27 de abr. de 2012

Teste: Peugeot RCZ é rápido e rasteiro

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
 Teste: Peugeot RCZ é rápido e rasteiro
Com o cupê RCZ, Peugeot quer mostrar que também sabe fazer carros esportivos

por Rodrigo Machado
Auto Press


Na Europa, seu continente de origem, a Peugeot é uma marca generalista com uma “queda” pela esportividade – principalmente em termos de design. Tradicionalmente a linha da marca francesa sempre abrigou cupês estilosos, conversíveis ousados e até hatches arrojados. Muitas vezes, esses modelos nem precisam ser acompanhados de grande capacidade dinâmica.
O importante mesmo é o desenho. Foi exatamente com essa ideia que a Peugeot lançou mundialmente o RCZ em 2010. No fim do ano passado, ele chegou no Brasil para ser o único representante desta estirpe na gama local da Peugeot. E consegue fazer exatamente aquilo que se propõe. O desempenho nem é propriamente avassalador, mas o visual denuncia aos brasileiros toda a capacidade da Peugeot para adicionar “pimenta” aos seus automóveis.

O estilo é, sem dúvida, o principal atributo do modelo. A dianteira é quase idêntica ao resto da família 308, com os faróis estilo olho de gato, mas exibe uma grade mais pronunciada cheia de apliques cromados. O capô é marcado por um forte ressalto em formato de “V” que se junta sob o emblema da marca. De perfil, as linhas harmônicas são ainda mais claras. O RCZ é todo cheio de curvas, como os para-choques abaulados e os belos arcos de alumínio do teto. Atrás, as lanternas montadas nas caixas de rodas, o aerofólio retrátil e o inusitado teto com duas “bolhas” complementam o ar “fashion”.



Evidentemente, um esportivo não pode viver de aparências e também precisa valorizar o conjunto mecânico. Para isso a Peugeot utilizou o aclamado motor 1.6 THP da família Prince, feito em parceria com a BMW. Para o Brasil, a escolha foi usar uma calibração intermediária do versátil propulsor. Ele desenvolve 165 cv a 6 mil giros e 24,5 kgfm de torque a 1.400 giros. Na Europa, ele também é vendido na variante mais forte do THP, com 200 cv e 28,0 kgfm. Por aqui, só há também uma opção de transmissão: uma automática de seis velocidades. A plataforma não é uma novidade: o cupê é feito na base do hatch médio 308 – que no Brasil também está no sedã 408.

Mesmo sendo o carro mais caro da gama da Peugeot no Brasil, a lista de equipamentos do RCZ não se destaca nem mesmo em relação a outros carros da marca aqui. Existem airbags frontais e laterais, ABS com auxílio de frenagem e controles de estabilidade e de tração como itens de segurança – praticamente uma exigência hoje em dia. Entre os de conforto, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, sensor de luminosidade e retrovisores eletricamente rebatíveis se destacam. Pouco para um carro de quase R$ 140 mil. Um belo diferencial é o acabamento interno, de excelente qualidade.



Dessa maneira, a Peugeot entrou no pouco povoado segmento brasileiro de cupês, em outubro, com preço de R$ 139.900. Naquela época, os principais rivais ficavam bem fora de preço. Eram os alemães Audi TT, BMW Z4, Mercedes-Benz SLK e até o Chevrolet Camaro, todos com preços que rondam os R$ 200 mil. Quase simultaneamente chegou o concorrente mais próximo em proposta, mecânica e preço do RCZ, o Mini Coupé. Com o mesmo motor sob o capô, mas com 184 cv, desenho despojado e preço de R$ 139 mil, a briga é clara.

As vendas do RCZ mostraram oscilações, devido principalmente ao IPI. Quando chegou, teve preço anunciado de R$ 139.900, mas o adiamento do início do aumento da tributação sobre os produtos importados fez a Peugeot diminuir o valor em R$ 10 mil. Assim, as vendas superaram as 40 unidades mensais, acima da expectativa inicial. Neste ano, já com o imposto tarifado e o preço cheio, as vendas caíram para 26 em janeiro, 18 em fevereiro e 17 em março. Uma queda que não desanima a Peugeot. A marca já confirmou dois novos carros com proposta esportiva para 2012 no Brasil. O 308 CC chega ainda no primeiro semestre, enquanto o 308 THP começa a ser vendido em outubro, depois do Salão de São Paulo.



