29 de jan. de 2012

Regularidade-REGULARIDADE EM INTERLAGOS, A PROVA por Bob Sharp


O Fiat Stilo 2009 de Fulvio Oriola puxa o pelotão

Conforme havíamos anunciado, realizou-se no fim de semana 21/22 de janeiro a 10ª Etapa do Torneio Interlagos de Regularidade, que contou com nada menos que 81 particilantes. O evento existe desde 2009 e admite duas categorias de veículos, os Clássicos e os Modernos.
"A separação das classes é 25 anos", diz o idealizador e promotor do evento, o ex-piloto, ex-dono de equipe e meu amigo Jan Balder, com quem dividi o mesmo Opala Divisão 1 várias vezes na década de 1970. "Nem os trinta anos da placa preta, nem os vinte da isenção de IPVA", brinca, mas nem por isso deixa de ser um bom critério. Assim, para 2012, os Clássicos são os carros fabricados até 1987 e os Modernos, de 1988 em diante.

O bom desse evento é proporcionar ao participante a prática do automobilismo com o carro de todo dia, nada mais sendo exigido que use capacete e se afivele o cinto de segurança e que esteja com a carteira de habilitação válida. Nada de ter que preparar carro, colocar arco de proteção e outros itens de segurança exigidos nas corridas. O único requisito é que o carro largue com pneus com profundidade de sulco de pelo menos 4 milímetros, metade de quando novos.

Pumas na pista!

O nome da prova já diz: regularidade é o fator determinante de vitória, não velocidade absoluta. A direção da prova oferece três tempos de volta para cada categoria, que o concorrente escolhe previamente mas só indica no final. Para os Clássicos, 2min39s, 2min55s e 3min10s, enquanto os Modernos rodam um pouco mais rápidos, 2min27s, 2min39s e 2min55s. Na condição mais rápida da cada categoria, as médias horárias são 97,5 km/h e 105,5 km/h, respectivamente. Essa média significa que já dá para divertir e exige alguma "mão de obra" do piloto. Mas em caso de chuva são acrescentados 30 segundos ao tempo de volta.

O concorrente pode escolher entre ir só no carro ou levar co-piloto para ajudá-lo no controle do tempo Esse controle é importante porque há três postos de controle secretos no circuito. Adiantar-se ou atrasar-se em cada posto representa perder um ponto por segundo, vencendo quem perder menos pontos. É como nos ralis de regularidade, só que em vez de estrada anda-se num circuito. Mais ou menos como na Mil Milhas Brasileiras, que se espelhou na Mille Miglia, prova de estrada Brescia-Roma-Brescia, na Itália, e era realizada em circuito, no caso Interlagos.
Nessa décima etapa houve uma inovação. O Jan me pediu que participasse levando cinco pessoas – uma da cada vez – para dar duas voltas comigo na pista. Essas pessoas podiam ser pilotos que por qualquer motivo não tomassem parte numa das duas baterias ou algum acompanhante ou amigo. A escolha seria por sorteio pelo número do carro e o escolhido determinava quem andaria comigo.
Como teria de ser um carro específico para isso (carro de teste, como o Jan imaginava, nem pensar), pensei logo num Audi. A Audi do Brasil, por seu assessor de imprensa Charles Marzanasco Filho, prontamente concordou e advinhe que carro ofereceu? Um Audi RS 3, a versão esportiva do A3 Sportback. Os sorteados (e eu!) andaram num verdadeiro expoente de desempenho, um autêntico "foguete de bolso".
Audi RS 3, um "foguete de bolso"
O curioso nome, para quem não sabe, é paródia dos "encouraçados de bolso" alemães fabricados depois da Primeira Guerra Mundial, nada mais que destróieres da classe pesados que tinham poder de fogo comparável ao dos encouraçados. Ocorre que o Tratado de Versalhes impusera à perdedora Alemanha várias restrições, entre elas a proibição de fabricar encouraçados, mas os espertos (e competentes) alemães deram a volta por cima fabricando os tais encouraçados de bolso. A analogia com os carros do tipo é perfeita, uma carro compacto, ou pequeno, com desempenho de carro esporte.

