31 de dez. de 2012

F-1-RETROSPECTIVA 2012: Vettel derrota Alonso, faz história e leva o tri

Piloto alemão tem campanha de altos e baixos, mas consegue derrotar o espanhol por apenas três pontos

Sebastian Vettel no meio de mecânicos da Red Bull, comemorando o tricampeonato conquistado no GP do Brasil (Clive Mason/Getty Images)Sebastian Vettel no meio de mecânicos da Red Bull, comemorando o tricampeonato conquistado no GP do Brasil (Clive Mason/Getty Images)
 
Ficou para a história. Depois de uma campanha de amplo domínio de Sebastian Vettel e da Red Bull em 2011, pouca gente esperava que a temporada seguinte seria tão imprevisível, repleta de surpresas e viradas. A relação de forças no grid tardou a ficar evidente, sendo que, em meio a corridas emocionantes, as primeiras sete provas do campeonato tiveram sete vencedores diferentes – algo inédito na história da F1.

No decorrer do campeonato, o cenário ficava mais claro. Red Bull, Ferrari e McLaren, potências constantes nos últimos anos, colocaram ordem na casa e dividiram as ações na reta final. No fim, a força dos atuais campeões falou mais alto e Vettel, ao lado da Red Bull, conquistou o tricampeonato, juntando-se a Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher como únicos a vencer três campeonatos consecutivos.
A temporada de 2012
O ano começou com poucas novidades entre os times protagonistas. Red Bull, Ferrari e McLaren mantiveram suas duplas dos anos anteriores, assim como a Mercedes. Buscando recuperação após um ano apagado em 2011, a Lotus fez uma reforma geral: sacou Vitaly Petrov e Bruno Senna para trazer Kimi Raikkonen de volta e promover Romain Grosjean, campeão da GP2.
Senna não perdeu tempo: conseguiu uma vaga na Williams ao lado de Pastor Maldonado, desbancando Rubens Barrichello, que ficou à pé. A Force India tirou Adrian Sutil para promover seu piloto de testes, Nico Hulkenberg, que retornou à categoria após um ano de ausência. Mudanças também na Toro Rosso: Sébastien Buemi e Jaime Alguersuari foram substituídos pelas promessas da Red Bull Daniel Ricciardo e Jean-Éric Vergne. Outro estreante era Charles Pic, assumindo a vaga na Marussia ao lado de Timo Glock.
Os novos carros causaram buchicho com os fãs por uma inusitada característica visual. O bico, que deveria, por regulamento, ser mais baixo do que antes, apresentava um degrau, o que causou certo estranhamento em um primeiro momento. Apenas McLaren, Marussia e HRT adotaram uma alternativa diferente e optaram por usar um conceito convencional.
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Em meio aos frequentes mistérios vistos na pré-temporada, algumas coisas pareciam ficar claras. A vida da Red Bull seria mais difícil em 2012, com McLaren e a surpreendente Lotus prometendo incomodar. A Sauber também pintava como uma novidade no pelotão da frente, enquanto a Ferrari ia de mal a pior com o F2012. O ano tinha tudo para ser uma grande virada em relação a 2011.
Primeira metade do campeonato tem alternância de vitórias histórica
Quando as equipes pediram à Pirelli pela construção de pneus que favorecessem o espetáculo das corridas, elas certamente não esperavam por efeitos tão drásticos. Os compostos de 2012, além de mostrarem alto nível de degradação, também apresentaram uma janela de performance difícil de ser encontrada de maneira frequente pelos times.
Assim, na fase inicial da temporada, era comum ver a relação de forças no grid ter grandes mudanças de uma corrida para outra. A McLaren apresentou ritmo mais competitivo na Austrália, e, na Malásia, Fernando Alonso se aproveitou das condições climáticas adversas para vencer com um carro que pecava em competitividade. Na China, a Mercedes ditou o ritmo e venceu pela primeira vez na F1, enquanto que, na quarta corrida do ano, no Bahrein, a Red Bull reagiu e voltou ao topo do pódio.
