15 de mar. de 2013

Teste: Chevrolet Agile LTZ Easytronic - Lei do menor esforço

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Teste: Chevrolet Agile LTZ Easytronic - Lei do menor esforço
Chevrolet aposta na versão Easytronic do Agile para seduzir consumidores adeptos do conforto

por Rodrigo Machado
Auto Press


O segmento de hatches “altinhos” costuma ter uma premissa básica: oferecer conforto para todos os ocupantes. O teto elevado em relação aos modelos “comuns” permite maior espaço interno, geralmente acompanhado de uma suspensão macia de maior curso, que ajuda na tarefa de absorver a buraqueira das cidades grandes.
Renault e Volkswagen perceberam que havia outra maneira de ampliar a “boa vida” nestes modelos: eliminar o pedal da embreagem. A Chevrolet até demorou, mas seguiu a tendência apontada por Sandero e Fox, seus concorrentes diretos. Mostrou antes do Salão do Automóvel a versão Easytronic que ressuscita a transmissão automatizada dentro da marca, agora em sua segunda geração.

A atualização com a introdução do novo equipamento, por sinal, aconteceu exatemente antes do lançamento do Onix no mercado nacional. E, evidentemente, não foi coincidência. Como o novo e moderno modelo apelando para a modernidade, a saída da Chevrolet foi explicitar a capacidade do Agile em ser um carro confortável. É uma tentativa para diminuir uma provável canibalização dentro da linha da GM.



Esta versão automatizada do Agile já havia sido prometida desde o lançamento do carro, em 2009, mas a GM nunca mais tocou no assunto. A opção chega agora, para reforçar sua posição no momento em que  vira vítima do “fogo-amigo” do Onix. Para um modelo que surgiu como uma espécie de “tapa-buraco”, enquanto o Corsa hatch não ganhava um substituto à altura,  o Agile até se saiu bastante bem. Chegou a ser o sexto carro de passeio mais vendido do país.

Apesar do mesmo nome, o câmbio Easytronic traz mudanças importantes em relação ao que passou a equipar versões 1.8 da Meriva em 2007. No monovolume, o sistema era assinado pela empresa alemã Luk. Agora, na atual transmissão, além de estar acoplada a um motor 1.4, recebe o sistema da italiana Magnetti Marelli, a mesma que fornece para a Fiat o Dualogic Plus e para a Volkswagen o I-Motion. Isso significa que o Agile conta com a função “creeping” que faz o carro andar assim que se tira o pé do freio, idêntico aos modelos automáticos. A transmissão gerencia o único propulsor disponível no Agile: o EconoFlex 1.4 capaz de gerar 102 cv e 13,5 kgfm com etanol e 97 cv e 13,2 kgfm de torque com gasolina.

Dessa forma, o hatch da Chevrolet ganha armas para encarar melhor o Sandero Automatique e o Volkswagen Fox I-Motion, seus principais rivais. Na comparação direto, o Agile é o mais barato deles. Mas é também o que tem o motor menor e menos potente. Por R$ 44.520, o “high-roof” da Chevrolet já vem completo – incluindo aí o câmbio Easytronic – que adiciona R$ 2.200 à conta do Agile LTZ. Estão na lista itens como ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, ABS, sensor de luminosidade e rádio/CD/MP3/USB/Aux/Bluetooth.



Ponto a ponto


Desempenho – O motor 1.4 EconoFlex não faz feio no Agile. O torque de 13,5 kgfm aparece em rotações de médias para altas e é suficiente para mover o hatch. Mas como fica um pouco acima do ideal para o trânsito urbano, o carrinho acaba por transitar de forma bem mansa nas ruas da cidade. Para tirar o melhor do modelo, é preciso subir o giro. A segunda geração da transmissão automatizada Easytronic é que ainda mostrou muita destreza em interpretar o que deve fazer em cada momento. Está inegavelmente mais suave, mas se atrapalha um bocado. Nota 6.

Estabilidade – O Agile vai bem em curvas. A carroceria rola, mas não passa sensação de insegurança. Mas em carros elevados não há mágica. Em altas velocidades, quando o velocímetro aponta 110, 120 km/h – marcas ainda dentro da lei –, ele começa a flutuar e perde a precisão da direção. Nota 6.

Interatividade – O quadro de instrumentos tem iluminação vistosa e diagramação clara – apesar de haver um certo estranhamento pelo sentido do ponteiro do conta-giros, que desce ao invés de subir. O rádio fica em posição muito baixa e exige que se tire os olhos do volante para efetuar os comandos. O ar-condicionado tem visor digital e funcionamento bem simples. O câmbio automatizado se mostrou pouco interativo. Ainda mais porque o modelo não dispõe de paddle shift, como o rival da Volkswagen. As trocas sequenciais só podem ser comandadas diretamente na alavanca. Nota 7.

Consumo – A Chevrolet não cedeu nenhum modelo para testes de consumo do InMetro. O computador de bordo apontou média de 8,3 km/l com etanol em trajeto misto. Nota 7.

Conforto – A carroceria alta dá bom espaço interno para todos os ocupantes do Agile. Além disso, a suspensão tem curso longo, é macia, o que ajuda a filtrar os buracos com competência. Já o isolamento acústico é apenas razoável. Nota 8.