Ponto a ponto

Desempenho – O 1.6 THP faz o que se espera dele: acelera o cupê com autoridade. O torque máximo não é tão grande, 24,5 kgfm, mas chega logo cedo, nas 1.400 rotações. Isso deixa o RCZ bem esperto em quase todas as situações. Basta  pisar forte no acelerador para os giros subirem rapidamente, fruto da baixa inércia do motor de dimensões compactas. Os mais de 1.300 kg deixam a relação peso/potência apenas razoável – são 8,26 kg/cv. O zero a 100 km/h em 8,4 segundos e a velocidade máxima de 213 km/h são mais animadores. A transmissão automática é eficiente. Nota 8.
Estabilidade – O RCZ tem dimensões que valorizam a sua estabilidade. As rodas são posicionadas nas extremidades da carroceria e o carro é bastante largo e baixo. Isso mantém o centro de gravidade baixo, o que aumenta a aderência do modelo. Assim, provocar o cupê a uma tocada divertida é algo que não prejudica a segurança ou a estabilidade. O carro fica sempre na mão e, se for necessário, ainda existem os controles de eletrônicos de tração e estabilidade que ajudam a manter a trajetória. Nota 9.
Interatividade –
O interior do esportivo da Peugeot é bem completo e traz tudo para facilitar a vida do motorista. Os bancos tem ajustes elétricos e tornam simples achar a melhor posição de dirigir. O rádio tem comandos satélites na coluna de direção e é prático de usar. A posição de pilotar, um tanto “afundada”, e o próprio formato do carro dificultam a visibilidade traseira e lateral. Outra falha é o volante, muito grande para um carro de pretensões esportivas. O câmbio tem opção de trocas manuais, mas apenas na alavanca. Nota 8.
Consumo – O InMetro testou o RCZ e conseguiu a média de 8,4 km/l na cidade e 12,0 km/l na estrada com gasolina. Nota 8.
Conforto – A suspensão é dura e os pneus 235/45 R18 têm perfil baixo. Essa combinação faz de qualquer buraco um grande inimigo do cupê francês. As batidas secas são constantes. No resto, o RCZ conta com bancos de couro de ótima qualidade que abraçam bem os ocupantes. Atrás, há espaço apenas para crianças. Qualquer adulto que se aventurar por ali vai ficar apertado e o contorcionismo para entrar é inevitável. Nota 7.
Tecnologia – O RCZ é feito na base do 308, carro que foi lançado há cinco anos. A suspensão traseira é independente, o que beneficia o conforto. O trem de força é elogiável. O motor THP é potente e econômico, e a transmissão competente. Como modelo topo de linha da marca francesa no Brasil, o cupê vem completo, cheio de equipamentos de série. No entanto, para um carro que supera os R$ 100 mil com facilidade, faltam alguns requintes, como um navegador integrado. Nota 8.



Habitalidade – Existem dois bons porta-objetos no console central que permitem guardar objetos pessoais. As portas também exibem espaços suficientes para abrigar tranqueiras. Entrar no RCZ não é uma tarefa fácil. Afinal, tem menos de 1,40 m de altura e é preciso se abaixar muito para entrar na cabine. Quem vai atrás, sofre mais ainda. O acesso é precário e o espaço é ainda pior. O porta-malas leva 321 litros, suficiente para as bagagens de um casal em uma viagem de final de semana. Nota 6.
Acabamento – O interior do RCZ é feito com qualidade impressionante. Não falta couro com costuras aparentes da cabine. Todo o painel e portas recebem o material, que passa uma impressão de muito esmero na construção. Existem detalhes luxuosos, como alguns apliques de alumínio escovado nos puxadores das portas e no volante e um charmoso relógio analógico entre as saídas de ar. É um belo contraste com o exterior esportivo. Nota 10.
Design – O RCZ chama atenção por onde passa. A mistura de um desenho elegante e esportivo transforma o cupê em um dos carros mais atraentes disponíveis hoje em dia. O teto ondulado e o aerofólio retrátil são os toques finais em um conjunto marcado pelo aspecto moderno e sedutor. Nota 10.
Custo/benefício – O RCZ é caro. Pagar R$ 139.900 em um carro que leva apenas dois ocupantes é algo pouco óbvio ou racional. O desempenho também não é tão absurdo que possa justificar o preço alto. O que ajuda são o desenho e o acabamento, que tornam o veículo altamente desejável. O principal rival é o Mini Coupé, também vendido por R$ 139 mil, com um apelo estético alto e que usa o mesmo propulsor do Peugeot. Entretanto, a calibragem do Mini deixa o carro mais potente e esperto. Os outros cupês do mercado nacional, os alemães Audi TT, Mercedes-Benz SLK e BMW Z4 superam – e muito – os R$ 200 mil. Nota 7.
Total – O Peugeot RCZ somou 81 pontos em 100 possíveis.



