29 de dez. de 2011

Automóveis: Depois da alta do IPI, 2012 será bom para fabricantes nacionais

Ilustração: Afonso Carlos/CZN
Automóveis: Depois da alta do IPI, 2012 será bom para fabricantes nacionais Aumento do imposto para importados e volta do crédito projetam um 2012 favorável para fabricantes nacionais

por Rodrigo Machado
Auto Press


Os veículos nacionais e importados vinham em um crescimento equilibrado nos últimos anos. Ambos estavam em alta e contribuindo para o mercado nacional bater recordes de vendas. Entretanto, o ano que vem deve marcar uma desigualdade nessa conta. O aumento do IPI para importados, aliado à diminuição das restrições ao crédito, projetam que 2012 será claramente benéfico às marcas que têm fábrica no Mercosul e México. Além disso, de uma maneira geral, o Brasil deve retomar um crescimento maior do que no último ano. De acordo com a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores –, o volume de vendas no ano que vem deve ficar entre 3,77 milhões e 3,81 milhões de veículos. Isso significa uma alta entre 4% e 5% em relação a esse ano. Portanto, um crescimento maior do que o de 2011, que ficou na casa dos 3,3%. “ Isso tudo considerando o crescimento da economia, a baixa dos juros e a oferta de crédito ”, avalia Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.

O otimismo do executivo – que também é presidente da Fiat do Brasil – está pautado no recuo da restrição aos financiamentos de veículos, que foi um dos motivos que mais inibiram o consumo neste ano. “ O governo foi revertendo a política monetária, tirando a restrição ao crédito. Isso vai começar a fazer efeito no ano que vem. A expectativa é que início de 2012 seja com mercado mais morno, com um final de ano mais aquecido nas vendas ”, prevê Célio Hiratuka, professor de economia industrial e da tecnologia do Instituto de Economia da Unicamp.

Além disso, 2012 é um ano chave para algumas novas fábricas de automóveis no Brasil. A BMW deve confirmar a sua unidade fabril por aqui, assim como a Volkswagen, que cogita uma nova planta. Os trabalhos em Goiana, em Pernambuco, para a nova linha de montagem da Fiat devem iniciar no ano que vem, enquanto a Hyundai vai terminar a sua unidade industrial em Piracicaba/SP no primeiro semestre. As chinesas Chery e Lifan – nas cidades de Jacareí/SP e Anápolis/GO, respectivamente – também estão com as obras de suas fábricas brasileiras adiantadas.

Somado à maior oferta de empréstimo, as fabricantes nacionais também vão se beneficiar com o aumento do IPI para automóveis importados de fora do Mercosul e México. Os 30 pontos percentuais a mais no imposto sobre produto industrializado atingiram em cheio as “marcas estrangeiras”, que tiveram um dos seus melhores anos no Brasil. E depois de muita briga entre Anfavea, Abeiva e executivos das importadas, o que ficou claro é que a participação dos veículos “de fora” deve cair em 2012. A Anfavea estima que a taxa caia de 23% para 21% no ano que vem. Apesar de aparentemente pequeno, é bom apontar que esse percentual também inclui carros importados pelas marcas que tem fábrica no Brasil e que trazem seus veículos de países parceiros. E são exatamente esses que representam a grande maioria dos automóveis vindos de fora do país. A diminuição de dois pontos percentuais, portanto, seria praticamente apenas nos carros de importadoras, abrindo mais mercado para as nacionais. “ É impossível imaginar que esse aumento não gere fortes consequências. Ele mudou as contas para 2011, já que houve uma corrida pelos modelos sem aumento, e também para 2012, pois deve existir uma redução na procura ”, lembra Henning Dornbusch, presidente BMW Group do Brasil.

O aumento do imposto alterou não apenas os negócios a curto prazo, com importados mais caros, como também a médio e longo prazos. Isso porque, com etiquetas de preços maiores e margens de lucros menores, os planos das marcas mudaram drasticamente. A JAC Motors, por exemplo, uma das mais atingidas com a medida federal, declarou que o projeto de fazer fábrica por aqui talvez seja adiado enquanto um novo decreto não for anunciado. “ Ainda acredito que tudo isso será contornado. Surgirão novas ideias e novos acordos entre montadoras e governo federal ”, aposta Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.

Mesmo com a taxa mais alta, ainda há espaço para montadoras estrangeiras que queiram crescer no Brasil. A Chrysler, por exemplo, vai usar 2012 para marcar a sua retomada no mercado nacional. Serão quatro modelos totalmente novos lançados e, consequentemente, mais investimentos. “ Com isso, esperamos um crescimento de vendas de aproximadamente 50% em relação a 2011 ”, projeta Luiz Tambor, gerente de marketing e vendas da Chrysler.

Portanto, a expectativa para 2012 é boa. Com um crescimento maior, na casa dos 5%, a tendência é que o Brasil volte subir no ranking de vendas de automóveis mundiais. Atualmente, o país ocupa a quinta posição geral – atrás de China, Estados Unidos, Japão e Alemanha –, mas ainda há bastante mercado para ser explorado. No Brasil, a taxa de habitantes/carro ainda é baixa, na casa dos sete para um, enquanto que em mercados mais maduros, como na Europa, esse número chega a dois para um. “ Temos lugar para crescer mais. Não temos duvidas nenhuma. Tanto é que 2013 a previsão de crescimento é de 5% a 7%. Nossa posição geral é mais para o quarto lugar do que para o quinto ”, acredita Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors do Brasil.

No lado negativo, apenas a delicada situação econômica da Europa, local da matriz de diversas marcas e de bancos, pode fazer com que as transações financeiras fiquem mais lentas e menos ousadas. “ Faz parte de um pacote de coisas que deixam os bancos internacionais mais rígidos. O crédito continua vindo, mas fica um pouco mais difícil ”, pondera Munhoz, da GM.
Fonte:motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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