No GP da Espanha, que marcou a volta da categoria à Europa, as equipes puderam estrear o primeiro grande pacote de atualizações em seus carros. Esperava-se que, ali, a situação se normalizasse e o campeonato ficasse de vez nas mãos das grandes potências. Mas, de novo, os prognósticos se mostraram incorretos.
Lewis Hamilton garantiu com folga a pole position para a corrida em Barcelona, mas uma irregularidade gerou uma punição, o que jogou o inglês ao fundo do grid. Isso abriu caminho para Pastor Maldonado, que, com uma atuação de gala, superou o herói local Fernando Alonso para vencer pela primeira vez na categoria, dando a primeira vitória à Williams desde o GP do Brasil de 2004. Mais do que nunca a F1 estava de cabeça para baixo.
2012 Spanish Grand Prix - Sunday
A alternância de vitórias também incluiu os GPs de Mônaco (com triunfo de Mark Webber) e do Canadá (Lewis Hamilton). Um vencedor se repetiu somente na oitava corrida, nas ruas de Valência, na Espanha, quando Alonso fez uma corrida impecável, realizou ultrapassagens e herdou posições para vencer em seu país natal.  O resultado, que colocou o piloto na liderança isolada do campeonato, emocionou Alonso e a torcida, tornando-se um dos pontos altos da temporada de 2012.
Até então, nenhuma equipe havia “engrenado” de vez. A Ferrari parecia se recuperar bem de um início de ano problemático, enquanto a Red Bull tinha grandes alternâncias de desempenho. A McLaren, mais constante em rendimento, abusava dos erros com Hamilton, enquanto a Lotus rendia bem, mas falhava em vencer.
Também chamava a atenção o desempenho de Sergio Pérez, da Sauber. O mexicano, em sua segunda temporada na categoria, mostrava velocidade e bom uso dos pneus, o que havia lhe garantido dois pódios até ali, na Malásia (onde chegou a ameaçar Alonso pela vitória) e no Canadá. Ele voltaria a subir no pódio mais uma vez, em Monza, na Itália.
A Ferrari teve seu último grande momento de performance nas provas da Grã-Bretanha e da Alemanha, quando Alonso marcou duas pole positions e dois pódios, com uma vitória e um segundo lugar. Após a prova da Hungria, que marcou o fim da primeira fase do campeonato, o bicampeão sustentava uma folgada vantagem de 40 pontos para Webber, que se matinha na vice-liderança. Vettel era o terceiro, seguido de Hamilton e Raikkonen.
Red Bull, Ferrari e McLaren colocam ordem na casa na segunda metade do ano
Antes de a categoria entrar de férias de agosto, Hamilton conquistou uma vitória com autoridade na Hungria. Já na volta da temporada, em setembro, a McLaren voltaria a vencer na Bélgica (com Jenson Button) e na Itália (novamente com Hamilton), dando pinta de que a nova força do Mundial enfim havia se sobressaído.
Além disso, na prova de Spa-Francorchamps, Alonso teve o primeiro grande revés de sua temporada. Logo na largada, abandonou ao se envolver em um acidente múltiplo provocado por Romain Grosjean, da Lotus. Isso também tirou da disputa Hamilton e Pérez, facilitando a vida de outros rivais, como Vettel.
Vilão da vez, Grosjean foi execrado pela mídia e pelos colegas por sua conduta nas pistas. Ele recebeu uma suspensão de uma corrida pelo acidente, algo que não acontecia há 18 anos, quando Mika Hakkinen ficou de fora do GP da Hungria de 1994 após ser responsabilizado por uma batida na prova anterior, em Hockenheim. Grosjean foi substituído por Jérôme D’Ambrosio, que ficou em 13º no GP da Itália.
Disputa do título fica restrita entre Alonso e Vettel
A campanha de Vettel em 2012 apresentava grandes diferenças em relação à temporada anterior. Enquanto que em 2011 o piloto chegou ao GP de Cingapura podendo já se sagrar campeão, a realidade de 2012 o obrigava a remar se quisesse manter vivas as chances de título.
O alemão era um dos personagens com mais altos e baixos durante a temporada. Ele intercalava momentos para se esquecer, como o toque com um retardatário na Malásia, ou a ausência no Q3 durante a etapa da China, com outros bem mais felizes, como a vitória no Bahrein, segurando Raikkonen por várias voltas, mais as poles consecutivas nos GPs do Canadá e Europa.
Foi em Valência, inclusive, que o modelo RB8 da Red Bull viu se escancarar o seu calcanhar-de-aquiles: o alternador do motor Renault. Vettel vinha fazendo sua primeira corrida dominante do ano, chegando a aplicar 20 segundos de vantagem sobre o segundo colocado antes da entrada do carro de segurança. Logo depois da relargada, ficou lento pela pista e teve de abdicar uma das vitórias mais fáceis da carreira. Ele voltaria a zerar em outra etapa pelo mesmo problema, Itália, naquele que parecia ser o seu adeus definitivo da disputa pelo campeonato.
No entanto, tudo estava destinado a mudar em Cingapura. Na única prova inteiramente noturna do calendário, a Red Bull estreou uma série de novidades em seu carro que eram a última cartada do time para voltar à luta pelo título. Vettel venceu após assumir a ponta devido à quebra de Hamilton e alimentou suas esperanças de conquistar o tricampeonato.
O resultado em Marina Bay o fez pular para a vice-liderança, embora a desvantagem de 29 para Alonso, eficiente como um relógio, ainda incomodasse. O espanhol, a bordo de um carro que parecia incapaz de lutar por vitórias, apostava todas as suas fichas na consistência a fim de se manter disparado na ponta da tabela. Com adversários famintos ao seu redor, o piloto da Ferrari não poderia se dar ao luxo de terminar mais uma prova no zero.
FORMULA 1 - German F1 GP
Foi quando a categoria chegou ao GP do Japão, em Suzuka, palco histórico de corridas dramáticas. Partindo em sexto no grid, Alonso se envolveu em um toque com Raikkonen logo nos metros iniciais, em lance onde não houve um grande culpado. O incidente tirou o espanhol da corrida, sendo que Vettel, esbanjando boa forma, venceu com sobras.
O resultado fez a diferença entre os dois evaporar: a cinco provas para o fim do campeonato, Alonso estava quatro pontos à frente do alemão. Levando em conta as apresentações recentes de ambos, parecia questão de tempo para a liderança da tabela de pontos mudar de mãos.
Isso aconteceu logo na corrida seguinte, na Coreia do Sul. Vettel dominou de ponta a ponta e viu Alonso terminar em terceiro, o que deixou o piloto da Red Bull seis pontos à frente do rival.  O alemão repetiu a dose na Índia, ampliando a diferença para 13 pontos.
A grande chance de Alonso dar a volta por cima veio em Abu Dhabi, na antepenúltima prova do campeonato. Vettel foi jogado ao fundo do grid após situação semelhante à de Hamilton em Barcelona, o que deu a oportunidade ao espanhol de virar o jogo. Mas Vettel fez grande corrida, com uma estratégia eficiente, terminando no terceiro lugar, somente uma posição atrás de Alonso. A duas provas do fim, o piloto da Ferrari tinha uma missão dura pela frente: descontar dez pontos para conquistar o tão sonhado tri.
Vettel não tem vida fácil, mas garante o tricampeonato mundial  
A reta final do campeonato foi iniciada no continente americano, no novo circuito de Austin, nos Estados Unidos. A penúltima prova do ano teve como palco um traçado sinuoso, de alta velocidade, que agradou aos pilotos de todo o grid.
Vettel apresentou uma forma irretocável desde os primeiros treinos livres no Texas. Fez a pole position e liderou boa parte da prova, caminhando a passadas largas rumo a mais uma vitória em seu currículo. O novo triunfo o deixaria em uma situação confortável para a conquista do título, no encerramento do campeonato, no Brasil.
Mas Hamilton, em sua penúltima corrida pela McLaren, pôs água no chope do alemão. O inglês impôs um forte ritmo durante toda a prova e conseguiu, na marra, a primeira colocação, ajudando indiretamente Alonso, seu antigo companheiro de equipe e arquirrival. Com o segundo lugar de Vettel e o terceiro do piloto espanhol, os dois candidatos ao título chegaram em Interlagos separados por 13 pontos.
Para conquistar o tricampeonato, bastava a Vettel terminar entre os quatro primeiros colocados no Brasil. Já Alonso tinha de terminar no pódio, além de torcer por um revés do piloto alemão. Isso quase aconteceu logo na largada da chuvosa corrida em Interlagos, quando Bruno Senna tocou em Vettel e jogou o piloto da Red Bull para o fundo do pelotão. Alonso, em ótima forma, foi promovido ao segundo lugar, o que fazia o título parar novamente nas suas mãos.
O alemão, com seu carro milagrosamente intacto, conseguiu ganhar várias posições e terminar na posição que precisava para garantir o título. Alonso, segundo colocado em Interlagos, terminou o ano apenas três pontos atrás de Vettel.
Classificação final:
1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 281 pontos
2º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), 278
3º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), 207
4º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), 190
5º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), 188
6º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 179
7º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), 122
8º. Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), 96
9º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), 93
10º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), 66
11º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), 63
12º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), 60
13º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), 49
14º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), 46
15º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), 45
16º. Bruno Senna (BRA/Williams-Renault), 31
17º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), 16
18º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), 10
19º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault), 0
20º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth), 0
21º. Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth), 0
22º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), 0
23º. Jérome D’Ambrosio (BEL/Lotus-Renault), 0
24º. Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth), 0
25º. Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), 0
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Temporada tem o retorno do Homem de Gelo
Outro ponto forte da temporada de 2012 foi o grande número de personagens de destaque presentes em várias equipes do grid. A grande sacada veio pelos lados da Lotus, que decidiu apostar todas as suas fichas em Kimi Raikkonen, campeão de 2007 e que estava há dois anos fora da categoria, dedicando-se a competições de rali. Assim, no total, o campeonato tinha seis campeões mundiais em cinco equipes diferentes.
E nem mesmo os fãs mais otimistas do finlandês esperavam que seu retorno à F1 seria tão competitivo. Raikkonen apresentou boa adaptação aos pneus Pirelli, o que, aliado a um carro bem-nascido em Enstone, colocou o piloto em posição de destaque na temporada.
Quando vários outros concorrentes tinham momentos de altos e baixos, Raikkonen se manteve consistente, sendo presença constante na zona de pontuação. Na temporada mais longa da história da F1, com 20 provas, o piloto ficou no zero somente uma vez, na China, quando uma estratégia de pneus errada o fez perder várias posições nas voltas finais. Ninguém o superou neste quesito em 2012.
Raikkonen-Coreia
Em alguns momentos, no entanto, sobrava consistência, mas faltava arrojo. Na quarta prova do ano, no Bahrein, Raikkonen apresentou um desempenho impecável, mas falhou em ultrapassar Vettel e teve de ficar com o segundo lugar. A consagração somente veio em Abu Dhabi, na antepenúltima prova da temporada, na qual Raikkonen herdou a ponta de Lewis Hamilton e venceu pela primeira vez desde o GP da Bélgica de 2009.
Tal constância deixou Raikkonen atrás somente de Sebastian Vettel e Fernando Alonso, protagonistas do campeonato. Nem mesmo a McLaren, favorita no início do ano, ficou à frente ao término de toda a temporada.
O maior recordista da história da F1 dá seu segundo adeus
A temporada de 2012 também marcou a despedida do recordista absoluto da categoria. Depois de três anos apagados na Mercedes, Michael Schumacher pendurou de vez o capacete e encerrou uma história de mais de 20 anos na principal categoria do automobilismo.
O ano prometia ser determinante em sua trajetória. Aos 43 anos de idade, o heptacampeão iniciava seu último ano de contrato com a Mercedes disposto a conquistar o sucesso que não viera nas duas temporadas anteriores, quando foi ofuscado não só por carros pouco competitivos, mas também por seu companheiro de equipe, Nico Rosberg.
