27 de jan. de 2012

Brasil – quem tá de fora quer entrar?

Fotos: Divulgação
Brasil – quem tá de fora quer entrar?
Embora existam quase 50 marcas de automóveis à venda no país, há muitos fabricantes importantes fora do mercado nacional

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos países mais atraentes para a indústria automotiva mundial. Hoje atuam no mercado brasileiro de automóveis e utilitários um total de 43 marcas internacionais - europeias, asiáticas e norte-americanas – e umas poucas marcas nacionais – Agrale, Troller, Lobini, Tac, etc. Mas ainda tem muito peixe grande de fora desse aquário.
Marcas como a aristocrática britânica Rolls-Royce já estão agendadas para inaugurarem suas primeiras concessionárias brasileiras esse ano. Outros players importantes no cenário automotivo mundial nunca estiveram por aqui, como a indiana Tata, a italiana Lancia, a norte-americana Buick e a chinesa Brilliance. Outros até já atuaram no Brasil, mas saíram antes do "boom" do mercado nacional, como a espanhola Seat, a russa Lada, a italiana Alfa Romeo e a japonesa Daihatsu.

Veja abaixo a relação dos principais produtos de algumas das mais importantes marcas de automóveis que estão fora do mercado brasileiro. Depois, opine na Enquete, que está no canto inferior esquerdo da capa de MotorDream – que marca internacional de automóveis gostaria de ver no mercado brasileiro? O resultado será publicado em MotorDream na edição de 31 de janeiro.


Alfa Romeo


A história do “cuore sportivo” por aqui é cheia de idas e vindas. A marca ficou célebre nos anos 1960, quando a estatal brasileira FNM produziu o sedã JK com base no Alfa Romeo 2000. Em 1973, a marca italiana comprou a FNM e passou a produzir o 2300, que foi fabricado até 1986. A Alfa voltaria ao mercado nacional com a abertura das importações, no início dos anos 1990. Até 2006, a fabricante de esportivos do grupo Fiat fez a alegria da legião de alfistas com modelos como 145, 155, 147, 156 e 166. Sem previsão para voltar ao Brasil, a Alfa agora só pensa em seu retorno para os EUA, que deve acontecer entre o final de 2012 e o início de 2013, com um pequeno lote do cupê 4C (na foto).


Brilliance


Mesmo sem ainda atuar no Brasil, a marca chinesa foi uma das mais afetadas pelo aumento do IPI em até 30 pontos percentuais para veículos importados. Isso porque a marca estava com tudo pronto para começar a vender seus carros por aqui. Representada pela importadora CN Auto, chegou a exibir no Salão de São Paulo de 2010 os modelos que queria começar a vender no ano passado por aqui. Tomada de surpresa pela medida do governo federal, a fabricante asiática já adiou sua chegada para 2013. Entre os modelos que farão parte do portfólio nacional, está o hatch FRV, que foi desenhado por ninguém menos que o mestre italiano Giorgetto Giugiaro. Há até mesmo uma versão com elementos aventureiros, batizada de FRV Cross. O motor é um 1.5 litro de 113 cv.


Buick

A Buick é uma marca premium da General Motors com história centenária. Foi fundada em 1899 como uma pequena fabricante independente e seu êxito comercial contribuiu para a criação do conglomerado norte-americano, que também reúne marcas como Chevrolet, Cadillac e Opel. Além dos EUA, a Buick também é vendida em países como Canadá, México, Taiwan e Israel. Mas o maior destaque mesmo é a China, seu maior mercado global. O sedã Excelle conseguiu destronar o BYD F3, líder por dois anos consecutivos, e fechou 2011 no topo do ranking por lá. No Brasil, a marca pode chegar sob o emblema da Chevrolet: o Encore (foto), apresentado em Detroit, pode vestir a gravata dourada para brigar com Ford EcoSport e Renault Duster por aqui.


BYD


A BYD ocupa a sexta colocação no ranking de vendas das marcas chinesas. Mas se diferencia das conterrâneas pela vocação em investir em tecnologias de ponta, como os carros elétricos. A marca lançou o e6, modelo 100% elétrico que contou com a parceria da Mercedes-Benz em seu desenvolvimento. Mas as baterias de íons de lítio vieram do know-how da própria fabricante, que também é líder na produção de baterias para telefones celulares. A marca tem como um de seus acionistas principais o bilionário norte-americano Warren Buffet. O nome vem da sigla para Build Your Dreams – ou “construa seus sonhos”. Se a alta do IPI não se transformar em uma barreira intransponível, a BYD deve fazer sua estreia no mercado brasileiro ainda este ano. O subcompacto F0 (foto) e o compacto F3, hatch e sedã, já foram flagrados em testes pelas estradas nacionais.


Cadillac


A Cadillac é um dos ícones da cultura norte-americana. A marca de luxo da General Motors ficou célebre nos anos 1950 e 1960 pelos sedãs de mais de 5 m de comprimento e suas indefectíveis traseiras que ficaram conhecidas como “rabo-de-peixe”. No auge do “american way of life”, modelos como os elegantes DeVille e Eldorado entraram para a história da indústria automobilística. A marca seguiu com grande êxito até 1997, quando viu sua liderança no segmento premium ir para as mãos da rival Lincoln, da Ford. Agora, a Cadillac está mais preocupada com o trio de alemãs BMW, Audi e Mercedes-Benz. A nova aposta é o ATS (foto), sedã que foi projetado sob medida para encarar Série 3, A4 e Classe C. A GM havia prometido trazer a Cadillac para o mercado nacional em 2008, mas a marca ainda parece distante da realidade brasileira.


