27 de fev. de 2013

Primeiras impressões: BMW X1 xDrive28i 2013

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A BMW não fez uma versão perua do Série 1. Em vez disso eles decidiram fazer um crossover não muito alto, nem muito utilitário. Na verdade o BMW X1 é baseado na plataforma da perua da série 3. Não dá para comprá-lo com câmbio manual, mas dá para rodar por aí com tração traseira. Ele não é um SUV, mas até que é um carro bacana.

(Nota: a BMW quis tanto que testássemos o X1 que eles me entregaram um modelo com o tanque cheio por uma semana por que eu liguei para eles e pedi)
Há vários modelos e versões da BMW que gostaríamos de ter por aqui, mas é bem comum ficarmos ofuscados pelas ausências de modo que não vemos o que há de bom por aqui. Acho que o maior problema dos entusiastas com os crossovers é que a maioria deles é grande e desajeitado, e eles seriam bem melhores se fossem uma perua ou um hatchback.
Os crossovers são a jujuba azul do mundo automotivo. Algumas pessoas adoram a jujuba azul, mas elas têm gosto estranho para quem gosta de jujubas. Mas acho que acabamos generalizando esse negócio. Claro, o BMW X6M é estranho, mas também é rápido e absurdo. Por que gostamos do Rally Fighter e não do X6M?
O X1 tem um porte entre o Série 1 e o Série 3 Touring (tem a mesma altura de um Citroën C3, por exemplo), e equilibra bem esportividade, luxuosidade e praticidade. Ele também roda como um legítimo carro alemão. É isso o que ele é: um carro comum — e certamente será o último alemão a ter direção hidráulica e freio de mão.
Em uma semana de uso notei que ele tem o tamanho ideal para um casal jovem, especialmente aqueles no qual o marido gosta de pegar estradas que mais parecem estágios de rali e dirige rápido por curvas tortuosas.
É um carro perfeito? Não. É aqui que entra minha crítica por não ter um desses com tração traseira, câmbio manual, direção hidráulica e o motor quatro cilindros. Gostaria de testar a versão de tração traseira, mas a dinâmica da integral quase me faz esquecer dela.
Agora que já tirei minhas reclamações do caminho, você tem permissão para daqui em diante deixar de virar a cara para o BMW X1. Você pode até comprar um que nós nem vamos julgá-lo.

Por fora

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A BMW adora pintar seus carros de prata, o que é uma pena, pois quando eles usam toda a paleta de cores os carros ficam muito bem. A cor do modelo testado é a Le Mans Blue Metallic. Sou um notório muquirana quando se fala em equipar os carros (até mesmo os carros que não são meus), e por isso falarei sobre os opcionais desnecessários mais adiante. A cor, contudo, é algo que definitivamente vale a pena.
O resto do carro? Há um certo conflito entre a realidade de este ser um carro comum (ele é tão próximo do chão quanto qualquer carro que você dirija) e o emblema X na sua lateral. Olhando de frente ele é exatamente como um hatch da Série 1 deveria ser, com um bico forte e teutônico e aquela grade em forma de duplo rim. O capô, em especial, tem alguns detalhes apelativos.
Olhando de perfil ele perde um pouco daquele estilo para parecer maior e mais robusto. Coloque uma jaqueta jeans e umas tatuagens na Natalie Portman e ela ainda parece a Natalie Portman. Assim é o X1.
Visto de trás, ele parece um hatch da BMW.

Por dentro

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Uma vez passei um tempo com uma garota que teve que usar os BMW de seu pai. O brilho de todas aquelas luzes laranja do painel mexeu comigo. Elas diziam “luxo e desempenho”. O pai dela era um piloto de avião, e aqueles botões pareciam uma escolha apropriada para um aviador.
O BMW Série 1 é muito mais que convidativo com aquele volante pequeno, porém grosso e firme, o couro “Nevada” e tudo o que você precisa ao alcance. É da geração anterior de interiores BMW, e não é tão bom quanto o interior fenomenal do atual Série 3. Mas tenho algumas reclamações: os bancos são um pouco duros, mas providenciam suporte suficiente para lidar com a aceleração lateral. Há espaço suficiente na dianteira e nos bancos de trás, estes, embora não sejam confortáveis para longas viagens, é suficiente para levar as crianças pela cidade.
E por ser um crossover, os bancos, infelizmente, ficam um pouco altos demais. O comprador médio deve gostar disso.

Como acelera

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Se você quiser andar rápido de verdade precisará desembolsar mais dinheiro pelo M135i, com aquele belo motor seis-em-linha de três litros que te leva de zero a 100 km/h em 4,9s. Se você tiver grana, esqueça esse crossover e embarque no hatch.
Mas eu talvez escolhesse o xDrive28i, que ainda é bem rápido e acelera na casa dos seis segundos. Sou um grande fã dos quatro-cilindros turbinados, e este 2.0 é um dos melhores, com 245 cv e utilíssimos 35,7 mkgf de torque disponíveis das 1.250 até quase 5.000 rpm. Graças à caixa de oito marchas você sempre está onde (e como) gostaria de estar.
Há um BMW de tração traseira escondido sob esse crossover de tração integral. Ele não tem nenhum mau hábito de aceleração quando arranca em linha reta.