Mas, no primeiro treino classificatório do ano, na Austrália, a situação parecia que iria mudar. O carro da Mercedes, o W03, dava mostras de competitividade, e Schumacher se destacou ao obter um lugar na segunda fila, em quarto. No entanto, em ritmo de corrida, o carro deixava a desejar, sobretudo devido ao alto consumo de pneus.
Quando a situação começou a melhorar e a Mercedes aparentava ter acertado a mão de seu carro, um momento simbolizou a primeira metade de temporada do heptacampeão. Na terceira prova, na China, o time alemão era o mais competitivo do grid, tendo garantido a primeira fila com Rosberg, o pole, e Schumacher. Enquanto caminhava a passadas largas rumo ao seu primeiro pódio desde seu retorno à categoria, um problema bobo o tirou da corrida: em um pitstop, um mecânico não conseguiu fixar corretamente uma roda em seu carro, que se soltou assim que Schumacher voltou à pista.
A maré de azar de Schumacher era grande a ponto de fazer com que o alemão pontuasse apenas duas vezes nas sete primeiras provas do Mundial, com dois discretos décimos lugares. Neste período, ele também sofreu acidentes (como a colisão com Bruno Senna, na Espanha), quebras mecânicas e até mesmo uma falha bizarra no Canadá, onde seu DRS, aberto e emperrado, não fazia a asa voltar à sua posição normal.
Infelicidades à parte, o grande momento de Schumacher na Era Mercedes veio justamente em sua pior fase da temporada. No GP de Mônaco, o alemão brilhou no treino classificatório, marcou 1min14s301 e terminou na liderança, naquela que seria sua 69a pole position.
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Para se ter uma ideia do que isso representaria, Schumacher se tornaria o quarto piloto mais velho a conquistar uma pole, atrás de Giuseppe Farina, Juan Manuel Fangio e Jack Brabham, que corriam em épocas onde a idade média do grid era muito mais avançada. Mas nada disso aconteceu, já que Schumacher sofreria uma punição de cinco posições no grid pelo acidente com Senna na prova anterior, em Barcelona. Largando em sexto, o piloto teve atuação discreta até abandonar com problemas na pressão de combustível.
A recompensa veio duas provas mais tarde, no GP da Europa, em Valência, quando momentos de sorte (coisa rara em 2012) tiraram de sua frente Sebastian Vettel, Romain Grosjean, Lewis Hamilton e Pastor Maldonado, abrindo caminho para o terceiro lugar, seu primeiro pódio desde o GP da China de 2006.  Isso também rendeu ao alemão um recorde sênior, que o colocou, ao lado de Nigel Mansell (vencedor do GP da Austrália de 1994) como o único piloto acima  de 40 anos a subir no pódio nas últimas duas décadas.
A segunda metade de sua temporada apresentou diferenças em relação à primeira. Schumacher passou a ser presença mais constante na zona de pontuação, embora a Mercedes não estivesse mais capaz de proporcionar grandes atuações. Andando no meio do pelotão, Schumacher chamava mais atenção por algumas situações embaraçosas, consideradas por alguns desnecessárias para um nome tão importante para a história da F1.
No GP da Hungria, o veterano abusou das trapalhadas. Ele provocou o cancelamento da primeira largada ao se posicionar no local errado do grid, deixando ainda seu carro morrer quando a partida foi abortada e excedendo o limite de velocidade dos pits quando teve de largar dos boxes. Em Cingapura, abandonou a prova após cometer um erro de cálculo e encher a traseira de Jean-Éric Vergne, da Toro Rosso. Ali, já se questionava se o momento de dizer adeus não havia chegado.
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Até então, Schumacher não dava indícios públicos de que pretendia pendurar o capacete. Porém, nos bastidores, a situação estava totalmente indefinida – a Mercedes se sentia incomodada com a falta de posicionamento do piloto, que deveria dar uma resposta sobre seu futuro no fim de agosto, após o término das férias de verão. Com o silêncio do heptacampeão, a equipe se adiantou e contratou Lewis Hamilton para correr ao lado de Rosberg em 2013.
