4 de jul. de 2012

Avaliação com o pé embaixo: Jeep Grand Cherokee SRT8 2012


Um Camaro SS conversível novo vai de 0 a 100 km/h em menos de cinco segundos. O novo Jeep Grand Cherokee SRT8 chega lá praticamente no mesmo tempo. Eu sabia disso. Mas a moça no Camaro SS ao lado que achou que iria me deixar para trás em uma parte abandonada do Texas claramente não sabia.
Não consegui mensurar a surpresa em seu rosto, enquanto eu casualmente a deixava para trás no semáforo, porque ela estava simplesmente longe demais. O mais novo SRT8 é parecido com a Inquisição Ibérica no sentido em que é violento e inesperado.

Nós vivemos em um tempo em que os engenheiros podem criar veículos que se parecem com uma estranha mistura de perua e picape e andam mais que os esportivos da geração anterior. No futuro, estes veículos talvez se transformem em um marco histórico para exemplificar os excessos de uma cultura que se aproxima de uma violenta autodestruição.
Ainda não é o futuro, e uma autodestruição violenta ainda parece divertida. Comparada à geração anterior, o mais novo Jeep é aparentemente mais refinado – um sinal da plataforma germânica. Mas não leve isso ao pé da letra. Rommel aparentemente era um cavalheiro, mas eu não gostaria de estar no caminho de seu panzerkorps.
Então você já sabe que o Jeep SRT8 tem a surpreendente fúria da Inquisição e a força “refinada” da Raposa do Deserto. Será que consigo encaixar mais história nesta avaliação?
Andei com o SRT8 até o local do Circuit of the Americas, ainda em construção para o futuro Grande Prêmio dos Estados Unidos. Este é um dos melhores Jeeps que você pode usar nas curvas inacabadas e enlameadas do lugar.

Exterior

O Grand Cherokee tradicional é um dos SUVs mais atraentes no mercado, seguindo as melhores ideias do desenho original de Larry Shinoda para a AMC e atualizando-o para o futuro com traços mais limpos. Acrescente arcos de roda agressivos, uma entrada de ar no capô e uma trama decorativa na grade e você tem um estilo ao mesmo tempo moderno e clássico.

Interior

Do ponto de vista de um entusiasta, o volante recortado na parte inferior define o carro. O couro usado é ótimo. Quero segurá-lo da mesma maneira que a mulherada já pensa no Tom Cruise. É uma pena que as borboletas para trocas sejam tão insossas.
Os mostradores são tipicamente Chrysler, no bom sentido (diretos e fáceis de ler) enquanto os materiais no painel são tipicamente Chrysler no antigo sentido (plástico barato). Os bancos apoiam bem e são confortáveis para longos trechos. Não é luxuoso como um BMW ou esportivo como um Porsche, mas percorri muitos quilômetros pelo Texas sem problemas.

Aceleração

Independente da categoria, não dá para não ficar impressionado com um tempo de 0 a 100 em menos de cinco segundos. O Jeep não só arranca fácil no modo Track and Sport, como também o som ao fazer isso é tão bom que não dá para evitar bancar o mala e ficar repetindo isso durante o dia todo, todos os dias. O Hemi V8 6.4 entrega 476 cavalos e 64,2 kgfm nas quatro rodas calçando Pirellis.
Não chega a ser uma infinidade de potência quando se considera os 2.336 kgs, mas o deslocamento faz toda a diferença.

Frenagem

Se fosse para distribuir notas relativas à distância/peso nós daríamos um 10 porque esse Titanic sempre consegue parar antes do iceberg. Sabe como se soletra alívio depois que você desce o pé no pedal de freio? B-R-E-M-B-O. Seis pistões à frente, quatro atrás, pintados de vermelho, apesar de um pouco progressivos demais sob pressão. No final não chega tão perto de uma McLaren – só perto, o que já é bastante.

Conforto

Mesmo entusiastas têm famílias (para dar origem a novos fãs) e você não precisa sacrificá-los – seja na estrada ou fora dela – para aproveitar o veículo. Alguns podem reclamar que os amortecedores adaptáveis suavizam o SRT8, mas não chega a ser algo como calçar botas lunares em Usain Bolt. São como meus Onitsuka Tigers, que dão ao SRT8 uma boa mistura de esportividade e conforto, dependendo das condições.
Minha única reclamação sobre o conforto é que ele às vezes faz o motorista se esquecer da potência sob o capô. Um pouco de resposta ajuda muito nestes grandes SUVs, e eu gostaria de ver um pouco mais.

Controle

Só dirigi uma coisa que oferece um controle melhor do que isso e pesa tanto quanto, e foi o Porsche Cayenne Turbo. Essa coisa deixa para trás o X5 M e crava 0,9 G de aceleração lateral no skidpad.
No modo Track e Sport, o Spinelli achou que o diferencial eletrônico traseiro cumpre bem o papel de distribuir o torque entre as rodas, especialmente em frenagens esterçadas. Citando sua avaliação. “A Cherokee em modo Track é surpreendentemente divertida. Talvez não tão precisa quanto seus concorrentes grandalhões e pesados da BMW e Porsche, mas ainda sim bem divertida. Ainda mais acima de 2,5 toneladas”.
É como um muscle car refinado, capaz de um sobreesterço divertido com o uso apropriado do acelerador e um toque de subesterço graças à âncora à frente da parede corta fogo. Isso aqui é AWD? Às vezes é difícil lembrar.

Transmissão

É meio inexplicável instalar um automático de cinco velocidades em um carro desses. É o muscle car do mundo SUV/CUV, e uma sexta cairia bem em viagens longas. Combine isso com o sistema de desativação de cilindros e talvez alcance um bom nível consumo na estrada. É o meu maior problema com esse carro. E ele só passa de ano por causa das trocas ao volante, que por sinal também mereciam uma aprimorada para ganhar mérito.

Áudio

O Jeep SRT8 sai de fábrica com um sistema de nove caixas bancadas por um amplificador com 506 watts e subwoofer. É bom, mas eu gostaria de ver o sistema com 19 caixas. Por quê? Ele precisa competir com o motor 6.4. E eu não sou o único que quer ouvir o Hemi junto com alguns outros sucessos.

Mimos

Muita coisa negativa já foi dita sobre a Chrysler nos últimos anos (nós mesmos estouramos nossa quota), mas eles tiveram algumas boas ideias. A “Central eletrônica de informações do veículo” é uma delas. Ela permite alternar entre diversas telas como o tempo de aceleração, distância de frenagem, força G e tempos no quarto de milha.
Fora isso, a unidade de avaliação veio com uma câmera de ré, monitoramento de pontos cegos, faróis bi xenônio, GPS e sistema UConnect para bluetooth. Nada fora do normal, mas funciona.

Valor

O Jeep Grand Cherokee SRT8 não é melhor que um Porsche Cayenne Turbo. Eu sei disso. A Jeep sabe disso. Qualquer um com um cérebro sabe disso. Só que o Porsche Cayenne Turbo custa quase o dobro dele.
Se eu quisesse velocidade com a quantia pedida – US$ 60.000 nos EUA – eu não pegaria um Jeep. Mas os “executivos texanos” e os “empresários russos” que compram este tipo de coisa aos montes têm seus motivos. São grandes. São malvados. São facilmente preparados e podem te matar. E matar bem mortinho.

Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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