Blog do Largartixa: Especial: GP Brasil completa 40 anos

31 de mar. de 2012

Especial: GP Brasil completa 40 anos

Primeiro vencedor foi um argentino? Prost foi quem mais ganhou? Corrida em Brasília? Conheça histórias e curiosidades destas quatro décadas de Fórmula 1 no Brasil

por David Alves e Marcelo Cosentino - fotos Reprodução Internet

Há exatos 40 anos os viciados em carro de todo o Brasil começavam a seguir uma religião fervorosa. Com apenas um culto ao ano, sendo este mais barulhento do que qualquer pastor, chegava a hora de venerar a Fórmula 1 pela primeira vez em terras brasileiras. É verdade que a prova daquele dia 30 de março de 1972, realizada no autódromo de Interlagos, não valia pontos, já que na época se exigia uma corrida de demonstração para verificar a qualidade da pista. Nada que tenha apagado o brilho do espetáculo que religiosamente viria para o Brasil a cada ano.

O primeiro Grande Prêmio do Brasil aconteceu em um circuito de Interlagos ainda no traçado original, com 7.690 km - foto ao lado. Alinhados no grid estavam 18 pilotos, sendo quatro brasileiros: os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, Luiz Bueno e José Carlos Pace, que mais tarde nomearia o autódromo, em 1985. Apenas seis terminaram o GP, com vitória do argentino Carlos Reutemann - foto acima.

A partir do ano seguinte, o Grande Prêmio do Brasil se tornou regular na Fórmula 1, fazendo parte de todas as quarenta temporadas que se seguiram. Após a vitória argentina, nos três anos seguintes só tocou o hino brasileiro no pódio. Emerson venceu em 1973 e 1974, e Carlos Pace conseguiu sua única vitória na F1 em 1975. Curiosamente Fittipaldi ganhou também o Grande Prêmio Presidente Médici, uma prova extra da F1 que ocorreu uma única vez na cidade de Brasília e sem valor pontos, em 1974. Depois, vieram vitórias de Niki Lauda e de novo Reutemann, em 1976 e 1977, respectivamente.

Em 1978 a Fórmula 1 saiu de São Paulo por questões financeiras. O destino foi o Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro - foto acima. Na estreia carioca, Emerson e sua equipe Fittipaldi bem que tentaram, mas conseguiram apenas um segundo lugar, atrás Reutemann, que mais uma vez levou o Grande Prêmio do Brasil. A prova voltou para a capital paulista nos dois anos seguintes, com vitórias dos franceses Jacques Laffite e René Arnoux, mas a partir de 1981 a Cidade Maravilhosa passou a sediar o Grande Prêmio definitivamente.

Nessa época, a Fórmula 1 e o Brasil puderam acompanhar o surgimento de grandes nomes na pista carioca. Em sua penúltima temporada, Reutemann levou mais uma vez o Grande Prêmio, em 1981. O “Professor” Alain Prost venceu 5 vezes no Rio (1982, 1984, 1985, 1987, 1988), sendo interrompido apenas pelo tricampeão Nelson Piquet, que venceu duas (1983, 1986), e foi homenageado tendo seu nome colocado no autódromo em 1988. Na última temporada no Rio, em 1989, o inglês Nigel Mansell superou ambos e levou o troféu para casa. Em 2006 e 2007, para a tristeza do automobilismo nacional, o Autódromo Nelson Piquet teve sua pista reduzida para dar lugar a instalações dos Jogos Pan-americanos de 2007. Em 2008 foi autorizada a demolição do autódromo, o que ainda não ocorreu. A promessa é que se construa uma nova pista em Deodoro, no Rio.

Em 1990, os mesmos problemas financeiros que levaram a prova ao Rio de Janeiro traziam o GP Brasil de volta para São Paulo. O autódromo foi reformado e encurtado dos quase 8 km originais para 4.325 km. Nesta época um tal Ayrton Senna já havia se sagrado campeão em 1988, mas ainda não havia vencido em casa. Este era um ano de favoritismo para Ayrton, mas um toque o fez perder a liderança, e Prost ganhou pela sexta e última vez o Grande Prêmio do Brasil, se transformando no maior vencedor do grande prêmio. No ano seguinte Senna conseguiu sua esperada vitória, fato que se repetiu em 1993 em outra prova histórica pela superação do piloto - foto acima.

Pelos próximos sete anos, todos os vencedores do Grande Prêmio do Brasil foram campeões na temporada. Primeiro com o bicampeonato de Michael Schumacher, depois com Damon Hill e Jacques Villeneuve e por último com o bicampeonato de Mika Hakkinen. O ano 2000 foi o último desta sequência, com mais uma vitória e título para Schumacher, um dos maiores vitoriosos do GP Brasil. David Coulthard venceu no Brasil em 2001, mas não foi capaz de alcançar o alemão, que reinou supremo naquela temporada. No ano seguinte Schummy venceu de novo por aqui e levou o campeonato.

O ano de 2003 foi o último em que a prova foi realizada no começo da temporada. Esta foi uma corrida dramática, marcada pela chuva inconstante, por acidentes, desentendimentos e pela improvável vitória de Giancarlo Fisichella, a primeira do italiano e a última de sua equipe, a Jordan.

A partir de 2004, o Grande Prêmio do Brasil passou a ser realizado no final do ano. De lá para cá a prova foi palco de decisões da temporada várias vezes. Fernando Alonso conquistou seu bicampeonato por aqui em 2005 e 2006. No ano seguinte, Kimi Raikkonen era o último na disputa, mas venceu em Interlagos e levou o título. Em 2008 tivemos uma das passagens mais emocionantes da história do GP Brasil. Felipe Massa, que venceu a prova, se sagrava o campeão da temporada até a última volta, quando Lewis Hamilton ultrapassou Timo Glock pouco antes de cruzar a linha de chegada, somando um ponto a mais que o brasileiro - foto acima - e levando o título da F1 daquele ano para casa.

Em 2009 a equipe Red Bull-Renault já mostrava o que aprontaria nos anos seguintes com a vitória de Mark Webber em Interlagos. Neste ano o título ficou antecipadamente com Jenson Button, da Brawn. Nos dois anos seguintes o GP Brasil recebeu a F1 já com campeão definido: Sebastian Vettel. O alemão confirmou sua supremacia com uma vitória em 2010. No ano seguinte seu parceiro de equipe, Mark Webber, conquistou a prova mais uma vez.

O Grande Prêmio do Brasil chega em 2012 à sua 41ª edição. São quatro décadas de uma história rica do automobilismo nacional e que esperamos ainda estar bem longe da bandeirada final.