianteira e o alto peso, as saídas de frente são controladas. A direção é direta e comunicativa na medida certa. Nota 9.
 
Interatividade – O DS5 é um tanto contraditório neste aspecto. Ele tem diversos elementos que deixam a vida a bordo mais simples, como sistema de som completo com GPS, bancos dianteiros com ajustes elétricos, head-up display, que projeta informações de velocímetro na linha do para-brisas, e boa área envidraçada para a dianteira. O problema é que a disposição de todos estes comandos nos consoles centrais superior e inferior deixou tudo confuso. Os inúmeros botões deixam a cabine parecida com a de um avião – a intenção perece ser esta –, mas complica tarefas simples, como abrir uma janela ou mudar a estação do rádio. Nota 7.
 
Consumo – O crossover da Citroën não foi nada bem nos testes de consumo do InMetro. O modelo, que utiliza apenas gasolina, fez 8,6 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada, segundo a entidade. Estas marcas deram a ele a classificação D. Nota 4.
 
Conforto – Os bancos do DS5 são extremamente confortáveis – o do motorista ainda inclui massagem para a região lombar. Também há espaço em todas as dimensões e o imenso teto panorâmico parece ampliar a área interna do veículo. O lado negativo é a suspensão bem dura para os padrões e os pisos brasileiros. A maioria dos buracos é superada com uma seca pancada no interior. Os pneus de perfil baixo também não contribuem para melhorar o conforto ao rodar. Nota 7.



Tecnologia – Apesar do que o nome pode induzir a pensar, o DS5 é feito na plataforma alongada do Citroën C4 de segunda geração, que já roda na Europa. A oferta de equipamentos é excelente – há até massageador para o motorista. O trem de força também é bem moderno, mas apenas dá conta de mover dignamente o pesado crossover. Mas o modelo conta com diversos itens de segurança, como seis airbags, head-up display, luzes diurnas, câmara de ré, sensores de chuva, de luminosidadde e de obstáculos e controle de estabilidade e tração. Nota 9.
 
Habitalidade – O porta-objetos “escondido” sob o descanso de braços mais parece um baú de tão grande. Há ainda uma área separada com entradas auxiliares do rádio que ainda pode abrigar carteira e celular, por exemplo. A área à frente da alavanca de câmbio também funciona como um porta-trecos bem prático. Apesar de ter um teto baixo ao longo de toda a carroceria, entrar e sair do DS5 não chega a ser uma tarefa complicada. Nota 9.

Acabamento
– É realmente impressionante a qualidade e capricho empregados no interior do DS5. O painel tem inserções de alumínio forjadas em uma peça única além materiais de ótimo toque. Os bancos são revestidos de couro com uma costura de aspecto bonito e agradável. Até a parte exterior impressiona, com elementos cromados em todo lugar que se olhe – até dentro do porta-malas. Nota 10.
 
Design – É impossível ficar indiferente ao DS5. As formas da carroceria já seriam capazes de, por si só, destacar o crossover. Mas a Citroën não economizou nos detalhes que embelezam a carroceria. A barra cromada apelidada de “sabre” que começa na janela e termina na ponta do farol é um exemplo disso. O para-choque todo recortado é outro destaque do belo modelo francês. Nota 10.
 
Custo/benefício – A ideia da Citroën é que o DS5 dispute clientes com sedãs alemães de entrada. A seu favor fica o acabamento acima da média, o nível de equipamento superior ao dos rivais e o design incomum. O desempenho é apenas satisfatório, enquanto a dinâmica é apurada – com um sério prejuízo no conforto ao rodar. Em termos financeiros, é um concorrente direto de BMW 320i, Audi A4 e Mercedes C180, mas com a proposta de oferecer mais exclusividade. Nota 6.
 
Total – O Citroën DS5 somou 78 pontos em 100 possíveis.


Impressões ao dirigir
 
Alta costura
 
Se existisse no mundo automotivo uma relação de “custo/número de pescoços virados nas ruas” o DS5 seria o vencedor com uma margem absurda. Não há modelo por R$ 130 mil que chegue perto do apelo estético do crossover da Citroën. Sensação que é ampliada quando se passa para o lado de dentro. A cabine parece um híbrido de avião e nave espacial. A quantidade de botões para controlar rádio, ar-condicionado, head-up display e janelas é enorme. São mais de 50 teclas para as mais diversas funções. Para comandar com maestria os equipamentos do DS5 é necessário praticamente um brevê – ou, pelo menos, um bom tempo para se ganhar familiaridade. Ao menos, a profusão de botões cria um ambiente que impressiona qualquer um. Mais uma vez, não existe concorrente em sua faixa de preço que se aproxime neste aspecto.
 
O mesmo acontece com o acabamento: impecável. Existe couro de excelente qualidade em quase todos os lugares. Há ainda imensas peças de alumínio forjadas a partir de uma única chapa. Os bancos também são extremamente confortáveis, com direito até a massageador para o motorista.

 
Após o deslumbre inicial com a cabine, chega a hora de pressionar o botão de partida e movimentar o crossover. O motor 1.6 THP, tão elogiado em carros como o DS3 e os modelos da Mini, parece sofrer um pouco para mover os 1.480 kg do DS5. Ele é apenas justo para um carro deste porte. A maneira com que o crossover encara uma sequência de curvas, no entanto, é bem mais surpreendente. A suspensão é dura e as dimensões ajudam a manter o carro grudado no chão. Mesmo assim, é quase impossível tomar uma multa de velocidade na direção do DS5. Não só pelo trem de força “comportado”, mas porque existem três velocímetros na linha de visão do motorista : o head-up diplay, um tradicional analógico e outro digital. Mas a ideia do DS5 nem é trazer um desempenho avassalador. Se fosse rápido demais, talvez não servisse tão bem ao propósito de desfilar pelas ruas e atrair centenas de olhares invejosos. Algo que ele consegue com uma eficiência impressionante.
 
Ficha técnica
Citroën DS5
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm.
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,9 segundos.
Velocidade máxima: 211 km/h.
Diâmetro e curso: 77,0 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo pseudo McPherson, com braços inferiores triangulares e barra estabilizadora. Traseira deformável com barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. Oferece ABS com REF e AFU. 
Pneus: 235/45 R18.
Carroceria: Crossover em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,53 metros de comprimento, 1,58 metro de largura, 1,51 metro de altura e 2,73 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina. 
Peso: 1.480 kg.
Capacidade do porta-malas: 468 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Sochaux, França.
Lançamento mundial: 2011.
Itens de série: Airbags frontais, laterais e de cortina, apoios de cabeça com regulagem de altura, controle de estabilidade e tração, faróis bixenon com acendimento automático, luzes diurnas de led, cruise control, freio de estacionamento elétrico, ar-condicionado dual zone, botão de partida, câmara de ré, computador de bordo, pedaleira de alumínio, trio elétrico, revestimento de couro, head-up display, bancos com ajuste elétrico, banco do motorista com massageador, rodas de liga leve de 18 polegadas e rádio/CD/MP3/Aux/Bluetooth/GPS.
Preço: R$ 124.900.






Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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