Primeiras impressões

Charme de ocasião

O RCZ é um carro desejável. Logo à primeira vista, o cupê seduz. De uma maneira elegante e requintada, parece suplicar para ser acelerado. Porém, quando isso ocorre, seu desempenho não chega a ser arrebatador. Não que o RCZ seja lento. Longe disso. Faz um zero a 100 km/h em 8,4 segundos e supera os 200 km/h. Mas sua aparência sugere algo muito mais feroz. Apesar desse ligeiro “anticlímax”, um dos destaques do carro é o motor. O elástico e versátil 1.6 THP é muito competente, com torque máximo em 1.400 rpm e ainda consegue fornecer um consumo bom para um carro do porte e peso do cupê da Peugeot.

Em curvas, o RCZ não desaponta ninguém. Fruto da sua arquitetura baseada no médio 308. O estilo ousado deixa o centro de gravidade bem baixo. Alia-se a isso a suspensão esportiva e as rodas grandes – e o modelo se transforma em um devorador de curvas. A carroceria rola pouquíssimo e o carro fica sempre sob controle. A transmissão ajuda na tocada esportiva.



Apesar de ser automática, ela tem funcionamento semelhante com uma caixa automatizada, segurando a marcha em rotações altas mesmo quando se alivia o pé. Se sente falta, no entanto, de borboletas para trocas de marcha. O volante joga contra a ferocidade do conjunto dinâmico. Ele tem um raio muito grande e é mais adequado para uma estrada reta do que uma serra sinuosa e apertada.

Como qualquer cupê, o RCZ foi feito para duas pessoas. Os bancos traseiros até abrigam duas crianças, mas um adulto vai passar sufoco ali. Ele só é suficiente para quebra-galhos em trajetos curtos. O resto da cabine compensa. O acabamento é ótimo. Há couro pespontado espalhado por todo o painel e bancos. Engastes de alumínio escovado nas portas e volante dão uma dose extra de requinte ao interior do modelo, assim como o generoso relógio analógico no centro do console. Prova de que o RCZ está mais preocupado em afagar o ego do seu motorista do que injetar adrenalina na sua corrente sanguínea.


   
Ficha técnica

Peugeot RCZ

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, alimentado por turbina de hélice dupla, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando duplo de válvulas no cabeçote com sistema de variação de abertura na admissão e escape. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com modo manual sequencial de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,4 segundos.
Velocidade máxima: 213 km/h.
Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira McPherson com rodas independentes, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos pressurizados. Traseira com rodas independentes, travessa deformável e amortecedores hidráulicos pressurizados. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 235/45 R18.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS.
Carroceria: Cupê em monobloco com duas portas e quatro lugares. Com 4,28 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,35 m de altura e 2,61 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais e laterais.
Peso: 1.363 kg.
Capacidade do porta-malas: 321 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Sochaux, França.
Lançamento: 2010.
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série:  Airbags frontais e laterais, aerofólio móvel, controle de estabilidade, faróis de xenon, ABS com auxílio a frenagem de emergência e repartidor eletrônico de frenagem, sensor de luminosidade, ar-condicionado dual zone, bancos de couro com aquecimento, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, direção assistida, cruise control, trio elétrico, retrovisores eletricamente rebatíveis, rádio/CD/MP3/USB/AUX/Bluetooth e rodas de liga leve de 18 polegadas.
Preço: R$ 139.900.



Prós:
# Design
# Acabamento
# Consumo

Contras:
# Acessos
# Visibilidade




Fonte: motordream
Disponível no(a): motordream.uol.com.br
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