15 de nov. de 2011

Garagem dos sonhos: Lancia Fulvia Rallye 1600 HF


Quando se fala sobre carros italianos é muito fácil cair na armadilha dos clichês e compará-los à beleza feminina, fazendo referencias à sensualidade das curvas. No caso da Lancia, estamos falando da marca que começou isso, graças ao saudável costume de batizar seus carros com nomes femininos.
É o caso do nosso mais novo candidato à Garagem dos Sonhos, o Fulvia, uma obra clássica de engenharia e design.
As inovações tecnológicas e o desempenho nas pistas tornaram a Lancia uma das marcas que fizeram do nosso mundo um lugar melhor e mais apaixonante. Pioneira da construção monocoque e dos motores em V, foi sem dúvidas o fabricante italiano mais visionário do século XX, mas pagou o preço da inovação com uma situação financeira sempre instável, culminando com a incorporação pela Fiat em 1969.

Lançado em 1963, o Fulvia foi o último Lancia legítimo, criado sem interferências. Sua versão Coupé apareceu dois anos depois, no Salão de Genebra de 1965.  O motor de 1,2 litro adotou uma curiosa configuração de quatro cilindros dispostos em V, separados por 13 graus de inclinação, o que permitia a construção em uma única bancada de cilindros – algo que a Volkswagen faria na década de 1980 com os motores VR4 e VR6.
Este pequeno V4 de 1216 cm³ de deslocamento desenvolvia respeitáveis 80 cv. A potência era transmitida ao asfalto pela tração dianteira, outra aposta ousada da Lancia, e que deu certo: equilibrado pela posição dos passageiros próxima ao eixo traseiro, o pequeno cupê de apenas 900 kg se provou ágil e performático, com máxima de 160 km/h.

Outras inovações do Fulvia eram o comando duplo de válvulas no cabeçote (de alumínio), com atuação por balanceiros, e os discos de freio nas quatro rodas, embora sem servo-assistência. O carro formulou a síntese do prazer ao dirigir: peso leve, potência, segurança, excelente visibilidade, e ainda por cima bonito de doer.

Ao longo de sua história o Fulvia Coupé teve dezenas de variações de acabamento e motorização. Do modelo com motor 1,1 de 1965 ao derradeiro “Safari”, o Fulvia teve quase uma versão nova a cada ano de produção, o que faz com que eu me sinta em um almoço de domingo em casa de família italiana tentando explicar cada uma delas neste texto. Por isso vamos nos ater às versões HF, inspiradas ou criadas para a Squadra Corse, a equipe de corridas (tradução literal) da Lancia.

O primeiro HF foi lançada em 1966, com o mesmo motor V4 de 1,2 litro levemente aperfeiçoado para render 88 cv. As principais modificações foram o alívio de peso pela adoção de portas, capô e tampa do porta-malas feitos em alumínio, e a substituição dos vidros traseiros por perspex.

O 1,2 foi utilizado somente naquele ano, e acabou trocado por um novo 1,3 em 1967, que por sua vez foi substituído pelo 1,6 em 1968. Com este novo motor, câmbio de cinco marchas e diferencial autoblocante, o cupê ganhava o nome “Fulvia Rallye 1600 HF”, e passou a desenvolver 115 cv, que levavam seus parcos 850 kg aos 180 km/h.

Lancia Fulvia por jphi43
Para as competições, o motor era preparado para render 160 cv, levando o Fulvia Coupé além dos 200 km/h. Foi esta a versão que competiu e conquistou o International Championship for Manufacturers de 1972 (o precursor do WRC), depois de vencer o Rali de Monte Carlo, o Rali do Marrocos e o Rali de San Remo e obter bons resultados nos demais ralis da temporada.

Nos anos seguintes o Fulvia continuaria disputando ralis mundo afora, o que justificou séries especiais como a Montecarlo e a Safari (abaixo), bastante espartana – e maldosa.


Dois anos depois a Lancia – já sob o controle da Fiat – encerrava a produção do Fulvia Coupé. O sucesso no rali teve continuidade com o Stratos HF, o Rally 037 e o Delta, que em 16 anos deram 10 títulos de construtores à Lancia, levando a marca a um recorde de conquistas ainda não superado no WRC.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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