Daihatsu


Com alguma sorte, ainda é possível ver exemplares do Cuore nas ruas brasileiras. O compacto da Daihatsu foi um dos modelos trazidos para o mercado nacional durante a invasão das fabricantes estrangeiras, no início dos anos 1990. Entre 1994 e 1999, a nipônica especializada em carros de dimensões reduzidas trouxe ainda o utilitário compacto Terios, o sedã Applause e a van Grand Move. A marca se despediu do Brasil depois que a alta do dólar impossibilitou suas operações. No mesmo ano, a Toyota adquiriu o controle majoritário sobre a montadora no Japão. Com modelos como Move, Tanto (na foto) e Mira, a Daihatsu é um dos destaques do concorrido segmento dos kei cars – carrinhos com motor de 600 cilindradas – no Japão.


Lada


A Lada é outra que também deixou saudade no Brasil. Seus carros com visual antiquado chamavam a atenção pelo baixo preço e conseguiram certo êxito comercial. O carro-chefe da marca russa era o sedã Laika, que chegou a emplacar 33 mil unidades entre 1990 e 1995. O Laika tinha até versão perua, e também estava acompanhado pelo hatch Samara e pelo jipão Niva. Mesmo com os problemas no carburador, por causa da falta de adaptação do conjunto mecânico para o clima brasileiro, os carros da Lada conquistaram fãs e o Niva ainda é lembrado por diversos clubes de proprietários espalhados pelo país. Na Rússia, a Lada se divide entre produtos modernos e modelos defasados. Atualmente, a fabricante está em aproximação com a aliança Renault-Nissan, que já detém 25% do grupo AvtoVAZ – proprietário da marca – e já demonstrou interesse em assumir o controle em breve. Entre os modelos mais recentes, está a perua Largus (foto), baseada na plataforma do Logan.


Lancia


A marca italiana do grupo Fiat é referência no mercado premium europeu. Mas também fez história nos campeonatos de rali nos anos 1970 e 1980. O lendário esportivo Stratos se tornou um ícone das pistas com seu motor traseiro V6 de 2.4 litros e 190 cv de potência, vindo da Ferrari. Assim como a Alfa Romeo, a Lancia ainda enfrenta problemas financeiros e amarga vendas insatisfatórias, mas a Fiat enxergou na aquisição do grupo Chrysler uma oportunidade para mudar essa história. O Thema (foto), por exemplo, une a plataforma do Chrysler 300 e a tradição da Lancia para competir com BMW Série 5, Mercedes Classe E, Audi A6 e Jaguar XF. Há ainda a minivan Voyager, feita a partir da Chrysler Town and Country. Mas o caminho oposto também acontece: o compacto Delta ganhou o emblema da marca norte-americana no mercado inglês.


Mazda

No ano passado, a japonesa Mazda chegou bem perto de consolidar seu retorno ao Brasil. De última hora, o aumento do IPI sobre veículos importados impossibilitou o regresso. Mas a situação é temporária. A Mazda construirá uma fábrica em Salamanca, no México, com investimento de US$ 500 milhões. A partir de 2013, a marca nipônica fará por lá os compactos Mazda2 (foto) e Mazda3, que poderão chegar ao Brasil com o preço mais viável, graças ao acordo comercial com os mexicanos. A Mazda esteve presente por aqui durante a onda de importados, no início dos anos 1990, mas encerrou suas atividades em 2000. Como legado, deixou carros como o cupê MX-3 e o roadster MX-5.


Opel


A presença da alemã Opel no Brasil parece não ter vez, já que a GM escolheu a Chevrolet como sua marca principal por aqui. Apesar disso, muito da história da Chevrolet brasileira se deve à fabricante europeia. A Opel forneceu diversos modelos que foram vendidos no mercado nacional sob o emblema da gravata dourada, como os clássicos Kadett e Monza, nos anos 1980 e início dos 1990, e os mais recentes Corsa, Astra e Zafira. Por enquanto, a marca alemã só está presente na América Latina por meio do mercado chileno, onde se prepara para começar as operações no primeiro semestre de 2012, vendo as versões europeias de Corsa, Astra, Astra Sports Tourer, Meriva, Insignia (foto) e Insignia Sports Tourer.


Seat

A marca espanhola do grupo Volkswagen foi outra que tentou abocanhar uma fatia do segmento de importados nos anos 1990. Por aqui, os carros-chefes eram o hatch Ibiza e o sedã Cordoba, que foram vendidos entre 1995 e 2002. A plataforma era a mesma do Polo europeu e a carroceria três volumes era praticamente uma versão do Polo Classic com o emblema da fabricante hispânica. Longe do mercado brasileiro, a Seat chegou até mesmo a cogitar uma fábrica por aqui em 2008, mas o interesse da marca na América Latina diminuiu a ponto de encerrar suas atividades também na Argentina. Atualmente, a marca está presente em países como Chile e México, onde são vendidos modelos como Ibiza e o médio León (foto). Na Europa, a Seat produz versões mais acessíveis a partir de modelos da Volkswagen.


Tata

A indiana Tata se tornou famosa ao criar o “carro mais barato do mundo”. Por um preço equivalente a R$ 3.700, o subcompacto Nano (foto) foi lançado em 2009 com a missão de emplacar nada menos que 500 mil unidades anuais no mercado local. Com problemas estruturais e até casos de incêndio por causa de falhas no motor de arranque, o modelo se tornou um fiasco de vendas e só atingiu as 100 mil unidades em meados do ano passado. Apesar disso, a Tata já cogitou comercializá-lo no Brasil. Agora, as chances maiores recaem sobre a picape Tata Xenon, que já foi vista em testes no país e pode chegar pelas mãos do grupo do empresário Sérgio Habib, que também trouxe a chinesa JAC Motors.
Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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