Como freia

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Os freios são bons, com força de frenagem suficiente para impedir que este hatchback inflado (ele pesa 1.690 kg) se atire em um cruzamento. Agarra bem, mas não é algo que te leve ao quiropraxista no dia seguinte.
O que me deixou enjoado, contudo, foi o sistema start-stop. Chegamos a um ponto onde a maioria dos fabricantes já conseguem transições imperceptíveis entre a fase ligada e a desligada. Talvez seja meu costume de soltar o pedal do freio nas paradas, mas notei que o start-stop funcionando várias vezes, e isso não é bom. Você pode desligá-lo, mas eu gosto de economizar combustível na cidade.
Ei, isso é um freio de mão? Sentirei falta disso.

Conforto/rodagem

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Fiz exatamente o que se deve fazer com um BMW, de acordo com as propagandas da marca. Fui a uma vinícola com meus amigos, provei um pouco de vinho (bem pouco) e tentei evitar a festa de universitárias bêbadas e suas mães que, felizmente, apareceram em uma limousine.
Comprei uma garrafa do meu Viognier favorito. Como em tantas outras vinícolas, depois da degustação você ganha taças como souvenir e lembrei que precisava repor a taça de um amigo que eu havia quebrado. Por algum motivo alguém me sugeriu levá-las no bolso da porta.
Contei isso por que quando cheguei em casa, lembrei que as taças estavam nos bolsos das portas. Na maioria dos carros, meu modo de dirigir teria quebrado todas. Mas elas não quebraram. Isso prova o conforto do carro. Talvez um pouco macio demais, mas não é nada mau para um crossover.

Comportamento dinâmico

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Se você está acostumado a dirigir um carro de luxo moderno e potente, você certamente ficará surpreso com o pouco esforço exigido para esterçar o BMW. Músculos são para tenistas e manobristas.
É legal ver que a BMW não abandonou seu comprometimento com a qualidade de direção. Ele pode ser um pouco alto, mas na maioria das circunstâncias você nem vai notar. Com uma distribuição de peso quase perfeita (51/49) ele é neutro, com quase nenhum daquele sub-esterço que você encontra em vários carros AWD.
Como ele é um crossover, levei-o a um passeio pela minha estradinha favorita e tive algum problema para tirá-lo dos trilhos sem o freio de mão. Ele é rápido, mas não tão divertido quando eu esperava, mesmo com as babás desligadas. Uma versão de tração traseira deve ser bem melhor para quem quer ser como Bill Caswell.

Transmissão

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A transmissão steptronic de oito velocidades da BMW está disponível apenas na versão xDrive28i, mas se você atolar com a caixa automática será bem pior. Esta caixa é acertada com a típica precisão bávara para manter os turbos girando e os ouvidos zunindo. Claro, ela faz muitas trocas, mas há espaço suficiente para atingir a velocidade de cruzeiro entre as duas primeiras marchas de modo que o câmbio não faz milhões de trocas.
Falando nelas, são rápidas e não há aquela caçada de marchas para economizar combustível, especialmente no modo “Drive Sport”. No modo manual você tem a opção de mudar as marchas na alavanca ou nas bem posicionadas borboletas.
Ele perde um ponto porque não estou acostumado a apertar o botão “Park” em vez de apenas deslizar a alavanca até a letra “P”, mas tenho certeza de que alguém em algum lugar gostará disso.

Áudio

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Não será fácil convencer a BMW que nós, como entusiastas, queremos ouvir o carro. Não apenas o ronco do motor. Queremos ouvir o carro. Não sei se esse motor biturbo soa como eu gostaria, pois eu mal o ouvi.
O sistema de som é legal, fácil de usar e preenche o espaço normalmente reservado ao ronco do motor.

Mimos

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Os alemães gostam tanto de mimos quanto de colocar letras e números depois de um nome. Meu X1 xDrive 3.14159265359 veio com sistema de navegação e câmera de ré, LEDs por todos os lados e integração Bluetooth.
Tudo isso é comum nos carros de luxo (e até em carros mais baratos), mas detalhes sutis como os LEDs acesos sob cada maçaneta quando você destrava o carro à distância é um toque bacana. E o iDrive finalmente pode ser usado sem a necessidade de um curso especial na Alemanha.

Valor

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O preço básico de R$ 167.000 pode ser um bom negócio se você quiser um crossover alemão. Pense nesse carro como um Série 3 compacto com tração integral, econômico e mais rápido do que a maioria dos crossovers, e ele ainda é mais barato que seu rival direto, o Audi Q3, que parte dos R$ 188.400.
Se você não faz questão do refinamento alemão, o Volvo XC60 T5, de 240 cv também roda como um hatchback inflado, apesar de ter tração apenas dianteira, e parte dos R$ 142.000.

Ficha técnica

Motor: quatro-cilindros, dois litros
Potência: 245 cv 5.000-6.500 rpm
Torque: 35,7 mkgf a 1.250-4.800 rpm
Transmissão: automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 6,5 segundos
Velocidade máxima: 205 km/h
Tração: integral
Peso: 1.670 kg
Lugares: 5
Preço: R$ 167.000

Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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