Tecnologia – O Agile aproveitou uma plataforma derivada do Corsa, de 1994. Mesmo que tenha sido retrabalhada, tem uma base antiga. O motor também desembarcou no Brasil em 1994, mas pelo menos passou por mudanças mais substanciais e garante desempenho razoável ao hatch. A lista de equipamentos é apenas satisfatória para um carro deste segmento e preço, caso dos quase obrigatórios ABS e airbag duplo. O câmbio, talvez por ser novo, não parece bem ajustado e tem um comportamento pouco harmônico. Nota 6.

Habitalidade – O Agile até vai bem neste aspecto. Existe uma profusão de porta-objetos no painel e no console central e não há qualquer problema para entrar ou sair do hatch. O porta-malas leva 327 litros, capacidade ligeiramente superior à dos rivais diretos. Nota 8.

Acabamento – A imensa quantidade de plástico no interior do Agile chega a impressionar. Mas o maior problema é a qualidade do material em si. Diversos apliques são de plástico de pouca espessura, de aparência fragil. É o caso do porta-objetos no topo do painel e até das saídas de ar. As rebarbas são comuns e até o tecido nas portas, que deveria passar uma ideia de requinte, é desagradável ao toque. Nota 5.

Design – O Agile não recebeu qualquer alteração estética desde o seu lançamento em 2009. Isso significa que ele mantém o “bocão” e os imensos faróis em um conjunto um tanto atabalhoado. De lá para cá, a GM tem lançado carros bem mais acertados visualmente. O perfil é mais interessante, com o aplique de plástico na coluna traseira que faz um conjunto vistoso. Nota 6.

Custo/benefício – O Agile Easytronic está tabelado em R$ 44.520, valor ligeiramente inferior aos seus dois principais concorrentes, o Volkswagen Fox I-Motion e o Renault Sandero Automático. A lista de equipamentos dos três é bem semelhante. Porém, tanto Volks quanto Renault dispõe de motor mais potente e um compotamento dinâmico mais acertado. O Sandero ainda tem a seu favor o fato de sua transmissão ser realmente automática. Nota 6.

Total – O Chevrolet Agile Easytronic somou 65 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Transmissão de novidade

Na época do lançamento, o Agile já não agradava muito esteticamente. As linhas eram desproporcionais em relação ao tamanho do carro – faróis e grade dianteira são muito grandes para um hatch compacto e a linha de cintura é muito baixa para um modelo altinho. Agora, com a nova linha da Chevrolet, capitaneada pelos vistosos Cruze e Onix, a discrepância visual é ainda maior.

No resto, a grande novidade presente no Agile é a opção do câmbio automatizado Easytronic. Antes, este sistema, feito pela Luk, equipava as versões 1.8 da Meriva. Agora, feito pela Magneti Marelli, gerencia o motor 1.4. Ou seja: o trabalho de harmonização entre motor e câmbio teve de recomeçar. E, por enquanto, ele se mostra pouco afinado. E atrapalha exatamente no momento em que mais deveria ajudar: no trânsito urbano e em baixas velocidades. O sistema fica indeciso entre trocar ou manter determinada marcha. É difícil prever o que o computador vai decidir. As trocas manuais na alavanca amenizam isso, mas aí se perde boa parte do próposito do câmbio, que é aumentar o conforto do motorista.

O motor 1.4 continua apenas suficiente para o tamanho e peso do Agile. Ele até tem boa potência e explora giros elevados sem grandes problemas, além de fornecer consumo razoável. O problema é em baixos giros, quando ele se mostra pouco eficiente. O hatch “altinho” da Chevrolet contorna curvas com alguma desenvoltura e parece não sentir os efeitos do teto alto. De fato, eles só aparecem em velocidades mais altas. Basta superar os 100 km/h que o Agile flutua e exige correções de trajetória. E, curiosamente, é exatamente na estrada que o câmbio Easytronic se mostra mais competente.



Ficha técnica

Chevrolet Agile LTZ Easytronic

Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.389 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 97 cv com gasolina e 102 cv com etanol a 6 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 12,8 s.
Velocidade máxima: 165 km/h.
Torque máximo: 13,2 kgfm com gasolina e 13,5 kgfm com etanol a 3.200 rpm.
Diâmetro e curso: 77,6 mm x 73,4 mm. Taxa de compressão: 12,4:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira interdependente, com braços longitudinais, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 3,99 metros de comprimento, 1,68 m de largura, 1,54 m de altura e 2,54 m de entre-eixos. Oferece airbag duplo como opcional.
Peso: 1.063 kg.
Capacidade do porta-malas: 327 litros.
Tanque de combustível: 54 litros.
Produção: São Caetano do Sul, Brasil
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: Airbag duplo, desembaçador traseiro, ABS, BAS, EBD, sensor de luminosidade, faróis de neblina, trio elétrico, computador de bordo, ar-condicionado com visor digital, coluna de direção com regulagem em altura, direção hidráulica, rádio/CD/MP3/USB/Aux/Bluetooth e bancos do motorista com regulagem de altura e câmbio automatizado.
Preço: R$ 44.520.






Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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