O encouraçado de bolso Admiral Graf Spee

Eu nunca havia dirigido o RS 3 e o fiz pela primeira vez ao entrar na pista. Fiquei impressionado. Motor 5-cilindros 2,5-litros turbo, injeção direta, 340 cv de 5.400 a 6.500 rpm, 45,9 m·kgf de 1.600 a 5.300 rpm, tração integral Quattro, câmbio robotizado de duas embreagens, 7 marchas, 1.575 kg (4,6 kg/cv), 0-100 km/h em 4,6 segundos, máxima limitada de 250 km/h, freios gigantescos, pneus dianterios 235/35R19, pneus traseiros 225/35R19 (isso mesmo, seção menor atrás!). Vou falar mais do carro no próximo post.
Assim como babei, os meus "passageiros", entre homens e mulheres, e até adolescentes, também babaram. A maioria nuna havia andando numa pista e fizeram isso logo num carro que é expoente. Foram duas sessões de "carona" no sábado e duas no domingo, às 13h45 e 17h30, respectivamente. O "foguete de bolso" andou na prova de regularidade, em meio aos carros dos competidores. Claro, eu tomava o máximo cuidado para não atrapalhar ninguém, muito menos expor alguém a perigo, e isso incluía principalmente o meu "passageiro". Obviamente, eu não rodei no tempo pré-estabelecido, mas o mais rápido possível dentro das circunstâncias, com ultrapassagens constantes. Após duas voltas eu entrava nos boxes para a troca de acompanhante, sempre no box nº. 1.

Sorteada, tive o prazer de conduzir Graziela Fernandes Santos, a famosa piloto paraguaia radicada no Brasil, especialista em Alfa Romeo, pilotando Giulias e GTAs nos anos 1960 a 1980 e que participou do rali com um Puma GTC 1982. Na foto ao lado, Graziela e Emilio Zambello, outro grande alfista e piloto, que junto com Piero Gancia conduziu uma das mais poderosas equipes de competição do Brasil, a Jolly-Gancia, nos anos 1960 e 1970, inclusive vencendo a Mil Milhas de 1970 com os irmãos Abílio e Alcides Diniz..

 Mas a presença do RS 3 incitou alguns participantes a andar junto do Audi, abandonando o esquema de regularidade, o que também foi bastante divertido. Foi particularmente acirrada a briga com o Porsche 911 GT3 do José Henrique, conhecido participante dos Porsche Days e da Porsche Cup. No miolo até que dava para irmos junto, mas da subida da Junção em diante e na reta oposta os 435 cv do motor de 3.797 cm³ no carro de 1.395 kg e mais aerodinâmico falavam (bem) mais alto.

Que bela visão à frente, para o meu "passageiro(a)" e eu

 Em ambas as segundas sessões choveu, sendo que no domingo à tarde desabou um dilúvio sobre Interlagos. Cumpri a tarefa do mesmo jeito e o comportamento do RS 3 nessas condições foi admirável, graças especialmente à tração integral. O vídeo mais adiante, feito por um dos que levei e que infelizmente não lembro o nome (se o autor me escrever, coloco, essa é vantagem da internet), dá uma idéia perfeita da chuva torrencial. A foto abaixo foi feita no sábado, chuva leve.
Comportamento perfeito no piso molhado
Todos os resultados da etapa, bem como do torneio e diversas informações adicionais, podem ser vistos no site que o Jan Balder tem para divulgação dos ralis.
Foi mesmo um belo fim de semana autoentusiasta para todos. Veja mais fotos após o vídeo.
BS

Andando com o Audi RS 3 em Interlagos sob forte chuva:

 Mais fotos




Puma GTS 1977 de Gilmar Garcez e Maverick GT 1974 de Reinaldo Hernandez

Opala 1974 de Alexandre Gama Pinheiro

Golf 2012 de Marcelo Salinas Câmara

VW 1200 1964 de Eric Darwich no limite

Alfa Romeo 1750 berlina 1972 de Sergio Daffre

Kadett GSI 1993 de Roberto C. Thomñ e Celta 2001 de Milton Pecegueiro Rubinho

Mitsubishi Lancer EVO X 2012 de Leonardo Macedo Menezes

Mercedes-Benz E63 Touring de Caio Vilela

Fotos: Rodrigo Ruiz/Velocidadeonline
Fonte: autoentusiastas
Disponível no(a): http://autoentusiastas.blogspot.com
Comente está postagem.

Nenhum comentário: