3 de fev. de 2013

Como seria o carro ideal para compartilhamento?

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Em tempos de sustentabilidade ecológica anti-carbônica contra o aquecimento global os carros compartilhados surgiram como uma alternativa à propriedade de um carro (ou vários) e ao aluguel de um veículo particular. Funciona mais ou menos como aqueles sistemas de bicicletas compartilhadas.

Mas ao contrário das bikes, não existem carros feitos especificamente para essa tarefa – que sejam fáceis de limpar e baratos para manter, com equipamentos que atendam a todo tipo de usuário. Existem vários programas de compartilhamento de carros, e a primeira empresa a fazer um carro especificamente para elas ganharia rios de dinheiro. Ou não.
O que importa é que eu achei que este seria um problema divertido de resolver, no que diz respeito ao design de um carro. Como seria o carro compartilhado perfeito? Carros compartilhados tem critérios bem específicos, e embora a maioria dos carros que existem hoje possam ser usados assim, não consigo deixar de pensar que um carro projetado exclusivamente para este fim faria o trabalho muito melhor. E como ele seria?
A primeira providência é compreender os objetivos fundamentais de um carro compartilhado. Precisa ser algo que qualquer um possa dirigir, que minimize o risco para o motorista, para os outros motoristas e para a a companhia, que possa ser usado para várias tarefas comuns (fazer compras, levar crianças para a escola, levar objetos maiores), possa suportar abusos com um mínimo de problemas, seja barato, econômico, fácil de manter limpo e relativamente indesejado por ladrões.
Além dessas características no carro em si, as pessoas precisam ter condições de pagar pelos carros e ter acesso a eles de maneira rápida e segura. Como todo mundo tem um pequeno computador no bolso o tempo todo, e a maioria das empresas de compartilhamento de carros já te deixa agendar e encontrar carros usando seu smartphone, já estamos no caminho certo. Mas acho que dá para ir mais longe.
Então estes são os critérios básicos. Agora vamos entrar em detalhes.
Como estamos lidando com um carro urbano, acho que o melhor é um carro pequeno. Como eu quero ajudar a economia do meu país, vamos pensar em um carro produzido localmente. Vou modificar bastante o carro, então seria legal encontrar um fabricante acostumado a produzir carros para frotistas, porque eu quero economizar comprando um carro sem boa parte dos componentes normais.

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Acredito que o Chevrolet Sonic seja um bom começo. O hatch de 4 portas é o mais flexível e prático. Há outras boas opções, como o Focus, mas acho que o Sonic tem mais a ver com a proposta por causa do cluster dos instrumentos, bem separado do resto do painel. Isso vai fazer sentido mais tarde. (Nota: este artigo foi escrito por um americano. No Brasil, onde estes carros estão em uma posição mais elevada no mercado, os exemplos seriam outros, claro).
Eu iria querer o carro sem várias coisas: iluminação, para-choques dianteiro e traseiro, carpetes, painel de instrumentos e várias peças de acamanento. E eu também iria querer que o cérebro do motor reduzisse a potência de 138 cv para algo como 100 ou menos. Isto seria bom para aumentar a durabilidade do motor, economizar combustível e desestimular direção perigosa – sem comprometer o desempenho do carro.
Na carroceria, eu trocaria os faróis e lanternas do Sonic pelos equipamentos mais baratos que conseguisse encontrar. Faróis redondos do tipo sealed beam, setas e lanternas universais, essas coisas. Elas seriam montadas em molduras plásticas resistentes e muito mais baratas caso precisem ser substituídas por causa dos pequenos acidentes que com certeza irão acontecer. Os para-choques pláticos pintados, que custam caro para consertar e substituir, serão trocados por peças de borracha, feias, grandes e baratas, projetadas para proteger o carro e, mais importante, os outros carros, pessoas ou cavalos ou qualquer coisa que possa ser atropelada. Até ajudaria na hora de arcar com os custos do acidente.
O carro teria protetores de borracah nas laterais também, e nas bordas das portas, para que os danos sejam mínimos caso o motorista nãos seja muito cauteloso na hora de abrir a porta em um estacionamento lotado. Teria também um rack de teto reforçado em metal com ganchos integrados para garantir que a bagagem externa fique bem presa – porque a gente sabe que muitas pessoas vão acabar alugando estes carros para levar móveis e materiais e lenha e qualquer outra coisa. Eu até moveria a saída de escapamento para a lateral, assim o carro poderia viajar com a tampa do porta-malas aberta sem o risco de envenenamento por monóxido de carbono.
Por dentro, eu tiraria todos os carpetes e o assoalho seria forrado com borracha. Haveria um dreno no chão para que vômito, urina e outros fluidos pudessem ser limpos facilmente. Os bancos seriam forrados em vinil resistente, e os bancos traseiros seriam individuais para minimizar (não impedir) a utilização do carro como motel sobre rodas.
E os carros deveriam ser pintados de uma cor bem brilhante e chamativa para torná-los mais fáceis de enxergar e relativamente indesejados/óbvios demais para serem roubados.
Em essência, o principal ponto aqui é deduzir que sua clientela merece um carro útil, seguro, confiável e limpo, mas que alguns clientes são nojentos, sujos, e mal sabem operar um veículo de forma segura. Você precisa respeitar as necessidades e prever os erros de todos os clientes de forma igual.
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Para a parte do agendamento/pagamento/gerenciamento, quero manter as coisas baseadas no smartphone. Nada de cartões. Sua conta é feita online, um app te mostra onde encontrar seu carro, e quando você se aproximar dele, um sistema bluetooth negocia as credenciais com seu telefone e destranca o carro.
Agora vocês vão entender porque eu escolhi o Sonic. Quando você entra no carro, não vê nenhum instrumento – só um espaço vazio onde o cluster costumava ficar. Você coloca seu celular em um dock (que terá dois conectores, um de cada lado, para iPhones ou Androids – você vira seu telefone para alinhar com o conector certo). Uma vez posicionado, o carro liga e o app feito especificamente para “conversar” com o carro abre automaticamente, e o seu smartphone se torna o painel do carro. Terá GPS (que mostrará as direções e os lugares onde você pegou e deverá deixar o carro quando terminar de usá-lo), velocidade, combustível, e as informações da sua conta.
Este recurso economizaria uma boa grana por carro, pois não seria necessário produzir os instrumentos, deixando tudo para o que todo mundo tem no bolso. E, por razões de segurança, daria até para impedir o smartphone de mostrar mensagens de texto e ligações recebidas enquanto estivesse  sendo usado como painel, o que evitaria que o motorista falasse no celular ou enviasse SMS enquanto dirige. Além disso, os carros não precisariam de rádio, só os alto-falantes, porque o seu telefone forneceria a música e o entretenimento para os passageiros.
O resultado é um carro feio, suponho, mas eu gostei do visual utilitário e sem frescuras. E ficaria bem tentado a comprar um destes usado, se existissem. Como não existem, terei que esperar que alguém resolva fabricá-los, vá à falência e me venda um bem baratinho.
Ou talvez eu precise melhorar o nível dos meus sonhos automotivos.
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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