Esperava-se que isso geraria automaticamente o anúncio de sua aposentadoria das pistas. A indefinição, que durou poucos dias, fez criar boatos como a possível ida à Sauber, no lugar de Sergio Pérez, que havia acertado com a McLaren. Mas, na prova seguinte, em Suzuka, no Japão (palco de dois de seus títulos mundiais, em 2000 e 2003), Schumacher anunciou sua aposentadoria definitiva da F1.
No GP do Brasil, em Interlagos, local de sua primeira retirada das pistas, em 2006, Schumacher novamente deu adeus. Ele terminou sua carreira na F1 com 307 largadas, 91 vitórias (29,64% de aproveitamento), 68 pole positions (22,15%), 77 voltas mais rápidas (25,08%) e 155 pódios (50,49%).
FORMULA 1 / GRANDE PRÊMIO PETROBRAS DO BRASIL 2012
Temporada também é movimentada fora das pistas
Se houve um assunto que conseguiu ofuscar a intensa disputa pelo título, este foi o mercado de pilotos. Vários contratos expiravam ao final de 2012, incluindo alguns de equipes de ponta (Lewis Hamilton com a McLaren, Mark Webber com a Red Bull, Felipe Massa com a Ferrari e Michael Schumacher com a Mercedes), o que fez com que a movimentação fora das pistas fosse tão agitada quanto dentro delas.
As primeiras grandes mudanças foram anunciadas no fim de setembro. Lewis Hamilton, protegido pela McLaren desde sua infância, passou parte da temporada mostrando insatisfação com seu time, que, por sua vez, abusou dos erros com o inglês. O desgaste chegou a tal ponto que o piloto chegou a publicar em seu Twitter uma imagem da telemetria da McLaren, item normalmente guardado a sete-chaves, a fim de explicar a diferença de rendimento para seu companheiro, Jenson Button, em um treino.
Depois de um longo flerte com a Mercedes, Hamilton decidiu mudar de ares e se juntará ao alemão Nico Rosberg no time da estrela de três pontas, substituindo o aposentado Schumacher. Seu contrato, estimado em R$ 50 milhões anuais, vai até o fim de 2015. Para preencher o lugar que ficou vago, a McLaren decidiu apostar: contratou o jovem mexicano Sergio Pérez, que, em 2012, concluiu somente a sua segunda temporada na categoria.
Pérez, um dos destaques do pelotão intermediário, passou boa parte da temporada ligado à Ferrari, já que fazia parte da Academia de Pilotos do time italiano. Contudo, seu desempenho não impressionou a chefia da equipe, o que abriu caminho para que o mexicano pudesse assinar com o time inglês para atuar ao lado de Jenson Button.
Mas o cockpit na Ferrari ao lado de Fernando Alonso foi o maior alvo de especulações durante todo o ano de 2012. Massa, que sofria para mostrar bom rendimento e via o espanhol brilhar, teve novamente de lidar com os diversos rumores referentes à sua vaga. Ao longo da temporada, vários nomes foram ligados ao time italiano, incluindo Pérez, Nico Hulkenberg, Paul di Resta e Mark Webber.
Porém, alguns momentos foram fundamentais para definir a situação. Depois das férias de verão, em agosto, o brasileiro apresentou uma melhora de rendimento, sendo que, dali em diante, ele terminou todas as provas na zona de pontuação. O pódio no GP do Japão (seu primeiro em quase dois anos), aliado às outras definições no mercado de pilotos, foram suficientes para aliviar a pressão em seus ombros. No dia 16 de outubro, a novela chegou ao fim e a Ferrari anunciou a renovação do acordo por mais uma temporada.
Outros momentos de destaque foram a renovação de Webber com a Red Bull, a mudança de Hulkenberg para a Sauber e a chegada de Valtteri Bottas na Williams

Fonte: Tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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